Literatura

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Blackadder
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Re: Literatura

Mensagempor Blackadder » sexta abr 25, 2025 8:28 pm

Entretanto, os Karamazov têm estado em lista de espera, porque, apesar de ser literatura ao mais alto nível, depois de um dia de trabalho, ginásio, lides domésticas, levar o cão à rua etc… as minhas faculdades já são curtas.

Entretanto têm-me dado gozo ler este. São pequenas crónicas de três ou quatro páginas.

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TL;DR
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Poucos livros terão, como este, intensificado um constrangimento que, de há um tempo a esta parte, tem andado no meu encalço. Uma condição imprescindível para a passagem à acção, dir-se-á. Ora, a partir deste momento, trata-se, então, de uma questão de responsabilidade — e, como é sabido, a responsabilidade tende a ser uma grande chatice. Mas divago.

Há autores cuja pertinência reside sobretudo na escrita em si — na forma — que quase, ou até mesmo, se sobrepõe ao conteúdo. Não me atrevo a sugerir que seja esse o caso do Prof. Abel Barros Baptista — era o que faltava; e seguramente não o é.

O meu ponto, contudo, é que lê-lo tem sido um exercício de auto-análise e, quem sabe, uma aprendizagem que, com sorte, produzirá efeitos no uso que faço da língua. Autoengano? Talvez. Mas, parafraseando Pedro Mexia: o pessimismo é muito bonito na poesia, mas, na vida real, é apenas inútil.

Mas referia-me a um constrangimento — esse, persistente, incómodo, quase sempre embaraçoso — de carregar um falar e um escrever — mas sobretudo um falar — débil, tosco, por vezes francamente desadequado, que me persegue e faz com que me sinta constantemente na iminência de ser desmascarado por qualquer fiscal do vocabulário, com manifestas dívidas à competência, com que possa privar. E é justamente por isso que a leitura deste livro me prende: porque ilumina, com perspicácia e rigor, mas sem arrogância ou o tão mal-afamado elitismo — acusação fácil quando se nivela por muito baixinho. Resta-me assumir a responsabilidade de o estudar — ainda que assumir, sobretudo responsabilidade, tenda a ser uma grande chatice.

Se os textos aqui coligidos são crónicas, recortes, devaneios satíricos, ou o raio que os parta, pouco importa. Sublinhe-se antes a minúcia com que são desconstruídos momentos, lugares-comuns, conjecturas e, sobretudo, formulações (como quando se diz “cujo detalhe não se conhece em pormenor”) que permanecem camuflados para a generalidade dos que falam, escutam, escrevem e lêem a língua — incluindo os ditos instruídos; E tudo isto sem o paternalismo insuportável do Miguel Esteves Cardoso dos últimos anos (embora o texto “Gosto de Palavrões” seja irrepreensível). Por vezes, servem também para expor certos vaidosos e fraudes com pernas que se pavoneiam por toda a parte — o que não só é de salutar, como deveria ser obrigatório e recompensado.
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Re: Literatura

Mensagempor Keeper » sexta abr 25, 2025 11:07 pm

Eu atualmente estou lendo este, um clássico da literatura de cavalaria medieval:

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Demorou até que eu conseguisse encontrar a versão integral pra baixar, o que mais se acha é a adaptação infanto-juvenil.
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Re: Literatura

Mensagempor Blackadder » sábado abr 26, 2025 12:19 am

Já estive no casarão desse senhor.
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grindcrust
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Re: Literatura

Mensagempor grindcrust » sexta mai 02, 2025 9:45 am

Demorou até que eu conseguisse encontrar a versão integral pra baixar, o que mais se acha é a adaptação infanto-juvenil.



Vou deixar um link para não terem de passar uma eternidade na busca de um livro!

https://pt.annas-archive.org/search?ind ... g=pt&sort=

https://pt.annas-archive.org
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Re: Literatura

Mensagempor Keeper » sexta mai 02, 2025 10:10 pm

Blackadder Escreveu:Já estive no casarão desse senhor.

É mesmo? Demais isso! Espero um dia eu conseguir visitá-lo também! Tem fotos pra nos mostrar?

grindcrust Escreveu:Vou deixar um link para não terem de passar uma eternidade na busca de um livro!

https://pt.annas-archive.org/search?ind ... g=pt&sort=

https://pt.annas-archive.org

Muito obrigado, vou salvar os links nos meus favoritos! :)
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Re: Literatura

Mensagempor aetheria » sábado mai 03, 2025 2:32 pm

Keeper Escreveu:Eu atualmente estou lendo este, um clássico da literatura de cavalaria medieval:

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Demorou até que eu conseguisse encontrar a versão integral pra baixar, o que mais se acha é a adaptação infanto-juvenil.


Um dos livros da minha adolescência!
A paixão que tinha pelo Walter Scott! li muita coisa dele, tudo o que aparecesse na biblioteca municipal, e desde aí me ficou o fascínio pela Escócia. Por isso, na primeira vez que me vi lá, no alto do castle rock, chorei :lol:

Blackadder Escreveu:
Spoiler: Mostrar
Poucos livros terão, como este, intensificado um constrangimento que, de há um tempo a esta parte, tem andado no meu encalço. Uma condição imprescindível para a passagem à acção, dir-se-á. Ora, a partir deste momento, trata-se, então, de uma questão de responsabilidade — e, como é sabido, a responsabilidade tende a ser uma grande chatice. Mas divago.

Há autores cuja pertinência reside sobretudo na escrita em si — na forma — que quase, ou até mesmo, se sobrepõe ao conteúdo. Não me atrevo a sugerir que seja esse o caso do Prof. Abel Barros Baptista — era o que faltava; e seguramente não o é.

O meu ponto, contudo, é que lê-lo tem sido um exercício de auto-análise e, quem sabe, uma aprendizagem que, com sorte, produzirá efeitos no uso que faço da língua. Autoengano? Talvez. Mas, parafraseando Pedro Mexia: o pessimismo é muito bonito na poesia, mas, na vida real, é apenas inútil.

Mas referia-me a um constrangimento — esse, persistente, incómodo, quase sempre embaraçoso — de carregar um falar e um escrever — mas sobretudo um falar — débil, tosco, por vezes francamente desadequado, que me persegue e faz com que me sinta constantemente na iminência de ser desmascarado por qualquer fiscal do vocabulário, com manifestas dívidas à competência, com que possa privar. E é justamente por isso que a leitura deste livro me prende: porque ilumina, com perspicácia e rigor, mas sem arrogância ou o tão mal-afamado elitismo — acusação fácil quando se nivela por muito baixinho. Resta-me assumir a responsabilidade de o estudar — ainda que assumir, sobretudo responsabilidade, tenda a ser uma grande chatice.

Se os textos aqui coligidos são crónicas, recortes, devaneios satíricos, ou o raio que os parta, pouco importa. Sublinhe-se antes a minúcia com que são desconstruídos momentos, lugares-comuns, conjecturas e, sobretudo, formulações (como quando se diz “cujo detalhe não se conhece em pormenor”) que permanecem camuflados para a generalidade dos que falam, escutam, escrevem e lêem a língua — incluindo os ditos instruídos; E tudo isto sem o paternalismo insuportável do Miguel Esteves Cardoso dos últimos anos (embora o texto “Gosto de Palavrões” seja irrepreensível). Por vezes, servem também para expor certos vaidosos e fraudes com pernas que se pavoneiam por toda a parte — o que não só é de salutar, como deveria ser obrigatório e recompensado.


Bela reflexão. Parece-me, a partir dela, que te preocupas desnecessariamente. :wink:
Essa inquietação, contudo, é também o caminho para a constante melhoria que procuras.
(desconheço esse autor, confesso)
Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças. Torga
A partir de um determinado ponto já não há retorno. É esse ponto que se tem que alcançar. Kafka


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