Fui a Reverence por Amenra e Mono. Que calharam em dias diferentes por isso fiquei para os dois dias, e assim poder fechar em beleza a época estival de festivais, tanto mais que sempre ouvi falar muito bem de um certo "espírito do Reverence". Já lá vamos.
Estas duas bandas encheram-me as medidas e já valeram o festival. Mesmo que o início de Mono se tenha arrastado, por problemas técnicos (que se repetiram muito), mesmo que o enquadramento não fosse o melhor (já lá vamos), eu gostei MUITO! São bandas esmagadoras e, claro está, isto prende-se muito com gostos e vivências pessoais, por isso esta avaliação vale apenas por isso.
De tudo o mais... ui, há tanto para falar que nem sei bem por onde começar:
1. Não consigo fazer uma análise à Enigma, pois não segui as bandas todas com atenção, uma porque eram imensas, outra porque nem de nome as conhecia e acaba por ficar tudo uma grande embrulhada (ok, as rodadas de cerveja também ajudam...). Que alguém mais capaz e conhecedor o faça;
2. Houve algumas bandas que me prenderam algum tempo a ouvi-las e me agradaram, mas não para as voltar a ouvir. Exceto, Real Padrada! Segundo dia, meia dúzia de gatos pingados, a maior parte em modo "introspetivo", e aqueles bacanos até um wall of death conseguiram sacar. Foi um filme de Kusturika em cima do palco, com um muito bom desempenho musical, muita loucura - a palhaçada das vestimentas pode induzir em erro: eles sabem bem o que estão a fazer e fazem-no bem. Foi a autêntica padrada no charco da letargia em que todos tinham caído... suei (única vez no fest, rapei muito frio) e comi muito pó. Foi um momento bonito. Só foi pena ter sido antes de Mono pois uma coisa não tem nada a ver com a outra. Assim, durou-me pouco aquela disposição festiva.
3. Oathbreaker continuam a não me convencer. Contudo, o som não esteve bom, a voz dela pouco se ouvia. Esben teria sido muito melhor a outra hora e para o número de pessoas que os merecem. Sinistro, também a sofrer do mesmo problema (atuaram às 4 e tal da manhã) portaram-se como, certamente, o farão na tour com Paradize Lost e Pallbearer. Moonspell tocou o Irreligious e o Wolfheart, deixou de fora o Extinct, e nem eles tiveram a moldura humana habitual. Mesmo tendo número significativo de público e público leal, estava bem longe do que eu vejo há muitos anos.
E agora entro na parte dolorosa. E é-o porque não tenho por hábito destacar o mau, especialmente quando há quem organize concertos/festivais que me permitem ver bandas que eu gosto. Tenho o máximo respeito por quem o faz e custa-me ainda mais quando me apercebo que algo nem para os gastos dará.
Enfim... nunca tinha ido ao Reverence mas nada teve da experiência de que tanto me tinham falado. A mudança de espaço matou aquilo, mas a "culpa" nem é do espaço... à beira rio, com um segundo palco entre árvores, poderia ter corrido melhor. Mas houve notória falta de cuidado nos pormenores. É que não havia "pormenores" aliás. Aquilo era um-espaço-onde-se-montaram-palcos. E isso notou-se na ausência de bilhetes físicos, pulseiras de papel, creditação de jornalistas (sou amiga de vários) que nem estavam prontas e depois era um papel branco com o nome escrito e nada mais... pela primeira vez estive num festival não tomei banho!!! não havia onde! o espaço está encravado no sopé de Santarém, numa aldeia de casas, a maior partem desabitadas, sem comércio, nada... foi um banho de toalhitas. Nem uma mangueira para lavar as mãos, em lado algum, fosse recinto ou acampamento.
Depois... um atraso brutal! a noite ficava fria, tudo se tornava desconfortável, sem haver onde sentar senão num chão de terra... na sexta, fiquei com mais uns resistentes até ao último concerto: 7 da manhã! um atraso brutal, apara além do excesso de bandas, a isso levou.
Não consigo perceber o que se passou... não é o primeiro espetáculo montado, não sabem como estas coisas funcionam?... não sei o que se passava com o stage manager, mas os cabos de umas bandas para as outras ficavam trocados. Apesar de terem tempo, durante a atuação de uma banda num palco, fazer o soundcheck na outra, a verdade é que muitas das vezes, ele se prolongava para além daquele período. Notava-se a irritação controlada de alguns músicos, ou a impaciência, ou o cansaço, ou tudo junto. Em Mono teria sido caricato se não estivéssemos já todos muito cansados. Foram vários os problemas de som. Até nos Amenra, apesar de ter gostado tanto, a voz do Collin estava demasiado baixa...
É absolutamente confrangedor, num festival, ver bandas que já atuam para grandes públicos a terem 40 ou 50 pessoas à frente (Sinistro) e menos ainda em Esben (no dia seguinte). No sábado não fiquei até à última, com duas horas de sono, frio e aquela desolação, fiquei até às cinco e não vi as outras duas bandas que ainda seguiam...
Não percebo o porquê do gasto com bandas que depois poucos veem, para além do "desrespeito" pelas próprias bandas... a Patrícia de Sinistro, a Rachel de Esben e outros que se lhes seguiram só agradeciam o termos aguentado até àquela para os ouvirmos. Em vários momentos eu (e, certamente, outros) estava ali para a desolação não ser maior.
Saí de lá com este misto de impressões... aqueles que conhecem o evento do Cartaxo andavam desolados. A sério... não percebo. ATé por certa escolha de bandas, pelo excesso. A edição teve poucas pessoas (não sei avaliar quantas), não vejo que financeiramente os tenha ajudado, não percebo a perspetiva que adotaram. Por exemplo, sem desprimor da banda... porquê levar Moonspell, quando num raio de não muitos quilómetros houve dois concertos, gratuitos, no espaço de um mês ou mês e meio? naturalmente que o seu público não estaria "sedento" para encher o recinto, como tantas vezes acontece.
Bem... para não acabar em tom negativo, pessoalmente, as bandas que lá me levaram encheram-me a alma e os musers do mal encheram-me o copo (e eu a eles, vá). E tudo isso é que foi bonito pah! Vooder, Brunhu, Lang

(se tiver gralhas, azar, não me apetece reler o texto
