The Ransack - "Vortex" (2009)
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Dey does it again oh mi god!!!
Muito bom o album sim senhor, a bateria parece que subiu uns pontos desde o Azrael(onde era o ponto fraco do album)
Muito bom o album sim senhor, a bateria parece que subiu uns pontos desde o Azrael(onde era o ponto fraco do album)
Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Fiquei curioso com o que ouvi no MySpace. Onde posso adquirir este material?
Força, malta!
Força, malta!
- Shore
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
skorzen Escreveu:Fiquei curioso com o que ouvi no MySpace. Onde posso adquirir este material?
Força, malta!
Tens PM.
Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Desde ontem, quando disse que tinha ouvido as três primeiras faixas, já ouvi o álbum três vezes e está excelente! Estão de parabéns!! ´´E com muita expectativa que aguardo a vossa actuação no Barroselas! 

Valfar, ein Windir
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Mais vale tarde que nunca.
Pois bem. Sei que prometi à banda esta review há mais que muito tempo. Sei também que já fui dando a minha opinião sobre o álbum e os temas, aqui e ali, mas como há gajos chatos como o caraças a insistirem para que eu publique a minha opinião sobre o mais recente trabalho de originais da banda barcelense, assim o farei.
Advertências iniciais: não li as reviews que estão para trás. Não o fiz para não deixar a minha escrita sobre estes minutos de música ser influenciada por ideias de outros. Por isso, em tudo aquilo que me sobrepuser a outros, peço desculpa. Também não pretendo uma crítica isenta e imparcial. Não sou jornalista e sou amigo da banda, pelo que pedirem tal seria incomportável.
Vamos a isso:
Após várias audições, tornou-se, para mim, clara a diferença entre este Vortex e o seu predecessor, Azrael. Se este representou um primeiro longa-duração ambicioso e cheio de qualidade, Vortex nega-se claramente à preguiça. Mais maduro, mais melódico – a espaços e nas doses certas, calculadas -, mais rápido, mais grave, mais marcado. As influências polacas, nórdicas, norte-americanas que caracterizaram Azrael mantêm-se, mas foram alvo de melhorias. Agora estão mais dissimuladas, aparecendo em momentos-chave. Sente-se a consolidação de uma sonoridade The Ransack, goste-se ou não.
Decompondo a peça, abrimos com uma intro longa, bem produzida. Pessoalmente, vi-me levado para um bloco operatório, para um momento único numa vida. O seu fim. Um ambiente twilight que nos transporta para uma nova dimensão da carreira dos nortenhos.
Chaos – Nota inicial para uma produção mais polida. Definição nas guitarras, som de bateria “au point” – dificilmente lhe conseguiria apontar um defeito -, e um baixo a cobrir as frequências a que se destina.Presente, marcante. Após ouvir em diferentes plataformas, encontro alguma resistência a considerar o som de guitarra tão bom como o restante. Mas isto não é dizer mal. É apenas dizer que o resto está melhor. Soa digital, por vezes, o som da guitarra.
Voltando à música. Por partes. A bateria arrasadora a alta velocidade, o baixo penetrante e uma voz mais trabalhada e definida que no anterior trabalho prendem imediatamente a nossa atenção. Destacam-se os esforços rítmicos e marcações soberbas. Ponto menos forte, como de resto se vem a repetir mais à frente: solos de guitarra. Demasiado estridentes e repetitivos, pouco trabalhados e nem sempre consonantes com as músicas. Poderá ser, eventualmente, esta, uma das arestas a limar pela banda em um terceiro álbum.
Eis senão que surge o primeiro doce do álbum. The Plague, e a colaboração de Rui Duarte, dos RAMP.
Em termos musicais, mantemos a velocidade elevada – pobre metrónomo -, a preocupação rítmica, temos harmonias e melodias mais cuidadas. Uma música de nível superior. Quando se dá por ela, lá está a voz de RAMP que – perdoem-me os fãs -, é o elo mais fraco do tema. Não sei se por ser uma interpretação desinspirada, se por ter um Shore com voz à altura para o tipo de abordagem pela qual optou. Pessoalmente, esperaria o Rui melódico. Esse sim, traria algo de positivo ao tema, que é, per se, muito bom.
Após dois temas fortes, ainda não é tempo de descansar. Nem uma intro. Red Avatar, com um ritmo estonteante, breaks que dão vontade de puxar a trás para voltar a ouvir e escassos momentos para respirar. Bom tema para o moshpit. No final, uma sucessão de riffs melodicamente caóticos transportam o ouvinte a uma dimensão diferente, recuperando o ambiente da introdução ao disco.
E eis o primeiro momento de descanso do álbum, com a segunda introdução, a servir de mote para Slaves of creation. “I didn’t come here to tell you how this is going to end, I came to tell you how it’s going to begin”.
Pois bem, este poderia perfeitamente ser o primeiro tema do Vortex. Energia, velocidade, pormenores deliciosos nas guitarras, um tema composto de forma a podermos soltar o cabelo e fazer headbang do início ao fim. Já próximo do final aparece um solo, talvez demasiado comprido, sem uma punch line convincente. No entanto, rapidamente esquecemos o pormenor, porque o pormaior com que a banda nos agarra novamente, através de uma coesão difícil de encontrar não nos dá tempo para lamúrias.
E pronto, chegados ao meu momento favorito do disco – Play Me When I’m Dead. Se no primeiro álbum os The Ransack ousaram gravar um instrumental – Memento Mori -, neste segundo encenam a própria morte, recorrendo à segunda convidada – Elisabete Silva [Necris Dust]. Descrever a experiência causada pelo diálogo entre Shore e Elisabete neste tema por palavras é árduo. Concentro-me em tudo o que posso descrever. Do início ao fim, a voz colocada que nos chama – a morte – dá uma profundidade ao tema sem a qual ele não seria – nem poderia – vivido da mesma forma. No entanto, Play Me When I’m Dead não se esgota na convidada. Pelo contrário. O tema pediu o convidado. Um tema calmo, para descontrair a meio da brutalidade. No entanto, uma audição atenta mostra-nos o tema mais bem trabalhado do álbum, ao nível instrumental. As harmonias e os pormenores de que a música vive foram, de certeza, pensados e repensados, até surgir este trabalho, que não desmerece do mérito dos compositores. Não é todos os dias que se compõe um tema de tão elevado nível e se consegue passar, enquanto músico, despercebido. E isso, os Ransack fizeram-no com mestria, colocando, neste como em todos os temas do disco, a música à frente do protagonismo individual e técnico.
Após uma pausa com a morte segue-se nova intro, que abre a segunda grande parte do disco. “Oh yes, there will be blood!”. Podem crer. Uma introdução arrepiante, cheia de ruídos metálicos a contrastarem com uma voz feminina com uma tonalidade muito própria e umas percussões a lembrar aquelas batalhas épicas.
Flesh Wound – Por esta altura já não devia, mas continua a ser surpreendente a forma como os temas deste álbum começam sempre como se fossem um soco no estômago. Mais um musicol coeso e rápido, a soar a Ransack. Um tema com momentos mais calmos que os seus predecessores. Momentos mais calmos que apenas servem o propósito melódico e marcadamente arrasador da música. A certa altura, param todos os instrumentos e ouve-se ao fundo um berro. Daí em diante, o ritmo toma conta do tema, a par da vontade de nos mexermos em sincronismo. Destaca-se aqui o trabalho do baixo, a criar a profundidade rítmica, enquanto Loki e Shore “brincam” na secção melódica.
Segue-se Eternal, e a terceira participação de um convidado no álbum. Surpresa. Violinos. Bárbara Carvalho (GoDog). Para começar, a harmonia, entre as guitarras e entre as guitarras e o violino, tem aqui um papel de relevo, enquanto a bateria, furiosa, nos recorda que o tema não vai ficar por meros agudos de violinos. E quando entra a voz e se calam os violinos regressamos ao universo Ransack. Depois, umas harmonias conjugadas com marcações no tempo certo e voltamos a ter os violinos. Aqui são estes os responsáveis pela ambiência da música, assumindo o papel de relevo. Dá gosto ouvir e reconhecer que os violinos vêm dar ao tema uma dimensão que este não teria. Calam-se novamente, volta a agressividade. Depois há espaço, antes do solo, para um dos riffs mais arrastados do álbum, com pormaiores rítmicos daqueles que nos deixam a pensar nas diferenças entre um riff com potencial e um bom riff. Aqui estamos, claramente, na presença de um exemplo do segundo caso.
Room 46 é o caótico tema que se segue, cheio de harmónicos a abrir, um break tecnicamente bem executado e, daí em diante, até ao momento de pausa que antecede o solo, é a brutalidade que conhecemos na banda, com uns óptimos cheirinhos de harmonia aqui e ali, aos quais dificilmente se passa indiferente. Após o solo. Como brinde, um final demolidor, daqueles capazes de deixar uma plateia num estado de confusão extrema.
Quase a fechar o disco, mais uma surpresa. Aqueles que têm vindo a acompanhar o percurso da banda reconhecerão, certamente, Virus, tema repetidamente tocado ao vivo e editado em várias compilações, há uns anos atrás. Aparece mais rápido, com novos apontamentos aqui e ali, mas é como que “exorcizado” vendo em Vortex a merecida luz de uma edição “comme il faut”. Um tema mais mecânico, especialmente no que à bateria se concerne. Na minha opinião, como tive a oportunidade de partilhar com os membros da banda, Virus não se encaixa tão bem no conceito de Vortex como os outros temas. No entanto, após repetidas audições, confesso, já não imagino o álbum sem este “rebuçado”.
Para fechar um álbum a manter na discoteca pessoal durante muito tempo, espera-nos Blizzard e a última colaboração – Pedro Mendes, com um solo de guitarra. Curto, medido, mas apetecível e inegavelmente bem conseguido. Antes do solo, entram as guitarras bem rápidas e um palhetado de tirar o fôlego. Poucos compassos depois entra a secção rítmica para completar o banquete de um tema – mais um – ritmicamente muito forte, com uma melodia que facilmente fica no ouvido (quantos de nós não deram por si, já, a trautear aquele riff?). E quando pensamos, após mais uma dose de harmonias aos dois minutos, que a história do disco está contada, e continuamos descontraidamente a saborear o tema eis que, a fechar o disco, nos bate na cara um fade out de captar a atenção ao mais distraído. E é envolvidos pelas tercinas e pelos diferentes pormenores que vão aparecendo quer da segunda guitarra quer do baixo e da bateria que o tema nos vai, lentamente deixando. Depois disto? É a vantagem de não ter que puxar a fita atrás. Basta carregar no Play novamente. Vortex não cansa.
Um trabalho de qualidade superior que, felizmente, não é isento de problemas e pontos fracos, o que nos leva a pensar num terceiro álbum com margem para progressão e novas surpresas – que estes rapazes são bem capazes disso. Mas temos tempo. Duvido que Vortex saia das playlist tão cedo quanto isso.
Um lançamento a abrir 2009 em grande. PARABÉNS.
P.s. Nota final para o não menos importante artwork. Ransack é aquela capa.
Pois bem. Sei que prometi à banda esta review há mais que muito tempo. Sei também que já fui dando a minha opinião sobre o álbum e os temas, aqui e ali, mas como há gajos chatos como o caraças a insistirem para que eu publique a minha opinião sobre o mais recente trabalho de originais da banda barcelense, assim o farei.
Advertências iniciais: não li as reviews que estão para trás. Não o fiz para não deixar a minha escrita sobre estes minutos de música ser influenciada por ideias de outros. Por isso, em tudo aquilo que me sobrepuser a outros, peço desculpa. Também não pretendo uma crítica isenta e imparcial. Não sou jornalista e sou amigo da banda, pelo que pedirem tal seria incomportável.
Vamos a isso:
Após várias audições, tornou-se, para mim, clara a diferença entre este Vortex e o seu predecessor, Azrael. Se este representou um primeiro longa-duração ambicioso e cheio de qualidade, Vortex nega-se claramente à preguiça. Mais maduro, mais melódico – a espaços e nas doses certas, calculadas -, mais rápido, mais grave, mais marcado. As influências polacas, nórdicas, norte-americanas que caracterizaram Azrael mantêm-se, mas foram alvo de melhorias. Agora estão mais dissimuladas, aparecendo em momentos-chave. Sente-se a consolidação de uma sonoridade The Ransack, goste-se ou não.
Decompondo a peça, abrimos com uma intro longa, bem produzida. Pessoalmente, vi-me levado para um bloco operatório, para um momento único numa vida. O seu fim. Um ambiente twilight que nos transporta para uma nova dimensão da carreira dos nortenhos.
Chaos – Nota inicial para uma produção mais polida. Definição nas guitarras, som de bateria “au point” – dificilmente lhe conseguiria apontar um defeito -, e um baixo a cobrir as frequências a que se destina.Presente, marcante. Após ouvir em diferentes plataformas, encontro alguma resistência a considerar o som de guitarra tão bom como o restante. Mas isto não é dizer mal. É apenas dizer que o resto está melhor. Soa digital, por vezes, o som da guitarra.
Voltando à música. Por partes. A bateria arrasadora a alta velocidade, o baixo penetrante e uma voz mais trabalhada e definida que no anterior trabalho prendem imediatamente a nossa atenção. Destacam-se os esforços rítmicos e marcações soberbas. Ponto menos forte, como de resto se vem a repetir mais à frente: solos de guitarra. Demasiado estridentes e repetitivos, pouco trabalhados e nem sempre consonantes com as músicas. Poderá ser, eventualmente, esta, uma das arestas a limar pela banda em um terceiro álbum.
Eis senão que surge o primeiro doce do álbum. The Plague, e a colaboração de Rui Duarte, dos RAMP.
Em termos musicais, mantemos a velocidade elevada – pobre metrónomo -, a preocupação rítmica, temos harmonias e melodias mais cuidadas. Uma música de nível superior. Quando se dá por ela, lá está a voz de RAMP que – perdoem-me os fãs -, é o elo mais fraco do tema. Não sei se por ser uma interpretação desinspirada, se por ter um Shore com voz à altura para o tipo de abordagem pela qual optou. Pessoalmente, esperaria o Rui melódico. Esse sim, traria algo de positivo ao tema, que é, per se, muito bom.
Após dois temas fortes, ainda não é tempo de descansar. Nem uma intro. Red Avatar, com um ritmo estonteante, breaks que dão vontade de puxar a trás para voltar a ouvir e escassos momentos para respirar. Bom tema para o moshpit. No final, uma sucessão de riffs melodicamente caóticos transportam o ouvinte a uma dimensão diferente, recuperando o ambiente da introdução ao disco.
E eis o primeiro momento de descanso do álbum, com a segunda introdução, a servir de mote para Slaves of creation. “I didn’t come here to tell you how this is going to end, I came to tell you how it’s going to begin”.
Pois bem, este poderia perfeitamente ser o primeiro tema do Vortex. Energia, velocidade, pormenores deliciosos nas guitarras, um tema composto de forma a podermos soltar o cabelo e fazer headbang do início ao fim. Já próximo do final aparece um solo, talvez demasiado comprido, sem uma punch line convincente. No entanto, rapidamente esquecemos o pormenor, porque o pormaior com que a banda nos agarra novamente, através de uma coesão difícil de encontrar não nos dá tempo para lamúrias.
E pronto, chegados ao meu momento favorito do disco – Play Me When I’m Dead. Se no primeiro álbum os The Ransack ousaram gravar um instrumental – Memento Mori -, neste segundo encenam a própria morte, recorrendo à segunda convidada – Elisabete Silva [Necris Dust]. Descrever a experiência causada pelo diálogo entre Shore e Elisabete neste tema por palavras é árduo. Concentro-me em tudo o que posso descrever. Do início ao fim, a voz colocada que nos chama – a morte – dá uma profundidade ao tema sem a qual ele não seria – nem poderia – vivido da mesma forma. No entanto, Play Me When I’m Dead não se esgota na convidada. Pelo contrário. O tema pediu o convidado. Um tema calmo, para descontrair a meio da brutalidade. No entanto, uma audição atenta mostra-nos o tema mais bem trabalhado do álbum, ao nível instrumental. As harmonias e os pormenores de que a música vive foram, de certeza, pensados e repensados, até surgir este trabalho, que não desmerece do mérito dos compositores. Não é todos os dias que se compõe um tema de tão elevado nível e se consegue passar, enquanto músico, despercebido. E isso, os Ransack fizeram-no com mestria, colocando, neste como em todos os temas do disco, a música à frente do protagonismo individual e técnico.
Após uma pausa com a morte segue-se nova intro, que abre a segunda grande parte do disco. “Oh yes, there will be blood!”. Podem crer. Uma introdução arrepiante, cheia de ruídos metálicos a contrastarem com uma voz feminina com uma tonalidade muito própria e umas percussões a lembrar aquelas batalhas épicas.
Flesh Wound – Por esta altura já não devia, mas continua a ser surpreendente a forma como os temas deste álbum começam sempre como se fossem um soco no estômago. Mais um musicol coeso e rápido, a soar a Ransack. Um tema com momentos mais calmos que os seus predecessores. Momentos mais calmos que apenas servem o propósito melódico e marcadamente arrasador da música. A certa altura, param todos os instrumentos e ouve-se ao fundo um berro. Daí em diante, o ritmo toma conta do tema, a par da vontade de nos mexermos em sincronismo. Destaca-se aqui o trabalho do baixo, a criar a profundidade rítmica, enquanto Loki e Shore “brincam” na secção melódica.
Segue-se Eternal, e a terceira participação de um convidado no álbum. Surpresa. Violinos. Bárbara Carvalho (GoDog). Para começar, a harmonia, entre as guitarras e entre as guitarras e o violino, tem aqui um papel de relevo, enquanto a bateria, furiosa, nos recorda que o tema não vai ficar por meros agudos de violinos. E quando entra a voz e se calam os violinos regressamos ao universo Ransack. Depois, umas harmonias conjugadas com marcações no tempo certo e voltamos a ter os violinos. Aqui são estes os responsáveis pela ambiência da música, assumindo o papel de relevo. Dá gosto ouvir e reconhecer que os violinos vêm dar ao tema uma dimensão que este não teria. Calam-se novamente, volta a agressividade. Depois há espaço, antes do solo, para um dos riffs mais arrastados do álbum, com pormaiores rítmicos daqueles que nos deixam a pensar nas diferenças entre um riff com potencial e um bom riff. Aqui estamos, claramente, na presença de um exemplo do segundo caso.
Room 46 é o caótico tema que se segue, cheio de harmónicos a abrir, um break tecnicamente bem executado e, daí em diante, até ao momento de pausa que antecede o solo, é a brutalidade que conhecemos na banda, com uns óptimos cheirinhos de harmonia aqui e ali, aos quais dificilmente se passa indiferente. Após o solo. Como brinde, um final demolidor, daqueles capazes de deixar uma plateia num estado de confusão extrema.
Quase a fechar o disco, mais uma surpresa. Aqueles que têm vindo a acompanhar o percurso da banda reconhecerão, certamente, Virus, tema repetidamente tocado ao vivo e editado em várias compilações, há uns anos atrás. Aparece mais rápido, com novos apontamentos aqui e ali, mas é como que “exorcizado” vendo em Vortex a merecida luz de uma edição “comme il faut”. Um tema mais mecânico, especialmente no que à bateria se concerne. Na minha opinião, como tive a oportunidade de partilhar com os membros da banda, Virus não se encaixa tão bem no conceito de Vortex como os outros temas. No entanto, após repetidas audições, confesso, já não imagino o álbum sem este “rebuçado”.
Para fechar um álbum a manter na discoteca pessoal durante muito tempo, espera-nos Blizzard e a última colaboração – Pedro Mendes, com um solo de guitarra. Curto, medido, mas apetecível e inegavelmente bem conseguido. Antes do solo, entram as guitarras bem rápidas e um palhetado de tirar o fôlego. Poucos compassos depois entra a secção rítmica para completar o banquete de um tema – mais um – ritmicamente muito forte, com uma melodia que facilmente fica no ouvido (quantos de nós não deram por si, já, a trautear aquele riff?). E quando pensamos, após mais uma dose de harmonias aos dois minutos, que a história do disco está contada, e continuamos descontraidamente a saborear o tema eis que, a fechar o disco, nos bate na cara um fade out de captar a atenção ao mais distraído. E é envolvidos pelas tercinas e pelos diferentes pormenores que vão aparecendo quer da segunda guitarra quer do baixo e da bateria que o tema nos vai, lentamente deixando. Depois disto? É a vantagem de não ter que puxar a fita atrás. Basta carregar no Play novamente. Vortex não cansa.
Um trabalho de qualidade superior que, felizmente, não é isento de problemas e pontos fracos, o que nos leva a pensar num terceiro álbum com margem para progressão e novas surpresas – que estes rapazes são bem capazes disso. Mas temos tempo. Duvido que Vortex saia das playlist tão cedo quanto isso.
Um lançamento a abrir 2009 em grande. PARABÉNS.
P.s. Nota final para o não menos importante artwork. Ransack é aquela capa.
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Bem, deixei de fora algo igualmente importante - as letras.
Suponho que depois deste testamento ninguém queira saber o que eu acho delas, mas creio que a forma com que a banda aborda sob diferentes perspectivas, quase como trocando de óculos, a temática da morte, faz deste um trabalho ainda mais fascinante.
Agora peço desculpa pelo testamento:).
Suponho que depois deste testamento ninguém queira saber o que eu acho delas, mas creio que a forma com que a banda aborda sob diferentes perspectivas, quase como trocando de óculos, a temática da morte, faz deste um trabalho ainda mais fascinante.
Agora peço desculpa pelo testamento:).
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Summary: Vortex turns out to be a vertex for The Ransack, who deliver a melodic death metal release worth worshipping amongst Norse and Greek followers alike.
Woah. Now here’s an album worth playing. Vortex deserves nothing less than a good spin.
This outing is my first exposure to MDM undergrounders, The Ransack, who sneakily released a couple of albums that remain unknown to virtually anybody that doesn’t listen to metal, have a blue-collar job in construction or landscaping, and watches their countrymen shake up the football world. Yes, it’s Portugal; and when Rui Costa, Ronaldo and Figo aren’t wreaking havoc on the rectangular field, the Nandos-commandoes are pretty short of cultural heroes to rival international efforts, especially on the music scene. Besides Moonspell, the metal scene is rather dreary, and the Portuguese seem to resent Spain for it’s stronger metal progresses. But now they have another offering to rival the feisty Spaniards in the seemingly bottomless top hat labelled: Melodic Death Metal.
Azrael, the debut from this young four-piece, hit off a string of gigs around Portugal leading to national respect and international interest. These bad-ass boys have toured with big names such as Primordial and Dismember, gaining experience in front of the big crowds. When it came to crafting the second full-length, Vortex, the band needed something that would drive their fame to international shores. It was an album that had to prove they were a capable and skilled band. Did they achieve it? Yes. Vortex is the breakthrough they needed. Ten tracks beautifully crafted with catchy riffs and tremendous songwriting, Vortex is after all a fun album as well as an easy listen. The band-leader, Shore, provides the memorable hooks and offers a vocal performance that is both enjoyable and animalistic. Deserving of the attention of all metal fans, Vortex is the fast-paced kick-in-the-face that made Nandos staff cream their pants; hence the special spicy sauce.
When 0.00 becomes 0.01 on the CD-player, there are two possibilities: 1. A big bang startles the listener, and then a melodious riff enters, screaming ‘How good are we?’, or 2. An epic cheesy metal intro wafts through the speakers and you listen attentively until silence turns into violence as option 1 proceeds. Vortex is different. An inconceivable voice-over rattles out orders of some sort, as an industrial-like post-whatever atmosphere envelops the listener, and you feel at peace. When the ‘bang’ comes in, you are annoyed that your peace and quiet has been interrupted and you face the try-hard wankery of another underground melodeath band wishing they were Amon Amarth. Wrong. The Ransack have skill. The riff begins strongly and is then turned upside down as a high-pitched solo screeches in, tailed by a beastly death howl. That howl is their unofficial trademark. Holding that howl for eight seconds is not unnatural for Shore, and is featured at least five times across the 40-minute battering that grace our ears. Shore isn’t one of those ethnics that suffer from the old Babel Fish treatment, the lyrics here are well thought-out although ultimately incomprehensible. Nonetheless, it is evil, beastly and downright impressive.
The Ransack begin tracks with a joyful skip-n-jump as riffs gallop alongside brilliant guitar-work and the godly thrash-about of Zeus’ (yes, the drummer’s name is Zeus) right arm on the ethereal drum kit. The man may be King of the Gods, but all that hedonism with divine/mortal/nymph/other girlies hasn’t affected his drumming one bit. Zeus mixes it up a little, entering Technical Death and even Thrash realms as he unleashes thunderbolts of saucepan-abuse on the cowardly mortals. Loki gives him a hand from the pages of his unearthly edda, to elicit a propensity to rape the neck muscles via what is commonly known as a ‘headbanging’ action. The Norse shape shifter rhythms his guitar with true skill and passion but is muffled by the foreboding skill of the lead guitarist, Shore. This man is the next big thing in Portuguese metal. Ex-vocalist of Demon Dagger and ex-guitarist of Noctum and Beyond Life, he has lent his golden hand at many small Portuguese bands before finally harvesting the members to bring forth The Ransack. Shore slams and rips when it’s time to slam and rip, managing to tear up the studio while spewing forth his throat lining in an impressive epitome of brutality, or virility. The excellent death grunts are evident on any track, which serve to place Shore amongst leaders of his ilk.
The easy access point is here as the disc runs into catchy and melodious riffs with opener, Chaos, drilling past the ‘sonic assault’ bullsh*t that has been hackneyed to death by other amateurs, setting the bar high for the remainder of the album. The band is giving off an As I Lay Dying vibe with a few breakdowns chucked in for good measure. Although, on a whole, the sound is more akin to an In Flames release, but adding a bit of technicality to sharpen the already pungent sound. Tracks such as The Plague, Flesh Wound, and Blizzard really showcase the band’s full potential. Most of the tunes are similar but little tid-bits of variation break up the patterns to the otherwise, full-on melodeath assault. Examples include the intro to the stunning, Slaves of Creation, and the mellow opening of Play Me When I’m Dead, which also features some lovely, and quite welcome, female vox (everybody loves those beautiful voices from gifted girlies). The final track, Blizzard, is one of the strongest and ends with a guitar solo that sounds like something off a Wolfmother album.
I want the message to go out to all miserable In Flames fans, drowning in their copies of ‘A Sense of Purpose’ wishing they’re idols still had it in them. With the power of a Greek god on drums, a Norse god on Guitar, and their evil Cerberus child barking out the vocals, the Ransack have created something that is good enough to rival leaders of the genre. One day it might even enter Valhalla. This, however, would offend the Greek gods - something must be said when Norse and Greek mythology combine…
‘…Those heathen bastards…!’
The Ransack’s “Vortex” is out February 16, 2009 via Recital Records

Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
depois de algumas audições no myspace, penso...
faz-se muito música boa neste cantinho!
@Shore
onde posso adquirir os dois trabalhos?
faz-se muito música boa neste cantinho!
@Shore
onde posso adquirir os dois trabalhos?
«And the Lord said, I will destroy man whom I have created from the face of the earth; both man, and beast, and the creeping thing, and the fowls of the air; for it repenteth me that I have made them» (Genesis 6/1-7)
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Delicious review, Shore:)
Congrats brothers.
Congrats brothers.
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
É certo que «Vortex» já saiu em Fevereiro, mas nunca é tarde para apreciar um disco tão interessante como este. Trata-se do terceiro lançamento dos The Ransack, contando o EP «Necropolis» e o full-length «Azrael», e provavelmente o melhor esforço do grupo até à data. O que se nota desde logo é a coesão do disco, extremamente homogénio com culpas atribuídas não só às claras capacidade musicais do quarteto, mas também à produção de Pedro Mendes nos Ultrasound Studios. Segunda nota para a qualidade individual dos temas que mesmo não disfarçando as suas mais óbvias influências (Behemoth, Hypocrisy e Vader à cabeça), destacam-se por pormenores decisivos como nos refrões, nos solos e até nos padrões de bateria. Terceira e última nota para as participações de Rui Duarte dos Ramp na favorita «The Plague», de Bete dos Necris Dust em «Play me When I’m Dead», de Bárbara Carvalho dos Godog em «Eternal» e do produtor Pedro Mendes em «Blizzard». Em suma, mais um bom álbum nacional editado em 2009 numa lista que já vai longa. 7,5/10

Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
A minha t-shirt sr Shore? 

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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Ora cá está um dos regressos mais esperados, pelo menos no que à minha pessoa diz respeito, na cena metaleira em Portugal. Dois anos passados desde a bujarda que foi o “Azrael”, estes jovens de Braga não se amaciaram com um qualquer champô com esse propósito. Parece-me até que vêm agora mais rudes e indecentemente violentos do que dantes.
A rodela traz o que se espera. Death Metal que deixa rastos de destruição por onde passa, sempre com um traço melódico bem vincado. “Chaos” dá o mote, e faz jus ao nome. Por entre uma intro algo manhosa, despontam abruptamente blastbeats e semelhantes atrocidades frenéticas, capazes de me tirar o sono logo ali. Sem tirar o pé do acelerador, surge a primeira surpresa do disco, com o senhor Rui Duarte dos Ramp a emprestar a sua voz na “The Plague”, sem, no entanto, adiantar muito à faixa, que, diga-se de passagem, consegue ser das mais bem conseguidas do álbum, com riffs melodiosos e breakdowns doseados. As peculiaridades não se ficam por aqui. A adição de uma voz feminina e de um violino em dois temas diferentes prova que a banda procura não ficar entalada em estruturas e sonoridades que correm o risco de se tornar repetitivas. Ainda assim, não se deixem enganar. A velocidade é claramente galopante ao longo do álbum e de tal maneira contagiante em certos momentos, que se torna obrigatório praticar o bom do headbang, ou pedalar numa bateria imaginária. Fecham com o mesmo estado de espírito animalesco do começo, e, já agora, com um último riff que me suou a déjà vu de um tema de Behemoth (23 ( The Youth Manifesto), anyone?), que por sua vez é bastante parecido a outro da “Brave” dos Katatonia. Mas isso já são outros quinhentos.
Os The Ransack mostram-se aqui uma máquina bem oleada na função de misturar nas doses certas o peso bruto e melodia, e conseguem-no fazer agora de modo mais maduro e consistente. Parecem-me, ao mesmo tempo, uma das propostas mais interessantes no som pesado que se faz por cá, e podem (e devem), digo eu, piscar o olho a outros mercados. Pensei para os meus botões várias vezes o engraçado que deverá ser ver e ouvir isto ao vivo. Para ouvir bem alto.

Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Parabéns por este excelente trabalho...ultimamente tem "rodado" muito no meu carro!
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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
Não vou comentar o álbum pois ainda não ouvi, mas a nível visual, gosto do artwork mas penso que o lettering do logo podia ter sido melhor conseguido. Apenas uma opinião 

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Re: The Ransack - "Vortex" (2009)
grind Escreveu:Não vou comentar o álbum pois ainda não ouvi, mas a nível visual, gosto do artwork mas penso que o lettering do logo podia ter sido melhor conseguido. Apenas uma opinião
boss, está do caralho!
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