Política - Discussão ou algo do género.

Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » sexta abr 01, 2011 10:57 am

De um dia para o outro, quatro défices subiram; a curva dos juros ficou irracionalmente quase invertida; passámos de "Portugal não precisa de ajuda" para "o Governo não tem condições para pedir ajuda". Ah: e deixámos de ter Governo. Hoje é dia das mentiras. Ontem também foi.

Portugal tornou-se um País de políticos covardes. Ninguém assume a crise política que nos leva a mais umas eleições. Ninguém dá a cara por um pedido de ajuda externa. Ninguém mais usa a palavra "responsabilidade", mas sim "ónus" e "culpa" - e sempre referindo-se a outros.

Estamos sem Governo. O que lá está entende não ter poder para mandar cantar um cego. Mesmo que o Presidente da República entenda o contrário: a discórdia é compreensível, o próprio Presidente tem dito - e mostrado - que não tem poder. Isto não é um Governo em gestão, é um País em autogestão.

Os ratos estão a abandonar o barco. O primeiro-ministro sai de fininho da sua última sessão no Parlamento. O ministro das Finanças diz que já não é nada com ele. Todos os dias o Diário da República está mais grosso, com nomeações de assessores que passam para directores-gerais.

Ouvem-se loas diárias às grandes empresas - as Galp, as EDP, as PT - de gente que talvez lá vá parar daqui a semanas. Nas administrações destas empresas, os telefones não param: metade é da gente que está a sair do Governo; a outra metade é da gente que pensa que lá vai entrar. "Boys will be boys"...

Mesmo nas empresas públicas: Almerindo Marques bate com a porta na Estradas de Portugal; a Refer, a mais irracionalmente endividada empresa em Portugal, está há seis meses sem conseguir contratar um administrador financeiro.

Pode Portugal ficar dois meses à deriva? Pode. Ficará pior, mas pode. Portugal pode tudo, aliás. Até ser obrigado a rever défices orçamentais de quatro anos, porque o Eurostat decidiu corrigir-se a si mesmo e porque o Governo pensou que a contabilidade era infinitamente elástica. A verdade não vem sempre ao de cima. A dívida vem.

De tudo o que o Governo foi ontem obrigado a engolir nas contas públicas, nada é estranho. O buraco do BPN (e o aval ao BPP) já devia ter sido reconhecido no passado. As empresas de transporte são lixeiras de dívida a céu aberto há décadas. É verdade que o Eurostat foi amigo da onça, ao escolher esta data. Mas não inventou nada. Estas alterações não são indolores: o "buraco" das empresas públicas vai perdurar; e a imagem externa do País é prejudicada. Não é pelo mau aspecto. É porque estamos aflitos.

Pode Portugal escapar sem ajuda? Não. Hoje, o Estado vai ao mercado pedir dinheiro a curto prazo para substituir dívidas de longo prazo e pagando um juro altíssimo. Já se cobra mais a dois anos do que a dez, sinal claro de percepção de insolvência. Mais: Portugal "inventa" hoje Obrigações a 15 meses. Porquê? Porque os credores só emprestam dinheiro até final de 2012. A partir de 2013 entram em vigor as regras de Merkel, segundo as quais os investidores privados também perdem dinheiro se um Estado afundar...

Com as emissões de dívida de hoje, Portugal garantirá os pagamentos até Junho. E depois? Depois há eleições e a culpa há-de ser de alguém. É estranho: a Comissão Europeia só aceita o pedido de ajuda com acordo do PS, PSD e Presidente para as medidas de austeridade. Mas nem PS, nem PSD nem Presidente querem pronunciar a palavra. Talvez seja melhor comprar um boneco Nenuco daqueles que falam quando se aperta a barriga. Basta uma palavra: "A-ju-da". Os outros depois assinam as condições de austeridade. A culpa será do boneco. Como sempre.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » sexta abr 01, 2011 11:26 am

This just in:

O administrador dos CTT Marcos Batista “não é licenciado, faltando várias cadeiras para terminar o curso”, confirmou ao i o vice-presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) com a tutela dos assuntos académicos. Silva Ribeiro disse ainda que “a pessoa em causa não chegou a concluir cadeiras que lhe dariam equivalência à licenciatura no formato pós-Bolonha”.
O i sabe que o que o ISEG está a ponderar entregar o caso ao Ministério Público, alegando falsas declarações prestadas pelo administrador dos CTT Marcos Batista. Ao contrário do que é afirmado pelo administrador da empresa pública, Batista não entrou em contacto com os serviços académicos da instituição de ensino para obter informações sobre a conclusão da licenciatura.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor The Morning Star » sexta abr 01, 2011 11:38 am

José Sócrates é um primeiro ministro em gestão, mas Portugal não pode ficar em gestão. Não é relevante , aqui e agora, procurar responsáveis pela situação trágica a que o país chegou. Estamos numa situação de emergência financeira, económica e social que transforma as próximas eleições nas mais importantes nos últimos trinta anos. Por isso, os próximos dois meses não podem ser "apenas" mais uma campanha eleitoral, um circo, com muita festa, comícios e marketing.
Exige-se, os portugueses exigem, que o Governo cumpra os seus deveres, porque é o poder executivo em funções, e garanta todas as decisões necessárias ao regular funcionamento e ao financiamento do País. E exige-se, os portugueses exigem, que a oposição, particularmente o PSD, esteja a altura das suar responsabilidades na apresentação de alternativas que garantam a possibilidade de escolha informada e rigorosa.
Quem nos empresta dinheiro está a olhar ainda com mais atenção a partir de hoje para o que vão dizer e fazer os candidatos às próximas eleições. Seria uma irresponsabilidade histórica falharem quando o País mais precisa deles.

Nota da Direcção do Diário Económico

Ora nem mais! É por isso que ainda deposito ainda esperança no Pedro Passos Coelho, estou preparado para uma desilusão, mas por agora tem o meu apoio.

Quote de alguém por aí:
"Só vou perder a esperança, quando estiver morto, e nada mais! Olhem para o povo japonês, pois é um excelente exemplo de como dar a volta por cima, e nunca desistir!"
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Floresta » sexta abr 01, 2011 12:51 pm

The Morning Star Escreveu:Quote de alguém por aí:
"Só vou perder a esperança, quando estiver morto, e nada mais! Olhem para o povo japonês, pois é um excelente exemplo de como dar a volta por cima, e nunca desistir!"


Com a diferença que o povo japonês trabalha duro e o português... Não.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Brunhu » sexta abr 01, 2011 12:57 pm

Floresta Escreveu:
The Morning Star Escreveu:Quote de alguém por aí:
"Só vou perder a esperança, quando estiver morto, e nada mais! Olhem para o povo japonês, pois é um excelente exemplo de como dar a volta por cima, e nunca desistir!"


Com a diferença que o povo japonês trabalha duro e o português... Não.

E porque é que o português não trabalha duro?
Lá vem o trabalhador levar na cabeça....antes dele vem um gajo extremamente importante para o bom desempenho do português. E esse, na maior partes dos casos é o que falha.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Floresta » sexta abr 01, 2011 1:01 pm

Brunhu Escreveu:
Floresta Escreveu:
The Morning Star Escreveu:Quote de alguém por aí:
"Só vou perder a esperança, quando estiver morto, e nada mais! Olhem para o povo japonês, pois é um excelente exemplo de como dar a volta por cima, e nunca desistir!"


Com a diferença que o povo japonês trabalha duro e o português... Não.

E porque é que o português não trabalha duro?
Lá vem o trabalhador levar na cabeça....antes dele vem um gajo extremamente importante para o bom desempenho do português. E esse, na maior partes dos casos é o que falha.


E desde quando é que esse gajo deixou de ter o estatuto de trabalhador?

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Brunhu » sexta abr 01, 2011 1:05 pm

Nunca, o problema é quando se esquecem que já estiveram no outro lado.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » sexta abr 01, 2011 1:30 pm

JVELHAGUARDA Escreveu:Não é possível renegociar a divida, há gente endividada a fazer isso, o estado não pode fazer o mesmo??


É uma possibilidade.
Claro que negociar a dívida é, do lado do credor, uma questão de minimizar as perdas: aceitar o pagamento só de (grande) parte da dívida como forma de diminuir o risco de não pagarmos nem grande nem pequena parte dela.
Logo, não é um caminho que os credores gostem de seguir em primeiro lugar.

Se juntares a isso que:
a) grande parte da dívida externa não é do Estado mas sim das empresas e particulares
b) precisamos de pedir ainda mais dinheiro emprestado "or else"

... estás a ver a complicação que é renegociar a dívida. :)
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor tampinhas13 » sexta abr 01, 2011 1:42 pm

o melhor mesmo é o país solicitar a exoneração do passivo restante 8) :mrgreen:
Existem 68 posições para se fazer amor. Na posição 69 limpam-se os instrumentos

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor The Morning Star » sexta abr 01, 2011 9:33 pm

Brunhu Escreveu:
Floresta Escreveu:
The Morning Star Escreveu:Quote de alguém por aí:
"Só vou perder a esperança, quando estiver morto, e nada mais! Olhem para o povo japonês, pois é um excelente exemplo de como dar a volta por cima, e nunca desistir!"


Com a diferença que o povo japonês trabalha duro e o português... Não.

E porque é que o português não trabalha duro?
Lá vem o trabalhador levar na cabeça....antes dele vem um gajo extremamente importante para o bom desempenho do português. E esse, na maior partes dos casos é o que falha.


Facto: Em dez anos, mesmo com as diferenças salariais, Portugal ficou 21% menos competitivo na comparação com a Alemanha.
Facto: Ainda em 2002, 16,5% dos quadros superiores, 26% dos quadros médios, 73% do encarregados e contramestres, 43% dos Profissionais Altamente Qualificados, e 76,7% dos Profissionais Qualificados das empresas portuguesas tinham apenas o ensino básico ou menos.

Não só alguns trabalhadores portugueses não trabalham no duro, como gestores, autarcas, todo o tipo de pilantras e até professores universitários também não. E há os que trabalham e se esforçam, bem no duro! Simplesmente não são devidamente recompensados ou nem o são de todo. E isso é extremamente frustrante.
Alias, o problema é mais fundo do que isso, há instalado por muitos sítios o sentimento de "para a ultima da hora" e "o mínimo exigido e tasse bem", etc. Convivo com isso diariamente.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor The Morning Star » sexta abr 01, 2011 10:52 pm

onedayless Escreveu:Medidas de Pedro Passos Coelho: privatizar tudo o que se mexa. Previsível. Vira o disco e toca o mesmo.


Que demagogia! Vou saborear explicar-te umas coisas bem simples.

Pedro Passo Coelho é um liberal, ele próprio varias vezes o afirmou. Eu também sou, já agora. Dito isto vamos ao que interessa: O que se sabe é que o PSD vai privatizar 49 % da CGD, a TAP, Águas de Portugal, empresas de transporte ferroviário - CP e REFER, a radio e a televisão ou mesmo ao nível da LUSA. Medida estas, anunciadas no Domingo, aos quais aplaudi de pé. Agora vamos perceber o porquê!

Primeiro o mais fácil, CP e REFER, privatizar estas empresas é uma urgência nacional! Se alguém as quiser, isto é. Apesar do seu deficit crónico, estas empresas têm uma dívida de proporções enormes, operam em regime de monopólio, e só dão prejuízo! Mais, houve um estudo citando que em que por cada 17 trabalhadores da CP há um chefe(!) e todos eles recebendo os salários do estado. Muitos boys vão para aquí! Com a REFER é o mesmo, alias, os seus défices, veio-se a saber, vieram a agravar o défice de Portugal. E são eles que mais greves e exigências fazem.

Segundo - comunicações. A RTP custa ao estado 700 milhões ano, ora muito bem, pagamos impostos para ver "Dança Comigo" e o "Preço Certo", uma RTP privada não poderá fazer o mesmo? Alias, se se liberalizasse mais, bem mais nesta área talvez houvesse mais canais abertos, e de maior qualidade, eventualmente.

Terceiro - CGD. Este, meus senhores, é o maior tentáculo do Estado! Com o começo da sua privatização o estado despótico e gastador há de levar uma machada fatal. O senhor Faria de Oliveira, que recebe mais que Obama, revelou-se contra esta medida, ele que é do PSD, e já garantiu o apoio a Sócrates, por que será? Muitos boys vão para aqui!

Quarto - TAP, bem, esta empresa há muito que devia ser privatizada, para além do prejuízo permanente, o seu CEO não tem escrúpulos! O Fernando Pinto, esse que auto aumentou o seu salário recentemente em 75% e tudo isso com o dinheiro do Estado! Isto indigna, caramba. Mais, esta empresa viola as leis da concorrência e oferece bilhetes a preços mais acessíveis... aparentemente, porque parte desse bilhete é pago pelo Estado, isto é, por nós!

Quinto - Águas de Portugal, ora isto vai ser mais complicado de explicar. Esta empresa opera em regime de monopólio, que é uma característica de um estado de esquerda, ao ser privatizada e ao se liberalizar neste quadro - irão certamente aparecer mais empresas concorrentes que irão fazer o mesmo, e, efectuando o seu trabalho em concorrência, o produto final - a agua, irá ser comercializada em melhores condições e com preços mais acessíveis. Quem por fim mais beneficia é o cliente final, isto é, o utilizador comum. Isto é a lei da concorrência, e refere-se as outras empresas citadas acima.

Por fim, não será melhor(?) estas empresas serem privadas, e o Estado encaixar receitas com a cobrança de impostos dos salários dos seus colaboradores, do IRC e dos mais variados impostositos em vez de os pagar salários a todos e "oferecer" anualmente partes do Orçamento de Estado? Não será melhor liberalizar em varias áreas em que o Estado tem um monopólio autentico - facultando o aparecimento de mais empresas que fazem o mesmo, e assim diminuir o desemprego e o produto que oferecem ser de melhor qualidade e mais barato? Essas empresas precisam de trabalhadores, certo? Nos privados, há muitos boys ou há pessoas competentes que procuram aumentar o lucro da empresa? Em fez de pedir mais sacrifícios ao povo não será melhor desembaraçar-nos desta tralha?

São pessoas destas empresas que vão votar PS. Temem e ter que ir para a rua, devido a sua incompetência! São muitas destas pessoas que fazem graves e exigem mais de um moribundo Estado. Quando aparece alguém que as ameaça, fazem campanha de MEDO contra as privatizações aproveitando-se da ignorância das pessoas e da conotação negativa que esta palavra tem em certos indivíduos.

Acho muito engraçado este discurso de anti liberalismo, quando todos nós adoramos um sistema que é quase neo-liberal - a cena do metal, este estilo de música não recebe nicles do estado e é financiado das maneiras que se podem e se arranjam, operando numa concorrência avassaladora, e como todos sabemos, desta forma produz-se de vez em quando umas pérolas soberbas sem igual, impossíveis de outra forma. São fruto de um trabalho dedicado em que se derrama muito suor e sangue, mas que no fim vale a pena. Já imaginou se o Estado metesse o dedo no assunto e proibisse o Black Metal, colocasse impostos altíssimos em pratos de bateria e desaconselhasse os baixos? Pior, já viu o que seria se um fiscal desse estado, um imbecil incompetente que não percebesse nada de metal - fiscalizasse cada banda todos os meses? Quantos deles haveria com tantas bandas? Quantos salários teriam? Por que é que isto não pode ser aplicado noutra áreas? Tão a ver onde quero chegar?

É por isso que Pedro Passos Coelho tem sido incansável a dizer que o Estado tem que despir o fato de empresário, e nós temos que dar-lhe os devidos ouvidos, ver o porquê dessa afirmação, perceber as suas propostas, e só depois ver se concorda-se ou não. E não lançar ao ar afirmações que revelam uma perfeita ignorância.

Saudações Metaleiras :metal:
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Pedrof
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedrof » sexta abr 01, 2011 11:10 pm

The Morning Star :cheers:

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » sábado abr 02, 2011 12:05 am

The Morning Star Escreveu:Primeiro o mais fácil, CP e REFER, privatizar estas empresas é uma urgência nacional! Se alguém as quiser, isto é. Apesar do seu deficit crónico, estas empresas têm uma dívida de proporções enormes, operam em regime de monopólio, e só dão prejuízo! Mais, houve um estudo citando que em que por cada 17 trabalhadores da CP há um chefe(!) e todos eles recebendo os salários do estado. Muitos boys vão para aquí! Com a REFER é o mesmo, alias, os seus défices, veio-se a saber, vieram a agravar o défice de Portugal. E são eles que mais greves e exigências fazem.


Sou a favor da privatização da CP e Metro de Lisboa, num regime mais semelhante ao MdP, porque de facto estas empresas são operacionalmente muito ineficientes.

Contudo, tu estás muito mal informado. Mas não te sintas mal, é normal.

Ponto 1: Os transportes públicos são, geralmente, deficitários. Tu não vais encontrar por essa Europa fora casos em que a receita dos bilhetes e etc cubra os custos de operação de sistemas de transporte públicos regionais/urbanos. Apenas em serviços de longo curso (e não são todos) há lucro operacional. Na grande maioria dos casos, o contribuinte tem que tapar o buraco do prejuízo.
Ponto 2: Os transportes públicos operam geralmente em regime de concessão. Ie, monopólio local.

Privatizar a CP vai, espero, tornar isto um pouco melhor. Mas não vai mudar o aspecto fundamental: os transportes públicos só são viáveis com subsídios do Estado.
O que vai mudar é que Estado passou as últimas décadas a mandar a CP prestar serviço e depois endividar-se para cobrir o prejuízo. O resultado é que hoje em dia, 50% do prejuízo da CP são só juros da dívida. Mais que boys, chefes e whatever, este é O buraco da CP.
Um operador privado nunca vai aceitar isto. Ou o Estado paga o que deve a tempo e horas ou deixa de haver comboios.

E temos um bom (ou mau?) exemplo do que podemos esperar com a privatização da CP, que é a FERTAGUS.
Esta companhia opera sob um contrato com o Estado que lhe garante
a) a exclusividade dos serviços de passageiros através da ponte 25 de Abril e até Setúbal (com restritas excepções)
b) (gordas) compensações do Estado que garantem que a FERTAGUS dá lucro.

Ou dito de forma mais clara: a única forma de privados comprarem/substituirem a CP e ML e continuar a haver comboios é o Estado pagar-lhes por isso, o suficiente para lhes cobrir o défice operacional.

Quanto à REFER, a REFER é a gestora da infraestrutura da rede ferroviária. Faz tanto sentido privatizá-las como faz privatizar a Estradas de Portugal: nenhum.


Terceiro - CGD. Este, meus senhores, é o maior tentáculo do Estado! Com o começo da sua privatização o estado despótico e gastador há de levar uma machada fatal. O senhor Faria de Oliveira, que recebe mais que Obama, revelou-se contra esta medida, ele que é do PSD, e já garantiu o apoio a Sócrates, por que será? Muitos boys vão para aqui!

A CGD pode ser um tentáculo do Estado ou whatever.
Mas funciona, consegue competir com os bancos privados e dá lucro ao Estado.
Privatizar a CGD será uma forma de conseguir receitas extraordinárias para equilibrar o OE de 1 ou 2 anos mas vai custar aos contribuintes o lucro da CGD dos anos vindouros.

Quarto - TAP, bem, esta empresa há muito que devia ser privatizada, para além do prejuízo permanente, o seu CEO não tem escrúpulos! O Fernando Pinto, esse que auto aumentou o seu salário recentemente em 75% e tudo isso com o dinheiro do Estado! Isto indigna, caramba. Mais, esta empresa viola as leis da concorrência e oferece bilhetes a preços mais acessíveis... aparentemente, porque parte desse bilhete é pago pelo Estado, isto é, por nós!


Estás completamente errado: a TAP não faz concorrência desleal nem recebe dinheiro do Estado porque... a UE proibiu os Estados de continuarem a subsidiar as companhias públicas de aviação, já lá vão vários anos.
O facto de a TAP ainda não ter falido (como a Sabena, a antiga Alitalia, a antiga SwissAir, etc) é um pequeno milagre que se deve ao bom potencial da companhia e à gestão competente.
A TAP precisa desesperadamente de ser privatizada, porque precisa de um investidor que lá possa meter dinheiro para que a empresa possa voltar ao lucro.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor The Morning Star » sábado abr 02, 2011 12:30 am

Muito bem, vamos a isto. Mas vale a pena referir que tens razão incitares-me a informar-me melhor.

Quanto à REFER, a REFER é a gestora da infraestrutura da rede ferroviária. Faz tanto sentido privatizá-las como faz privatizar a Estradas de Portugal: nenhum.


Bem, no programa do PSD, está explicitamente escrito que REFER é alvo de privatização. Se faz sentido, ou não, isso é outro assunto, mas por mim faz sentido, mas isto é a minha humilde opinião.

A CGD pode ser um tentáculo do Estado ou whatever.
Mas funciona, consegue competir com os bancos privados e dá lucro ao Estado.
Privatizar a CGD será uma forma de conseguir receitas extraordinárias para equilibrar o OE de 1 ou 2 anos mas vai custar aos contribuintes o lucro da CGD dos anos vindouros.


Esse dinheiro nunca, mas nunca chega a ver os "Cofres do Estado".
O lucro da CGD é distribuído pelos accionistas, que neste caso é a Parpública, o único accionista da CGD. Que eventualmente, mete esse papel noutra empresa do estado que a Parpública gere, e que da prejuízo, etc. etc. E é urgente acabar com esse enorme tentáculo. Faz algum sentido esse banco ter uma seguradora e a empresa Hospitais Privados de Portugal, empresa que gere uma rede de hospitais e clínicas, PRIVADAS? São estas duas, dentro da Caixa, que PPC quer urgentemente privatizar, e depois a própria Caixa.


Estás completamente errado: a TAP não faz concorrência desleal nem recebe dinheiro do Estado porque... a UE proibiu os Estados de continuarem a subsidiar as companhias públicas de aviação, já lá vão vários anos.
O facto de a TAP ainda não ter falido (como a Sabena, a antiga Alitalia, a antiga SwissAir, etc) é um pequeno milagre que se deve ao bom potencial da companhia e à gestão competente.
A TAP precisa desesperadamente de ser privatizada, porque precisa de um investidor que lá possa meter dinheiro para que a empresa possa voltar ao lucro.


Ai faz, faz, isso garanto-te. E se a UE proibiu, bem fez.

Por muito que me apeteça discutir, tenho que ir dormir, mas isto promete...
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor JVELHAGUARDA » sábado abr 02, 2011 12:35 am

"b) precisamos de pedir ainda mais dinheiro emprestado "or else"
Ainda não pagaram o que pediram e precisamos pedir mais, isso não entendo, leilões de divida muito menos.

"... estás a ver a complicação que é renegociar a dívida"
Entendo que seja complicado mas, foram eleitos para governar em prol do povo, têm de equacionar todos os cenários.


Depois de todos estes anos, quando é que vão assumir um deficit 0 (zero), quando é que se vai saber a realidade das contas TODAS e não só de parte, quando vão explicar o porque de privatizar a PT, EDP, etc empresas lucrativas e ficar com prejuízos e roubos BPN, BPP, RTP, transportadoras, etc, tudo a ser pago pelos contribuintes, buracos que aumentam nunca diminuem.

PS disto não pode fugir, apesar de estar a fazer tudo para o fazer - areia para os olhos.
"em menos de seis anos, a dívida pública passou de cerca de 80 mil milhões de euros para 159,5 mil milhões, no final de 2010 (92,4% do PIB), prevendo-se que, em 2011, atinja os 168,7 mil milhões de euros, ou seja, 97,3% do PIB! Quer isto dizer que, desde que Sócrates é primeiro-ministro, os Portugueses ficaram a dever mais 90 mil milhões de euros ao estrangeiro, ou seja, em média, cada cidadão nacional deve mais 9 mil euros" :?

Basta!

O malogrado Sousa Franco disse, certa vez, que o governo de António Guterres era o pior desde o tempo de D. Maria. Não podia imaginar os governos de José Sócrates…

De facto, quanto aos executivos liderados nos últimos seis anos pelo ainda primeiro-ministro, não será exagerado afirmar que não haverá, porventura, na História de Portugal, Governos que mentiram tanto aos Portugueses, Vasco Gonçalves incluído.
O anterior mentiu despudoradamente, iludindo e convencendo os eleitores de que não havia crise ou que esta estava em vias de ser solucionada.
O actual Governo, então, mente quase todos os dias.

Mentiu no défice de 2009, dizendo que andaria pelos 3%, para, a seguir às eleições, vir a reconhecer que atingiu os 9,3% (défice que, agora, o INE corrigiu para 10%!). Quanto a este ano, o Governo assegurava que o défice seria de 6,8% do PIB, valor que foi, agora, corrigido para 8,6%.

Mente quando sustenta que a oposição não quis negociar o PEC IV, quando é certo que se comprometeu com esse pacote no Conselho Europeu antes de, sequer, o enviar ao parlamento para a dita negociação.

Mente quando diz defender o ‘Estado social’, quando a realidade é que se preparava para congelar todas as pensões a partir dos 187 euros e cortar nas reformas a partir dos 1500 euros, isto para já não referir o fim das deduções fiscais nas despesas das famílias em saúde e educação.

Mente quando quer fazer acreditar que está a reduzir a despesa pública, quando é certo que não deu um passo no sentido de cortar a gordura no Estado, isto é, o despesismo e as mordomias.

Mente quando diz que Portugal não precisa nem recorre a ajuda externa, quando é certo que, só o BCE, já emprestou ao País mais de 60 mil milhões de euros.

Mente ainda quando diz que um governo de gestão não pode recorrer a ajuda financeira da União Europeia, quando esta já fez saber que aceitaria esse pedido caso lhe fosse apresentado e todos os constitucionalistas de nomeada já esclareceram, e bem, que, sendo necessário e indispensável, esse pedido pode ser apresentado por um governo de gestão. Neste âmbito, a entrevista de Teixeira dos Santos, atirando para o Presidente da República uma responsabilidade que, obviamente, apenas cabe ao governo, constituiu uma dos mais baixos exemplos de politiquice de que há memória.

Mente quando garante que está a reavaliar as mega obras públicas (TGV, novo aeroporto, parcerias público-privadas, etc.), quando a verdade é que essas obras vão avançando à socapa, aumentando ainda mais o endividamento nacional.

Mas, mais grave do que todas as mentiras do Governo, é a criminosa evolução da dívida pública que se verifica desde 2005. Em menos de seis anos, a dívida pública passou de cerca de 80 mil milhões de euros para 159,5 mil milhões, no final de 2010 (92,4% do PIB), prevendo-se que, em 2011, atinja os 168,7 mil milhões de euros, ou seja, 97,3% do PIB! Quer isto dizer que, desde que Sócrates é primeiro-ministro, os Portugueses ficaram a dever mais 90 mil milhões de euros ao estrangeiro, ou seja, em média, cada cidadão nacional deve mais 9 mil euros do que quando estes vigaristas se alçaram ao poder.

Muito se tem escrito sobre não valer a pena falar, neste período pré-eleitoral, das culpas pela situação em que Portugal presentemente se encontra. Discordo radicalmente dessas teses desresponsabilizadoras. Sei que convém ao cábula relapso. Mas a verdade é que como pode alguém acreditar nas soluções que, agora, pressurosa e desavergonhadamente, o Partido Socialista nos virá propor, quando é certo que, nos últimos 16 anos, governou mais de 12 e nos atirou para o buraco em que nos encontramos?

Seja como for, daqui a pouco mais de dois meses vamos ver, finalmente, se os Portugueses correm com esta bandidagem que arruinou o País e que, em seis anos, provou ter falhado rotundamente nas ilusões de desenvolvimento e de progresso com que defraudou os eleitores. Ou se, pelo contrário, estes cairão, pela terceira vez, nas tretas e lérias do político mais incompetente, demagogo e irresponsável que alguma vez ocupou, entre nós, as funções de primeiro-ministro.


Dos avisos:

Campos e Cunha, antigo ministro das Finanças de José Sócrates:
* "há várias semanas que o Governo adivinhava o final desta semana e antecipou-se".
* "o Governo sabia antecipadamente o que iria acontecer às contas de 2010 e quis precipitar a crise antes do descalabro final; assim, negociou e ajustou um conjunto de medidas (vulgo PEC-4) apenas e só com os nossos parceiros europeus. Nesse pacote estava tudo o que o PSD tinha vetado em negociações anteriores (PEC-2 e PEC-3).
* "estamos a viver um filme de terror em que o drácula culpa a vítima de lhe sugar o sangue. Estamos a viver o malbaratar dos dinheiros públicos durante muitos anos, com especial relevância nos últimos cinco. Estamos a sofrer as consequências da dita política keynesiana de 2009 que teria permitido que a recessão fosse apenas de 2,6%. Muitos defenderam tal irracionalidade, mas também houve quem chamasse a atenção da idiotia de tal abordagem numa pequena economia, sem moeda própria e sem fronteiras económicas".
* "A situação económico-financeira é de tal descalabro que não pode haver eleições antecipadas sem haver uma crise política, económica e financeira de acordo com vários ministros, começando pelo primeiro. É a constituição e a democracia que está em causa".
* "tudo isto tem um rosto e um primeiro responsável. Lembrem-se disto no dia do voto e não faltem, nem que seja para votar em branco".
publicado por Rui Crull Tabosa



Eternizam-se como políticos profissionais, de categoria duvidosa, que agem em prol de sucateiros, não sabem sair de cena, não dão o seu lugar a outros com competências, movem-se num pântano sem fim, arrastam para o fundo um pais inteiro e ainda há quem tenha pena, duvida, os defenda e vote neles.

Democracia a quanto obrigas....


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