Opiniões e reflexões jornalísticas.

paulo figueiredo [RIP 2011/02/27]

Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor paulo figueiredo [RIP 2011/02/27] » quarta out 20, 2010 1:58 pm

Adinatha Escreveu:Pah, jornalismo desportivo não é a minha área de todo, mas a ideia que tenho é que há margem para fazer coisas mais criativas. O problema é que nem toda a gente está aberta à criatividade ;)

Opah, mas francamente, é que até o layout é igual.
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Whatever, não se trata aqui de defender a camisola, apenas que se trata, das duas uma: pouco conhecimento do que se faz "lá fora" (em relação ao UK) ou uma lata tremenda em copiar um visual e conceito multipremiado.


Acho que é mais isso.

Devotee
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Devotee » quarta out 20, 2010 2:05 pm

Provavelmente...

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » segunda out 25, 2010 8:35 pm

O texto abaixo reflete bem o meu pensamento acerca do tema, podia até ter sido escrito por mim, simplesmente seria num tom bastante mais agressivo e/ou sarcástico.



A aprovação

O orçamento vai ser aprovado? Claro que vai. Não importa muito saber se este ou aquele partido vai votar contra, a favor ou abster-se. Tudo isso são irrelevâncias folclóricas. O parlamento vai aprová-lo porque ele já está aprovado. Foi aprovado pelos mercados, pelo Fundo Monetário Internacional, pelas agências de rating, pela Comunidade Europeia, pelo Banco Central Europeu e pela senhora Merkel.

E os portugueses também já aprovaram o orçamento. Enquanto os franceses põem tudo em cacos por verem a reforma aumentada para os 62 anos, os portugueses viram-na aumentada até aos 65 sem um lamento. Deve ser porque o trabalho não dá muito trabalho. E, além disso, se tudo o mais faltar, ainda temos o sol que é de graça.

Agora, embora saibam que lhe vão aos bolsos, os portugueses andam contentes. Será porque têm o sol, porque se preparam para fazer ronha, mas é por mais do que isso. O problema é que cada português olha mais para os outros do que para si próprio e custa-lhe menos ganhar pouco do que saber que os outros ganham mais. Isso, sim, é que lhes dói: que exista quem trabalhe menos do que eles e ganhe muito mais.

Ora, a grande maioria dos portugueses ganha muito pouco. Vai perder algum, é certo, talvez uns três por cento. Mas fica contente porque aqueles que mais ganham vão perder dez por cento. E então, os políticos, que já perderam cinco por cento, vão agora perder mais dez. Maravilha das maravilhas, que se aprove o orçamento.


Desta vez, a inveja ajuda as finanças públicas.

J.L. Pio Abreu / Destak
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » terça jan 18, 2011 7:17 pm

Na morte de Vítor Alves

Estava em Viseu , quando um SMS me avisou: "Morreu o Vítor Alves". Infelizmente era uma notícia daquelas que se esperam - mas que, no fundo, nunca se esperam. Porque todos os nossos amigos são eternos e, quando descobrimos que não são, temos muita dificuldade em acreditar. Vítor Alves pertencia àquele grupo de homens a quem devemos viver hoje em liberdade e em democracia. Para as gerações mais novas, isto parece um dado tão adquirido que nem lhes passa pela cabeça que alguma vez pudesse ter sido doutra maneira.

Mas foi. Durante muitos anos.

Até que um dia estes homens decidiram arriscar tudo - vida, liberdade, carreira, saúde, família - em nome de um sonho que, com desvios e loucuras e erros e recuos, ainda é o que hoje nos mantém vivos e actuantes.

Esta é uma dívida que nunca poderemos pagar - nem eles estavam à espera disso.

Mas é muito triste descobrir como as pessoas têm a memória curta.

Foi vergonhosa a maneira como a morte de Vítor Alves foi tratada nos meios de comunicação - já para não falar das muitas horas de um velório quase vazio, quando deveria ter estado SEMPRE, em todas as horas, cheio de gente.

Atirada a notícia para o rodapé dos telejornais - que se enchiam do assassínio de Carlos Castro em Nova Iorque, com direito a um rol de jornalistas em directo, e entrevistas a meio mundo.

Reduzida, num jornal dito de referência, no dia a seguir ao enterro, a uma pequena fotografia em que se via a parte de trás do carro funerário e dois homens a ajudar a colocar o retrato junto do caixão - enquanto páginas inteiras continuavam reservadas ao crime passional de Nova Iorque.

Mas Vítor Alves não se meteu em escândalos, não morreu num hotel de luxo em Nova Iorque, não alimentou crónicas cor-de-rosa, nem sequer pertencia ao jet-set.

Pecados por de mais suficientes para o atirar para o limbo dos que não merecem mais que uma breve evocação. Mas se calhar é aí que ele fica bem - ao lado dos que deram tudo pela pátria, e que a pátria, vergonhosamente, esqueceu.

Alice Vieira/JN
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Lapeno Enriquez » terça jan 18, 2011 7:24 pm

Ainda outro dia estive a discutir isso. Muito bem Alice Vieira, concordo com tudo.
...natasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatas...
MORTE AO FALSO METAL Imagem

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Audiokollaps » terça jan 18, 2011 7:32 pm

O que está em causa

Depois de décadas de “ajuda ao desenvolvimento” por parte do Banco Mundial e do FMI, um sexto da população mundial vive com menos de 77 centavos por dia. O que vai acontecer a Portugal (no seguimento do que aconteceu à Grécia e à Irlanda e irá acontecer à Espanha, e talvez não fique por aí) aconteceu já a muitos países em desenvolvimento. A intervenção do FMI teve sempre o mesmo objetivo: canalizar o máximo possível do rendimento do país para o pagamento da dívida. A “solução da crise” pode bem ser a eclosão da mais grave crise social dos últimos oitenta anos. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos.

Boaventura de Sousa Santos

Portugal é um pequeno barco num mar agitado. Exigem-se bons timoneiros mas se o mar for excessivamente agitado não há barco que resista, mesmo num país que séculos atrás andou à descoberta do mundo em cascas de noz. A diferença entre então e agora é que o Adamastor era um capricho da natureza, depois da borrasca era certa a bonança e só isso tornava “realista” o grito de confiança nacionalista, do “Aqui ao leme sou
mais que eu…”.

Hoje, o Adamastor é um sistema financeiro global, controlado por um punhado de grandes investidores institucionais e instituições satélites (Banco Mundial, FMI, agências de avaliação de risco) que têm o poder de distribuir as borrascas e as bonanças a seu bel-prazer, ou seja, borrascas para a grande maioria da população do mundo, bonanças para eles próprios. Só isso explica que os 500 indivíduos mais ricos do mundo tenham uma riqueza igual à da dos 40 países mais pobres do mundo, com uma população de 416 milhões de habitantes. Depois de décadas de “ajuda ao desenvolvimento” por parte do BM e do FMI, um sexto da população mundial vive com menos de 77 cêntimos por dia.

O que vai acontecer a Portugal (no seguimento do que aconteceu à Grécia e à Irlanda e irá acontecer à Espanha, e talvez não fique por aí) aconteceu já a muitos países em desenvolvimento. Alguns resistiram às “ajudas” devido à força de líderes políticos nacionalistas (caso da Índia), outros rebelaram-se pressionados pelos protestos sociais (Argentina) e forçaram a reestruturação da dívida. Sendo diversas as causas dos problemas enfrentados pelos diferentes países, a intervenção do FMI teve sempre o mesmo objetivo: canalizar o máximo possível do rendimento do país para o pagamento da dívida. No nosso contexto, o que chamamos “nervosismo dos mercados” é um conjunto de especuladores financeiros, alguns com fortes ligações a bancos europeus, dominados pela vertigem de ganhar rios de dinheiro apostando na bancarrota do nosso país e ganhando tanto mais quanto mais provável for esse desfecho.

E se Portugal não puder pagar? Bem, isso é um problema de médio prazo (pode ser semanas ou meses). Depois se verá, mas uma coisa é certa: “as justas expectativas dos credores não podem ser defraudadas”. Longe de poder ser acalmado, este “nervosismo” é alimentado pelas agências de notação: baixam a nota do país para forçar o Governo a tomar certas medidas restritivas (sempre contra o bem-estar das populações); as medidas são tomadas, mas como tornam mais difícil a recuperação econômica do país (que permitiria pagar a dívida), a nota volta a baixar. E assim sucessivamente até a “solução da crise”, que pode bem ser a eclosão da mais grave crise social dos últimos oitenta anos.

Qualquer cidadão com as naturais luzes da vida, perguntará, como é
possível tanta irracionalidade? Viveremos em democracia? As várias
declarações da ONU sobre os direitos humanos são letra morta? Teremos
cometidos erros tão graves que a expiação não se contenta com os anéis e
exige os dedos, se não mesmo as mãos? Ninguém tem uma resposta clara
para estas questões mas um reputado economista (Prêmio Nobel da
Economia em 2001), que conhece bem o anunciado visitante, FMI,
escreveu a respeito deste o seguinte:

“as medidas impostas pelo FMI falharam mais vezes do que as em que tiveram êxito…Depois da crise asiática de 1997, as políticas do FMI agravaram as crises na Indonésia e na Tailândia. Em muitos países, levaram à fome e à confrontação social; e mesmo quando os resultados não foram tão sombrios e conseguiram promover algum crescimento depois de algum tempo, frequentemente os benefícios foram desproporcionadamente para os de cima, deixando os de baixo mais pobres que antes. O que me espantou foi que estas políticas não fossem questionadas por quem tomava as decisões…Subjacente aos problemas do FMI e de outras instituições económicas internacionais é o problema de governação: quem decide o que fazem?”
(Joseph Stiglitz, Globalization and its Discontents, 2002)

Haverá alternativa? Deixo este tema para a próxima crônica.


Boaventura Sousa Santos/Visão

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » segunda mar 28, 2011 11:14 pm

Maria Filomena Mónica (MFM), em comentário às manifestações do dia 12 de Março, entendeu pôr em dúvida a seriedade dos cursos de Relações Internacionais (RI) em Portugal: "Os promotores da manifestação de ontem são todos licenciados em relações internacionais. – diz MFM - Isto habilita-os a quê? Alguém se deu ao trabalho de olhar o conteúdo destes cursos. Os docentes que os regem sabem do que falam? Duvido."



Agradecemos a MFM a oportunidade para esclarecer o papel que o estudo das RI pode ter na sociedade portuguesa e desmistificar algumas ideias de senso comum primário de que MFM se faz porta-voz. O seu artigo aponta três críticas ao estudo das RI em Portugal: a utilidade de uma formação nesta área, os conteúdos curriculares e a qualidade académica dos professores.



A primeira corresponde a um dos mitos sobre as RI e, de resto, sobre outras “ciências moles” como a Sociologia ou a Filosofia. Consiste em supor que estas não garantem nenhum tipo de formação específica para o desempenho de funções profissionais. Tal mito parte do pressuposto, errado, de que a formação superior deve ter uma correspondência directa no mundo profissional se não mesmo no mercado de trabalho. É certo, que a Universidade não é uma “torre de marfim”, mas não é menos certo que a sua função principal é ensinar a pensar. Formar pensamento crítico, argumentação fundamentada, rigor analítico, formar para a cidadania democrática. Por muito que custe a MFM a universidade ainda não é um centro de formação técnico-profissional.



A segunda é sobre os conteúdos curriculares. Como em todo o lado, há coisas boas e coisas más. Há grande diversidade teórica e metodológica? É que o olhar sobre o internacional é transversal e integra uma diversidade de instrumentos analíticos. Da história diplomática ao direito internacional, da economia política internacional, à geopolítica e aos estudos de segurança. Essa formação interdisciplinar é essencial para compreender, para além do senso comum, coisas tão simples como a crise financeira internacional ou a instabilidade no mundo árabe e o seu impacto na vida quotidiana de todos nós. Se MFM se tivesse dado ao trabalho de conhecer um pouco a realidade, constataria sem dificuldade que muitos dos diplomados em RI integram, já hoje, a carreira diplomática, desempenham funções na União Europeia ou nas Nações Unidas, para não falar das organizações não governamentais, das agências de internacionalização de empresas ou câmaras de comércio. Será que MFM se deu, mesmo, ao trabalho de olhar o conteúdo destes cursos?



Finalmente, os docentes que os regem sabem do que falam? Claro está, que estas competências e estes conteúdos não se fazem sem qualidade académica do corpo docente. A geração mais velha veio, ainda, das áreas tradicionais, da Economia, do Direito ou da História. Mas há, hoje, uma nova geração. Sobretudo na última década, registou-se um processo de crescimento e consolidação da comunidade académica portuguesa em RI que atraiu uma diversidade de académicos doutorados em vários centros internacionais de primeira importância na Europa e nos Estados Unidos e que têm hoje uma presença destacada em redes de investigação internacionais de excelência e que publicam os seus livros e artigos em editoras e periódicos de referência internacional.

Eles/as sabem do que falam. A diferença é que só falam do que sabem.






Ana Isabel Xavier, Ana Paula Brandão, Luís Lobo-Fernandes (Universidade do Minho), Ana Santos Pinto, Carmen Fonseca, José Esteves Pereira, Nuno Severiano Teixeira, Sónia Rodrigues (Universidade Nova de Lisboa), André Barrinha, Carmen Amado Mendes, Daniela Nascimento, José Manuel Pureza, Maria Raquel Freire, Paula Duarte Lopes, Rogério Leitão, Teresa Cravo (Universidade de Coimbra), Daniel Pinéu (Universidade de Marburgo), Licínia Simão, Teresa Cierco (Universidade da Beira Interior), Luís Moita, Luís Tomé (Universidade Autónoma de Lisboa), Marcos Farias Ferreira, Maria Francisca Saraiva (ISCSP-UTL)

* Texto publicado no Público de 28.3.2011


I Lol'd... :lol:

O bold é meu, porque vale a pena só por aquele miminho...

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Le Point Noir » segunda mar 28, 2011 11:29 pm

I clapped Imagem
(e não sou de RI)
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » domingo jun 05, 2011 8:45 am

Feios, PIGS e infecciosos

Afinal a bactéria que tem andado a infectar e matar alemães e viajantes chegados do Norte da Alemanha é, revelou a Organização Mundial de Saúde, uma nova estirpe da familiar "escherichia coli". Os pepinos espanhóis (desta vez a coisa demorou menos tempo a apurar do que sucedeu no caso do incêndio do Reichstag) foram só o bode expiatório das autoridades alemãs.

Um bode expiatório, como os comunistas em 1933, perfeitamente credível para o alemão comum, já que a Espanha é, com Portugal, Irlanda e Grécia, um dos tenebrosos PIGS, os países feios, porcos, maus, preguiçosos e gastadores da periferia do "lebenraum" comunitário da senhora Merkel cujos problemas a impecavelmente asseada Banca alemã "ajuda" a resolver a generosos juros usurários enquanto se ajuda não menos generosamente a si mesma.

Países que não sabem governar-se e que, por isso, tem que ser a sempre esforçada Alemanha, por interposta UE, a governá-los e, como na Grécia, a cobrar-lhes os impostos e encarregar-se da privatização das suas empresas e serviços públicos (e a altura chegará em que os próprios governos dos países "ajudados" terão que ter o "agreement" do chanceler de serviço em Berlim).

A declaração de inocência dos pepinos PIGS faz supor que - disse-o à BBC Reinhard Burger, presidente do Instituto Koch - possa nunca vir a ser descoberta a origem do surto infeccioso. Principalmente se a origem for, digo eu, a carne alemã.

Manuel Pina/ JN
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » quinta jun 30, 2011 10:34 pm

Dêem-lhe tempo

A apresentação do Programa de Governo funcionou como tiro de partida para que vários "lobbies", habitualmente discretos, saltassem alvoroçadamente da toca vendo os seus interesses na iminência de ser beliscados.

Para Pais do Amaral e para Balsemão, não existe, no actual panorama televisivo, lugar para outro concorrente (e que raio terão os contribuintes com isso?). Com a hipotética privatização de um dos canais da RTP passaria desta vez a haver, para alguns voluntariosos críticos do "excesso de Estado", "concorrência em excesso". Ou seja: pensando melhor, talvez afinal o Estado não seja mau, principalmente se somos nós quem está debaixo do seu guarda-chuva proteccionista.

Também a notícia da suspensão do TGV parece ter posto os cabelos em pé a muita gente, do consórcio ELOS, liderado pela Soares da Costa e pela Brisa (que se preparava para cobrar 1,359 mil milhões de euros, sem IVA, pela construção, mais 12,2 milhões por ano pela manutenção dos 167 quilómetros do troço Poceirão-Caia, ameaçando agora reclamar 150 milhões de indemnização ao Estado, ao... ministro espanhol do Fomento, para quem suspender o TGV é uma "má decisão" pela qual poderão vir ser pedidas explicações a Portugal (que é como quem diz aos contribuintes portugueses).

Passos Coelho não sabe onde se meteu. Dêem-lhe tempo. Acabará, como Sócrates, por descobrir, os "lobbies" regressarão a penates e tudo voltará à normalidade.

Manuel Pina/JN
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sexta jul 22, 2011 6:24 pm

Hoje lá foi aprovado no parlamento o maior assalto aos bolsos dos contribuintes que há memória.
A este respeito Pedro Lopes insuspeito comentador da SicN e TSF e apoiante de Passos Coelho escreveu o seguinte texto no DN:


A colossal medida preventiva


"1. Afinal, a razão para o novo imposto extraordinário não se prende com nenhum desvio colossal nas contas do Estado. Já se suspeitava, e o ministro das Finanças foi claro. De facto, descobrir um colossal desvio tendo apenas resultados do primeiro trimestre (tipicamente o período económico mais fraco) e numa altura em que as medidas de corte na despesa, entre outras, ainda não estavam implementadas não seria muito provável ou, no mínimo, seria difícil de acreditar.
Mas nós, portugueses, somos um povo crédulo. Continuamos a acreditar, por exemplo, que a primeira medida dum político, mal se senta na cadeira governamental, não é aumentar impostos mesmo que tenha jurado a pés juntos que não o iria fazer. Foi assim com Barroso, depois com Sócrates e agora com Passos Coelho - para a próxima, os candidatos a primeiro-ministro podem poupar-se ao esforço de fazer programas e promessas, não vale a pena.
A verdade, nua e crua, é que nada indicia que as medidas acordadas no programa com a troika não são suficientes para que o défice combinado não fosse alcançado.
Estamos assim, segundo Vítor Gaspar, perante um imposto extraordinário preventivo. Uma coisa do género: "Na dúvida tiramos-vos o vosso dinheiro, não vá acontecer qualquer coisa."
Se o objectivo é prevenir qualquer acontecimento extraordinário que possa impedir o cumprimento rigoroso dos acordos com a troika talvez seja melhor levarem-nos o subsídio de Natal todo. Pensando melhor, como nunca se sabe o que os gregos irão fazer ou se a sra. Merkel acorda um dia destes maldisposta ou pode dar-se o caso das nossas exportações não se portarem como o esperado, é capaz de ser melhor começar a estudar a possibilidade de lançar um imposto superextraordinário sobre o salário de Outubro ou Novembro. Era provável que o novíssimo imposto "mais vale prevenir que remediar" não nos salvasse, mas ao menos o Governo ficava de consciência tranquila.
Estava eu convencido de que quem tinha especial afeição por impostos preventivos era a gente de esquerda e de extrema-esquerda. Segundo eles, quanto mais dinheiro dermos ao Estado mais ele será capaz de nos prevenir de todos os males, sobretudo dos males que nós provocamos a nós próprios. É melhor entregarmos o nosso dinheiro todo ao Estado que ele depois logo vê o que é melhor. Pensava eu que um Governo de direita preferia, até aos limites do possível, manter o máximo de dinheiro nas mãos dos particulares. Não devem ser estes o real motor da economia? Não será verdade que quanto mais dinheiro lhes tirarmos menos desenvolvimento económico teremos? Pelos vistos, temos um Governo com intenções liberais e actos socialistas.
Medidas extraordinárias de cortes na despesa é que nem vê-las. Nas palavras do sr. ministro, precisam de ser bem estudadas. Claro, lançar impostos dá muito menos trabalho, já poupar é o cabo dos trabalhos.
Como português crédulo, estou disposto a acreditar que daqui a uns meses veremos um plano sério de poupança na máquina do Estado. Lembro-me, porém, que os actuais governantes disseram que tinham preparado um programa que podia ser aplicado imediatamente. Estão a pensar melhor para que fique mesmo bom, deve ser isso. O problema é que no entretanto já foi criada uma comissão de acompanhamento para acompanhar o acordo com a troika com 30 técnicos, assim uma espécie de Governo paralelo e que se destina, salvo melhor opinião, a controlar os ministros, não vão eles começar a disparatar - depreendo de forma injusta provavelmente que não há grande confiança nas capacidades dos ministros. Também foi anunciada a criação dum conselho de finanças públicas com técnicos nacionais e estrangeiros. Enfim, cria-se despesa para controlar a despesa. Aonde é que eu ouvi isto? Bom, isto já tinha ouvido, impostos preventivos é que não.

2. A questão nunca foi a de ficar parado esperando que a Europa resolvesse os nossos problemas todos. É fundamental fazer as reformas tantas vezes adiadas, equilibrar as nossas finanças públicas e libertar a actividade económica da incompetente mão estatal. Agora se alguém pensa que sem colaboração externa (refiro-o pela enésima vez), lançando impostos injustos, desnecessários e que apenas irão somar recessão à recessão, resolveremos alguma coisa de substancial, é melhor que se desengane.

3. Vítor Gaspar disse que existe uma crise em alguns países do euro. Não era, com certeza, o que queria dizer. Mal estávamos se o nosso ministro das Finanças não soubesse que existe, sim, uma crise do euro."
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » segunda jul 25, 2011 3:08 pm

Não há bombistas maus

Se é certo que o sono da razão gera monstros não é menos certo que o totalitarismo da razão vigilante gera outros monstros. A obsessão em procurar "motivações profundas" para os fenómenos sociais e para, a partir daí, estabelecer cadeias racionais de causas e efeitos, pode ser tranquilizadora e capaz de assegurar um sono confiante na benignidade da natureza humana, mas é, de facto, um processo fundamentalmente irracional, quando não, como no caso das "motivações profundas" do terrorismo islâmico (porque há verdade factual e a verdade racional: a ideológica, a antropológica, a psicológica... ), tão-só desculpabilizante.

É assim que um motorista pode embebedar-se e meter-se ao volante sem a mínima percentagem de sangue no álcool, matando uma dúzia de transeuntes, que a culpa não é - ou, nos melhores dos casos, não é totalmente - sua, mas tem origem em razões distantes e, obviamente, "profundas" (problemas familiares, "stress" profissional & por aí fora; no fim, a culpa acaba por cair sempre sobre essa entidade vaga e inimputável que é a "sociedade"). Isto quando, como no recente bárbaro homicídio de um "cronista social", não cai sobre a própria vítima.

A explicação finamente racional do atentado de Oslo e do massacre de Utoya que, "raspando um bocadinho" na sociedade norueguesa, o explicador Nuno Rogeiro deu na SIC foi desta vez tão vertiginosamente "profunda" que chegou ao "heavy metal".

António Pina/ JN
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Audiokollaps » segunda jul 25, 2011 4:06 pm


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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Haxan » segunda jul 25, 2011 4:23 pm

Audiokollaps Escreveu: Nuno "sabão" Rogeiro sobre o Heavy-Metal...


Tinha de ser... já estranhava não terem ainda trazido o "trve norwegian black metal" para cima da mesa.
Percebes muito da cena oh Nuno...
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Brunhu
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Brunhu » segunda jul 25, 2011 4:41 pm

No meu local de trabalho tivemos uma conversa sobre o assunto e fui obrigado a falar do BM, isto porque desenvolveu-se em Portugal a teoria de que os países nórdicos são povoados pelo ser perfeito que faz tudo correcto e não tem qualquer maldade.

Surgiu esta frase na conversa: Mas passava pela cabeça de alguém que um Norueguês faria uma coisa destas? Isto no enfiamento da conversa aí de cima.

Acabei por falar do BM para mostrar que aquele habitante tem tanta maldade como qualquer outro.

Aqui não é a questão musical que está em causa mas sim o demonstrar que o norueguês é igual aos outros e penso que foi mesmo isso que ele quis fazer passar cá para fora.

O Norueguês é perfeito, mas desenvolveu um dos estilos musicais mais extremos que existe na música tendo alguns dos amantes/praticantes desse tipo de som cometido crimes graves. Será que são mesmo diferentes dos outros ou as pessoas é que não têm noção da realidade?

Eu vi a coisa dessa forma…


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