Aquele sentimento...

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GoncaloBCunha
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor GoncaloBCunha » sábado out 26, 2024 1:37 am

A sensibilidade com que se gerem certos assuntos é surreal.

Sendo assim, e pelo que percebo, o teu posto de trabalho não está em risco, e é isso que se saúda.

Mesmo que a palavra "reestruturação" venha sempre acompanhada de más notícias... :evil:
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aetheria
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor aetheria » sábado out 26, 2024 3:48 pm

Liwyatan Escreveu:
Então... apesar da sede da empresa (na Finlândia) ter declarado falência, as filiais (Portugal, Espanha, Malásia, USA e Alemanha) vão apenas ser restruturadas e vendidas a outra empresa no mesmo ramo. Portanto para os trabalhadores não muda nada.


Bom, acolhamos as boas notícias! E que a nova empresa traga bons ventos.
Última edição por aetheria em domingo out 27, 2024 12:19 pm, editado 1 vez no total.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Soares29 » sábado out 26, 2024 3:53 pm

Liwyatan Escreveu:
Liwyatan Escreveu:Aquele sentimento da empresa onde trabalho anunciar hoje aos trabalhadores que vai entrar em falência.

É uma filhadaputice.

Só um update nisto.

Então... apesar da sede da empresa (na Finlândia) ter declarado falência, as filiais (Portugal, Espanha, Malásia, USA e Alemanha) vão apenas ser restruturadas e vendidas a outra empresa no mesmo ramo. Portanto para os trabalhadores não muda nada.

A questão é que fizeram uma reunião com a CEO, CFO, Head of não sei o quê, na segunda-feira, a dar a notícia de uma maneira super dramática, que até contou com pessoal a chorar e a dizer "foi um prazer trabalhar convosco" e "deviamo-nos sentir orgulhosos pelo trabalho", sem explicar o resto. Que drama do caraças.

Tens 31 anos, mesmo que a filiar de Portugal fosse à vida ainda tens muito tempo para arranjar outro emprego :wink:

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Psychoneurosis » sábado out 26, 2024 5:26 pm

Foda-se até sabes a idade do rapaz!
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Liwyatan » sábado out 26, 2024 6:02 pm

Sabe a minha idade e aparentemente a minha situação financeira! :mrgreen:

Anyway. Reestruturação implica sempre um escrutínio extra por parte dos advogados, sejam internos ou externos. Muita gente deverá ir de vela, mesmo que comprem todos os departamentos da empresa.

Entretanto já tenho um backup plan na forma de outra oferta de emprego, mas não me dá jeito nenhum por ser em regime híbrido. Como actualmente trabalho 100% remotamente, mudei-me para a Lardosa, em Castelo Branco, e não dava jeito ter de ir a Lisboa 2 ou 3 dias por semana. Chamem-me de profeta, porque comecei a fazer uma horta assim que cheguei.

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Soares29 » sábado out 26, 2024 6:38 pm

Psychoneurosis Escreveu:Foda-se até sabes a idade do rapaz!

Ele fez anos há pouco tempo, no lembrete de dia de aniversário do fórum dizia que ele fazia 31 anos.

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Psychoneurosis » domingo out 27, 2024 2:34 pm

Liwyatan Escreveu:Sabe a minha idade


Fazia-te mais velho com base no que vais postando sobre ti, nomeadamente filhos.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Liwyatan » domingo out 27, 2024 2:39 pm

Psychoneurosis Escreveu:
Liwyatan Escreveu:Sabe a minha idade


Fazia-te mais velho com base no que vais postando sobre ti, nomeadamente filhos.

Pois. Costumo ouvir isso. Digamos que comecei cedo. Tenho um com 5 e outro com 2 anos.

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor aetheria » domingo out 27, 2024 9:58 pm

Liwyatan Escreveu:
Psychoneurosis Escreveu:
Liwyatan Escreveu:Sabe a minha idade


Fazia-te mais velho com base no que vais postando sobre ti, nomeadamente filhos.

Pois. Costumo ouvir isso. Digamos que comecei cedo. Tenho um com 5 e outro com 2 anos.


Cedo mesmo, cada vez mais raro (lamentavelmente, pelas razões e com as consequências que sabemos).
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Liwyatan » domingo out 27, 2024 11:09 pm

aetheria Escreveu:
Liwyatan Escreveu:
Psychoneurosis Escreveu:Fazia-te mais velho com base no que vais postando sobre ti, nomeadamente filhos.

Pois. Costumo ouvir isso. Digamos que comecei cedo. Tenho um com 5 e outro com 2 anos.


Cedo mesmo, cada vez mais raro (lamentavelmente, pelas razões e com as consequências que sabemos).

Concordo que seja lamentável. Não digo que não haja casais que decidam não ser pais apenas porque não querem, mas diria que 90% tomam essa decisão apenas porque não sabem como vão alimentar a família. É deplorável viver numa sociedade assim, onde a natalidade é completamente desencorajada e certas vezes as dificuldades que os pais passam são mal vistas pelas próprias instituições que deveriam, e têm como principal objectivo, proteger as famílias e as crianças.

Tenho um colega de trabalho que recentemente me contou que foi pedir ajuda (não sei se à Segurança Social, Câmara, etc) porque estava cada vez com mais dificuldades para se alimentar a ele e à companheira, mas que nunca nada tinha faltado ao filho. Nem comida, nem roupa, nem idas ao médico, nem vacinas fora do plano. Segundo ele, a resposta que a senhora lhe deu foi que "a criança está muito bem vestida para quem precisa de ajuda para comer". (Agora digam-me, não era dar uma chapadona na mulher logo na hora?)

Infelizmente este tipo de resposta é um sentimento muito propagado pelas instituições que estão cá para nos ajudar a nós, cidadãos, sempre que estamos em dificuldades. É sinal de um país em ruinas e gerido por pessoas de muito pouco carácter, quando a ajuda só não te é negada se o teu filho estiver a passar fome ou com frio.

Felizmente nunca passei por essas dificuldades, por muita sorte e persistência da minha parte, mas tenho uma história semelhante.

O meu filho mais velho é autista nível 1 (antigamente seria designado como Asperger, mas actualmente é tudo considerado como estando "no espectro"), e só o mês passado é que consegui o papel que comprove a "deficiência" dele para poder pedir apoios. Que apoios? Simples apoios para pagar as terapias que ele tem todas as semanas. Nunca lhe faltou nenhuma terapia (e são 2 terapias da fala e 1 de terapia ocupacional por semana!) apesar de pagar tudo sem-convenção (são 35€ por sessão, 105€ por semana). Para além disso a minha mulher é cuidadora informal dele, e recebe 27€ por mês por o ser (o que é irrisório). Já tentou ter trabalho mas faltar ou sair mais cedo 3 vezes por semana é insustentável para qualquer empresa, sem contar com os dias em que ele tem consultas, ou um dos putos fica doente.
A minha questão é, porque é que eu, ou qualquer pai/mãe, tem de andar a suplicar ao Estado por algum tipo de apoio para as nossas crianças serem devidamente acompanhadas? Se nunca lhes faltou nada até agora não é porque somos ricos, é porque temos as prioridades bem definidas e no sítio certo.

Enfim, estou a divagar, mas é um assunto que me revolta imenso.

Soulforged
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Soulforged » segunda out 28, 2024 12:17 am

Liwyatan Escreveu:A minha questão é, porque é que eu, ou qualquer pai/mãe, tem de andar a suplicar ao Estado por algum tipo de apoio para as nossas crianças serem devidamente acompanhadas?


Se fosses dono de um banco, e fosses pedir 1000 milhões, argumentando com o risco de falência do banco, já te diziam "só 1000 milhões? leve antes 5000 milhões, e quando acabar diga, que arranjamos mais"...

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Selvagem » segunda out 28, 2024 3:15 am

aetheria Escreveu:
Cedo mesmo, cada vez mais raro (lamentavelmente, pelas razões e com as consequências que sabemos).


Costumo reflectir bastante sobre estes temas mas ainda não cheguei a uma explicação satisfatória sobre o porquê da "crise" de natalidade nas sociedades ocidentais.
Ainda assim acho que o problema tem origem em dois factores, curiosamente até um pouco antagónicos: socialismo e capitalismo.

Socialismo porque criou as bases para que a sociedade fosse mais justa e com igualdade de oportunidades para todos. Antigamente apenas as elites tinham a possibilidade de fazer carreiras e estudar até tarde, o povo comum limitava-se a trabalhar a vida inteira desde novos, no campo ou na indústria, e a casar cedo e ter muitos filhos. Hoje em dia a possibilidade de qualquer um ter carreira alterou tudo isto, principalmente para as mulheres que têm um período de idade fértil que se sobrepõe com o período de estudos e inicio de carreira. Filhos acabam por ser um plano sempre adiado ou evitado e cada vez em menor quantidade.

Capitalismo porque gerou, e gera cada vez mais, uma sociedade que consome desenfreadamente, cujo individuo precisa de mais e mais para se sentir feliz, realizado e capaz de funcionar proativamente nessa mesma sociedade.
Numa sociedade de há 80 ou mesmo 50 anos atrás uma família normal tinha poucos valores materiais, talvez um ou dois electrodomésticos (que duravam uma vida), menos variedade de roupa, com sorte um automóvel, e os gastos em entretenimento eram raros. Além de que não havia crises de habitação e pagava-se menos serviços básicos.
Hoje em dia cada família tem 2 ou 3 carros, um telemóvel (cada vez mais caros) por pessoa, uma infinidade de electrodomésticos que duram com sorte uma década, contas de serviços de streaming, tv cabo, telefone, Internet vieram juntar-se à água, luz e gás. Ninguém quer ficar para trás nas novidades ou nos prazeres simples, por isso gasta-se em restaurantes, saídas à noite, cinema, espetáculos, concertos, férias. O trabalho é cada vez mais longe de casa, gasta-se mais em combustível ou passes de transportes. As casas têm rendas cada vez mais caras ou demoram décadas a pagar.
Adicionar filhos incrementa substancialmente estes custos. Alimentação, roupa, gadgets, material escolar. Os jovens estudam cada vez ate mais tarde, um filho no ensino superior é outro incremento de despesa por mais anos.
Mesmo comparado com 30 ou 20 anos atrás, quando muitas destas despesas já existiam, a tendência tem sido sempre para agudizar o problema, e os salários nunca aumentaram em proporção ao crescente custo de vida.

A baixa natalidade gera necessidade de cada vez mais mão de obra para suportar uma população cada vez mais envelhecida. Isso é um dos principais motivos que gera as correntes migratórias que temos visto nos últimos anos em todas as sociedades ocidentais, com as consequentes fricções sociais e politicas que todos os dias assistimos.

É fácil colocar as culpas nos governos, mas acho que o problema é bem mais complexo que isso, e existem limites para aquilo que um governo consegue fazer.
Nunca na história os governos tiveram de lidar com uma sociedade que tem tanto, mas ao mesmo tempo precisa de muito mais.
Não é uma altura fácil para se ser governante. Eu que costumo ser bastante critico dos governos, neste aspecto acho que a culpa está longe de ser apenas deles. Este problema foi criado inconscientemente por nós enquanto sociedade em evolução. Mais cedo ou mais tarde a bolha irá rebentar, e receio que voltemos à estaca zero.

Isto é apenas a minha opinião e generalizei bastante, mas generalizando criamos as bases para encontrar e dissecar melhor os pormenores.

E terminando, ao inicio escrevi "crise" de natalidade com aspas porque crise aqui é um termo relativo. Cinicamente, acho que olhamos para o problema da natalidade muito com base no medo de não conseguirmos sustentar amanhã uma sociedade envelhecida. Fora isso qual o problema de haver menos pessoas? :grim: O planeta, e consequentemente nós mesmos enquanto espécie, até deveríamos estar gratos por isso. :grim:
Também pode ser visto por algumas franjas nacionalistas como um certo medo que a nação morra, mas acho que essa base de pensamento é mais residual e já envolve um outro tipo de discussão mais filosófica.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Vooder » segunda out 28, 2024 10:51 am

Tudo o que dizes é verdade e pode-se resumir a isto.
Quanto maior for a qualidade de vida duma sociedade, menos "filhos quer ter".
Houve um professor meu disse e que nunca me esqueci, tal como disse que as mortes por acidentes de viação é um indicador da qualidade de vida.

Claro que isto são indicadores com generalizações pois há excepções.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor aetheria » segunda out 28, 2024 6:03 pm

Selvagem Escreveu:
Spoiler: Mostrar
aetheria Escreveu:
Cedo mesmo, cada vez mais raro (lamentavelmente, pelas razões e com as consequências que sabemos).


Costumo reflectir bastante sobre estes temas mas ainda não cheguei a uma explicação satisfatória sobre o porquê da "crise" de natalidade nas sociedades ocidentais.
Ainda assim acho que o problema tem origem em dois factores, curiosamente até um pouco antagónicos: socialismo e capitalismo.

Socialismo porque criou as bases para que a sociedade fosse mais justa e com igualdade de oportunidades para todos. Antigamente apenas as elites tinham a possibilidade de fazer carreiras e estudar até tarde, o povo comum limitava-se a trabalhar a vida inteira desde novos, no campo ou na indústria, e a casar cedo e ter muitos filhos. Hoje em dia a possibilidade de qualquer um ter carreira alterou tudo isto, principalmente para as mulheres que têm um período de idade fértil que se sobrepõe com o período de estudos e inicio de carreira. Filhos acabam por ser um plano sempre adiado ou evitado e cada vez em menor quantidade.

Capitalismo porque gerou, e gera cada vez mais, uma sociedade que consome desenfreadamente, cujo individuo precisa de mais e mais para se sentir feliz, realizado e capaz de funcionar proativamente nessa mesma sociedade.
Numa sociedade de há 80 ou mesmo 50 anos atrás uma família normal tinha poucos valores materiais, talvez um ou dois electrodomésticos (que duravam uma vida), menos variedade de roupa, com sorte um automóvel, e os gastos em entretenimento eram raros. Além de que não havia crises de habitação e pagava-se menos serviços básicos.
Hoje em dia cada família tem 2 ou 3 carros, um telemóvel (cada vez mais caros) por pessoa, uma infinidade de electrodomésticos que duram com sorte uma década, contas de serviços de streaming, tv cabo, telefone, Internet vieram juntar-se à água, luz e gás. Ninguém quer ficar para trás nas novidades ou nos prazeres simples, por isso gasta-se em restaurantes, saídas à noite, cinema, espetáculos, concertos, férias. O trabalho é cada vez mais longe de casa, gasta-se mais em combustível ou passes de transportes. As casas têm rendas cada vez mais caras ou demoram décadas a pagar.
Adicionar filhos incrementa substancialmente estes custos. Alimentação, roupa, gadgets, material escolar. Os jovens estudam cada vez ate mais tarde, um filho no ensino superior é outro incremento de despesa por mais anos.
Mesmo comparado com 30 ou 20 anos atrás, quando muitas destas despesas já existiam, a tendência tem sido sempre para agudizar o problema, e os salários nunca aumentaram em proporção ao crescente custo de vida.

A baixa natalidade gera necessidade de cada vez mais mão de obra para suportar uma população cada vez mais envelhecida. Isso é um dos principais motivos que gera as correntes migratórias que temos visto nos últimos anos em todas as sociedades ocidentais, com as consequentes fricções sociais e politicas que todos os dias assistimos.

É fácil colocar as culpas nos governos, mas acho que o problema é bem mais complexo que isso, e existem limites para aquilo que um governo consegue fazer.
Nunca na história os governos tiveram de lidar com uma sociedade que tem tanto, mas ao mesmo tempo precisa de muito mais.
Não é uma altura fácil para se ser governante. Eu que costumo ser bastante critico dos governos, neste aspecto acho que a culpa está longe de ser apenas deles. Este problema foi criado inconscientemente por nós enquanto sociedade em evolução. Mais cedo ou mais tarde a bolha irá rebentar, e receio que voltemos à estaca zero.

Isto é apenas a minha opinião e generalizei bastante, mas generalizando criamos as bases para encontrar e dissecar melhor os pormenores.

E terminando, ao inicio escrevi "crise" de natalidade com aspas porque crise aqui é um termo relativo. Cinicamente, acho que olhamos para o problema da natalidade muito com base no medo de não conseguirmos sustentar amanhã uma sociedade envelhecida. Fora isso qual o problema de haver menos pessoas? :grim: O planeta, e consequentemente nós mesmos enquanto espécie, até deveríamos estar gratos por isso. :grim:
Também pode ser visto por algumas franjas nacionalistas como um certo medo que a nação morra, mas acho que essa base de pensamento é mais residual e já envolve um outro tipo de discussão mais filosófica.


Estou COMPLETAMENTE de acordo com a tua reflexão. Também a faço recorrentemente e partilho em absoluto das duas razões que avanças. Nem tenho nada a acrescentar, é uma análise atenta e bem fundamentada. E até com os considerandos finais concordo :mrgreen:

Vooder Escreveu:Quanto maior for a qualidade de vida duma sociedade, menos "filhos quer ter".
Houve um professor meu disse e que nunca me esqueci, tal como disse que as mortes por acidentes de viação é um indicador da qualidade de vida.


Andando a cirandar pela Noruega dizia eu então que a qualidade e evolução da sociedade se via pelas crianças e pelos velhos. Falava dos velhos pois a qualidade de vida, a cultura, o modo de estar dos velhos que ia vendo pelas ruas é bem diferente dos "nossos": saem, estão nas esplanadas (não sáo só os homens a jogar sueca, são casais), passeiam, viajam. Até a sua vida nos lares é diferente. Quanto às crianças, é impressionante comparar tanto o número de crianças que se vê na rua com os pais, o número de filhos por casal, e as idades dos próprios casais: muito comum ver jovens na casa dos vinte com filhos. E isso mostra que os têm porque podem, têm condições económicas e têm tempo. Aliás, é ver a partir do meio da tarde o pessoal a passear com os filhos nos parques, "como se fosse domingo".

Liwyatan Escreveu:Enfim, estou a divagar, mas é um assunto que me revolta imenso.


Não divagaste nada, e atendendo às tuas circunstâncias pessoais, menos ainda.
Gostava também de viver num país onde soubesse que todos aqueles que lutam para viver têm acesso a uma vida, no mínimo, confortável e desafogada.
Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças. Torga
A partir de um determinado ponto já não há retorno. É esse ponto que se tem que alcançar. Kafka