Posta aqui que assim ele sobe? wtf.

[GoncaloBCunha]

Resumindo, ninguém aqui gostaria de ter o Kramer como vizinho.

Pois!

[Psychoneurosis]

Quando "ouço" o termo eremita lembro-me sempre do Ted Kaczynski e do seu manifesto , e os documentários sobre ele. É ou era uma peça de estudo .

Cada vez mais dou valor ao meu sossego. Tendo em conta que vai para 4 anos o meu trabalho a full time é em modo free lancer, e não tenho horários nem dias normais vá de trabalho, assim como folgas ou férias quando chego a casa, gosto de estar sossegado, e esse sossego tanto pode ser passado a procrastinar como a ouvir um disco de grindcore e a beber um belo tinto.
Tenho a sorte de estar com os meus pais todos os dias, ou quase vá, o meu irmão está em quase todos os grupos que tenho seja de messenger ou WatsApp, por isso acabamos por estar em contacto diário, e faço questão de me juntar aos amigos todas as semanas, normalmente às sextas para uma tainada. Se sinto falta às vezes de algum reboliço maior ? Sim, mas facilmente ultrapasso esse sentimento.

[Vooder]

Odeio telefonemas por acaso, e acho que isso é algo que também demonstra uma falta de noção de algumas pessoas.
A minha mãe fez anos há dias e fomos almoçar fora para celebrar. Uma amiga ligou-lhe mesmo a meio da hora de almoço...

... se for uma daquelas que pelo menos está meia hora ao telefone, lá se foi o almoço... nisso as mulheres são terríveis (nem todas)
e as novas gerações ainda por cima é logo com um vídeo, que é ainda mais intrusivo

[aetheria]

e as novas gerações ainda por cima é logo com um vídeo, que é ainda mais intrusivo

Meeedo. Esses, então, só mesmo com as filhas.

Fizeste bem a ressalva "nem todas", porque o que me chateia nos telefonemas é que há pessoas que sentem necessidade de falar, explicar o que foi dito, reformular, repetir... errr... eu conheço homens assim mas, como disse, até estes se aperceberam que não gosto de telefonemas, pois só quem é próximo é que me telefona e aos mais próximos eu estou à vontade para fazer notar que não aprecio telefonemas
A mim mãe é engraçada, pois acha que "escrever não é falar" e acha então que eu não falo com as pessoas, porque não telefono (pelas razões óbvias, ela é uma exceção, diária). Bem lhe tento explicar que sei da vida das pessoas, que conversamos, escrevendo (o que até obriga - deve ser por isso que eu gosto - a uma maior concisão e reflexão no que se diz... nem sempre com sucesso, é certo, porque às vezes falha "o tom") mas ela não alinha "não tem jeito nenhum"

[Psychoneurosis]

Odeio telefonemas por acaso, e acho que isso é algo que também demonstra uma falta de noção de algumas pessoas.
A minha mãe fez anos há dias e fomos almoçar fora para celebrar. Uma amiga ligou-lhe mesmo a meio da hora de almoço...

... se for uma daquelas que pelo menos está meia hora ao telefone, lá se foi o almoço... nisso as mulheres são terríveis (nem todas)
e as novas gerações ainda por cima é logo com um vídeo, que é ainda mais intrusivo

Não percebi se te referes à minha mãe ou à amiga que lhe ligou, mas foi um telefonema rápido, aliás "cá" em casa não há telefones nas refeições, salvo raras exceções como quando é work related. Por curiosidade fui ver o meu histórico de telefonemas feito e recebido e desde o início de julho que não tenho nenhum sem ser por coisas necessárias e não o telefonema "entre amigos". E mesmo esses foram porque fiz anos e ainda há meia dúzia de pessoal amigo que me liga no meu aniversário todos os anos

[Blackadder]

Aproveitando a neura dos telefonemas (também detesto falar ao telefone), lembrei-me de uma cena…

Não respeito intelectualmente os idiotas que acham triste um gajo sozinho num restaurante, ou têm vergonha de ir almoçar ou jantar fora sozinhos. Se fosse gajo de ser pelos rituais - que não sou - ir comer fora sozinho estaria entre os meus preferidos.

Spoiler: Mostrar

Para o caso, a comida em si é irrelevante. Desde que não seja má, e seja barata e sem merdas, é-me suficiente. E sim, sei e gosto de apreciar um bom prato; mas elevar toda a santa refeição a “uma experiência”, ou evidenciar a superioridade de determinado prato ou gastronomia perante outros — o tipo de conversa para que não tenho mesmo paciência (e tenho de levar com ela todo o santo sábado) — só demonstra o quão desinteressantes, e no fundo saloias, as pessoas são. Mama tu a caldeirada. Se me apetece pizza, como pizza… dass. (e adoro caldeirada).

Conclusão, gosto de comer mas odeio foodies, sobretudo nacionalistas-gastronómicos.

Por outro lado, cada vez mais me desmarco de ir almoçar ou jantar com pessoas - sobretudo porque acabo a comer e beber o mesmo mas a pagar o triplo — porque tenho amigos que ganham na boa mais do triplo do que eu ganho e não são capazes de ter noção que se calhar não quero pagar as 5 canecas e o digestivo que eles pediram. Sobretudo quando (e cada vez mais tenho essas "fases"; que agora já vão sendo a norma) não quero beber (álcool) ou bebo quantidades de um ser humano civilizado normal.

[Vooder]

Odeio telefonemas por acaso, e acho que isso é algo que também demonstra uma falta de noção de algumas pessoas.
A minha mãe fez anos há dias e fomos almoçar fora para celebrar. Uma amiga ligou-lhe mesmo a meio da hora de almoço...

... se for uma daquelas que pelo menos está meia hora ao telefone, lá se foi o almoço... nisso as mulheres são terríveis (nem todas)
e as novas gerações ainda por cima é logo com um vídeo, que é ainda mais intrusivo

Não percebi se te referes à minha mãe ou à amiga que lhe ligou, mas foi um telefonema rápido, aliás "cá" em casa não há telefones nas refeições, salvo raras exceções como quando é work related. Por curiosidade fui ver o meu histórico de telefonemas feito e recebido e desde o início de julho que não tenho nenhum sem ser por coisas necessárias e não o telefonema "entre amigos". E mesmo esses foram porque fiz anos e ainda há meia dúzia de pessoal amigo que me liga no meu aniversário todos os anos

Refiro-me no geral.
Só fiz o quote porque pegaste num bom exemplo. De alguém ligar em plena hora de almoço e poder "estragar" o momento. Não sei se foi o caso

[Vooder]

Aproveitando a neura dos telefonemas (também detesto falar ao telefone), lembrei-me de uma cena…

Não respeito intelectualmente os idiotas que acham triste um gajo sozinho num restaurante, ou têm vergonha de ir almoçar ou jantar fora sozinhos. Se fosse gajo de ser pelos rituais - que não sou - ir comer fora sozinho estaria entre os meus preferidos.

Spoiler: Mostrar

Para o caso, a comida em si é irrelevante. Desde que não seja má, e seja barata e sem merdas, é-me suficiente. E sim, sei e gosto de apreciar um bom prato; mas elevar toda a santa refeição a “uma experiência”, ou evidenciar a superioridade de determinado prato ou gastronomia perante outros — o tipo de conversa para que não tenho mesmo paciência (e tenho de levar com ela todo o santo sábado) — só demonstra o quão desinteressantes, e no fundo saloias, as pessoas são. Mama tu a caldeirada. Se me apetece pizza, como pizza… dass. (e adoro caldeirada).

Conclusão, gosto de comer mas odeio foodies, sobretudo nacionalistas-gastronómicos.

Por outro lado, cada vez mais me desmarco de ir almoçar ou jantar com pessoas - sobretudo porque acabo a comer e beber o mesmo mas a pagar o triplo — porque tenho amigos que ganham na boa mais do triplo do que eu ganho e não são capazes de ter noção que se calhar não quero pagar as 5 canecas e o digestivo que eles pediram. Sobretudo quando (e cada vez mais tenho essas "fases"; que agora já vão sendo a norma) não quero beber (álcool) ou bebo quantidades de um ser humano civilizado normal.

Ahahah,
há uns meses fui jantar com 2 amigos, um deles já não o via aos anos. Andávamos sempre os 3 no secundário, e que hoje em dia se não está milionário para lá caminha. O outro tb ganha bem. Eu não sendo um pé rapado, era o mais remediado (tivesse estudado.... por acaso até sou o que tenho mais estudos, mas isso seria outra conversa....)
Jantar típico alentejano. Como não o víamos há um bom tempo ele escolhia tb o vinho, já se sabe... do mais caro.
Uma garrafinha para os 3 (e eu a pensar, "bem não há-se sair muito caro"). Quando ele pede outra ainda mais cara (estamos a falar de valores de mais de 30 ou 40 paus a garrafa já nem me lembro) até estrebuchei, mas não podia dar parte fraca.
No final pensei, perdido por cem perdido por mil e pedi outra lol. Já que ele já não estava a acompanhar o ritmo pelo menos eu aproveitava o nectar

Tanta merda, no fim pagou ele o jantar, e que ainda meteu wiskys (tb do caro).

Essa noite nem vou dizer aqui como acabou

[Blackadder]

tivesse estudado.... por acaso até sou o que tenho mais estudos, mas isso seria outra conversa....

O meu amigo próximo que ganha mais — pelo menos dos mais próximos — diz orgulhosamente "eu nunca estudei na vida" — tem uma licenciatura em marketing —, e digamos que não prima por ser uma pessoa particularmente culta ou realmente interessada. E também não tem pais ricos. Simplesmente trabalha numa área (publicidade) em que se ganha dinheiro — sobretudo se se ignorar certos valores.

Isto para dizer que uma correlação entre ter estudos e ganhar bem, por si só, não faz sentido. Podes ser a maior sumidade do país em filosofia, história, biologia, física, ou outra merda qualquer realmente interessante, mas dificilmente vais ganhar perto de um gestor qualquer das Deloittes da vida que mal sabe ler e escrever — passo a hipérbole, o estereotipo e falta de consideração.

É triste quando professores, que devia ser a profissão mais digna de todas, — e, é verdade, o que não falta é professores na melhor das hipóteses mediocrezinhos que não pegam num livro desde que acabaram o curso — levam o tratamento que levam da sociedade e dos governos, e jogadores da bola e influencers sejam elevados ao patamar de semi-deuses. Mas nem vale a pena falar sobre isso, é o que é…

[Brunhu]

Spoiler: Mostrar

Aproveitando a neura dos telefonemas (também detesto falar ao telefone), lembrei-me de uma cena…

Não respeito intelectualmente os idiotas que acham triste um gajo sozinho num restaurante, ou têm vergonha de ir almoçar ou jantar fora sozinhos. Se fosse gajo de ser pelos rituais - que não sou - ir comer fora sozinho estaria entre os meus preferidos.

Para o caso, a comida em si é irrelevante. Desde que não seja má, e seja barata e sem merdas, é-me suficiente. E sim, sei e gosto de apreciar um bom prato; mas elevar toda a santa refeição a “uma experiência”, ou evidenciar a superioridade de determinado prato ou gastronomia perante outros — o tipo de conversa para que não tenho mesmo paciência (e tenho de levar com ela todo o santo sábado) — só demonstra o quão desinteressantes, e no fundo saloias, as pessoas são. Mama tu a caldeirada. Se me apetece pizza, como pizza… dass. (e adoro caldeirada).

Conclusão, gosto de comer mas odeio foodies, sobretudo nacionalistas-gastronómicos.

Por outro lado, cada vez mais me desmarco de ir almoçar ou jantar com pessoas - sobretudo porque acabo a comer e beber o mesmo mas a pagar o triplo — porque tenho amigos que ganham na boa mais do triplo do que eu ganho e não são capazes de ter noção que se calhar não quero pagar as 5 canecas e o digestivo que eles pediram. Sobretudo quando (e cada vez mais tenho essas "fases"; que agora já vão sendo a norma) não quero beber (álcool) ou bebo quantidades de um ser humano civilizado normal.

[spoiler]Ahahah,
há uns meses fui jantar com 2 amigos, um deles já não o via aos anos. Andávamos sempre os 3 no secundário, e que hoje em dia se não está milionário para lá caminha. O outro tb ganha bem. Eu não sendo um pé rapado, era o mais remediado (tivesse estudado.... por acaso até sou o que tenho mais estudos, mas isso seria outra conversa....)
Jantar típico alentejano. Como não o víamos há um bom tempo ele escolhia tb o vinho, já se sabe... do mais caro.
Uma garrafinha para os 3 (e eu a pensar, "bem não há-se sair muito caro"). Quando ele pede outra ainda mais cara (estamos a falar de valores de mais de 30 ou 40 paus a garrafa já nem me lembro) até estrebuchei, mas não podia dar parte fraca.
No final pensei, perdido por cem perdido por mil e pedi outra lol. Já que ele já não estava a acompanhar o ritmo pelo menos eu aproveitava o nectar

Tanta merda, no fim pagou ele o jantar, e que ainda meteu wiskys (tb do caro).

Essa noite nem vou dizer aqui como acabou

Encontraste o Soares?

[Soulforged]

Bem, andei uns dias alheado do MU, sem fazer ideia do quão interessante anda a conversa por aqui.

Impressão principal: isto definitivamente é um fórum de seres anti sociais. O que faz sentido.

[Selvagem]

Isto para dizer que uma correlação entre ter estudos e ganhar bem, por si só, não faz sentido. Podes ser a maior sumidade do país em filosofia, história, biologia, física, ou outra merda qualquer realmente interessante, mas dificilmente vais ganhar perto de um gestor qualquer das Deloittes da vida que mal sabe ler e escrever — passo a hipérbole, o estereotipo e falta de consideração.

É triste quando professores, que devia ser a profissão mais digna de todas, — e, é verdade, o que não falta é professores na melhor das hipóteses mediocrezinhos que não pegam num livro desde que acabaram o curso — levam o tratamento que levam da sociedade e dos governos, e jogadores da bola e influencers sejam elevados ao patamar de semi-deuses. Mas nem vale a pena falar sobre isso, é o que é…

Concordo. E acrescento também as artes, na música por exemplo, todos conhecemos exemplos de grandes músicos com grande talento, grandes compositores, virtuosos ou criativos que nunca chegam a lado nenhum, nunca terão uma oportunidade e têm típicos trabalhos mundanos como os restantes mortais.

Nem falo de bandas ou artistas de nível médio (esses conseguem muitas vezes um sweet spot com um equilíbrio saudável entre reconhecimento, integridade artística e, por vezes, retorno financeiro) mas de gajos que só meia dúzia de gente os conhece.

Depois é dado reconhecimento e fama a "artistas" de qualidade duvidosa, que muitas vezes nem são autores das próprias musicas e fazem rios de dinheiro porque conhecem as pessoas certas, têm cara ou corpo comercializavel, mandam swag, seguem a moda, etc, etc.

É verdade que o mercado está saturado, mas acho que não há maior injustiça que uma pessoa ter talento e esforçar-se para melhorar a sua arte e isso não ser devidamente reconhecido e valorizado, enquanto outros com muito menos talento e esforço chegam infinitamente mais longe.
Nem estou a referir-me a dinheiro mas a reconhecimento, quantas vezes não ouço uma musica ou álbum e penso, "fdx estes gajos mereciam tanto ser muito mais conhecidos" ou "que pena esta musica só vir a ser ouvida por meia duzia de gatos pingados". É mesmo triste, e prova de que há coisas na sociedade que não funcionam mesmo nada bem.

[Vooder]

Spoiler: Mostrar

Aproveitando a neura dos telefonemas (também detesto falar ao telefone), lembrei-me de uma cena…

Não respeito intelectualmente os idiotas que acham triste um gajo sozinho num restaurante, ou têm vergonha de ir almoçar ou jantar fora sozinhos. Se fosse gajo de ser pelos rituais - que não sou - ir comer fora sozinho estaria entre os meus preferidos.

Para o caso, a comida em si é irrelevante. Desde que não seja má, e seja barata e sem merdas, é-me suficiente. E sim, sei e gosto de apreciar um bom prato; mas elevar toda a santa refeição a “uma experiência”, ou evidenciar a superioridade de determinado prato ou gastronomia perante outros — o tipo de conversa para que não tenho mesmo paciência (e tenho de levar com ela todo o santo sábado) — só demonstra o quão desinteressantes, e no fundo saloias, as pessoas são. Mama tu a caldeirada. Se me apetece pizza, como pizza… dass. (e adoro caldeirada).

Conclusão, gosto de comer mas odeio foodies, sobretudo nacionalistas-gastronómicos.

Por outro lado, cada vez mais me desmarco de ir almoçar ou jantar com pessoas - sobretudo porque acabo a comer e beber o mesmo mas a pagar o triplo — porque tenho amigos que ganham na boa mais do triplo do que eu ganho e não são capazes de ter noção que se calhar não quero pagar as 5 canecas e o digestivo que eles pediram. Sobretudo quando (e cada vez mais tenho essas "fases"; que agora já vão sendo a norma) não quero beber (álcool) ou bebo quantidades de um ser humano civilizado normal.

[spoiler]Ahahah,
há uns meses fui jantar com 2 amigos, um deles já não o via aos anos. Andávamos sempre os 3 no secundário, e que hoje em dia se não está milionário para lá caminha. O outro tb ganha bem. Eu não sendo um pé rapado, era o mais remediado (tivesse estudado.... por acaso até sou o que tenho mais estudos, mas isso seria outra conversa....)
Jantar típico alentejano. Como não o víamos há um bom tempo ele escolhia tb o vinho, já se sabe... do mais caro.
Uma garrafinha para os 3 (e eu a pensar, "bem não há-se sair muito caro"). Quando ele pede outra ainda mais cara (estamos a falar de valores de mais de 30 ou 40 paus a garrafa já nem me lembro) até estrebuchei, mas não podia dar parte fraca.
No final pensei, perdido por cem perdido por mil e pedi outra lol. Já que ele já não estava a acompanhar o ritmo pelo menos eu aproveitava o nectar

Tanta merda, no fim pagou ele o jantar, e que ainda meteu wiskys (tb do caro).

Essa noite nem vou dizer aqui como acabou

Encontraste o Soares?

isso agora.... mas não

[Blackadder]

Em Portugal nunca houve valorização de hábitos culturais e artísticos, e não tem que ver só com falta de dinheiro. Acho que isso é muito reflexo de uma sociedade que sempre foi e continua a ser conservadora, e da falta de investimento na educação (em casa e na escola). Quando há investimento é mais numa óptica utilitária de "preparar os jovens para o mercado de trabalho". Não se estimula o sentido crítico e a curiosidade — quando muito são castrados —, o gosto pelo conhecimento — tampouco se valoriza e explica a importância da sensibilidade para as artes.

[aetheria]

Em Portugal nunca houve valorização de hábitos culturais e artísticos, e não tem que ver só com falta de dinheiro. Acho que isso é muito reflexo de uma sociedade que sempre foi e continua a ser conservadora, e da falta de investimento na educação (em casa e na escola). Quando há investimento é mais numa óptica utilitária de "preparar os jovens para o mercado de trabalho". Não se estimula o sentido crítico e a curiosidade — quando muito são castrados —, o gosto pelo conhecimento — tampouco se valoriza e explica a importância da sensibilidade para as artes.

O curioso é que acabo de ver um meme, de um "artista"/guitarrista conhecido da cena metaleira nacional, que goza com o trabalho intelectual face ao trabalho braçal/técnico, do tipo "o filósofo acha-se o maior mas tem uma dívida dos estudos de xxx e o eletricista ganha esses xxx e vai-lhe cortar a luz". Tive vontade de responder, mas evito ao máximo ter este tipo de comentários nas redes sociais (estou até mais à vontade para "dissertar" aqui sobre questões políticas ou sociais). Primeiro, acho uma estupidez este tipo de confronto, como se uma coisa fosse superior à outra. Tudo tem relevância na sociedade (bem... coloco reticências quanto aos "influencers" ); Segundo, não é essa a visão, precisamente, que sacrifica os artistas? E é um que faz esta publicação? Pode ter talento a tocar guitarra, mas esgotou a inteligência ali...

Já agora, complementando a tua última observação, cito o nosso lúcido e grande Camões:
Sem vergonha o não digo, que a razão
De algum não ser por versos excelente,
É não se ver prezado o verso e rima,
Porque, quem não sabe arte, não na estima.