Almah Perditae Escreveu:AntonioCTD Escreveu:É claro que o criador da obra têm uma mensagem em mente quando a cria! Mas eu não ponho isso em causa. É essa mensagem, conceito, sentimento, etc... que faz o autor organizar o som no tempo de determinada forma.
Agora, parece-me óbvio que a mensagem original do autor nunca vai ser recebida ou interpretada de forma absoluta pelo ouvinte. Cada pessoa que ouvir um determinado tema dará a sua própria interpretação. E claro, dependendo da interpretação, se identificará ou não com o tema e gostará ou não de o ouvir.
Para mim qualquer peça de arte não tem significado nem mensagem nenhuma. O significado é dependente do ser humano. Tanto o artista (que atribui significado enquanto cria) como o observador/ouvinte (que atribui significado enquanto observa/ouve).O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
há aqui uma diferença abismal para o que se está a discutir. Há uma diferença ainda abismal entre uma música, uma canção e um exercicio musical. Sempre houve e sempre haverá quem faça musica enquanto exercicio, um encadeamento de notas para treinar algo, para tentar levar ao limite uma técnica seja ela interpretativa ou de composição. nada contra, mas faz-me especie que muitos ouvintes confundam essas peças especificas com uma música ou composição com "mensagem", com "sentimento" ou com um qualquer fundamento artistico ou sentimental. São duas coisas completamente diferentes. E muita da música que ouço por aí, não passa de simples exercicios, muitas vezes até bastante masturbatórios, e querem vende-la (e é comprada) como se fosse algo mais. mas não é.
Como fazes a distinção? Qual é o teu critério de avaliação? Como sabes se a intenção do artista é fazer um exercício ou uma canção. Como sabes se, mesmo sendo a intenção fazer um exercício, se não seria essa a mensagem original e portanto arte valida?
Repara, tu não estás na cabeça do artista. O artista cria aquilo que entender. E claro o ouvinte ouve aquilo que entender. Nunca nenhum vai entender o outro. É tudo muito subjectivo.
Vou pegar de novo no mesmo exemplo: Tony Carreira. Aquilo são progressões de acordes super estudadas e "batidas". As letras são feitas com o propósito de ir de encontro ás preocupações e interesses do publico alvo e as melodias são feitas maioritariamente nas tónicas de forma simples de entender e decorar. Se isto não é um exercício de composição puramente matemático não sei o que seja! E no entanto tens muito bom gente a ir á lágrimas com esta musica. Entendes agora?