Tivesse eu mais 20 anos e teria a perfeita consciência da criação de um muro erigido por egos gigantescos e ilusões de grandeza de uma das maiores bandas do mundo.
The Wall, um dos álbuns conceptuais mais importantes e celebrados do mundo faz hoje - 30 de Novembro - trinta anos. E ainda não caiu.
Devia ter cerca de 9 ou 10 anos quando encontrei a VHS do filme de Alan Parker baseado no álbum dos Pink Floyd. Nunca mais me vou esquecer dos martelos gigantes, da guitarra desmontada até à última peça, do medo da escola, do ar lunático e perdido de Bob Geldof (Pink, no filme). Vou-me lembrar sempre também da explicação que o meu pai me deu: "Estes tipos são a melhor banda do mundo. E o The Wall tem uma música muito importante, que chegou a ser proibida em Inglaterra!". E não descansei enquanto não comprei o The Wall, para mim, numa loja obscura em Lamego. No pico da minha inocência, tudo aquilo me parecia muito grande e mirabolante. E ainda hoje parece.
A história escrita por Roger Waters - um auto-retrato? - é uma espiral de isolamento e depressão a que ninguém consegue ficar indiferente. Afectado pelos maus-tratos na escola, pela morte do pai e marcado por uma obsessão fora do comum pela sua mãe, Pink é uma estrela de rock que não tem nada. Nem a si mesmo. O enredo é perfeito - algo que falta por vezes a Tommy, Quadrophenia ou Ziggy Stardust - e, acima de tudo, real. A música, essa, é do melhor a que os Pink Floyd nos habituaram. Em grande, com orquestra, coros, derivações progressivas e interpretações vocais absolutamente imaculadas - quem não se lembra de The Trial? E para a história, dois singles: Another Brick In The Wall (de três partes, a segunda cantou-se um pouco por todas as escolas britânicas) e Comfortably Numb (o prog-pop num momento brilhante).
O muro imaginário de Pink saltaria, infelizmente, para a realidade. A nível de digressões e apresentações ao vivo o efeito era absolutamente espectacular - foram, a par de Milos Forman, os primeiros a derrubar um muro, como alguém me disse uma vez - e ansiado por todos os que acorriam aos seus concertos. Para a banda, infelizmente, seria um muro que não caíria mais. Richard Wright foi despedido da banda, Waters caía cada vez mais no seu egocentrismo desmesurado e a digressão atirou-os praticamente para a bancarrota. Daí até ao fim, foi uma questão de tempo. Muito curto.
Ainda hoje, o dublo álbum é referência para gregos e troianos e continua a ser tocado e comprado nos quatro cantos do planeta. E deixa-nos momentos de brilhante devaneio em fita - já remasterizada e lançada em DVD 5.1, recheado de extras e comentários e um storyboard imaculado - e em brilhantes apresentações ao vivo.
Não tenho os 20 anos a mais que idealizei no início do texto, mas o The Wall marcou-me como se os tivesse. O muro não caiu.
The Wall - 30 anos de um muro que não caiu.
- vincent_moon
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Re: The Wall - 30 anos de um muro que não caiu.
Como ja alguem referiu noutro topico, The Wall é album de pura negridao, a todos os niveis excepto um: tem um punhado de musicas soberbas (Mother, album version ou Empty Spaces, film version), é um album marcante sem duvida especialmente para quem cresceu a ouvi-lo eventualmente o tempo tudo apaga e a conclusao é: demasiado fogo de vista.
Comparaçoes com Ziggy Stardust e Quadrophenia sao completamente obosoletas, primeiro a haver o pior dos tres nao tenho duvidas que seja o The Wall; segundo, estilos musicais e epocas completamente diferentes; terceiro, porque simplesmente nao foram criados com esse mesmo proposito. Ja agora so o conceito do Quadrophenia e todo o seu manancial para que foi criado seria, a acontecer, das coisas mais belas na historia da musica.
Quanto ao filme supostamente realizado pelo Alan Parker, ja que foi uma encomenda, for hardcore fans only, nem sei porque raio o comprei em DVD, se bem que o formato caixa Cd seja catita, para o ver 1, 2 vezes se tanto. O Alan Parker como realizador tem filmes bem mais interessantes, Midnight Express (com John Hurt no seu melhor) ou Birdy (esse sim com uma BS digna de destaque). A unica coisa que faltou ai frisar que é a meu ver o que vale o filme sao as animaçoes deslumbrantes.
Gongratz last brick wherever they are.
Ca por mim continuo a espera de uma ediçao dos 40 anos da vaquinha com os grandes concertos que o antecederam.
Comparaçoes com Ziggy Stardust e Quadrophenia sao completamente obosoletas, primeiro a haver o pior dos tres nao tenho duvidas que seja o The Wall; segundo, estilos musicais e epocas completamente diferentes; terceiro, porque simplesmente nao foram criados com esse mesmo proposito. Ja agora so o conceito do Quadrophenia e todo o seu manancial para que foi criado seria, a acontecer, das coisas mais belas na historia da musica.
Quanto ao filme supostamente realizado pelo Alan Parker, ja que foi uma encomenda, for hardcore fans only, nem sei porque raio o comprei em DVD, se bem que o formato caixa Cd seja catita, para o ver 1, 2 vezes se tanto. O Alan Parker como realizador tem filmes bem mais interessantes, Midnight Express (com John Hurt no seu melhor) ou Birdy (esse sim com uma BS digna de destaque). A unica coisa que faltou ai frisar que é a meu ver o que vale o filme sao as animaçoes deslumbrantes.
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- vincent_moon
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Re: The Wall - 30 anos de um muro que não caiu.
Unexpect3D Escreveu:Como ja alguem referiu noutro topico, The Wall é album de pura negridao, a todos os niveis excepto um: tem um punhado de musicas soberbas (Mother, album version ou Empty Spaces, film version), é um album marcante sem duvida especialmente para quem cresceu a ouvi-lo eventualmente o tempo tudo apaga e a conclusao é: demasiado fogo de vista.
Comparaçoes com Ziggy Stardust e Quadrophenia sao completamente obosoletas, primeiro a haver o pior dos tres nao tenho duvidas que seja o The Wall; segundo, estilos musicais e epocas completamente diferentes; terceiro, porque simplesmente nao foram criados com esse mesmo proposito. Ja agora so o conceito do Quadrophenia e todo o seu manancial para que foi criado seria, a acontecer, das coisas mais belas na historia da musica.
Quanto ao filme supostamente realizado pelo Alan Parker, ja que foi uma encomenda, for hardcore fans only, nem sei porque raio o comprei em DVD, se bem que o formato caixa Cd seja catita, para o ver 1, 2 vezes se tanto. O Alan Parker como realizador tem filmes bem mais interessantes, Midnight Express (com John Hurt no seu melhor) ou Birdy (esse sim com uma BS digna de destaque). A unica coisa que faltou ai frisar que é a meu ver o que vale o filme sao as animaçoes deslumbrantes.
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Ca por mim continuo a espera de uma ediçao dos 40 anos da vaquinha com os grandes concertos que o antecederam.
um álbum bom não se apaga. sim, acredito que para muitos seja demasiado fogo de vista e que em termos musicais ou de produção, álbuns como o Quadrophenia - demasiado à frente para o seu tempo - ou álbuns de Genesis fossem mais avant-garde. Mas que marcou, marcou :p e a única comparação que quis fazer e provavelmente não ficou bem definida, foi em relação ao enredo. Os outros que mencionei têm, na minha opinião, um enredo mais fraco. Mas, de novo, é a minha opinião

Quanto ao filme e ao autor, não conheço mais nada do Parker, cinema não é tanto a minha cena, e acho que o The Wall, por tudo, acaba por ser incontornável. Sejamos sinceros, o filme do Tommy também não é grande merda. E se o Ziggy Stardust fosse adaptado a filme ia dar em quê, no Ziltoid? :p
de qualquer das formas, obrigado pela tua resposta

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Re: The Wall - 30 anos de um muro que não caiu.
Um dos melhores álbuns de sempre na minha opinião, e o filme é dos filmes mais deprimentes que já vi, e vi-o em puto!
Lembro-me muito bem quando tive pesadelos com aquelas partes de animação medonhas.
Tive a sorte de ver em Março o concerto dos australian pink floyd no coliseu de Lisboa, tocaram o the wall todo do principio ao fim, e digo-vos, foi perfeito, foi como ver uns pink floyd ao vivo. Até a voz eram exactamente igual ao do Roger Waters.
Lembro-me muito bem quando tive pesadelos com aquelas partes de animação medonhas.
Tive a sorte de ver em Março o concerto dos australian pink floyd no coliseu de Lisboa, tocaram o the wall todo do principio ao fim, e digo-vos, foi perfeito, foi como ver uns pink floyd ao vivo. Até a voz eram exactamente igual ao do Roger Waters.
Ser ou não ser eu não quero saber.
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