
A HORA DO LOBO
Está quase a fazer dois anos desde que a LOUD! inaugurou a rubrica QUADRO DE HONRA, um espaço mensal de quatro páginas que nos é particularmente caro. Tem sido uma longa, sinuosa mas intensamente prazeirosa viagem, cheia de (re)descobertas e nostalgia, pelos discos que moldaram - e continuam a moldar - a música extrema portuguesa. Do black metal ao death metal, do grind ao hardcore, do thrash ao punk, temos ajudado a relembrar que Portugal não só tem uma cena vibrante e criativa actualmente, como na verdade sempre teve - só era preciso procurar nos lugares certos. Durante esta odisseia, que apesar de longa felizmente ainda tem imensos capítulos para serem desbravados, seria legítimo que os nossos leitores se indagassem para quando iríamos finalmente tirar do baú o Santo (ou seria antes profano?) Graal do metal nacional, aquele disco que representa, historicamente, aquilo de que a música - e agora sem epítetos nenhuns - nacional é capaz de fazer.
Falamos, como é óbvio, do «Wolfheart». O primeiro disco dos MOONSPELL, de 1995, é mais que lendário. É uma espécie de guardião nada silencioso do templo do metal nacional, é de certa forma uma das medidas pelas quais todos os discos de metal português são (e serão) avaliados desde 1995. Pois bem, como prenda natalícia a todos os nossos leitores, decidimos finalmente abraçar o desafio, mas fizemo-lo por ter a certeza que o fazíamos com as armas certas - por trás deste lobo reinventado que adorna a capa de Dezembro, criado pelo Pedro Seixas Carmo, é o próprio FERNANDO RIBEIRO, na primeira pessoa, que recorda e revela ao longo de seis páginas tudo o que há para recordar e revelar sobre um disco que já não está assim a tanto tempo de completar duas décadas de existência. Um testemunho imperdível, que certamente ficará na história, também já longa - porque não dizê-lo - da própria LOUD!. De referir ainda que a habitual apresentação na FNAC será um pouco mais especial do que o costume este mês - mantenham-se atentos ao nosso facebook para mais notícias.
É certo que a luz escura do «Wolfheart» quase ofusca tudo o resto, mas dê-se o mérito às bandas que acompanham os Moonspell nesta edição por mesmo assim ainda se fazerem notar com impacto assinalável. É o caso dos ATENTADO, pioneiros do punk/crust nacional, que estão à beirinha de lançar um disco novo chamado «Antagonist» que vai partir tudo, e que falaram connosco sobre ele.
Parecendo que não, pelo menos a avaliar por esta edição, fora de Portugal também há bandas boas! Como, por exemplo, os míticos PESTILENCE, cujo líder Patrick Mameli anda um bocado aziado por achar que ninguém o compreende, nem a ele nem ao disco novo do conjunto holandês, e vai daí o nosso Paulo André aplicou-lhe uma sessão de terapia que vale a pena ser lida. Quem não precisa de terapia nenhuma, nem sequer de vocalistas, são os YEAR OF NO LIGHT e os EARTHLESS, que retornam ambos aos discos de longa-duração, no caso dos franceses, depois de nos visitarem no último AMPLIFEST (cuja reportagem também se pode encontrar nestas páginas), e no caso dos norte-americanos após uma ausência de quase seis anos. Já a antever os concertos que irão acontecer em breve em solo nacional, os ICED EARTH (estes também munidos de disco novo) e os THE YOUNG GODS fazem também parte do alinhamento de entrevistas. O experimentalismo selvagem dos EPHEL DUATH e a simpatia sempre desarmante da ANNEKE VAN GIERSBERGEN completam o rol de entrevistas mais longas para ler à lareira à espera da quadra natalícia
Há todavia muito mais para descobrir, e no meio de uma molhada de Curtas maior que o habitual destacam-se os BEASTMILK, novas estrelas do post punk contemporâneo que contam com Mat "Kvohst" McNerney na voz e cujo «Climax» está a ser uma sensação deste fim de ano discográfico. Já nas secções habituais, temos os ATTICK DEMONS a tentarem desenrascar-se o melhor possível do sempre complicado desafio do LOUD! DJ, uma autêntica fossa séptica de descontraído mau gosto de 1988 no TESOURINHO PERTINENTE sob a forma do primeiro disco dos O.L.D., e o P.G. dos HOLOCAUSTO CANIBAL a dar algumas lições sobre a sua arte corporal no LOUD! INK.
Com um disco do mês que será naturalmente consensual e a GAZETA DO CAGAÇO a apontar-nos como de costume na direcção das mais acagaçantes obras cinematográficas, mal há tempo para pensar em listas, mas é precisamente isso que vos pedimos - a LOUD! de Dezembro vem com o boletim para votarem naquilo que acharam ter sido os melhores de 2013, e habilitar-se-ão a um prémio muito especial se assim o fizerem. Toca a votar!
A LOUD! do lobo vai estar nas bancas no próximo dia 2 de Dezembro, um bocadinho antes se forem parte do sortudo grupo de assinantes. Se não são, muita atenção porque temos uma promoção nova que vos vai levar a ver um concerto importante à borla.