2019-12-6/7/8 - UNDER THE DOOM 2019 - RCA Club e LAV - Lisboa ao Vivo
Enviado: segunda dez 09, 2019 8:42 pm
Rescaldo do segundo dia do festival (sábado), o único em que marquei presente nesta edição.
Petrichor - banda britânica de doom/melodeath com algumas particularidades não muito habituais neste estilo, nomeadamente o uso de corpsepaint. Segundo o metal.archives as letras giram em torno de nihilismo e satanismo, que também são dos temas mais habituais neste tipo de som. Tiveram um set um pouco mais alargado que o inicialmente previsto, devido ao cancelamento de Saor, tendo tocado cerca de 45 minutos. Apesar das particularidades que mencionei, a música propriamente dita não fugiu muito ao que é habitual encontral no doom/melodeath: dois vocalistas, um para as vozes limpas (tenha uma belíssima voz, diga-se de passagem) e outro que se encarregou dos guturais, não tanto no tom mais grave que é habitual no doom, mais aproximado até do tipo de voz mais característico do BM. Também por isso, e por ter passagens mais rápidas e a fugir um bocadinho ao estereótipo (não muito) deste tipo de som, acabei por dar o tempo bem empregue, numa atuação que fez o fest arrancar muito bem.
Consecration - nova banda britânica a ocupar o segundo slot do dia, num set que também teve a duração (alargada) de 45 minutos. Consecration tem uma abordagem tipicamente do doom/death com uso exclusivo de gutural e uma cadência mais lenta que a banda anterior. Não posso dizer que a atuação não tenha sido bem conseguidas, mas das 5 bandas que atuaram neste dia foi a que me passou mais ao lado. Penso que se deve, em parte, ao tipo de gutural do vocalista, sempre com a mesma abordagem, nenhuma variação, que acaba por não dar dinamismo aos temas. Disse que em parte se deveu a isso, porque também é verdade que atualmente este tipo de som já não me cativa tanto como no passado (excetuando um punhado de bandas, mas essas claramente de outro patamar). Os melhores momentos da atuação acabaram por ser os dois últimos temas, um dos quais, com direito a introdução por parte do baterista (português), para dedicar em memória do pai recentemente falecido. Apesar do que referi, este tipo de bandas/som faz todo o sentido num festival como o Under The Doom.
Wells Valley - única banda nacional do dia e que já não via há imenso tempo, desde os tempos do Side B, em Benavente. Portanto, tinha curiosidade de os ver novamente e ver a (eventual) evolução que a banda teve desde essa altura. Pois bem, superaram as minhas melhores expetativas. Deram um concertão, que ficou muitos furos acima de qualquer uma das bandas britânicas que os antecederam. Intenso, enérgico e com um som poderoso, elevaram bastante a fasquia para os headliners da noite. Tocaram também cerca de 45 minutos tendo aquecido e de que maneira uma sala que, na altura, já estava bastante cheia.
Daylight Dies - um dos headliners da noite (e do festival), banda com créditos firmados na cena doom, comprovaram no RCA as suas credenciais. Tocaram cerca de 50 minutos, o que se pode considerar um set bem curto, mais ainda se considerarmos que um dos nomes mais fortes do dia tinha cancelado (Saor) e que os temas são longos, portanto tocaram 8 temas que passaram por toda a discografia, com maior incidência no último trabalho (que já data de 2012) e no seu álbum mais emblemático, Dismantling Devotion, e que marcaram também os momentos mais altos do concerto: a enorme A Life Less Lived, e os últimos dois temas, Strive to See e All We Had. Pegando um bocadinho naquilo que referi em Consecration, o excelente vocalista de Daylight Dies faz toda a diferença e permite uma variedade muito maior nos temas (já de si com outra qualidade), não os tornando nunca monótonos. Excelente concerto de doom a fazer just ao fest.
Alcest - embora fosse apenas um seguidor casual da banda até à data, não tendo podendo marcar presença no dia de Paradise Lost, e contando com a presença de Saor (entretanto cancelada ), aproveitei a oportunidade para finalmente ver a banda do Neige. Tinha bastante curiosidade em ver como os temas seriam transpostos para uma atuação ao vivo. Começo com a fantástica Onyx (embora, para minha infelicidade, como intro, e não a ser tocada ao vivo pela banda), que colocou logo a atmosfera adequada na sala, que estava completamente cheia. Seguiu-se, do mesmo álbum, Kodama, um dos meus temas preferidos. Com um começo destes, o público estava mais que agarrado e a banda, com especial destaque para a figura do Neige (bastante tímido no contacto com o público, mas sempre de uma grande simpatia). Apesar de Alcest ser oficialmente apenas um duo, os outros dois músicos (baixista e guitarrista) já acompanham a banda há muitos anos, e isso nota-se bem em palco, pois mostraram-se extremamente coesos. Seguiram-se dois dos melhores temas do novo álbum - Sapphire e Protection, num set que passou por todos os álbuns, à exceção do primeiro. Do Kodama tocaram ainda Oiseaux de proie, seguido de Autre temps (outro dos melhores momentos da noite), Percées de lumière (outra das minhas favoritas), Là où naissent les couleurs nouvelles, e finalmente a Délivrance que fechou, com chave de ouro, uma atuação que, apesar de curta (uma hora soube a pouco), foi imperial. Concertão.
Em jeito de conclusão e como nota final do único dia do fest a que fui este ano, a noite teve claramente um saldo positivo, com boas (e algumas) excelentes atuações. No entanto, ficou um sabor agridoce com o cancelamento de Saor (completamente alheio à organização) e à não compensação dos presentes (não falo em termos monetários), que passaria por uma banda substituta (admito que seria praticamente impossível conseguir uma banda em 24 horas, e meter uma banda só para encher chouriços, não obrigado) ou (e, aqui era o que eu esperava) sets mais longos para os headliners. Não foi isto o que aconteceu, as primeiras bandas é que tiveram um set maior (embora na verdade as primeiras 3 bandas iniciaram às horas previstas, o que faz pressupor que o intervalo entre elas é que inicialmente seria bastante grande), enquanto Daylight Dies tocou 50 minutos e Alcest uma hora. Por conhecer bem o trabalho que a Notredame tem feito (e continua a fazer) no underground, acredito que não foi mesmo possível ter organizado as coisas de outro modo.
Foi pena, mas de resto, foi uma excelente noite e fico agora a querer saber como foram os outros dias, nomeadamente o domingo.
Petrichor - banda britânica de doom/melodeath com algumas particularidades não muito habituais neste estilo, nomeadamente o uso de corpsepaint. Segundo o metal.archives as letras giram em torno de nihilismo e satanismo, que também são dos temas mais habituais neste tipo de som. Tiveram um set um pouco mais alargado que o inicialmente previsto, devido ao cancelamento de Saor, tendo tocado cerca de 45 minutos. Apesar das particularidades que mencionei, a música propriamente dita não fugiu muito ao que é habitual encontral no doom/melodeath: dois vocalistas, um para as vozes limpas (tenha uma belíssima voz, diga-se de passagem) e outro que se encarregou dos guturais, não tanto no tom mais grave que é habitual no doom, mais aproximado até do tipo de voz mais característico do BM. Também por isso, e por ter passagens mais rápidas e a fugir um bocadinho ao estereótipo (não muito) deste tipo de som, acabei por dar o tempo bem empregue, numa atuação que fez o fest arrancar muito bem.
Consecration - nova banda britânica a ocupar o segundo slot do dia, num set que também teve a duração (alargada) de 45 minutos. Consecration tem uma abordagem tipicamente do doom/death com uso exclusivo de gutural e uma cadência mais lenta que a banda anterior. Não posso dizer que a atuação não tenha sido bem conseguidas, mas das 5 bandas que atuaram neste dia foi a que me passou mais ao lado. Penso que se deve, em parte, ao tipo de gutural do vocalista, sempre com a mesma abordagem, nenhuma variação, que acaba por não dar dinamismo aos temas. Disse que em parte se deveu a isso, porque também é verdade que atualmente este tipo de som já não me cativa tanto como no passado (excetuando um punhado de bandas, mas essas claramente de outro patamar). Os melhores momentos da atuação acabaram por ser os dois últimos temas, um dos quais, com direito a introdução por parte do baterista (português), para dedicar em memória do pai recentemente falecido. Apesar do que referi, este tipo de bandas/som faz todo o sentido num festival como o Under The Doom.
Wells Valley - única banda nacional do dia e que já não via há imenso tempo, desde os tempos do Side B, em Benavente. Portanto, tinha curiosidade de os ver novamente e ver a (eventual) evolução que a banda teve desde essa altura. Pois bem, superaram as minhas melhores expetativas. Deram um concertão, que ficou muitos furos acima de qualquer uma das bandas britânicas que os antecederam. Intenso, enérgico e com um som poderoso, elevaram bastante a fasquia para os headliners da noite. Tocaram também cerca de 45 minutos tendo aquecido e de que maneira uma sala que, na altura, já estava bastante cheia.
Daylight Dies - um dos headliners da noite (e do festival), banda com créditos firmados na cena doom, comprovaram no RCA as suas credenciais. Tocaram cerca de 50 minutos, o que se pode considerar um set bem curto, mais ainda se considerarmos que um dos nomes mais fortes do dia tinha cancelado (Saor) e que os temas são longos, portanto tocaram 8 temas que passaram por toda a discografia, com maior incidência no último trabalho (que já data de 2012) e no seu álbum mais emblemático, Dismantling Devotion, e que marcaram também os momentos mais altos do concerto: a enorme A Life Less Lived, e os últimos dois temas, Strive to See e All We Had. Pegando um bocadinho naquilo que referi em Consecration, o excelente vocalista de Daylight Dies faz toda a diferença e permite uma variedade muito maior nos temas (já de si com outra qualidade), não os tornando nunca monótonos. Excelente concerto de doom a fazer just ao fest.
Alcest - embora fosse apenas um seguidor casual da banda até à data, não tendo podendo marcar presença no dia de Paradise Lost, e contando com a presença de Saor (entretanto cancelada ), aproveitei a oportunidade para finalmente ver a banda do Neige. Tinha bastante curiosidade em ver como os temas seriam transpostos para uma atuação ao vivo. Começo com a fantástica Onyx (embora, para minha infelicidade, como intro, e não a ser tocada ao vivo pela banda), que colocou logo a atmosfera adequada na sala, que estava completamente cheia. Seguiu-se, do mesmo álbum, Kodama, um dos meus temas preferidos. Com um começo destes, o público estava mais que agarrado e a banda, com especial destaque para a figura do Neige (bastante tímido no contacto com o público, mas sempre de uma grande simpatia). Apesar de Alcest ser oficialmente apenas um duo, os outros dois músicos (baixista e guitarrista) já acompanham a banda há muitos anos, e isso nota-se bem em palco, pois mostraram-se extremamente coesos. Seguiram-se dois dos melhores temas do novo álbum - Sapphire e Protection, num set que passou por todos os álbuns, à exceção do primeiro. Do Kodama tocaram ainda Oiseaux de proie, seguido de Autre temps (outro dos melhores momentos da noite), Percées de lumière (outra das minhas favoritas), Là où naissent les couleurs nouvelles, e finalmente a Délivrance que fechou, com chave de ouro, uma atuação que, apesar de curta (uma hora soube a pouco), foi imperial. Concertão.
Em jeito de conclusão e como nota final do único dia do fest a que fui este ano, a noite teve claramente um saldo positivo, com boas (e algumas) excelentes atuações. No entanto, ficou um sabor agridoce com o cancelamento de Saor (completamente alheio à organização) e à não compensação dos presentes (não falo em termos monetários), que passaria por uma banda substituta (admito que seria praticamente impossível conseguir uma banda em 24 horas, e meter uma banda só para encher chouriços, não obrigado) ou (e, aqui era o que eu esperava) sets mais longos para os headliners. Não foi isto o que aconteceu, as primeiras bandas é que tiveram um set maior (embora na verdade as primeiras 3 bandas iniciaram às horas previstas, o que faz pressupor que o intervalo entre elas é que inicialmente seria bastante grande), enquanto Daylight Dies tocou 50 minutos e Alcest uma hora. Por conhecer bem o trabalho que a Notredame tem feito (e continua a fazer) no underground, acredito que não foi mesmo possível ter organizado as coisas de outro modo.
Foi pena, mas de resto, foi uma excelente noite e fico agora a querer saber como foram os outros dias, nomeadamente o domingo.