2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

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aetheria
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2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor aetheria » segunda nov 04, 2019 4:09 pm

O Invicta seria um evento digno da pena revisória do Enigma, até porque, conhecendo-o, sei que teria gostado muito do que ali se passou e a sua verve ganharia com isso. Mas eu não sou o Enigma (até porque sou mais gira 8) ) e não me sinto cómoda a fazer reviews sérias, pois vivo os concertos de uma forma tão pulsional, que não os consigo racionalizar bem nem consigo verbalizar objetivamente sobre música/lives.

Dito isto, e porque o evento merece umas palavras, deixo aqui algumas.
A qualidade das bandas e do som em palco (que é tão essencial) esteve em alta. Aliás, tenho alguma dificuldade em eleger o concerto do fest. Foram vários. E a impressão não é apenas minha, outras pessoas disseram-me o mesmo. Num lote de tão boas prestações, só o gosto pessoal poderá destacar umas em detrimento de outras. 
Assim, destaco o pelotão austríaco: Alruna, Kringa e Hagzissa. Já era fã do trabalho em estúdio - ao vivo, arrasaram. Juntei num lote, pois estas três bandas partilham praticamente os mesmos músicos... Alruna e Kringa têm a mesma formação (só não posso garantir no caso do baixo, mas julgo que seja o mesmo... Kringa atua de "cara limpa", Alruna, com corpse paint e capuz, por isso já não tenho presente o baixista). Hagzissa, tem como vocalista o baixista das bandas anteriores e inclui um baixista novo (e desaparece o vocalista de Kringa e Alruna que andou a provocar o caos - saudável - no meio do público durante a atuação dos seus compatriotas). O pequeno grande e jovem baterista é um colosso, tal a fúria que imprime no desempenho - e nas três bandas.

Hagzissa cresceu (para mim) em palco. Fiquei arrebatada. Um intensidade imensa, aliada ao tipo de sonoridade da banda, um misto de black/rock psicadélico, a somar ainda ao modo como se apresentam em palco, até subvertendo as rígidas ( :mrgreen: ) convenções do black metal e explorando de forma sui generis o corpse paint. Poderão ver as (grandes) fotos do Pedro Roque/Eyes of Madness para o constatar, ou os vídeos que aí aparecerão. Porque, sim, num concerto ao vivo, além de, em primeiríssimo plano, estar o desempenho musical, a postura em palco interessa pois aproxima ou distancia. A destas três bandas foi contagiante. Alruna, que se apresentou no primeiro dia (quinta-feira) surpreendeu-me, nessa matéria. Tendo em conta a componente musical, mais densa e atmosférica, contava com mais contenção, mas o vocalista é uma força da natureza e fica como que tomado por um frenesi dionisíaco. O "altar" que habitualmente preside o Invicta Requiem Mass sofreu fortemente com os seus ímpetos...
Aliás, no terceiro dia, sensatamente, já nem havia altar montado. Não porque houvesse mosh ou circle pit, digamos que o desempenho deste vocalista foi como um massivo buraco negro que sugava tudo... Por isso, Kringa levou esse frenesi ainda mais longe. E foi maravilhoso, uma experiência total! Quem conhece/gosta dos álbuns poderá já imaginar o potencial que aquelas composições poderá ter... guitarras e cordas de guitarra também sofreram com a fúria do vocalista e do lead guitar. Na Eroding Passage o guitarrista e o vocalista (e tb guitarrista) entraram público adentro a semear tempestade... duvido que até quem os não conhecesse conseguisse ficar indiferente. A setlist (que não posso precisar) centrou-se mais no último álbum, como é natural, alternando (tal como no álbum) entre os momentos de grande intensidade e outros em que prima mais a viagem instrumental (e digo "viagem" intensionalmente, pois é isso que proprocionam).

Noutra toada... Void Prayer, outro grupo que destaco e que já no ano passado me tinha surpreendido e arrebatado. E sem contar!... é esta outra mais-valia deste festival... várias das bandas convidadas caraterizam-se por uma produção lo-fi, que ao vivo (graças ao trabalho do Hugo, que não me canso de louvar), fica minorado, sendo que toda a beleza do trabalho de composição ganha. Claro que este é um ponto de vvista pessoal, pois quem gosta precisamente dessa componente muito crua e raw pode apreciar menos. No ano passado, aconteceu isso com Void Prayer (e não só). Este ano, a banda bósnia apresentou-se com trabalhos de última promo e outros que ainda não foram lançados... e mal posso esperar pelo álbum, pois é fantástico. Não só os temas deste ano foram todos novos, mas o vocalista também. Quem os acompanhava era o vocalista da banda holandesa Master's Voice, mas que deixou de acompanhar a banda há pouco, e quem fez as vezes, ao vivo, foi o vocalista de Lux Ferre, Devath. Destaque ainda a ser feito, precisamente, a estes músicos bósnios, pela sua grande grande qualidade. Especialmente, a de um dos guitarristas (lead). Não só o seu desempenho na Fender (que som maravilhoso!) o coloca num patamar muito elevado, como a própria composição musical (dele conheço uma composição própria, a piano, fantástica). E o bom desempenho, e natural entrosamento, dos quatro músicos possibilitou um outro belo concerto de um projeto que em estúdio não me seduz muito (por ter uma produção excessivamente raw...): Sanguine Relic. Os bósnios acompanharam o mentor do projeto (já que é uma one man's band) e a atmosfera, que em vários momentos raia o DSBM, passando por um noise burzumniano, foi esmagadora. A casa, neste momento, estava a abarrotar e ninguém arredava pé, "ajudando" a tornar o ambiente mais asfixiante. Outro grande concerto. Lá vou voltar a dar uma hipótese a este material, em estúdio...

Outra one band's band e que não precisou de se fazer acompanhar por outros músicos (usou pedais e samplers) foi a do finlandês Hail Conjurer. Estava bastante renitente, pois tinha ouvido umas coisas previamente que me tinham deixado de pé atrás... mais pronta para me rir (shame on me!) do que outra coisa. Pois bem... concertão! Foi algo diferente (até pela presença de tanta pré-gravação), uma autêntica viagem no tempo (para um tempo que não vivi, saliente-se), para uma sonoridade lá dos inícios do BM. A própria apresentação em palco assim o sugeria (faltou o corpo oleado)... mas foi mais do que isso. Difícil de classificar, vai pescar muita influência do BM dos primórdios, com heavy à mistura, e rock, e BM da segunda vaga, com noise e dissonâncias, enfim, uma geringonça (pun intended) que resultou muito bem.

Quanto aos portugueses: Mons Veneris (e já são várias as vezes que os vi, por diversas razões, sendo que foi sempre completamente diferente de todas as vezes) não são muito a minha praia, por isso escuso-me a comentar. Atuou duas vezes, quinta e sábado, na quinta com formação a dois (com "pedra do altar"... não me perguntem) e no sábado, julgo que eram cinco ou seis... mas só vi a parte final. Uns amigos que viram (e nem são grandes fãs) comentaram que tinha sido o melhor concerto que tinham visto da banda.
Degredo - também já tinha visto, e este ano apresentou uma formação diferente, mais alargada: eram sete. Também não sendo a sonoridade que mais me cativa, gradualmente fui-me deixando levar pela ambiência ritualista que procuram imprimir no seu trabalho.
Voemmr - já tinha gostado muito no ano passado e, mais uma vez, deram um belo concerto. Teve uma novidade, Deris a fazer as vozes, na vez de Nefastus, que não pôde estar presente. É natural que a fasquia, para o Deris, estivesse elevadíssima, pois quem conhece a prestação do Nefastus (então, no concerto do ano passado...!!!) sabe da intensidade e negritude que alia à poderosa voz, mas saiu-se mesmo mesmo muito bem. Agora só falta vê-lo na bateria :D Voemmr, aos meus ouvidos, tem crescido mais e mais (e também bastante graças ao último álbum, que prefiro).

Acabei por escrever muito mais do que esperava, peço perdão... deixei-me levar e não disse um quarto das minhas impressões :P

Notas finais: o espaço do Metalpoint não é o mais belo ou arejado, mas no caso adequa-se bem ao ambiente de um verdadeiro festival underground, mais ainda, de BM; manteve-se uma enorme presença de estrangeiros, certamente acima dos 50% dos presentes... torna-se habitual pedirmos desculpa em inglês, just in case :mrgreen: e estrangeiros que não espanhóis :D aliás, pouco espanhol se ouviu; julgo que, mesmo assim, teve menos gente que no ano passado... mas com uma sala tão pequena e sem ventilação, eu agradeço (ainda assim houve quem se sentisse mal com o calor); o festival cresceu muito desde o seu início - 3 dias / 18 concertos / 17 bandas - mas julgo que, dadas as caraterísticas que se pretendem (ou aquelas que presidiram à sua criação), seria mais apropriado serem menos bandas e em dois dias -apostar, como tem sido hábito, em bandas que não andam no circuito dos grandes festivais, mas que têm qualidade e acabam por ter um fiel grupo de seguidores.
Não falei de todas as bandas, mas acabei já por escrever muito, e destaquei aquilo que mais me tocou.

Cheers! :cheers:
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A partir de um determinado ponto já não há retorno. É esse ponto que se tem que alcançar. Kafka

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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor aetheria » segunda nov 04, 2019 7:02 pm

Na primeira mensagem falhou Irae e não foi por não gostar :mrgreen: Aliás, ainda não vi um concerto de Irae do qual saísse desiludida e este não foi exceção, até porque (again!) o som estava ótimo!
Neste caso até tenho a setlist para mostrar, já que tocaram vários temas não habituais (e alguns nunca tocados ao vivo, pelo menos que o Vulturius tenha memória... já são muitos os anos, da banda I mean :mrgreen:, e a discografia é longa). Assim, do Crimes, tocaram apenas a Mastergoat e a que já se vai tornando um hino "Da Brandoa com Ódio" e depois foi ir passando por outros álbuns como Terror 666, Hellnation, Rites of unholy destruction, entre outros.
Cá fica a dita cuja setlist:
72582647_2224032677889584_7306832091780481024_n (1).jpg
72582647_2224032677889584_7306832091780481024_n (1).jpg (141.41 KiB) Visto 4187 vezes



Não tocaram a "Claws of Desecration".
Tive pena de não ter gravado a Wastelands, esteve memorável.
São "apenas" três músicos em palco, mas são três grandes músicos, não tem como falhar.
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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor aetheria » segunda nov 04, 2019 9:53 pm

E, bem, mais uma publicação, agora para deixar link das tais fotos... ainda só do primeiro dia :wink:
https://eyesofmadness666.blogspot.com/2019/11/invicta-reqviem-mass-day-1.html?fbclid=IwAR0iC5PlgUGJue6mJKbbDsrOK6odYgrloL9sl33AINISaq92lgQnrp7KHrw
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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor lucifer » terça nov 05, 2019 1:23 pm

Ir ao Porto serve sempre pra lavar a alma, sobretudo com um festival underground. E se foi undergound! Não conhecia o Metalpoint mas, apesar das parcas condições, é se calhar o local ideal para um festival deste cariz. Pena que se deixe fumar lá dentro. Não fumei lá um unico cigarro e mesmo assim a roupa tresandava...

Primeira noite dedicada a sonoridades mais evocativas. destaco claramente Degredo que, apesar de terem tanta a gente em palco quanto uma banda folk...., conseguiram criar uma verdadeira atmosfera negra, sombria; actuação carregada de ruralidade mórbida que foi autenticamente catártica.
ALRUNA foi o melhor do dia e um dos destaques de todo o fest. Velocidade de execução em todos os temas e instrumentos e uma performance agitadora por parte do vocals. Muito bom.

Depois de ter deixado o underground por umas horas e me ter perdido na perdição que é a noite Portuense, o segundo dia começou mais a meio gás. Apesar da boa estreia do Deris na voz, Voemmr não me bateu; Occelensbrigg pelo contrário foi mais intenso e hipnótico, antes de um dos grandes destaques do fds: HAGZISSA! Que concertão; BM com toques de rock psicótico é de facto a melhor caracterização. Baterista furioso, baixista intenso e guitarrista sui generis, liderados por um frontman possuído e cheio de carisma. Apresentaram sobretudo o novíssimo trabalho que muito tem rodado por estes lados. Void Prayer contou com voz portuguesa mas nem assim em cativou. O som é monótono e o tom da voz também, estando a mesma presente em quase 100% da duração dos temas. IRAE foi a entrega blasfémica do costume mas não era o fest para se destacarem; Já WHACHT fecharam pra mim o top5 do festival. Velocidade qb a uma hora em que a sala já estava cheia. Pena os Sulphuric Night terem amuado e rejeitarem tocar, pois era uma das bandas que mais queria ver.

Num fest onde a percentagem de estrageiros era certamente de 50%, o ultimo dia foi o que teve melhor ambiente. Antes d emais dizer que é verdade: o som esteve sempre impecável. Congrats!
Depois dizer que BALMOG são sempre uma excelente experiencia ao vivo. Deram um concerto maduro, sempre em crescendo. HAIL CONJURER foi o meu momento "doom" do fest... som minimalista, com toques até bem dançaveis que caiu bem em toda a gente. Um gajo enfrentar o público sozinho e conseguir agarrá-lo é obra. Quando Rostorchester começaram percebeu-se logo qual tinha sido a banda que tinha aborrecido os bósnios... BM suiço carregados de cliches NS alcoólicos. depois KRINGA. A eleger um, escolho este como o mlehor do Fest. Os mesmos austriacos que já tinham tocados nos outros dois dias. Entrega soberba, velocidade furiosa interclada com down tempos intensos, de um colectivo que ainda atirou dois musicos para a plateia sem que a qualidade de som se tivesse queixado. Muito muito bom. Justificaram o estatuto que estão a construir. SANGUINE RELIC foi muito mais "limpo" que em album. ou pelo menos mais perceptivel. sala cheia e actuação cheia de devoção negra. A seguir ao triumvirato austriaco foram também dos melhores. Já não ficámos para a segunda parte de Mons Veneris.

Saldo amplamente positivo. Underground oculto puro e duro. Ambiente carregado de negritude e andamento (generaly speaking...:).
Hail!
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Funestus
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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor Funestus » terça nov 05, 2019 1:48 pm

Só um comentário para todos os palhaços que se divertiam a mexer (e também aos que roubaram cenas de lá) nas merdas que estavam no palco:
Para a próxima fiquem em casa e não apareçam! Caso o façam levem os vossos legos ou então batam umas punhetas para terem as mãos ocupadas.

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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor aetheria » terça nov 05, 2019 2:55 pm

Funestus Escreveu: Caso o façam levem os vossos legos ou então batam umas punhetas para terem as mãos ocupadas.


:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Bravo!

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Re: 2019.31Out e 1-2 Nov - Invicta Reqviem Mass V - Metalpoint

Mensagempor abyssum » terça nov 05, 2019 6:00 pm

Cleptomaníacos dum carailhe!
Para a próxima façam-lhes isto
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