Above Aurora - só conhecia a banda quando o evento foi anunciado e, se em estúdio me agradaram, confirmaram perfeitamente os pergaminhos na sua atuação. Este trio polaco apresentou um black metal por vezes mais arrastado (mas é puramente black, esqueçam a etiqueta black/doom do metal archives), outras vezes mais pujante e rápido, mas sempre com uma atmosfera excelente e que me cativou de sobremaneira. Por vezes fizeram-me lembrar os seus compatriotas Furia. Bem sei que a comparação é arriscada, tanto mais porque Furia são uma banda muito especial (e única, de certa forma), mas em momentos soaram-me a estes o que, vindo de mim, é um grande elogio. Excelente começo de noite.
Martwa Aura - também só os conheci devido a este concerto e, embora não tenha tido tanto tempo para ouvir a sua música, do pouco que ouvi agradou-me. Ao vivo, este quinteto deu também um belíssimo concerto de BM, com um som diferente da banda anterior. Martwa Aura são uma banda mais tradicional de BM, não se notando logo (como acontece com Above Aurora) o BM polaco característico, embora aqui e ali também apareça nos temas. Como referi, gostei bastante e o único reparo que posso fazer é a presença/performance do vocalista. Se a nível vocal nada tenho a apontar, o mesmo não se passa com a sua postura em palco. Para o som desta banda, exigia-se um vocalista com uma presença mais enérgico e visceral e não aquela postura contemplativa (que noutros contextos e bandas até fica bem) que, repito, aqui não me pareceu combinar muito bem.
Mgla - Finalmente de regresso a Portugal, após o concerto de abertura para Behemoth, desta vez já com novo álbum lançado. Foi um RCA cheio que recebeu este duo polaco (ao vivo, em formato de quarteto), com grande entusiasmo e expetativa. Confirmaram por inteiro todos os elogios que lhes têm sido feitos e que torna esta banda como um dos expoentes máximos da nova/última vaga de BM. Ao contrário de outras bandas, em que os capuzes são apenas mais um adereço para provocar um (pseudo) mistério acerca dos músicos, aqui é apenas a forma que a banda encontrou de apresentar a sua música ao vivo, sem distrações nem vedetismos, apenas e só música (a comprová-lo está o facto de todos os membros terem feito o sound-check de cara descoberta). Quanto à atuação em si, foi Mgla, o que quer dizer, foi um concerto fantástico e praticamente irrepreensível (o "praticamente" está aqui porque o som na primeira música não me pareceu muito bom, situação prontamente corrigida). A setlist apreentada foi a que já se esperava, iniciando com dois temas do Exercises (I e IV), claramente o álbum que meteu mais temas na setlist. Começo excelente, a marcar a toada de todo o concerto, praticamente sem pausas nem palavras supérfluas e desnecessárias para o público. Seguiu-se o único tema anterior ao With Hearts (o tesourinho Mdłości II) que redundou em mais um grande momento. Regresso ao Exercises (II), seguindo-se (finalmente, diria) temas do novo álbum (Age of Excuse II e III). E que sequência diabólica que foi! Para mim, são dois dos melhores temas do álbum (só faltou terem tocado o Age of Excuse VI), e que ao vivo mostraram que este álbum mantém Mgla num patamar bem elevado. Parte final do concerto com a maravilhosa (não encontro termo mais adequado) With Hearts Toward None VII. Só aquele início de bateria, absolutamente delicioso, a mostrar o baterista fenomenal que é o Darkside, torna este tema O Tema de Mgla. Finalmente, a fechar, mais dois temas do Exercises, curiosamente com a ordem invertida relativamente à ordem do álbum, VI e V, numa atuação que só está ao alcance de grandes bandas (e aqui o adjetivo não se refere ao número de fãs). Concertão.

Nota de destaque para a organização, não só por trazerem Mgla a Portugal (o que já seria de muito valor), mas também pelo cumprimento escrupuloso dos horários e para a entrada bastante rápida no recinto, apesar dos muitos presentes.