Ora bem.
Este meu regresso ao Vagos ficou marcado por uma certa dose de sofrimento físico. Mas já lá vamos.
Só pude ir na Sexta ao fim do dia, como de resto tem acontecido nas edições a que tenho ido. Mas este ano, a tenda seguiu logo na Quarta com um amigo meu, o que me poupou algum trabalho e chatice. Acabei também por ter sorte com o tempo, porque quando fui, a chuva que tinha caído abundantemente nos dias anteriores, já tinha dado lugar ao sol. Mantiveram-se no entanto temperaturas moderadas, o que também foi bom, devido ao ar condicionado do carro ter avariado uns dias antes. Cheguei por volta das 20h e pela primeira vez, consegui estacionamento muito perto da entrada (no descampado logo do outro lado das bombas), em vez de ficar no cu de judas como habitual. Obviamente que o descampado estava "cheio" há muito tempo, mas ter um jipe tem as suas vantagens...
Trocar o bilhete por pulseira também foi rápido, depois foi entrar, encontrar o local onde estava o pessoal, e instalar-me. Caras conhecidas que vejo com certa frequência, outras que só no Vagos, e algumas caras novas. Tudo malta fixe.
Agora, bandas.
Antes de mais, uma ressalva para a grande diferença de som entre os 2 palcos. Ouvi por lá muita gente queixar-se que o som no palco 1 estava demasiado alto. Para mim, que pertenço a uma rara e estranha espécie de pessoas que praticamente nunca acham o som demasiado alto, o som no palco 1 esteve de uma forma geral, muito à minha medida. Já o palco 2, que dizer...
Sempre muito fraco e frequentemente muito desequilibrado, impediu um disfrute completo das bandas que por lá passaram e obrigava a uma constante experimentação na procura do local onde tudo soasse mais aceitável.
PRIMAL FEAR - Fiz um certo esforço por chegar a tempo de os ver (nunca tinha visto). Consegui chegar a tempo de os ver. Acabei por não os ver, ficando ao invés disso no acampamento com o pessoal. E parece que nem fui caso único. O Vagos acaba por valer muito mais do que apenas ver bandas de que se gosta. Pelo menos, para mim.
WATAIN - Banda que me tem passado um bocado ao lado, apesar de ser grande apreciador de Black Metal. O som do palco 2 não fez total juz à intensidade da actuação. Grande banda, com uma forte e bem conseguida componente cénica. Dei por mim a pensar "bem, os bombeiros sempre estão mesmo ali em cima, por isso..."
O meu hábito de não ir muito para as primeiras filas safou-me de levar com o sangue. Black Metal bem esgalhado, não é demasiado "típico", ou seja, tem uma identidade bem própria. E aqueles momentos mais acústicos/ambientais ajudam a manter uma ligação emocional à música que fazem. Uma banda a prestar mais atenção no futuro.
SIX FEET UNDER - Banda que conheço há muitos anos (quem não?), mas de forma bastante superficial. Dentro do Death Metal, não é das bandas que mais interesse me desperta. Mas deram um concerto muito competente. O som do palco 1 estava bem puxadinho, o que era adequado para o peso do som. O Barnes esteve irrepreensível a nível vocal, apesar de já não ir para novo (detesto esta expressão). Aqueles agudos é que para mim eram dispensáveis. Não por não apreciar aquele tipo de vocalizações, mas porque naquele caso, me pareceram muito despropositadas. Os Exhumer por exemplo (não confundir com os Exumer, que não cheguei a ver), é uma banda dentro do género que usa esse tipo de vocalizações de forma muito mais eficaz e mais bem contextualizada. Tinha alguma esperança que tocassem alguma cover de AC/DC, mas pronto, paciência...
THE GODIVA - Nunca tinha ouvido falar deles e não sabia o que esperar. Fiquei surpreendido. É sempre de valor uma banda de Metal meter uma banda sinfónica em palco. Gostei do som. O face paint talvez fosse dispensável, mas isso é pouco relevante. No entanto, apesar de apreciador daquele tipo de som, comecei a sentir que faltava qualquer coisa. Pareceu-me tratar-se de uma banda com potencialidades para chegar a um nível mais alto do que aquele em que estão, artisticamente falando. Acabei por abandonar antes do fim e fui para a tenda. Aí, pouco depois começou a chegar pessoal e a noite prolongou-se até às 6 da matina, pelo menos para alguns.
E assim terminou o primeiro dia.
FIM DO CAPÍTULO 1
To be continued...