2019.06.14e15 - CARACH ANGREN + WOLFHEART + THY ANTICHRIST + NEVALRA - HARD CLUB (Porto) + RCA Club (Lisboa)

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Enigma
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2019.06.14e15 - CARACH ANGREN + WOLFHEART + THY ANTICHRIST + NEVALRA - HARD CLUB (Porto) + RCA Club (Lisboa)

Mensagempor Enigma » segunda jun 17, 2019 10:11 pm

Rescaldo do concerto de Lisboa:

Nevalra - primeira banda da noite, trata-se de um trio americano que apresenta um black/death metal que vai beber muito (ou tentar, pelo menos) ao que os Behemoth e Belphegor, embora com mais (bastante) mais melodia. Se os os solos do vocals/guitarrista (live member dos Thy Antichrist - a título de curiosidade, fiquei sem perceber se o frontman usa sempre corpsepaint nas atuações de Nevalra ou se só usou por tocar com Thy Antochrist logo de seguida.XD) mostraram essa faceta mais melodiosa e técnica da banda, não é menos verdade que nem sempre, pelo menos para os meus gostos, que essa vertente nem sempre se encaixava da melhor forma com a faceta mais agressiva da banda. Foi um começo entretido, de uma banda que se esforçou por agarrar o público (e até o conseguiu), mas que também não me deslumbrou por aí além.

Thy Antichrist - só os conhecia de nome mas, vá-se lá saber porquê, pensei tratar-se de uma banda de black metal "à séria", por isso, estava com alguma curiosidade de os ver. Pois bem, que tiro completamente ao lado! Foi, muito provavelmente, a menos que a memória me atraiçoe, o pior concerto de black metal a que já alguma vez assisti... Como explicar isto? Musicalmente, não me transmitiu rigorosamente nenhuma das emoções que um concerto de BM é suposto transmitir. Riffs gélidos, atmosfera negra? Nope, zero. Riffs banais, temas desinteressantes e, para pior tudo (e de que maneira!) a prestação ao vivo perfeitamente lastimável e ao nível da paródia que transformou um concerto musicalmente pobre numa atuação digamos que, à falta de melhor palavra, foleira. Uma banda, especialmente o vocalista, excessivamente preocupada com a parte visual (isto por si só não seria tão mau assim), e que faria rir um miúdo de 5 anos com toda a pose completamente de plástico da banda (e do vocalista, especialmente). O pior de tudo é eventualmente alguns dos putos que lá estavam ficarem a pensar que o black metal é isto. Não, felizmente não é. Diria mesmo que é o oposto. Quando muito isto é BM versão Disney...

Wolfheart - foi essencialmente a banda que me fez marcar presença neste evento (isso e alguma curiosidade em ver Carach Angren ao vivo) e, depois da inenarrável atuação de Thy Antichrist, soube ainda melhor. Desde logo, que diferença na atitude da banda em palco. Grande energia em palco, mas com o necessário comprometimento e seriedade com a música (o Tuomas deveria ministrar um worshop ao vocalista de Thy Antichrist...) . Acabou por ser uma atuação curta, de cerca de 45 minutos, embora, ão sendo headliners, já fosse expectável que não tivessem muito mais tempo de palco. Do último álbum tocaram a enorme (e não apenas em duração) Everlasting Fall, que abriu o concerto, e a Breakwater, que despoletou um dos maiores mosh pits da noite (não fosse o guitarrista zangar-se e descer do palco. :mrgreen: ). Ainda assim, acabaram por ser as músicas mais antigas a gerarem maior entusiasmo geral do público, destacando-se Aeon of Cold, Strenght and Valour, Veri, e as três finais, e minhas favoritas: The Hunt, Zero Gravity e a incontornável Ghosts of Karelia. Excelente atuação de um dos expoentes máximos do melodeath finlandês (pessoalmente, à frente deles, só mesmo Insomnium).

Carach Angren - como referi anteriormente, tinha curiosidade em vê-los ao vivo (tanto mais que perdi a data deles com Rotting Christ, no RCA), embora não conhecesse muito do seu trabalho discográfico nem, convenhamos, grande vontade de o descobrir (pelo menos, antes desta data ser anunciada), tanto mais que nunca fui fã de Cradle e hoje em dia encolho os ombros ao que os Dimmu Borgir fazem. Dito isto, reconheço-lhes uma abordagem um pouco diferente ao symphonic black metal (eu diria mais extreme symphonic gothic, tal é a natureza lírica da sua música), com a utilização das partes sinfónicas nao numa vertente épica, muito habitual neste género, mas mais como autêntica soundtrack. Têm temas bastante interessantes e que, especialmente ao vivo, muito fruto da prestação alucinante do seu vocalista, que não pára literalmente um segundo quieto, resultam muitíssimo bem ao vivo. A reação do público foi bastante efusiva, provando que a maioria das pessoas estaria lá para vê-los, embora Wolfheart também deva ter contribuído para a boa casa que se registou no RCA. Depois do que referi para Thy Antichrist, pode parecer contraditório elogiar um concerto tão teatral quanto o dos Carach. Nada mais errado. A teatralidade em palco nada tem de errado, desde que bem enquadrada e que faça sentido na mensagem que se quer transmitir. Daí Thy Antichrist ter sido tenebroso (e aqui, não é em sentido elogioso) e Carach terem dado um belo concerto. Não me farão certamente ir pegar na sua discografia e descobri-la mais a fundo, pois não é uma abordagem ao black metal que me interesse, mas reconheço-lhes mérito na sua proposta artística e no espetáculo que apresentam. Foram 12 temas e cerca de 70/75 minutos de concerto, em que destaco os temas General Nightmare, The Carriage Wheel Murder, In de naam van de duivel (In the name of evil em holandês - a minha favorita. :P ), Blood Queen (com direito a boneca insuflável em palco), The Funerary Dirge of a Violinist (excelente tema também!) e a Bloodstains on the Captain's Log. Mais que um concerto, foi um bom espetáculo que justificou a minha presença (isso e Wolfheart, obviamente).
Valfar, ein Windir

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