
Revenge of the Fallen - bem se esforçaram por animar um recinto ainda muito despido de público, mas a tarefa não se afigurou propriamente fácil. Apresentaram um metalcore genérico que, se é verdade que continha todos os ingredientes que caracterizam o género, também não é menos verdade que soaram datados e um pouco mais do mesmo. De qualquer modo, nota positiva para todo o empenho demonstrado.
Dream Pawn Shop - outra banda desconhecida para mim. Mérito para o festival de apostar numa banda um bocadinho out of the box. Rock/metal progressivo/avanta-garde com muitos momentos mind fuck que, se é certo que deixou muitos dos presentes pouco interessados no que viam/ouviam, pelo menos apresentaram algo de diferente do restante line-up.
Irae - um dos maiores destaques do cartaz e que mais interesse me suscitava (re)ver. E, como já é habitual, deram (mais) um valente concertão.

Grog - já com o recinto mais bem composto, arrancaram para mais uma atuação demolidora, mostrando não apenas toda a sua brutalidade, mas também (e isto às vezes passa, injustamente, despercebido) toda a mestria dos seus executantes, com o Pedra a comandar as hostes e a interagir com o público. Que continuem assim e por muitos bons. Penso ser mais ou menos consensual, se disser que são o maior nome do death/grind nacional. Como não podia deixar de ser, foi aqui que o moshpit teve o seu início (e a poeira também...).
Enforcer - era a banda que me despertava maior interesse em todo o cartaz, por isso, ainda me custa mais dizer que esta atuação foi uma semi-desilusão. Para quem não conheça/goste da banda, então deve ter sido ainda pior. Os dois principais motivos para esta semi-desilusão são dois: péssimo som, especialmente nos primeiros temas, e uma setlist com 4 temas do novo álbum (que só sairá no dia 26!) e que, por isso, pouca gente conhecia (eu só conhecia a primeira - Die For The Devil - até porque não costumo ouvir os temas de avanço antes de os álbuns saírem. Assim, temas novos que pouca gente estava familiarizada com um péssimo som teve o resultado de deixar estupefactos e, mais tarde, desiludidos, os presentes. As coisas, mais ou menos a meio do set, ainda melhoraram, especialmente quando tocaram alguns dos temas emblemáticos da banda (Undying Evil, Mesmerized By Fire, Take Me Out of This Nightmare), precisamente ao mesmo tempo que o som também melhorou. As coisas a partir daqui animaram bastante (e, se tivessem começado aqui, teria sido um bom concerto), mas o mal já estava feito. A banda também tem estado muito em estúdio ultimamente a gravar o novo álbum e pareceram-me claramente com falta de rodagem de palco. Comparativamente a qualquer um dos outros outros 4 concertos que lhes vi, a menor intensidade e energia em palco foi gritante. Ainda assim, foi bom rever a banda e espero que voltem em breve, como referiu o vocalista.
Destruction - já os vi várias vezes, por isso, o melhor elogio que lhes posso fazer é dizer que esta foi das melhores, senão mesmo a melhor atuação que já lhes vi fazer. Agora no formato de quarteto, apresentaram um set absolutamente demolidor, um verdadeiro desfilar de clássicos que não deixou literalmente pedra sobre pedra naquele recinto. Um moshpit gigantesto, que ocupava uma boa parte do espaço à frente do palco, não parou do primeiro ao último tema, deixando um grande sorriso no Schmier e companhia, que se mostraram bastante satisfeitos com a reação do pessoal. Curse the Gods, Tormentor, Nailed to the Cross, Mad Butcher, Life Without Sense, Total Desaster foram alguns dos pontos altos deste grande concerto! Tive ainda a oportunidade de ouvir uma das minhas favoritas - The Butcher Strikes Backs - num final arrasador que contou ainda com a Antichrist, Trash Till Death (que malha!) e Bestial Invasion. Um verdadeiro recital do que deve ser um concerto de thrash.

Gwydion - coube a Gwydion a ingrata tarefa de tocar a seguir a Destruction. Apesar do adiantado da hora, do atraso que se verificou no início da sua atuação e também de o público já não ter muita energia disponível, conseguiram conquistar quem ficou até ao fim e deram um belíssimo concerto, acima até das minhas expetativas. Temas épicos, melodias orelhudas e grande proximidade com o público, resultaram muito bem e conseguiram animar bastante as hostes e encerrar da melhor forma o primeira dia do festival.
Nota final para a organização: o ano passado não tive oportunidade de ir ao fest, portanto já algum tempo que não visitava aquele espaço. Verifiquei que nada mudou desde há dois anos, pelo menos que me tenha apercebido, a nível do espaço e das condições proporcionadas ao público. E é aqui que fica o aspeto mais negativo: não é admissível que nada se tenha feito para que durante os concertos não se levante aquela poeirada tremenda que é algo que já não se admite hoje em dia. Se, em open air, ainda se aceita, em espaços fechados é inconcebível. O SWR também tinha essa problema e souberam resolvê-lo ou, pelo menos, minimizá-lo. Revejam esse aspeto, para que o festival continue a melhorar.
Quanto ao resto, a organização está de parabéns pelo excelente festival.
