Para aquecimento do fest, já a noite prometia: Spectrum Mortis e Balmog. Já tinha visto esta banda madrilena (com um galego na voz, o vocalista/baixista de Balmog) no Extreme Metal Fest, e já então tinha ficado agradada com a intensidade e o cariz do death metal que praticam, lamentando na altura ter entrado tarde e ter perdido mais de metade do concerto. Desta vez vi desde o início e pude confirmar a qualidade da banda, aprecio bastante este death/doom, para lhe dar alguma etiqueta, e eles fazem-no muito bem. Foi denso e intenso.
Depois, não se seguiu Balmog, que cancelou à última hora devido a uns contratempos pessoais do baterista. Baixa pesada para aqueles que desejavam ver esta boa banda, com um muito bom álbum novo, e que eu não só não lamentei muito porque os vi em Junho e em Setembro. Reveria, naturalmente, com prazer, mas fiquei amplamente satisfeita com a imprevista substituição. Se quando me disseram que iria haver "improviso" eu torci o nariz (à espera de qualquer coisa alienada com roupagens de truismo das cavernas debitada nas guitarras/bateria/voz, numa linha de jazz do BM... e eu não gosto de jazz), "destorci-o" depois do que ali se passou. Na voz estava o português de Mons Veneris/Black Howling (et all) e o bósnio de Master's Voice, na bateria, guitarra e baixo, os bósnio de Obskuritatem e Void Prayer... e a coisa foi brilhante.
E se já falei tanto naquele que foi como que uma noite zero, o que teria a dizer das duas noites do fest? Tanto que, por isso, me limitarei a pouco. Não faço reviews a elogiar bandas/fest para ser simpática... se não apreciei muito, evito tocar no assunto (é que também não gosto de ser desagradável, se alguma vez me virem a sê-lo, é porque a coisa foi pavorosa e me senti insultada

Destaco:
A enorme surpresa dos portugueses Nidernes. Não conhecia (também ainda só têm uma demo cá fora e o álbum está em produção). Conta com gente já rodada no black metal nacional e têm uma linha atmosférica que muito me agradou. Comprei a demo e, definitivamente, quero ouvir o álbum... que tocaram ali, ao vivo.
O arrebatamento que tive em Void Prayer. Não tinha ouvido a banda antes, por isso foi logo o impacto direto. Não vou descrever sensações, estilo ou o que seja. Ouvi, depois, em casa, voltei a apreciar, mas o álbum está longe do que ouvi ao vivo. Quantas vezes é o contrário a acontecer (em particular num estilo como o BM), mas aquilo que ouvi ao vivo assumiu uma proporção, intensidade e beleza que não ouviria no álbum, se não os tivesse ouvido ao vivo. Desde já tenho que frisar um aspeto importantíssimo: o Hugo, do Metalpoint, fez um trabalho magnífico na parte técnica. Acredito que muito do sucesso deste fest se deva a ele. E tenho que o manifestar também aqui. Quantas vezes n
não saímos frustrados do concerto de uma banda que gostamos porque o som foi uma merda? Por isso, infinitamente grata: houve muito bons concertos porque, de facto, houve muito bom som a ajudar muito bons artistas.
O outro destaque... Obskuritatem. Bem, então aqui, com estes senhores, só mesmo estando presente para se perceber a devastação que este concerto foi. Estes senhores (que contam quase integralmente com os mesmos músicos de Void Prayer) são grandes músicos e têm uma honestidade em palco arrasadora. Foi intenso, foi louco, foi bom!!!
E quanto mais terei ainda de falar? Não sou fã de Vetala e Vetala surpreendeu! Porque também não levaram para o palco aquilo que fazem nos álbuns. Houve improviso e com isto não quero dizer que houve "experimentação" fortuita. Houve música, inteira, sem floreados, black metal direto e bem tocado. Quanto a Mons Veneris: foi a 3ª vez que os vi, sempre com formações diferentes (com a constante de dois elementos), sempre com apresentações e sonoridades diferentes, mas deste vez foi o primeiro concerto que realmente gostei. Porque não houve "experimentação", houve, novamente, música. Entendam-me bem, nada tenho contra "experimentações", isto prende-se apenas com uma questão de gostos, tal como as "instalações artísticas" que andam por aí na moda. Percebo o conceito, mas não me move, apenas isso.
Depois, ainda por Portugal, destacar Voëmmr, outra banda que nunca me puxou muito ouvir e ali me seduziu imenso. Terá de voltar a rodar e, agora, com ouvidos mas atentos. Holocausto em Chamas não falhou, mas esta banda já eu apreciava em álbum, daí que tenha sido
o cumprimento daquilo que eu antecipava já. Nefastu foi uma delícia (e que o seu mentor não me venha bater pela escolha do adjetivo

E para acabar uma review que, afinal, já vai longa (mas, na verdade, bem curta em relação ao que se viu, ouviu, viveu nestas três noites), destacar o primeiro impacto que senti logo na quinta-feira. Não posso precisar quantas pessoas estariam (100?), mas mais de 50% eram estrangeiros. Eu que sempre quis ir a um festival no estrangeiro (especialmente, de BM), tive a minha primeira experiência... no Porto

Muitos muitos holandeses, gente vinda dos EUA, Noruega, Suécia, França (e outros me terão escapado), muitos pela primeira vez em Portugal. Naquelas escadas exteriores, nos intervalos, ouvia-se um pouco de português, o resto era só línguas estrangeiras, ou o universal inglês E isso também deu um toque especial ao festival, não pelo espanto bacoco da sedução serôdia pelo que é estrangeiro, mas porque se observava a diferença de comportamentos (até a assistir aos concertos).
Enfim, foi um belíssimo fest. O melhor até agora, e tenho estado presente desde o secretismo do primeiro. A Signal Rex está no bom caminho e deixo aqui as minhas felicitações. Aliás, a presença massiva daquela estrangeirada toda mostra que a etiqueta tem feito um bom trabalho na divulgação de bandas (muitas das quais, portuguesas). Salvé!
