Metal Underground

Bem, então quem foi o que achou? Eu não conhecia o trabalho, fiquei abismado com o trabalho técnico deles todos, principalmente com a capacidade vocal do Patton, e com a beleza de alguns momentos. Confesso que os projectos dele não me dizem grande coisa. Já do John Zorn, vejo-o como um pintor daqueles modernos e "prá-frentex", dos quais as obras são autênticas alucinações só para gente com muito gosto naquilo. Engraçad, fiquei com a ideia que houve gente ali que se calhar só foi pelo Zorn ter composto a peça, e não sabia muito bem ao que ia (falo de algumas figuras muito bem arranjadinhas que lá estavam).

Acho a música demasiado "moderna" se calhar... Fez-me lembrar drone, e cenas de math (mathmetal, mathcore, sei lá) tipo Dillinger Escape Plan e Meshuggah, com o toque do Patton ali. Algumas cenas mais alucinantes, paisagísticas puxaram-me coisas lá do fundo, memórias que me voltaram assim sem eu esperar.

Valeu a pena conhecer e fiquei muito surpreendido, mas não é algo que eu queira ouvir muitas vezes, até porque, tal como não gosto de ver um filme nem uma peça de teatro muitas vezes em pouco tempo, não ia gostar de ouvir muitas vezes este som, sem ser em ocasiões "especiais". É para provar e saborear, como um bom vinho que só se prova raríssimas vezes

Foi uma viagem "única" e fez-me lembrar uns filmes animados marados que costumava dar na RTP 2 há uns anos valentes, quando eu era puto.

Há algum tempo que andava farto do Patton por achar que se estava a repetir e ontem voltou ao meu top de vocalistas. Foi interessante ver o seu tema a solo no encore. ´Desde a vinda de Mr. Bungle que o Patton se rodeia de micros, e electrónica e ontem apareceu só com micro e voz. Embora conhecendo alguns trabalhos de Zorn (não muito a fundo) e tendo os dois discos de Painkiller, confesso que no fim fiquei um pouco com a sensação de ir enganado. Na altura do anúncio do concerto falou-se que o John Zorn ia a Braga. Depois referiu-se a presença do Patton e só nos últimos dias se falou em Moonchild e que Zorn iria estar a "conduzir". No fim o que tivemos foi uma hora do trio que toca no projecto de Moonchild e só no fim a subida do Zorn ao palco. Confesso que esperava ver o personagem em palco, no mínimo a agir tal como fez no último tema. Um pouco mais de informação da organização teria sido interessante e não deixaria muita gente com a sensação de ter comido gato por lebre.
Quanto ao concerto foi fabuloso, mas não uma experiência tão transcendente como SunnO))) na Casa da Música. Para quem não esteve, poder-se-ia comparar ao projecto Fantomas que muitos viram em Vilar de Mouros.
Uma palavra para o público - muitos músicos presentes - que foi lá pelo nome, pela imprensa e pela sala, mostrando desconhecer ao que ia. Pelo menos dois casais vi abandonarem a meio... tal como na música clássica e no jazz, as pessoas vão porque se fala e não porque conhecem. Irrita-me que em 2007 ainda haja quem associe determinados eventos em certos locais a qualidade e outras cenas a barulho. Como se os locais e os nomes ditassem ser bom ou mau