Parpar - primeira vez que, no RCA, vejo uma banda a atuar, sem ser no palco (neste caso, no canto entre o bar e o palco). Apenas um duo - bateria e saxofone - com umas máscaras (que retiraram nos últimos temas), com uma abordagem muito difícil de catalogar (pelo menos a atitude era claramente punk) e certamente bastante original. O que mais me impressionou foi a performance do baterista que, para além de espancar a bateria como se não houvesse amanhã, ia de quando em vez soltando uns grunhidos (sem sequer ter microfone).
Black Mirrors - de regresso ao palco do RCA (em definitivo), atuou esta banda belga que fazia parte da tour com The Vintage Caravan e Wucan. Pecou apenas por um set extremamente curto (pouco mais de 30 minutos), que não é obviamente responsabilidade da banda. Banda com boa prestação em palco, uma excelente vocalista, bastante enérgica, sempre a puxar pelo público, foram condimentos mais que suficientes para um excelente concerto de rock. Deixaram-me muito boa impressão.
Her Name Was Fire - Duo português de rock, com influências que vão desde o groove, ao grunge e ao stoner, tiveram uma boa prestação embora, confesse que, após Black Mirrors, deixaram um pouco a desejar. Sendo apenas um duo, e com o vocalista mais preso de movimentos devido a ser também o guitarrista, acabou por criar alguma distância entre músicos e público, o que não é desejável que aconteça neste tipo de sonoridade. De qualquer modo, cumpriram perfeitamente.
Wucan - o melhor elogio que lhes posso fazer (vindo de quem nunca ouviu uma música sequer da banda anteriormente) é que, se a noite tivesse terminado após a atuação de Wucan, teria dado por muito bem empregue o dinheiro do bilhete. Deram um concerto notável! Liderados por uma vocalista e multinstrumentista (desde guitarra, flauta, pandeireta, etc...) , com uma energia inesgotável, e muito bem acompanhado pelos restantes músicos, agarraram o público desde os primeiros acordes. Com uma sonoridade que vai do psicadélico, ao heavy metal, ao rock e ao progressivo, fazem-no sem soar nada forçados e tudo se encaixa da melhor forma. A cereja no topo do bolo foi a cover da Am I Evil. Que concertaço!

The Black Wizards - última banda nacional da noite a atuar, que teve a honra de o fazer antes dos headliners. Tinham uma tarefa bem ingrata, pois Wucan tiveram uma prestação fantástica. Nada que os impressionasse. Justificaram plenamente a aposta da organização em colocá-los antes de Vintage. Com a sua sonoridade retro, que passa pelos blues, stoner, psicadélico, e sempre com um som abrasivo e com uma energia contagiante, fizeram fervilhar o RCA. Excelente atuação, que só vem confirmar a excelente imagem que já me deixado há alguns, no VOA, quando os vi em Corroios. Muito bom, a provar que não é só lá fora que se faz este som retro com mestria!
The Vintage Caravan - quem já os viu ao vivo, sabe que esta banda vive do e para o palco. Por mais que goste da sua música em estúdio (e gosto mesmo bastante), nada é igualável à experiência de ouvir estes temas ao vivo e presenciar a atuação destes fantásticos músicos e performers. A energia que a música destes islandeses emana e a entrega TOTAL que a banda apresenta em palco são estarrecedores. É impossível ficar-lhes indiferentes. A verdadeira comunhão que se assistiu entre banda e público é algo difícil de alcançar e, no entanto, com esta banda é algo que acontece de forma perfeitamente natural. Confesso que o novo álbum não me impressionou particularmente (bom, mas aquém do que já lhes vi fazer), mas ao vivo qualquer um dos temas tocados soou tão bem como qualquer um dos clássicos da banda. A setlist foi praticamente a mesma que andaram a tocar na tour. Os momentos mais memoráveis (e foram vários), foram desde a Crazy Horses, Midnight Meditation, Babylon, Innerverse, Carousel e a Expand Your Mind, com que encerraram o set. Provaram, mais uma vez, que ao vivo são uma banda com uma atitude e energias muito difíceis de atingir. Concertão!

Como se tratava do último concerto da tour, após a Expando Your Mind, os músicos de Wucan e de Black Mirrors subiram ao palco, para uma enorme jam em que tocaram, entre outras, a cover de Helter Skelter. Não poderia ter havido melhor forma de terminar o festival.

Palavra final muito positiva para a organização, não só por ter trazido esta tour a Portugal, como também por ter dado a oportunidade de algumas bandas nacionais poderem também atuar neste festival. Nota cinco estrelas para o cumprimento escrupuloso dos horários anunciados (que bom!) e também por terem apostado em bandas nacionais (especialmente The Black Wizards e Her Name Was on Fire) nos slots mais tardios (ao contrário do que é costume, em que as bandas nacionais têm que, irremiavelmente, ser sempre as primeiras a atuar, privilegiando as internacionais). Uma pequena sugestão: teria sido preferível ter menos bandas no fest, para que os sets fossem um pouco mais longos.
Nota para os MUsers Santyago e Peixoto: sempre um prazer rockar convosco.
