Começo de festival com os espanhóis Aversio Humanitatis, banda que lançou recentemente um EP Longing for the Untold que, felizmente, ainda fui a tempo de ouvir antes do fest (isto porque não conhecia a banda, nem ouvi o álbum de estreia. A primeira coisa que estranhei um pouco foi a disposição do palco, que era em T, ou seja, só permitia que o vocalista estivesse mais perto do público, deixando os outros elementos bastante mais atrás. Provavelmente deve haver questões técnicas/logísticas que a isso obrigaram, mas não me parece muito boa ideia em termos de maior interação entre banda e público. Gostei da atuação da banda, embora talvez por ser a 1ª banda do dia, e também das não muito boas condições de som (para ser simpático), não teve o mesmo poder e negritude que esperava. Seguiram-se os Morte Incandescente que eram, apesar da sua posição no cartaz, a grande atração do dia, para mim e para muito boa gente que também lá foi com o principal intuito de os ver. Mais uma excelente atuação de uma das melhores bandas nacionais de black metal (só não é mesmo a melhor porque há uma banda chamada Corpus Christii). Muito coesos e consistentes, o trio brindou-nos com uma setlist variada (onde se destacou um novo tema a sair num split com Illum Adora), e onde mais uma vez se destacou o NH (bateria e voz), que mesmo estando atrás do kit de bateria, dá um poder e intensidade aos temas que é de registar. Fecharam com a bem intensa e impressiva “Nunca mais irá amanhecer”. Inner Helvete foi a banda que se seguiu (e que desconhecia por inteiro). Foi uma atuação bem intensa e que seguiu todos os “cânones” do black metal mas que, por alguma razão, não me cativou particularmente. Acrescento mesmo que de todas as bandas do 1º dia, foi aquela que menos gostei. Ainda assim, nada a apontar à atitude da banda e ao seu bem esforçado vocalista. Infernüs foram os senhores que se seguiram e, aqui sim, foi outra banda que me agarrou bastante. Boa presença em palco (o que ajuda sempre), vocalista bem intenso e uma boa atuação que me fará seguramente ir pegar na discografia da banda. Finalmente, para terminar o primeiro dia, os incontornáveis Decayed, a apresentarem a novidade na bateria (saída do NH e entrada do baterista de, entre outros, Corpus Christii). Apesar da hora bem tardia (cerca das 3h quando subiram ao palco), deram um excelente concerto (mais um!), em que se destacaram temas já habituais na setlist como Blood from the Altar, Martelo do Inferno ou Fuck Your God.
2º Dia
Começo com a única banda portuguesa do dia, os Systemik Violence. A casa ainda estava bastante despida de público, o que não ajudou muito á festa que se quer na atuação dos Systemik. Assim, apesar dos constantes e habituais impropérios do vocalista dirigidos ao público, as coisas acabaram por nunca animar verdadeiramente. Verdade se diga que tal não aconteceu, mais por culpa do público, do que da própria banda. Seguiram-se os espanhóis Skull Bastards que deram um bom concerto de thrash metal. Já com mais gente na sala, e com um tipo de som bem convidativo para envolver o público, deram um concerto bem enérgico e intenso, deixando muito boa imagem da banda. OS alemães Dehuman Reign, única banda de death metal no cartaz do fest, deram um valente concertão. Que intensidade tremenda! Foi prego a fundo durante toda a atuação, sem qualquer abrandamento, num dos sets de todo o fest que mais me agarrou. Outra das melhores atuações do fest foi dada pelos holandeses Chainsaw. Com uma atitude bastante descontraída e bem-humorada em palco, deram um concerto de heavy/speed de se lhe tirar o chapéu. Pelo menos para mim, que não os conhecia, foram uma das melhores surpresas de todo o fest. Aquele bem curto (mas intenso) sing along “Heavy Metal” ficou-me na memória. Os Slaughtered Priest acabaram por ser uma semi-desilusão, eles que eram uma das principais atrações do cartaz. Isso aconteceu essencialmente por duas razões: a primeira, e mais importante, o som esteve muito mau e a segunda foi que o vocalista/baixista decidiu ficar lá atrás no palco, ao lado do guitarrista, em vez de vir para a frente como fizeram todos os vocalistas das outras bandas, o que criou uma distância enorme entre público e banda. Não desgostei de todo do seu black/thrash, mas não fosse os pormenores acima referidos, poderia ter sido muito bom. Assim, ficou-se pelo suficiente. Finalmente, chegou a vez de subir ao palco os grandes headliners do cartaz deste ano, os noruegueses Deathhammer. As minhas expetativas já eram elevadas, pois é daquelas bandas que encarnam verdadeiramente o que é (ou deveria ser) o thrash metal, tanto em termos de música (o mais importante, obviamente), como a sua própria postura e atitude. Superaram as melhores expetativas, com uma atuação simplesmente demolidora. A energia que estes tipos debitaram do palco foi contagiante, e o headbanging, moshpit (até crowdsurf, o que naquele espaço é obra..), do público começou no primeiro acorde e terminou só mesmo no último segundo da última música. Há algum tempo que não sentia tanta genuinidade, paixão e pura diversão de uma banda em cima do palco. Foi uma verdadeira lição de thrash! Foi mesmo o encerrar com chave de ouro de mais uma edição do fest. Warriors of Evil!!
