Política - Discute/Opina

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abyssum
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor abyssum » sábado jan 12, 2019 6:20 pm

aetheria Escreveu:
JEAN HVMT Escreveu:Impressão que tenho é que Salazar é visto em Portugal como o Regime Militar no Brasil (64-85), os argumentos de defesa são praticamente os mesmos. Única diferença é que no regime brasileiro não havia culto a uma personalidade específica, uma vez que vários militares foram presidentes no período.



Basicamente, a ideia de "eram sérios, havia respeito, defendiam a nação" :roll:

Tem é uma diferença substancial e curiosa: aqui a ditadura não era militar e foram os militares que libertaram o país da ditadura, sem instituírem uma. Algo pouco comum e que evidencia a grandeza de alguns (porque outros bem o teriam feito, correu-se esse risco) dos que encabeçaram esse movimento.

A ditadura portuguesa também foi implantada por militares em 1926, depois o Salazar entrou em cena e transformou a Ditadura Militar em Estado Novo, ironicamente viria ser derrubada por uma revolução militar em 1974.

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aetheria
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor aetheria » sábado jan 12, 2019 6:53 pm

abyssum Escreveu:A ditadura portuguesa também foi implantada por militares em 1926, depois o Salazar entrou em cena e transformou a Ditadura Militar em Estado Novo, ironicamente viria ser derrubada por uma revolução militar em 1974.


Sim, tens razão, nascida aqui em Braga :)
Mas depressa o, pouco depois, nomeado ministro das Finanças deu conta do recado.
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor devilzerpia » sexta jan 18, 2019 10:19 pm

Depois admirem-se que a malta não leve as coisas a sério!
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I'm not your friend, buddy! :twisted:
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor INGVARR » segunda jan 04, 2021 5:47 am

Um tópico sobre política. E eu sou brasileiro... Como vocês me enxergam? “Ex-colonizado”? :lol:

Brincadeiras a parte, eu nunca soube o que um português pensa sobre um brasileiro. Sendo sincero, é com pesar que eu digo que o meu país me traz mais vergonha do que qualquer tipo de orgulho. Tenho orgulho de meu Estado. Esta é uma terra formada por todas as raças, assim como o restante do país, mas o nosso desenvolvimento se deve a colonizadores alemães, italianos, poloneses, ucranianos e japoneses, especialmente. Há alguma influência de povos árabes em algumas cidades. Aqui onde moro a influência é de poloneses e holandeses, de forma mais notável. Me refiro a antigos fazendeiros que desenvolveram esta parte do país, tornando-a relativamente mais próspera.

Não sou adepto de movimentos revolucionários de esquerda. Não sou politicamente correto. Acredito no potencial individual das pessoas. E também sou partidário da mútua cooperação em benefício do bem comum. Pelo fato de me posicionar mais à direita, pessoas maliciosas tendem a fazer uma conexão estupida com mentalidades reacionárias desprezíveis. Eu jamais seria o cara que ditaria regras sobre o comportamento de outrem ou seria entusiasta de aparatos de repressão estatal ao livre pensamento. Mas eu acho que nazismo e comunismo deveriam ser igualmente criminalizados em todo o planeta. São ideias essencialmente assassinas, e eu não engulo a estória de que “deturparam Marx”. Sempre que alguém disse isso na história a “correta interpretação de Marx” se revela mais autoritária e assassina que a anterior. Cuidado com pessoas que dizem que “deturparam Marx”, porque a probabilidade de terem uma ideia ainda mais atroz é alta.

Eu não acho que nos próximos 300 anos nós brasileiros teremos um país melhor. Eu já terei morrido há muito tempo quando e se a mentalidade brasileira mudar. Somos um povo que não consegue utilizar um carrinho de supermercado e devolvê-lo no lugar de onde foi tirado, ao invés de abandonar a coisa no meio do estacionamento. Se você não consegue ser civilizado em coisas mínimas não o será em coisas mais complexas. Acho, ainda, que a antropologia e a sociologia não são ciências com aparato o suficiente para entender a mentalidade brasileira. São necessários psiquiatras, também. Aqui é a “Terra do Complexo de Estocolmo”, porque as pessoas tendem a idolatrar as autoridades que lhe roubam e escravizam.

Temos na presidência atualmente um psicopata (assim como seus antecessores). Eu ajudei a eleger este homem, fazendo, pela primeira vez em minha vida, campanha gratuita para um político. Lição aprendida. Bastou o homem assumir a presidência para trair absolutamente tudo que embasava seu discurso à época das eleições. Um desastre. Uma decepção tremenda. Político brasileiro é sinônimo de criminoso, inarredavelmente.

O sistema judiciário é apenas um braço do aparato político, e as decisões judiciais seguem muito mais a orientação ideológica e política do que a puramente jurídica, como deveria ser. A insegurança jurídica é incisiva e aterradora. Significa que você pode ser inocente e ir para a prisão e ser mais do que culpado e gozar dos benefícios da leniência do judiciário. Um exemplo disso é o Lula, que se trata do maior mafioso da história do Brasil, é um condenado e está livre - e pior, com seu eleitorado ainda apaixonado por ele.

Os magistrados brasileiros, seja de fóruns de pequenas comarcas à Suprema Corte sofrem de distúrbios de personalidade e ego. Eles se acham deuses. Efetivamente, são esses idiotas que governam o país, juntamente com congressistas corruptos e narcotraficantes. Li certa vez uma frase, e não me recordo do autor, que dizia que “no Brasil o maior sintoma de ignorância é saber um pouco mais do que a média”, porque brasileiro tem ódio do processo de aquisição de conhecimento. Brasileiro se recusa a aprender filosofia ou qualquer coisa construtiva, mas se empenha em aprender métodos para tripudiar a ordem das coisas e se beneficiar de alguma maneira geralmente antiética e antissocial.

Engraçado que algumas pessoas brincam que deveríamos devolver o país aos portugueses, mas creio que eles não iriam querer isto aqui. Quanto a mim, mesmo com todas as desgraças narradas nas linhas supra, considerem-me alistado para repelir qualquer invasor, porque ainda que a minha casa esteja aos pedaços, ela ainda é a minha casa, e todo homem tem o dever de defender seu lar e seus pares, mesmo que estes não sejam merecedores de tal prestação. É uma questão de honra individual.

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor aetheria » terça jan 05, 2021 9:57 pm

INGVARR Escreveu:Um tópico sobre política. E eu sou brasileiro... Como vocês me enxergam? “Ex-colonizado”? :lol:

Brincadeiras a parte, eu nunca soube o que um português pensa sobre um brasileiro.


Teces imensos considerandos numa publicação só :mrgreen: por isso respondo a este inicial...
É uma pergunta com várias respostas, como aconteceria se eu te perguntasse como vocês brasileiros veem Portugal.

Sim, há ainda muito a visão do colonizador, que não é mais do que a visão da diferença cultural que ocorre com todos as outras culturas/países. Isso é mais um fenómeno humano que português/brasileiro/inglês/americano e por aí fora. "A nossa língua é que é a original, os brasileiros não sabem falar", ou então a visão que vem dos brasileiros que para cá emigraram, numa primeira fase, e eram carenciados, dai que se derive para "os brasileiros são uns atrasados". Mas aconteceu (e acontece) com os portugueses emigrados na França, por exemplo. Ou seja, reitero, o fenómeno é transversal e não carateriza um modo particular do português encarar o brasileiro e vice-versa.

Pessoalmente, e até como professora de português, acho essas discussões pequenas e mesquinhas, pois a diversidade enriquece a língua, não o contrário. Só uma mentalidade conservadora e pequena pensa o contrário... olhem se o inglês fica inferiorizado por ter a variante britânica, escocesa, irlandesa, neozelandês, australiana, americana and so on. E gosto do açúcar e do gingado do português brasileiro, não me faz mossa.
Assim como sei, perfeitamente, que há uma elite cultural brasileira que não renega as raízes culturais portuguesas, a literatura, e que a assume como soa também: Eça de Queiroz e Pessoa, possivelmente, numa fase inicial, eram mais idolatrados no Brasil que em Portugal.
Em contrapartida, eis um episódio que serve de exemplo: há pouco, no twitter, a Gal Gadot, face à pergunta "que outra língua gostarias de aprender bem", respondeu "português". Pois houve logo brasileiros (cuja comunidade é gigantesca, naturalmente) a comentarem, mas do Brasil! e um cromo comentou "o português de Portugal é de rir". Parvo, não achas? mas isso não descreve os brasileiros, por certo, descreve pessoas parvas, que as há em todo o lado :wink: eu sou pouco dada a generalizações e categorizações.

Mas, também como professora, te digo: recentemente tem havido uma afluência enorme de brasileiros às nossas escolas. Muitos mesmo. E eu estou numa cidade pequena... pois bem, chegam tão mal-preparados (eu sou professora do secundário)! Naturalmente, não estamos à espera que dominem os nossos programas, mas eles não têm ritmo de trabalho, acham normal faltar, fazem uma abordagem muito superficial do estudo (e repito que estou a falar de um nível pré-universitário) o inglês é terrível: com 16 ou 17 anos têm o inglês do nível dos 11/12 anos de cá; dizem que nas suas aulas de inglês falam português, nos testes as instruções são dadas em português... ou seja, têm uma dificuldade enorme! Não culpo os miúdos, naturalmente, mas só me faz pensar que o ensino público e geral, por aí, deve andar terrível (mas deixa que, por cá, com aquilo que os governos consecutivamente andam a fazer, também para lá caminhamos... se calhar, na política também :? ).
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor INGVARR » quarta jan 06, 2021 2:37 am

Gentis palavras, professora, e uma interessante abordagem.

De alguma forma, por algum motivo, sem qualquer tipo de perversidade interna, eu neguei a cultura brasileira e a língua portuguesa desde o início da minha vida. Nesse processo não houve nenhum tipo de "eu odeio isto por razão A, B ou C". Foi algo natural. Talvez porque a cultura e a língua inglesa estivessem muito mais inseridas em minha vida desde criança, pelo fato de meu pai ser fã de Rock Clássico e cinema americano. Eu cresci ouvindo músicas em inglês e eram as que me interessavam. O que tocava em termos de música nacional das rádios simplesmente não me despertava interesse.

Eu estou com 35 anos. Com 12 anos eu comprei meu primeiro CD ("The X-Factor", do Iron Maiden). Sou de uma família relativamente bem posicionada socialmente, mas em 1998 eu ainda não tinha acesso à Internet (não sei como a disposição à Internet à população civil se deu em Portugal, mas aqui se consolidou a partir do ano 2000). Assim, a única forma de eu entender o que aquelas canções em inglês diziam era com um dicionário de inglês/português em mãos. Observe que eu não tive alguém me dizendo "você precisa entender o que eles estão dizendo". EU queria sabe! O nome disso é INTERESSE (ou curiosidade, que é a centelha de qualquer mente que se revele proeminente - e não estou dizendo que é o meu caso). Os meninos da minha idade não tinham esse contato com música estrangeira. Diria que entre 100 meninos da minha idade, naquela época, uns 10, no máximo, tinham interesses semelhantes aos meus. Com 14 anos de idade eu estava preocupado em montar uma banda no colégio (e consegui!), enquanto os outros queriam montar um time de futebol. E eu era ridicularizado pelas minhas pretensões. "Você é louco? Você quer ficar famoso? Quer ser um cantor?". Era essa a mentalidade. Mas voltando a 1998, graças ao meu contato com a música estrangeira em tenra idade, eu cheguei aos 35 falando, lendo, ouvindo e escrevendo em inglês fluentemente. Eu nunca frequentei um curso de inglês para aprender.

O que eu realmente desprezo é o carnaval. É a principal evidência de que somos uns patetas que estão pulando e dançando pelados enquanto o mundo em volta está ruindo. Eu não consigo admitir o carnaval. Milhões de reais com dinheiro público (que poderia ser usado para educação, saúde, segurança, desenvolvimento) para uma festa? Está de sacanagem comigo? Se eu fosse presidente a primeira coisa com que eu acabaria seria com o carnaval. Se quiserem fazer essa palhaçada de propaganda sexual para turista babar, façam com o seu dinheiro. Fim. Mas não confie em mim como presidente, porque eu jamais seria um político e tenho ideias insanas, como fechar uma favela (este é o nome correto, é a palavra que diz a verdade, ao invés do eufemismo "comunidade", que serve para encobrir uma realidade vergonhosa e desumana) por terra, ar e água com tropas, tanques e helicópteros e cobertura de satélite e prender todos os traficantes que lá se encontrassem e os trancar numa masmorra isolada na Amazônia pelo resto dos tempos!!! :evil: (eu não estou falando sério, ok... Não tão sério! :lol: )

Sobre o português de Portugal, soa diferente, sim. Vocês usam palavras diferentes. E nos meus ouvidos, todo português fala da mesma forma. No Brasil você tem o sotaque carioca, o sotaque nordestino, o sotaque mineiro e o sotaque sulista (meu caso). Nós não falamos "leiti" (com "i" no final). Nós falamos "leitE", "dentE", "mentE". Sobre os nordestinos, eles falam tão rápido e de uma forma tão cantada que eu tenho dificuldades em entender algumas coisas que escuto. Os cariocas falam como se estivessem em um eterno estado de êxtase, mesmo se estiverem furiosos. Se eu fosse trabalhar na mídia televisiva ou radiofônica, mesmo aqui no Sul, eu teria de falar "denti", "leiti", "a geinti seinti", porque o sotaque sulista é realmente carregado, tendendo a pronunciar exatamente todas as letras de uma palavra com seus respectivos sons - mas eu não entendo porque alguém mudaria sua forma de falar dentro da própria comunidade, o que revela uma certa fragilidade de personalidade, creio.

Uma coisa curiosa... Num canal de TV daqui transmitiram uma novela portuguesa chamada "Ouro Verde". Havia atores brasileiros, mas a esmagadora maioria era constituída por atores portugueses. Meu pai assistia a esta novela. E eu achava curioso o fato de terem dublado todas as vozes dos atores portugueses, como se nós não pudéssemos entender o português de Portugal. Talvez, por ocasião de termos específicos, não consigamos, realmente. Mas eu imagino que isto se deva mais a uma implicância dos brasileiros quanto ao português original.

A pergunta original: "O que um brasileiro pensa de um português?". Brasileiros pensam muitas coisas idiotas sobre praticamente tudo. Brasileiros acham que os americanos vão salvar o mundo, que os franceses são inclinados ao homossexualismo e que os africanos ainda andam pelados até hoje. Esta é a mentalidade média. Existem as chamadas "piadas de português", que normalmente ridicularizam o português sobre sua inteligência (talvez porque nós nos achemos as criaturas mais espertas do mundo). Na cabeça do brasileiro não existe a menor diferença entre um russo, um alemão, um polonês ou um sueco: são todos igualmente polacos (vocês usam o termo "polaco" para se referir ao sujeito oriundo da Polônia, mas aqui é no sentido pejorativo, para se referir ao sujeito de cabelos louros, pele clara e olhos claros). Bem, meu avô era da Polônia. O que eu penso dos portugueses? Eu acho vocês pessoas boas, de modo geral. Vocês não tem a ambição de dominar o mundo ou destruir outras pessoas - não no Século XXI. Vocês são pessoas que vivem em paz em seu país. Parece que vocês são felizes exatamente do jeito que estão. Vocês tem seus problemas econômicos e sociais, como todo país tem, mas parece que vocês lidam com isso de forma interna, como se fossem uma gigantesca família. Eu poderia dizer que penso a mesma coisa sobre os holandeses, sobre os japoneses, sobre os canadenses (não penso a mesma coisas sobre ingleses, americanos, alemães ou russos). É uma concepção pessoal. Vocês são, como dizemos aqui, "gente fina", em minha opinião.

Sobre o atraso dos alunos brasileiros que você observou... A realidade é pior. Você está falando de pessoas que saíram daqui e foram para a Europa, o que significa que se tratam de famílias que fazem parte da elite econômica do país, majoritariamente. Um pobre não sai de uma cidade de 1.000 habitantes e sem água encanada para estudar em Portugal, porque ele não tem sequer condições de ir à escola mais próxima. Então se a elite econômica brasileira chega em Portugal demonstrando atraso intelectual, é porque as coisas são bem, bem piores. De quem é a culpa? Eu digo que são dois culpados: governo (historicamente) e o próprio povo (mentalidade). O que eu disse lá no primeiro parágrafo, sobre interesse? É exatamente o interesse que falta nas pessoas aqui. Os brasileiros se negam a ler um texto que tenha mais de 10 linhas. Eles se negam a ler legendas de filmes. Eles acham que saber três idiomas, ter duas formações universitárias e conhecer filosofia hermética o torna ou um deus ou um metido. É a mentalidade. MENTALIDADE, é esse o problema principal. É a raiz de todo o nosso mal.

Quando eu digo isto por aqui me perguntam qual seria a solução. Eu respondo com coisas práticas (novamente recorrendo ao exemplo do carrinho de supermercado): "Um brasileiro comum largaria o carrinho exatamente aqui no estacionamento. O que um japonês ou um dinamarquês faria? Ele levaria o carrinho ao local de onde tirou, ou ao menos teria a civilidade de entregar o objeto a um funcionário do estabelecimento. EM RESUMO: NÃO FAÇA AS COISAS COMO UM BRASILEIRO FARIA. NÃO ENGANE AS PESSOAS PARA TIRAR VANTAGEM. NÃO ODEIE QUEM SABE MAIS DO QUE VOCÊ. NA VERDADE, GRUDE-SE A QUEM SABE MAIS DO QUE VOCÊ E APRENDA COM ESSA PESSOA".

Compreendi o que você disse sobre "fenômeno transversal" quando dissertou sobre o que um pensa sobre o outro. Como lhe disse, pensamos as coisas mais cretinas sobre outras pessoas. "O que um brasileiro pensa sobre um boliviano? Pensa que são todos Incas vivendo nas montanhas, ainda". Acho que isso é parte do psicológico humano que tende a distorcer o desconhecido. Às vezes isso é feito com maldade. Aí é um problema. Mas desde que você esteja disposto a conhecer o desconhecido e entendê-lo e flexibilizar seus próprios pré-conceitos, está tudo bem.

Novamente, agradeço seu texto, aproveitando a oportunidade para externar minhas sinceras estimas.
Um abraço.

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor aetheria » quarta jan 06, 2021 9:11 am

INGVARR Escreveu:
Sobre o português de Portugal, soa diferente, sim. Vocês usam palavras diferentes. E nos meus ouvidos, todo português fala da mesma forma. No Brasil você tem o sotaque carioca, o sotaque nordestino, o sotaque mineiro e o sotaque sulista (meu caso).


Soa-te igual porque não conheces bem, o que se compreende. Há muitos sotaques no Português europeu, e nem sequer é necessário chegar às ilhas, que é ainda muito mais marcado, com termos inteiramente diferentes (nós até temos outra língua, que foi reconhecida como tal, quando antes era só identificado como dialeto, o Mirandês). Aliás, não é só sotaque, é o próprio léxico, há termos mais comuns numa zona do que outra. Se fores comprar pão em Monção, Porto, Lisboa ou Farto dão nomes diferentes. E eu acho isso tudo muito MUITO giro e interessante! Adoro todas essas nuances. E somos um país tão pequenito, vê lá :P
E é curiosa essa autoimagem que os brasileiros t~em de si mesmos... por cá a imagem é exatamente a inversa :lol: mas, como já disse antes, não alinho por aí, não gosto de generalizar. Conheço a pessoa individualmente e aí avalio.

E eu achava curioso o fato de terem dublado todas as vozes dos atores portugueses, como se nós não pudéssemos entender o português de Portugal.


:lol: :lol: :lol: :lol: isso é delicioso! :lol: :lol:
Mas, claro, muito empobrecedor (tal como acontece com o inglês): não permite às pessoas desenvolverem a sua cultura linguística.



"O que um brasileiro pensa sobre um boliviano? Pensa que são todos Incas vivendo nas montanhas, ainda". Acho que isso é parte do psicológico humano que tende a distorcer o desconhecido. Às vezes isso é feito com maldade. Aí é um problema. Mas desde que você esteja disposto a conhecer o desconhecido e entendê-lo e flexibilizar seus próprios pré-conceitos, está tudo bem.


Pois, é essa a questão. E acho sempre extraordinário que as pessoas, ainda por cima, sintam orgulho ao fazerem afirmações desse tipo, que apenas demonstram uma grande limitação da inteligência.

Cheers! :cheers:
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor Matusalem » sábado jan 16, 2021 10:33 am

Eu junto-me aqui neste debate só para falar em termos da lingua. Eu estou emigrado na Alemanha de leste e, se os alemaes já sao por si um povo anti-social, os da Alemanha de leste ainda sao pior. Todos os meus amigos ou pessoas com quem falo aqui ou sao latino-americanos ou brasileiros, e quando falo com brasileiros tenho que falar devagar e espaçado. Pareço um anormal. Se falo o portugues normal como falo com os meus amigos em Portugal eles nao me entendem. Ja cheguei a falar espanhol com brasileiros que tambem estavam inseridos em algumas actividades e comunidades latino-americanas aqui de Leipzig por ser mais rápido falar entre nós em espanhol que em portugues. É curioso e ao mesmo tempo estúpido. A lingua é a mesma.

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor Conde Satan » sábado jan 16, 2021 6:48 pm

Matusalem Escreveu:Eu junto-me aqui neste debate só para falar em termos da lingua. Eu estou emigrado na Alemanha de leste e, se os alemaes já sao por si um povo anti-social, os da Alemanha de leste ainda sao pior. Todos os meus amigos ou pessoas com quem falo aqui ou sao latino-americanos ou brasileiros, e quando falo com brasileiros tenho que falar devagar e espaçado. Pareço um anormal. Se falo o portugues normal como falo com os meus amigos em Portugal eles nao me entendem. Ja cheguei a falar espanhol com brasileiros que tambem estavam inseridos em algumas actividades e comunidades latino-americanas aqui de Leipzig por ser mais rápido falar entre nós em espanhol que em portugues. É curioso e ao mesmo tempo estúpido. A lingua é a mesma.


A lingua é a mesma mas os significados são diferentes, tens muitas frases em português do brasil que tem o mesmo significado que o espanhol, por exemplo camiseta, nós em Portugal usamos o termo de T-shirt

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor GoncaloBCunha » sábado jan 16, 2021 7:37 pm

Matusalem Escreveu:A lingua é a mesma.

Aqui a língua também é a mesma, é em Portugal, mas desafio-te a perceber tudo o que este tipo diz:



:wink:

Uma aspecto importante no que diz respeito a esta questão do Português de Portugal vs. Português do Brasil, é que nós, desde 1977, estamos expostos à cultura/língua Brasileira, com a estreia da telenovela Gabriela, que teve enorme impacto cultural na sociedade Portuguesa. Para quem não se lembra, aquando da transmissão do último episódio, a nossa assembleia da República encerrou mais cedo, para que os digníssimos deputados não perdessem o final. E desde essa altura, que as ditas tele-novelas brasileiras nunca mais deixaram de ser consumidas pelo público Português.
Antes disso, numa franja da sociedade um pouco mais intelectual, também já estavas sujeito à cultura e língua do outro lado do Atlântico através da MPB e literatura.

Daí haver, naturalmente, maior compreensão da nossa parte em relação ao Português do Brasil do que o contrário, uma vez que, pela percepção que tenho, e até aos dias de hoje, a cultura Portuguesa nunca se conseguiu impor no Brasil.
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor INGVARR » domingo jan 17, 2021 3:25 am

GoncaloBCunha Escreveu:Daí haver, naturalmente, maior compreensão da nossa parte em relação ao Português do Brasil do que o contrário, uma vez que, pela percepção que tenho, e até aos dias de hoje, a cultura Portuguesa nunca se conseguiu impor no Brasil.


Conseguiu se impor, mas em diferentes épocas e de diferentes maneiras. Nunca houve uma uniformização. Existe, no Brasil, as pequenas comunidades portuguesas. Aqui na minha cidade (Ponta Grossa, Estado do Paraná) se você for à Rua XV de Novembro (onde o Imperador esteve em pessoa) tem um local chamado "Botequim". A comida vendida lá é portuguesa, além de haver uma gigantesca bandeira de Portugal no interior. A história deste local é portuguesa, tanto que os atuais donos mantiveram essas origens.

Vejam, eu consigo entender 98% do que eu leio de vocês aqui. Vocês estruturam as frases de um modo levemente peculiar e usam muito bem as vírgulas. Eu não entendo o sentido de alguns termos que leio (não consigo me lembrar de um em especial para exemplificar). Eu consigo falar relativamente bem com sotaque de Portugal (normalmente quando estou fazendo algum tipo de palhaçada com alguém). Claro que se um português me ouvir falando vai achar uma atrocidade.

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor aetheria » domingo jan 17, 2021 10:23 am

INGVARR Escreveu: Vocês estruturam as frases de um modo levemente peculiar e usam muito bem as vírgulas.


Nem todos :mrgreen: mas os que o fazem é porque sabem pontuar e, nessa matéria, as regras no Brasil e em Portugal sao iguais.
Na estrutura sintática, já há variáveis, nomeadamente, nas regras de anteposição de pronomes (que por cá, também, vejo cada vez mais gente a falhar :mrgreen: ) ou na recorrência do uso do gerúndio, no brasileiro. Mas nada que impeça a comunicação. A existência de léxico diferente é natural, tende em conta que a língua se desenvolveu em contexto diferentes. Como já referi, até em Portugal, que é geograficamente pequeno, há termos diferentes para as mesmas coisas.
Naturalmente, o português escrito não vai trazer dificuldades. O falado, sim, pelo sotaque e porque as variáveis sintáticas se vão evidenciar mais.

E o que o Gonçalo refere é de todo pertinente. Não tem a ver com a imposição da cultura, mas da língua falada, que cá se banalizou por intermédio das novelas (o que não aconteceu no sentido inverso). E isso ainda fica mais evidente quando as minhas filhas, que nunca viram novelas, dizem ter dificuldade em perceber os brasileiros a falar (quando eu não tenho, pois cresci na época em que a novela brasileira após o jantar era uma regra).
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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor Zyklon » domingo jan 17, 2021 1:30 pm

Isso de os brasileiros não entenderem os portugueses e os portugueses não entenderem os brasileiros é dos mitos e das coisas mais idiotas que se criou até hoje, não somos assim tão diferentes.
O que existe são expressões ou palavras que podem ter um ou varios significados que diferem de cá para lá ou de lá para cá, mas no geral toda a gente se entende, no entanto se nos focarmos apenas em "pequenas coisas" associadas a sotaques regionais talvez aconteça um pouco, mas isso existe em todas as linguas, do inglês ao castelhano não somente do português de Portugal ou do Brasileiro...

Sobre a cultura aquilo que houve no passado, mas que com os anos felizmente despareceu um bocado, foi uma idiotice trazida ou melhor explorada por uma dúzia de patetas que queriam copiar a formula televisiva brasileira de sucesso rápido, no entanto isso criou um cancro que se agarrou ao já de si fraquinho português como uma lapa e com resultados desastrosos que se conhecem basta recordar a praga dos Leandros e Leonardos, Edibertos Lima, Irans Costa e afins.

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor Matusalem » domingo jan 17, 2021 2:58 pm

Zyklon Escreveu:Isso de os brasileiros não entenderem os portugueses e os portugueses não entenderem os brasileiros é dos mitos e das coisas mais idiotas que se criou até hoje, não somos assim tão diferentes.


Nao somos assim tão diferentes mas lá que o que escrevi acima é verdade, é. :wink: Eu entendo-os bem, mas os brasileiros dizem que eu falo rápido demais. E nós os 2 já trocamos algumas conversas e eu falar rápido é coisa que não se verifica. :D Acho que é mesmo por causa da acentuação que damos às palavras que eles nao estão acostumados. Ou talvez porque no final das palavras baixamos o tom de voz. Acho que é por isso que nós portugueses entendemos bem espanhol e eles nao nos entendem. Eu nunca tive aulas de espanhol e falo espanhol fluente com os meus amigos da Guatemala, Colombia, Cuba e El Salvador. Já o contrario nao se verifica. Mas já passei um livro em portugues para os meus amigos da Guatemala e eles entenderam o que leram. É mesmo uma questao de como pronunciamos as palavras, acho eu :)

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Re: Política - Discute/Opina

Mensagempor p41nk1ll3r » domingo jan 17, 2021 3:31 pm

Zyklon Escreveu:Isso de os brasileiros não entenderem os portugueses e os portugueses não entenderem os brasileiros é dos mitos e das coisas mais idiotas que se criou até hoje, não somos assim tão diferentes.

Não me parece que seja mito, acho que depende muito da região de Portugal e Brasil de onde são originários os dois interlocutores, Se já não é fácil a um continental entender malta dos Açores imagina o que seria para alguém do interior brasileiro entender um açoreano e vice-versa. Depois tens as influências galegas no português falado nas beiras e norte de Portugal, as árabes no sul e as influências alemãs, italianas, japonesas, criolas, nas diversas regiões do Brasil.
Exemplo anedótico: até posso ser eu que tenho pouca plasticidade cerebral no que toca a entender sotaques, mas o meu orientador de mestrado, com quem ainda hoje falo ~1x de 15 em 15 dias, é brasileiro, de São Paulo. Durante as primeiras duas semanas que falei com ele, eu ou tirava o que ele dizia por contexto ou tinha de lhe pedir para repetir (às vezes mais do que uma vez). Ainda demorei algum tempo a entendê-lo fluentemente. E ele próprio me disse que, quando veio para Portugal, também lhe foi difícil, nos primeiros tempos, enteder os lisboetas dada a nossa tendência para silenciar vogais.


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