
myspace: http://www.myspace.com/grogpt
Bem, andei à procura e não encontrei nenhum tópico de grog nesta secção, portanto, aqui está ele. Espero que não haja problema por ter criado.
Durante barroselas o Erode entrevistou o Pedra, mas devido a vários factores (exames e não só) só agora é que ficou disponível. Para quem estiver interessado, fica aqui a transcrição:
Ao fim de algum tempo de interregno, vocês voltaram à actividade o ano passado com o concerto no Caos Emergente. Passados alguns meses, em que deram alguns concertos, regressam agora a Barroselas onde já não tocavam desde 2004. O que é que podemos esperar deste retorno a Barroselas?
O retorno a Barroselas promete um concerto intenso, muito bruto, muito cheio de vida e energia, tal como tentamos fazer em todos os nossos concertos. Barroselas é um local especial para nós porque sabemos que a audiência nos permite jogar um pouco mais com a receptividade da mesma e isso cria sempre um clima diferente em termos de receptividade e por isso gostamos de cá vir - temos todo o interesse em constar do cartaz do festival de Barroselas.
Parece-me que vocês vivem muito da devastação que criam em palco, mais até do que dos álbuns editados. É assim que vocês vêm os Grog? É uma opção tomada conscientemente ou é apenas assim que as coisas acontecem?
Eu penso que é apenas assim que as coisas acontecem. É um facto que em termos de edições estamos longe de ser uma banda regular e de certa forma compensa-se a ausência de edições com o facto de termos oportunidade de tocar ao vivo. O facto de não termos edições não é nada intencional, é algo que resulta das circunstâncias do momento e como tal temos de as aceitar. Agora uma coisa não impede a outra e é isso que eu creio que as pessoas têm que entender: o facto de uma banda não ter material teoricamente novo não a impede de tocar ao vivo quando sabe que tem motivos para o fazer, ou seja quando tem audiência para os concertos, que gosta daquilo que a banda faz e apesar de haver uma outra visão que é possível fazer sobre o assunto, nomeadamente o facto de nós, apesar de não termos uma boa regularidade de edições oficiais, somos uma banda que não tem um leque curto de músicas, o que nos permite estar a tocar ao vivo sem estar sempre a massacrar as pessoas com os mesmos temas. Isso dá-nos alguma vantagem quando se torna necessário regressarmos e este regresso à cena ao vivo foi uma necessidade conjunta que nós sentimos e como tal o set que tocamos em quase todos os festivais ou concertos acaba por ser um pouco variado, sem grandes questões sobre se temos de tocar música A, B ou C.
Em 17 anos de carreira vocês lançaram apenas dois álbuns. Agora que voltaram, tencionam editar um terceiro?
Definitivamente. Aliás, tenho boas notícias para dar. Vamos por partes, deve estar a sair brevemente um cd que vai fazer uma retrospectiva destes 17 anos de carreira. Não é um best-of mas uma compilação de muitos temas que nós temos desde a nossa fundação em gravações que nunca viram a luz do dia, tem também um tema novo que fará parte do novo álbum, a sair...oportunamente, é melhor falar assim, tem temas que foram regravados em ensaios com formações diferentes da actual, tem uma reedição de um EP que editámos em 95 e tem temas ao vivo, portanto é um apanhado de muitas realidades da banda ao longo dos 17 anos de carreira. O álbum novo está previsto, estamos agora em processo de término de composição e de preparação dos últimos temas que vão fazer parte dele, apesar de não termos ainda nenhuma editora confirmada para a sua edição. O que desejamos é que, ainda este ano, ele seja editado. Senão, que seja pelo menos anunciado, porque é uma questão de dois, três meses até termos tudo terminado em termos de composição e preparação do álbum.
E já há título para o novo álbum?
Já. Não o vou divulgar por enquanto.
Apesar de só terem esses dois lançamentos, acabam por ser, senão a mais importante e influente, uma das mais importantes e influentes bandas de death/grind em Portugal. Como é que vês essa situação?
São vocês que o dizem, não nós [risos]. Nós sabemos que temos uma posição de respeito. Eu acho que ao longo de 17 anos de carreira, o mínimo que uma banda pode desejar do seu público é respeito e eu nesse aspecto estou muito satisfeito com a posição que temos. Agora se somos a melhor ou a mais influente ou a que vende mais, não é isso que nos move. Gostamos de ter as pessoas felizes a assistir aos nossos concertos, consideramos que os nossos concertos são festas e queremos torná-los o mais abrangentes a todo o tipo de público, embora a música seja um pouco díficil de digerir para algumas cabeças mas eu creio que mantemos uma posição ainda humilde e sabemos defender a nossa posição, tal como os nossos direitos e necessidades. Quando conseguimos reunir todas essas prespectivas, os resultados por norma são bons, pelo que tanto banda, como promotoras de espétaculos, como editoras, divulgadores, revistas e público ficam satisfeitos por ver o nosso nome e, em último caso, é o que nós pretendemos – que ninguém fique insatisfeito quando o nome da banda, Grog, está envolvido seja no que for.
Tu és o único fundador da banda que ainda permanece na mesma. Lembras-te do que é que te levou (a ti e aos outros) a criarem a banda na altura?
Eu lembro-me que fui um bocado surpreendido pela proposta que me fizeram na altura. O objectivo era perfeitamente claro: era sermos (era e é) a banda mais extrema a nível nacional no que toca à música tocada. A forma como aquilo me foi colocado como projecto foi algo estranho porque basicamente foi um grupo de amigos comuns que me disse que ia formar uma banda, ao que eu terei dito “epá, porreiro, fico muito feliz por vocês.” e eles responderam “olha, tu vais cantar.”. Quando disse “o quê? nunca fiz isso na vida”, responderam-me “epah, abres a boca e berras”. Quase 18 anos depois, cá estou.
Achas que esta é a formação mais forte que já tiveram?
Sem dúvida, inquestionável. Mais forte, mais coesa, mais equilibrada e de certa forma mais criativa, fléxivel e madura. Não é por acaso que esta formação já leva quase 7 anos juntos, que é quase o período que a primeira formação da banda teve até editar o Macabre Requiems, que na altura foi o período mais longo de estabilidade que a banda teve em termos de formação. Esta formação é a ideal para o momento ideal da banda.
Dá-me ideia que, tanto o Caos Emergente como o SWR têm crescido consideravelmente ao longo dos anos, tanto em termos de condições como de cartazes, mantendo-se no entanto no underground. No entanto, continua-se a ouvir o queixume do costume de que o underground está mal e prestes a morrer. Como é que olhas para este crescimento e explicas a outra visão, aparentemente contraditória?
Eu parto em primeiro lugar pela explicação sociológica: o povo português é “bota abaixo”, é amedrontado, arrisca pouco e de certa forma é extremamente intriguista. É a minha visão, não quero com isto dizer que é todo o povo português. Para contrariar esse tipo de visão que eu acho que existe muito em Portugal, temos as excepções. O Caos emergente é uma dessas, é um festival que tem 6, 7 anos e começou do nada como todos os outros e que tem crescido de ano para ano. O ano passado tivemos a oportunidade de fazer parte do cartaz e vê-se que é um projecto com saúde, pernas para andar e sem ter falta de aderência. O Barroselas é a menina dos olhos de qualquer headbanger português. É o festival mais antigo, com maior tradição e associação ao underground nacional e que tem feito um caminho que é notável em termos de humildade dos envolvidos e que tem dado razões para qualquer metaleiro internacional se deslocar a Portugal e ver um festival com qualidade. Aproveito o momento desta entrevista para dizer que este, especificamente, é sem dúvida o coroar de tudo o que foi feito para trás. Nota-se que a estrutura está extremamente sólida e que está muito bem conseguido em termos de condições para bandas e para o público, em termos de tempo de actuações, em termos de som de bandas.
No outro lado, porque é que, tendo tudo isto, porque é que ainda se diz que o underground “está morto”. Possivelmente porque não ouvem música underground. Há dez anos ou mais eu veria a coisa de outra forma. Recorria-se muito às fanzines, ao tape-trading, às bandas terem de pagar para organizar os concertos e hoje eu quase que não vejo nada disso. Hoje vamos ao myspace de qualquer banda e podemos aceder à música deles. Vê-se que, em termos de qualidade sonora, as bandas conseguem colocar no mercado material com qualidade audivel. Não vejo razões para dizer que o underground está morto ou perto disso, que está diferente, aceito, mas não morto.
Com toda esta experiência no universo mais extremo da música, ainda vão acompanhando o que sai de novo? O que é que vos tem chamado à atenção recentemente?
Sim, sim. Não com tanta disponibilidade como fazia há alguns anos atrás, mas ainda vou procurando e encontrando algumas coisas interessantes, nos mais variados estilos – não só na área do metal. Por exemplo, recentemente ando a ouvir uma banda dos Estados Unidos, que lançou agora o primeiro EP, chamada Viraemia, que é uma coisa extremamente técnica e trabalhada em termos de brutal death, coisas como o primeiro album a solo do Steve Wilson (vocalista dos Porcupine Tree), o novo de Pestilence e coisas mais calmas como Anathema. Recentemente fui ver também Kusturica ao vivo. É importante quando se ouve muita música, é impossível (digo eu) ficar preso ao mesmo estilo, acaba-se mais tarde ou mais cedo, por abrir outras portas.
Para finalizar, sem ser o vosso concerto, que outros vos geram espectativas?
Eu só cá ‘tive ontem. Gostei muito de The Haunted, que deram um belo espétaculo, os espanhóis Legacy of Brutality também gostei bastante. Vi um bocado de Machetazo que também gostei. Perdi Ingrowing com muita pena minha. Hoje quero ver, pelo menos, Origin, Absu e Sodom, pelo menos não quero perder estas três e quero ver se não perco o concerto de Grog, que ouvi dizer que é bom [risos]... estou mesmo com muita curiosidade em ver Absu; Origin seria suspeito não dizer que estou com curiosidade...há ainda Firstborn e The Ransack. Enfim, é um dia muito forte e acho que o público sente isso e vai tentar apoiar da melhor forma possível qualquer banda que suba ao palco hoje.
Link para a entrevista no blog