Amphion(José Ramos) Escreveu:UnderØath Escreveu:pelos vistos, o aviso do amphion caiu em saco roto...
Há quem venha aqui apenas para carregar em teclas e dizer que existe, em vez de vir conversar e respeitar os assuntos de cada tópico. Limpeza para breve, ou bloqueio, se continuar assim.
Concordo plenamente contigo,existe muito malta que não tem mais nada de útil para fazer e escreve neste fórum,em qualquer post,sem por vezes ter conhecimento(pelo menos verdadeiro conhecimento) do assunto.
Eu sou honesta quando digo ser mais turista que assídua nestas coisas,mas ao contrário de muitos,nem tenho tempo ou net disponível no trabalho,e à muito que andava para dizer alguma coisa neste tópico,sem nunca o ter feito porque toda a gente tem depressões,ou alguma patologia advertente do caso,e chegava a sentir que de facto o meu caso não chega sequer a ser caso,mas mais uma vez tendo lido tudo,cheguei à bela conclusão que tenho mesmo que dar a minha opinião,e aqui vai ela.
Alguém disse,e eu não gosto de citar nomes,que depressão é coisa de adultos,é por isso que a taxa de suícidios em menores de 21 ( porque 18 são crianças à mesma ) é enormissíma,uma criança que perca um pai,ou um irmão,mesmo um amigo,aos 12 anos por exemplo,não pode ter depressão porque ainda é criança,isso para mim não funciona assim,e passo a explicar,eu tenho quase 29 anos,não sou nenhuma criança,mas a primeira vez que me deparei com a desagradável visão da morte,tinha apenas 12 anos e em menos de 15 dias perdi os meus 2 melhores amigos,tive então a minha primeira consulta com o psicologo,porque o receio da minha mãe perante a súbita apatia seguida da gargalhada e retorno à apatia,a assustava e levava a pensar que me mataria,sempre lhe disse que a vida é demasiado curta para eu encurtar a minha ainda mais,mas fui guardando a minha dor,acumulando com os desgostos do quoatidiano,desde amorosos,a de amigos e familiares,curti muito porque preferi colocar as minhas "dores" num quartinho bem fechado dentro tanto do cérebro como do coração,até que algo trágico (pelo menos para mim) começoua despoletar tudo o que havia passado antes,e durante todo este período,tinha consultas com o psicólogo,ao qual iludibriava,porque para mim,a dor sempre foi minha e era algo que só eu compreendia. Neste período (que foi quando perdi o meu primeiro bébé,e sim o primeiro,e não gosto das frases típicas de coitadinha),recorri ao álcool,passava mais tempo embriegada do que sóbria,e ainda assim,ia trabalhar,era esse o meu suporte,porque recorrer ao apoio de amigos,era ter que falar do que me atormentava,nesse mesmo ano fui de férias para Monte Gordo e Liverpool,e curti mesmo muito,andava sempre a cair pró lado,mas de sorriso na cara,ninguém dizia que eu tava mal,aliás,como ainda hoje não dizem,o tempo foi passando,e eu conheci a pessoa que mais vezes me consegue levar ao quase fundo do poço,mas que eu amo e não consigo deixar,porque ele sim é a minha droga,do qual tenho um filho que amo mais que a mim,que é a minha vida,o meu sorriso,o meu forte,a corda que não me deixa partir. Passei de novo pela perda de um outro bébé e dessa vez sim,fui além do fundo do poço,dessa vez era um morto vivo a andar pela rua,chorava sem parar,tomava medicação e também dormia,não tanto como gostaria,mas dormia,porque o mal de dormir,é sonhar... Não bebia,porque tinha um filho em casa para educar,para amar,filho esse que não tinha nem culpa,nem que pagar pela minha depressão,indisposição ou mal estar,e para mim,era permitido estar deprimida quando ele não estivesse presente,porque para ele eu queria continuar a ser a mãe forte,a mãe que ele ama,mas como criança não é burra,e apesar de na altura só ter 3 anos,quantas vezes não se abraçou ele a mim,nos momentos em que se notava que eu ia começar a chorar,e fazia-me cáfones,miminhos que mais ninguém podia dar. Eu agora tou bem,como daqui a 5 minutos mal,não tomo medicação,porque a interação com a medicação que já tomo uma vez que sou asmática com rinite alérgica,faz mal ao meu coração,e porque a minha medicação também,é ver o meu filhote feliz e sentir-me feliz por ele,é agarrar-me à vida,porque por muito filha da p... que ela seja,e por muitos filhos da p... que encontremos nela,só temos esta,e é esta que temos de aproveitar.
Dizerem-me assim,há vários tipos de depressão,há sim senhor,uns mais graves que outros também o sei,mas nenhum,em hipótese alguma deve de ser descurado,porque eu posso dizer que me sinto deprimida e não levarem a sério por não alongar o discurso,mas não falar dele,também não significa que não exista. Uma coisa que constato é que todos são conhecedores da situação e quando vêem com as tangas de " pode-se evitar",eu pergunto, o quê? Não vou ter animais de estimação porque um dia vão morrer? Então vou afastar-me dos meus pais de demais família da idade deles porque um dia também vão morrer,e quanto mais longe eu estiver deles,menos vou sentir. Isso é grande treta,de quem nunca passou por uma situção de facto díficil de suportar. A depressão é uma interacção de coração e cabeça,e não tem nada a ver com o " uma pessoa de mente forte não passa por isso ", muito pelo contrário,são as primeiras a ir abaixo e a recorrer a sistemas medicamentosos. Eu sei que me escapa algo do qual queria e até deveria de falar,mas a mente tem destes truques,quando me lembrar,pode ser que o diga,ou até não.
Suicidio é para os fracos,tudo na vida tem solução menos a morte e dela ninguém escapa.