As 7 maiores aberrações de Portugal.
Eu gosto do CCB e sinceramente acho um bocado 'pequenina' a mentalidade que diz que um edifício não pode sobressair, ou tem de ser a condizer. Por essa lógica de ideias fazia-se um CCB a imitar o manuelino dos Jerónimos? Ia ser lindo.
O CCB é um edifício interessante que vale por si, como a Casa da música aliás. Valorizam o local onde estão.
Já horroroso é o padrão dos descobrimentos, esse podia ir ao rio que não me importava grande coisa. Ou o «museu de arte popular», já que estamos numa de Belém.
O CCB é um edifício interessante que vale por si, como a Casa da música aliás. Valorizam o local onde estão.
Já horroroso é o padrão dos descobrimentos, esse podia ir ao rio que não me importava grande coisa. Ou o «museu de arte popular», já que estamos numa de Belém.
Amphion(José Ramos) Escreveu:Acidmother Escreveu:- toda a Praia da rocha e grande parte do litoral Algarvio;
A Praia da Rocha não tem culpa, porque até é lindissima. Penso que te referes aos super-prédios construídos adjacentes à mesma. E quero corrigir-te porque "grande" parte do litoral algarvio é belo e pouco explorado, mas as pessoas só conhecem o resto.
Claro, refiro-me às zonas de sobre-exploração tutística, sobretudo no Barlavento. O excesso de construção e a sua incoerência tornam a zona simplesmente feia. Quanto ao Algarve, ainda tem zonas bonitas. Costumo ir muito a Tavira, por exemplo, acho que ainda é lindíssimo.
Acidmother Escreveu:Eu gosto do CCB e sinceramente acho um bocado 'pequenina' a mentalidade que diz que um edifício não pode sobressair, ou tem de ser a condizer. Por essa lógica de ideias fazia-se um CCB a imitar o manuelino dos Jerónimos? Ia ser lindo.
O CCB é um edifício interessante que vale por si, como a Casa da música aliás. Valorizam o local onde estão.
Uma coisa é sobressair, outra coisa é impôr-se e perturbar a harmonia estética de um local. Eu nunca me permiti ser demasiado racional no que concerne a apreciações estéticas, porque acredito que nascemos com uma capacidade inata de apreciar aquilo que é harmonioso, fluído e intuitivamente agradável à vista. O CCB é certamente um edifício muito interessante por si, mas ninguém me consegue convencer que, olhando de um ponto longínquo para o conjunto delineado pela praça do império, prédios antigos (onde se enquadram os pastéis de belém) e mosteiro dos jerónimos, o CCB fique bem naquele conjunto. É uma aberração visual, completamente descontextualizada daquela zona, que opõem linhas duras, rectas e pesadas, a um conjunto de elementos que são o oposto disso. Tal como não queria ver um prédio genial de 40 andares no meio da Serra de Sintra, também não vejo qualquer sentido em espetar aquele mamarracho ali.
Uma imitação manuelina? Para os adeptos das modas arquitectónicas seria algo ridiculo, mas porque terá um estilo arquitectónico que ter um prazo? Estamos a falar de beleza e não de função, e a beleza não tem prazo. Preservar a identidade histórica de um local, manter a sua harmonia, e reciclar um estilo que é só nosso, não tem para mim nada de ridiculo.
Fotografia - http://www.joseramos.com | http://www.facebook.com/joseramosphotography/
Amphion (blackened death metal)
Amphion (blackened death metal)
Amphion(José Ramos) Escreveu:Uma imitação manuelina? Para os adeptos das modas arquitectónicas seria algo ridiculo, mas porque terá um estilo arquitectónico que ter um prazo? Estamos a falar de beleza e não de função, e a beleza não tem prazo. Preservar a identidade histórica de um local, manter a sua harmonia, e reciclar um estilo que é só nosso, não tem para mim nada de ridiculo.
Os padrões estéticos têm prazo sim, «beleza» pode ser um conceito muito romântico, e sê-lo-ia decerto pensando que é intemporal, mas na verdade é sempre discutível... sobretudo em termos arquitectónicos, em que essa temporalidade é absolutamente flagrante. Daí que faça todo o sentido conceber edifícios com a marca do presente, ao lado de edifícios de outras épocas. Sinceramente, um CCB neo-manuelino seria cómico. Tem tudo de ridículo sim, no sentido em que seria tentar imitar o passado, arriscando-se a tornar-se um monumento à inépcia própria do país em se libertar dos fantasmas do passado e do tempo glorificado dos descobrimentos (haja paciência!), em vez de assumir um cosmopolitismo que é inerentemente crescente, sobretudo numa cidade como Lisboa. Não seria genuíno, e portanto simplesmente tacanho e de mau-gosto. Bom, mas pensando bem, poderia ser um monumento irónico, e aí sim, conseguiria dar-lhe valor. Lol.
Acidmother Escreveu:Lol.
Nem sequer vou meter-me na vossa conversa, já que concordo com pontos de ambos as partes e não estou com paciência para alongar-me muito, mas queria só dizer que escreveres o teu post com a eloquência com que o fizeste, e depois rematar com esse "Lol." foi bastante engraçado.
Diria até, quiçá, que está tão deslocado do resto do texto quanto o CCB está da zona circundante.

Gornoth Escreveu:Acidmother Escreveu:Lol.
Nem sequer vou meter-me na vossa conversa, já que concordo com pontos de ambos as partes e não estou com paciência para alongar-me muito, mas queria só dizer que escreveres o teu post com a eloquência com que o fizeste, e depois rematar com esse "Lol." foi bastante engraçado.
Diria até, quiçá, que está tão deslocado do resto do texto quanto o CCB está da zona circundante.
(mas repara que tem um ponto final, é um «Lol» irónico

Acidmother Escreveu:Os padrões estéticos têm prazo sim, «beleza» pode ser um conceito muito romântico, e sê-lo-ia decerto pensando que é intemporal, mas na verdade é sempre discutível... sobretudo em termos arquitectónicos, em que essa temporalidade é absolutamente flagrante. Daí que faça todo o sentido conceber edifícios com a marca do presente, ao lado de edifícios de outras épocas. Sinceramente, um CCB neo-manuelino seria cómico. Tem tudo de ridículo sim, no sentido em que seria tentar imitar o passado, arriscando-se a tornar-se um monumento à inépcia própria do país em se libertar dos fantasmas do passado e do tempo glorificado dos descobrimentos (haja paciência!), em vez de assumir um cosmopolitismo que é inerentemente crescente, sobretudo numa cidade como Lisboa. Não seria genuíno, e portanto simplesmente tacanho e de mau-gosto. Bom, mas pensando bem, poderia ser um monumento irónico, e aí sim, conseguiria dar-lhe valor. Lol.
O que constitui um verdadeiro fantasma de muitos portugueses é conseguir conceber toda essa eloquente tragicomédia em redor de algo que não seria mais do que uma re-utilização de uma estética, em nome da harmonia visual...
Seja como for, dou-me por satisfeito por não teres sentido necessidade de responder à parte principal e essencial da minha resposta, que demonstra que a discórdia não foi forte suficiente para merecer contra-resposta.
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Amphion (blackened death metal)
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Amphion(José Ramos) Escreveu:O que constitui um verdadeiro fantasma de muitos portugueses é conseguir conceber toda essa eloquente tragicomédia em redor de algo que não seria mais do que uma re-utilização de uma estética, em nome da harmonia visual...
Seja como for, dou-me por satisfeito por não teres sentido necessidade de responder à parte principal e essencial da minha resposta, que demonstra que a discórdia não foi forte suficiente para merecer contra-resposta.
...
Bom, se colocas a questão nesses simpáticos termos («eloquente tragicomédia», enfim...), não me inibirei agora de referir a flagrante boçalidade que é comparar a situação do CCB em Belém à de um prédio enorme no meio da Serra de Sintra. Já agora, suponho que consideres o museu da arte popular algo de muito mais bonito e singular, estando este mesmo em frente ao CCB, na mesma perpendicular ao Tejo, e portanto cortando a tal linha visual dos Jerónimos já há muito tempo. E que edifício bonitinho que é , tão «casinha portuguesa», suponho que o aches menos aterrador que o CCB.
E ainda, será que pões em causa a localização da ponte 25 de Abril ou achas o seu aspecto feio porque não é de pedra com rebites a imitar cordazinhas? Percebes como toda a questão não tem ponta por onde se lhe pegue?
A arquitectura moderna pode perfeitamente conviver com a de outros tempos, e pode fazê-lo de forma muito saudável. Inadmissível é a imitação de um estilo antigo muito específico em prol de uma «harmonia» de quem não terá a abrangência estética necessária (falemos de ecletismo, porque não?) para imaginar as potencialidades que essa convivência antigo-moderno pode ter.
Acredito que para se ter a noção do que é um objecto arquitectural não chega o pô-lo em cheque com os outros que o circundam, é fundamental usá-lo, saber para que serve, em integração com o espaço onde está e as funções a que se presta. E nesse sentido o CCB está muito bem integrado sim. Não concordo que o CCB seja um edifício pesado, de todo. A proximidade com o rio e o tom rosado da pedra torna-o mais leve, e as diferentes entradas, tal como a largura das 'ruas' interiores o fazem arejado. É também um espaço importante de circulação das pessoas... podem-se ficar pelo bailarico dos domingos ou lá quando é, ou tomar uma refeição naquela esplanada excelente, ou ir às exposições (e ao museuzinho que abriu hoje, e que ia ficar um espanto num coiso pseudo-manuelino) e espectáculos e eventos... Esse aspecto não é descurável da arquitectura do edifício, e nesse ponto não tenho crítica a fazer-lhe. Tem o maior auditório do país e só tenho pena que não seja maior o espaço de exposições para acolher temporárias.
Enfim, gostos. Podem-se discutir, lamentar... mas sobretudo - e isso é que é fundamental - educar.
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7 nao sei, mas aki vao 3 delas (xegam e sobejam):




Última edição por Danibanger em segunda jun 25, 2007 11:06 pm, editado 1 vez no total.
Acidmother Escreveu:...
Bom, se colocas a questão nesses simpáticos termos («eloquente tragicomédia», enfim...), não me inibirei agora de referir a flagrante boçalidade que é comparar a situação do CCB em Belém à de um prédio enorme no meio da Serra de Sintra. Já agora, suponho que consideres o museu da arte popular algo de muito mais bonito e singular, estando este mesmo em frente ao CCB, na mesma perpendicular ao Tejo, e portanto cortando a tal linha visual dos Jerónimos já há muito tempo. E que edifício bonitinho que é , tão «casinha portuguesa», suponho que o aches menos aterrador que o CCB.
E ainda, será que pões em causa a localização da ponte 25 de Abril ou achas o seu aspecto feio porque não é de pedra com rebites a imitar cordazinhas? Percebes como toda a questão não tem ponta por onde se lhe pegue?
A arquitectura moderna pode perfeitamente conviver com a de outros tempos, e pode fazê-lo de forma muito saudável. Inadmissível é a imitação de um estilo antigo muito específico em prol de uma «harmonia» de quem não terá a abrangência estética necessária (falemos de ecletismo, porque não?) para imaginar as potencialidades que essa convivência antigo-moderno pode ter.
Acredito que para se ter a noção do que é um objecto arquitectural não chega o pô-lo em cheque com os outros que o circundam, é fundamental usá-lo, saber para que serve, em integração com o espaço onde está e as funções a que se presta. E nesse sentido o CCB está muito bem integrado sim. Não concordo que o CCB seja um edifício pesado, de todo. A proximidade com o rio e o tom rosado da pedra torna-o mais leve, e as diferentes entradas, tal como a largura das 'ruas' interiores o fazem arejado. É também um espaço importante de circulação das pessoas... podem-se ficar pelo bailarico dos domingos ou lá quando é, ou tomar uma refeição naquela esplanada excelente, ou ir às exposições (e ao museuzinho que abriu hoje, e que ia ficar um espanto num coiso pseudo-manuelino) e espectáculos e eventos... Esse aspecto não é descurável da arquitectura do edifício, e nesse ponto não tenho crítica a fazer-lhe. Tem o maior auditório do país e só tenho pena que não seja maior o espaço de exposições para acolher temporárias.
Repara que eu nunca disse que o CCB deveria ter sido construído em estilo manuelino. Foste tu que mencionaste que "seria lindo" se assim fosse, logo aproveitei para o utilizar como exemplo. O CCB poderia manter a arquitectura "moderna", e mesmo assim coadunar-se de modo bem mais harmonioso com a paisagem envolvente. Acho que chamar "arejado" ao CCB faz com que muitas outras construções que até hoje considerava sólidas, mas bem proporcionadas, passem a ser consideradas como "túneis de vento".
Mais uma vez, e é a ultima em que o vou dizer, não estou a falar da funcionalidade do espaço, que eu próprio frequento.
E esta questão só não tinha ponta por onde se lhe pegasse dentro da limitação com que encaraste o que disse. Os exemplos aqui serviam apenas para ilustrar situações passíveis de generalização, e confrontar o choque demasiado obtuso entre o dito "moderno" e o "antigo" (ou será "antiquado"?), que se verifica em algumas zonas de Portugal.
E já agora, convinha que enfiassem aqui pelo meio mais umas quantas opiniões pessoais sobre as aberrações de Portugal, caso contrário isto transforma-se num debate ping-pong.

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enganestete danibanger, aberraçao nao e este que pus e que e, grande homen pinto da costa
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Última edição por misanthropy666 em terça jun 26, 2007 8:35 am, editado 3 vezes no total.
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