Draconivs ScadinaVvs Escreveu:Eu não digo reduzir o nº de deputados, mas por que raio hão-de eles auferir tanto, se a maior parte deles está lá só a fazer número? Perdoem a minha eventual ingenuidade, ainda sou relativamente verde nestas coisas de análise política, mas quando vejo os debates na tv parlamento e são sempre os mesmos a intervir, no meio de tantos outros, há algo que não faz sentido aqui
Bem, há uns que falam e a falarão sempre mais que outros, e há no site do parlamento, se não estou em erro, informação relativa ao número de intervenções de cada deputado individual. Normalmente, se vês o debate quinzenal, ou uma votação de lei crucial na ARtv, vão ter mais destaque os líderes parlamentares, mas nas outras questões, se apanhares a ARtv ao acaso hás-de perguntar "quem raio é este gajo" mais vezes, se por exemplo, for uma votação sobre a atribuição de subsídios aos plantadores de couve de Catraponas do Alguidar. O trabalho deles também não se limita às discussões, também se criam comissões parlamentares, e grupos de trabalho legislativos. São também eleitos por região, daí teres tido há alguns anos aquele caso do gajo do queijo Limiano, que que me lembre, só participou na Assembleia para falar de queijo, vindo teoricamente com a missão de defender os interesses regionais. Portanto, que um deputado passe o seu mandato calado quase todo o tempo não quer por força dizer que não trabalhe. Também não quer dizer que trabalhe, mas isso seria outra questão.
Os salários, parecendo que não, são um bom princípio, pelo menos na teoria, porque através das listas partidárias, qualquer cidadão pode teoricamente ser deputado. Se cortasses todos os apoios de custo e os tivesses a trabalhar pelo salário mínimo, ou pro bono, estarias, no papel, a barrar a entrada ao parlamento de todos aqueles que não se pudessem dar ao luxo de ficar vários anos sem receber e a consequência os únicos a desempenhar os cargos seria um senado de ricos. Que me lembre, de repente, tanto PCP como CDS tiveram por várias ocasiões gente de origem "humilde" no parlamento. O Jerónimo de Sousa é um exemplo, que começou a sua vida profissional como operário fabril, e foi deputado ainda com essa profissão. Se o cargo não fosse pago, nuca teria posses para o exercer. Independentemente do que se possa pensar da pessoa em questão, que um operador de maquinaria tenha o mesmo direito ao cargo que um Doutor Juiz é um exemplo de que o sistema está, em teoria, aberto a todos e não apenas a uma elite.
Agora, é evidente que isto é na teoria, e que o exemplo acima é uma excepção na regra, e que há um carreirismo e elitismo instalado na classe política. E no meio disto tudo tens situações completamente indefensáveis, como o da Assunção Esteves ser reformada aos 40, mas estar a trabalhar, e a acumular pensão com subsídio, ou as imensas mordomias de que todos os deputados vão gozando. Mas no meio de todos os populismos, há "regalias" que têm o seu sentido e razão de ser, por muito que possam estar agora a ser abusadas.