Política - Discussão ou algo do género.

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raxx7
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » sábado jun 09, 2012 1:20 pm

O Estado ficou mais caro.

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Como podem ver, a tendência de subida da dívida pública começou logo em 2000, antes da crise financeira, dos cortes de rating e do disparar das taxas de juro.
Mas, talvez ainda mais importante que o que está naquele gráfico... é o que não está.
Nesta última década, os governantes usaram e abusaram da desorçamentação.
O Estado assumiu compromissos em PPPs que, segundo o Carlos Moreno, custarão 30 a 50 mil milhões de euros. Não estão ali.
Houve vários investimentos feitos com recurso ao endividamente de empresas públicas: o Metro do Porto (~2500 milhões de euros), caminhos de ferro etc. Não estão ali.
Também não está ali o défice continuo (o financeiro e o operacional) de empresas públicas.
E com excepção do défice financeiro das empresas públicas, isto é tudo dívida novinha, que não decorre dos juros de dívida antiga.

É um caminho insustentável, mesmo com taxas de juro de 0,1% como a Alemanha consegue.

E particularmente insustenvável, se o virmos à luz do estado da economia, que é A fonte de receita do Estado.
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Grimner
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » sábado jun 09, 2012 2:08 pm

Mas aí entramos num caminho que não é fácil de destrinçar, que é a medida em que é o estado em si que se torna insustentável, ou se é a sua gestão que é insustentável. E aí entramos no tal campo que aflorei apenas ao de leve do dito divórcio entre os governos e as suas populações (que tem de se aplicar aqui o plural, uma vez que não faz grande sentido estar a culpabilizar apenas "x" governação quando este divórcio é geral. As PPP que atiram com os custos para a parte pública e os lucros para a parte privada são apenas a face mais visível desse problema).


E pode-se ver e analisar (deve-se, até) a eficácia na gestão do nosso estado social. Pode-se e deve-se falar de criação de uma base sólida em que esse estado assente. O que não significa:

- confundir essa análise com a rejeição do estado em si ( É importante notar que os estados sociais por "excelência" não têm dívidas públicas relativamente baixas como até as vão conseguindo diminuir e navegaram a crise com relativamente poucos sobressaltos).

- Minorizar o peso dos mercados na crise da dívida ( como explicar de resto que por quase toda a Zona Euro se dispare de uma média de 63-66% de endividamento para valores nos 79%-83% em apenas 3 anos, e isto mesmo em economias poderosas como a Alemanha) e em que medida são parte da solução ou parte do problema ( acho que nem preciso de repetir aqui o meu ponto de vista)

- Que se deixe fora do prato o dito divórcio feito pelos governos "rotativistas" entre o seu dever de representatividade e os interesses que têm vindo cada vez mais a servir. Porque isso é importante e influi tudo o resto. De um tal divórcio resultam modelos governativos que não representam as populações ou os seus interesses, que servem clientelismos e tráficos de influências que vão criando o tal lastro que nos sobra a nós pagar, e resulta acima de tudo numa crise tremenda, que suplanta em muito a economia e afecta profundamente os valores democráticos.
Eu já vi o raxx num papo seco
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » sábado jun 09, 2012 4:22 pm

De facto, se o Estado é insustentável ou se o tornaram insustentável são outros quinhentos.
Mais mais, não é o "Estado Social" que é insustenvável, é o "Estado que temos" que é insustenável.
Até o ministro das Finaças concorda: http://www.dn.pt/politica/interior.aspx ... id=2151061
E alguns CEOs americanos também concordam e queixam-se que na Europa o Estado garante aos trabalhadores um plano de protecção (saúde, reforma, desemprego) que nos EUA acaba por custar os olhos da cara às empresas.

Em termos tão simples quanto isto, e citando um amigo meu, o Estado deve funcionar como um organização sem fins lucrativos: sem lucro mas também sem défice.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Zelo » sábado jun 09, 2012 10:14 pm

.
Última edição por Zelo em quarta out 10, 2012 11:17 am, editado 1 vez no total.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » domingo jun 10, 2012 2:10 am






bahahahahahahahahahaha :|


Obviamente que "não há alternativa". Que a culpa é dos anteriores. Que etc etc etc. Como se nada disto fosse inteiramente intencional e deliberado.
Eu já vi o raxx num papo seco

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor phbz » domingo jun 10, 2012 11:46 am

A culpa é dos abrilistas espanhóis. Aposto que quando foi o 25 de Abril ninguém imaginou que ia causar uma crise mundial.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor spiegelman » domingo jun 10, 2012 12:45 pm

A culpa do resgate espanhol é do Vasco Gonçalves!
"Sim, esta veio do silêncio E livres habitamos a substância do MU!" (HumbertoBot)

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Indigente » domingo jun 10, 2012 1:21 pm

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Tinha mais piada se não fosse uma situação tão comum.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Audiokollaps » domingo jun 10, 2012 9:46 pm

Matriz com as cargas horárias para ano letivo 2012-2013


Feita uma primeira análise ao documento que as escolas receberam na
última sexta-feira relativo às cargas horárias para o próximo ano
letivo , pode afirmar-se o seguinte:


1. A disciplina de EVT é extinta, a Educação Tecnológica (3.º Ciclo)
perde caráter obrigatório, a Formação Cívica e o Estudo Acompanhado
são eliminados, os desdobramentos nas Ciências da Natureza desaparecem
e a alternância entre Ciências Naturais e Físico-Química (3.º Ciclo)
continua a não ser bem esclarecida, há horas que são reduzidas no
Ensino Secundário, tanto em disciplinas de caráter geral, como
específico.


2. Como novidade surge a atribuição de cargas horárias semanais
inferiores às atuais, e também às que eram propostas na última versão
apresentada pelo MEC. Assim:


No 2º Ciclo do ensino básico:

- “Línguas e Estudos Sociais” perde 40 minutos; “Matemática e
Ciências” perde 55 minutos; o MEC, depois, atribui às escolas o ónus
de decidirem entre assumir estas reduções, manter tudo na mesma ou
aumentar a carga horária de uma área à custa da(s) outra(s). Como
compaginar decisões, que poderão ser muito diferentes, com a
manutenção dos atuais programas e com a existência de exames
nacionais? O MEC não esclarece;

- Na designada “Educação Artística e Tecnológica”, no que respeita aos
horários dos docentes, são perdidos 180 minutos semanais com o fim da
EVT;

- O horário de trabalho dos docentes vai agravar-se com a
transferência do “Apoio ao Estudo”, hoje “Estudo Acompanhado”, para a
componente não letiva.


No 3º Ciclo do ensino básico:

- Destaca-se a redução de horas para a área “Expressões e Tecnologia”,
que inclui Educação Visual, TIC/Oferta de escola, Educação Física. A
Educação Tecnológica, na melhor hipótese, entrará na chamada “oferta
de escola”;

- O “Português” e a “Matemática” têm, como cargas semanais propostas,
menos 25 minutos do que atualmente e a área das “Ciências Humanas e
Sociais”, que inclui a História e a Geografia, afinal, em nenhum ano
atinge a carga que havia sido anunciada pelo MEC. No 7.º ano, o
reforço não vai além de 20 minutos.



No Ensino Secundário:

- Há uma perda generalizada de tempo, num total de 110 minutos, que
corresponde à margem de gestão dada às escolas para atingirem cargas
semanais máximas e iguais às que vigoram;

- O “Português”, no 12.º ano, afinal só terá um reforço de 20 minutos.



3. São ainda divulgadas as designadas “matrizes” dos cursos
profissionais e dos cursos científico-humanísticos do ensino
recorrente (o tal cujas turmas apenas se constituem com um mínimo de
30 alunos, se extinguem com 25, mas podem atingir 59!) destacando-se,
neste caso, a perda de 90 minutos semanais (270 para 180), nos 10.º e
11.º anos, na disciplina específica trienal;


4. Fica por explicar como se organizarão as escolas na atribuição de
tempos por disciplina que, segundo o MEC, terão a duração que for
entendida. Não se trata apenas da não coincidência de intervalos, será
a própria sequencialidade das disciplinas (nas turmas e ao longo do
dia) que será de difícil coordenação.


Dia 1 de Setembro de 2012 - O dia do maior despedimento em massa da história portuguesa.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » domingo jun 10, 2012 11:48 pm

spiegelman Escreveu:A culpa do resgate espanhol é do Vasco Gonçalves!



lol e lol ao phbz também.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » domingo jun 10, 2012 11:51 pm





Melhor discurso que já ouvi, como diz o título não o será, decerto. Mas enorme chapada de luva branca especialmente se se souber ler entrelinhas.



Quanto tempo até o Sol ou o Correio da Manhã divulgarem o salário deste senhor?
Eu já vi o raxx num papo seco

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Sir Sardine » segunda jun 11, 2012 1:15 am

Forte.

Gostei especialmente das palavras que dirigiu ao ensino e às universidades. Liberdade e independência no ensino Superior são, ou deviam ser, uma imposição em qualquer sociedade que tenha a mínima pretensão democrática.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda jun 11, 2012 1:56 am

Ou não tivesse feito este senhor do ensino o seu cavalo de batalha.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor napenum6ra » segunda jun 11, 2012 10:58 am

Grimner Escreveu:... E aí entramos no tal campo que aflorei apenas ao de leve do dito divórcio entre os governos e as suas populações (que tem de se aplicar aqui o plural, uma vez que não faz grande sentido estar a culpabilizar apenas "x" governação quando este divórcio é geral. As PPP que atiram com os custos para a parte pública e os lucros para a parte privada são apenas a face mais visível desse problema).
...


Não sei até que ponto podemos considerar que houve um divórcio. Parece-me mais que a população é um filho deixado à sua sorte e sem direito a opinar democraticamente nesta família portuguesa. Excepto, claro, por alturas do acto eleitoral. E nessa altura sim há realmente um divórcio da população, mas talvez porque muita gente já percebeu que só existem, politicamente, nesse acto. O que não devia, ainda assim, de lhes tirar a vontade de "falar".
E esta democracia não está a funcionar. A assembleia não representa a população, representa apenas os partidos e toda a sua luta partidária.
Enquanto a luta partidária estiver à frente dos interesses da nação, não há solução à vista!

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Venøm » segunda jun 11, 2012 5:54 pm

Sei que isto não tem muito a ver com política. Tem mais a ver com políticas mas é um episódio que presenciei que me deixou no mínimo chocado com o facto de como as pessoas, especialmente os idosos são tratados nos hospitais.

Estava a passar de carro em frente ao Hospital de Setúbal aí por volta das 11 e picos da noite. Vinha mais um colega e a namorada no carro quando vemos uma senhora de idade a poucos metros da entrada do Hospital.

Ficamos um bocado a olhar para aquele espectáculo de dentro do carro e a ver se alguém vinha acudir pois também tínhamos receio de se tratar dum embuste. Nisto a senhora levanta o braço e faz-nos um sinal muito débil.

Não havia ninguém nas imediações então saímos do carro e fomos ajudar a senhora. Víramo-la, tentamo-la sentar, a coitada nem se conseguia mexer e a falar parecia uma coisa estranha. Estavamos a pensar que ela estava a ter uma trombose. Abrimos a porta do carro e sentamo-la lá. Perguntamos-lhe se se sentia bem, demos-lhe agua e quando dissemos que iamos chamar a ambulância ela muito baixinho, devido a fraqueza com que estava, disse-nos: "não se incomodem que eles não vêm, preciso de ir para casa que a minha vizinha trata de mim".

Pá, ficamos ali um bocado até ela ganhar forças e então o que tinha sucedido foi que ela foi lá para um tratamento que faz frequentemente, esteve lá a espera, e basicamente so foi atendida aquela hora tardia e de ha algum tempo para cá perdeu o direito a transporte. A senhora vive sozinha.

O que aconteceu, segundo ela foi que lhe deram umas injecções e puseram-na a andar. Daí a razão por estar assim. Ela diz que vinha a sair para apanhar o autocarro ou um taxi e caiu e já não se conseguiu levantar.

Esteve ali a volta de 1 hora no chão sem passar vivalma. Foi a consulta, injectaram-lhe umas drogas quaisquer do tratamento e "vá, ponha-se a andar" sem a monitorizar nem nada.

Pronto, depois demos boleia a Senhora no nosso carro até arredores da praça de touros. Ela conseguia ir com atenção suficiente para nos indicar onde morava. Tocamos a campainha e vem a vizinha a porta preocupada, também uma senhora de idade avançada, abrir-nos a porta e lá deitamos a senhora na cama.

A casa era de uma pobreza descomunal. Uma casa velhinha cheia de pó (com aquela idade não consegue limpar aquilo obviamente).

Ainda perguntamos se queria chamar um medico que a gente esperava, ela obviamente já sem qualquer fé no corpo médico teimosamente recusou, que diz que é frequente sentir-se fraca, agradeceu-nos imenso.

Seguimos caminho.


Pá, eu não sei que raio de hospitais são estes. Que raio de médicos são estes que não estão atentos as sensibilidades das pessoas em dificuldades. Parece que voltamos aos tempos da gehena onde só falta mandarem os velhos para uma lixeira para morrerem.

Este Hospital de Setúbal sinceramente gasta mais dinheiro em seguranças do que em disponibilidade dos docentes.

Percebe-se bem porquê.

Absolutamente asqueroso e revoltante. Só tive pena de não me ter lembrado de filmar o sucedido e publicar. Mas mais uma vez duvido que fosse servir de muito.


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