Política - Discussão ou algo do género.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda abr 22, 2013 3:00 pm

Cthulhu_Dawn Escreveu:Ele até consegue intercalar um ou outro argumento que até podem ser considerados válidos ou, pelo menos, susceptíveis de poderem ser um contributo interessante numa discussão deste género.

Claro que fica tudo borrado com esse género de declarações.

A entrevista, em si, até é interessante e nem é imbecil por aí além, como algumas no "i" têm tendência para ser.



Terão a sua pertinência num vácuo, ou num ambiente "estéril" onde não se ataque activamente o emprego. Mas, pegando na entrevista, acaba de novo por se resumir tudo à mesma meia dúzia de lugares comuns pontuados por desconhecimento da realidade laboral do país. E aqui interrogo-me de facto se alguém que é CEO de uma empresa é burro e ignorante que chegue para revelar o desconhecimento tão gritante da realidade do mercado de trabalho que ele revela nesta entrevista, ou seja assim tão desconhecedor da realidade política que ele defende (e por muito que o negue e alegue "ingenuidade", há uma componente extremamente ideológica no que ele afirma).

O que se poderia tirar de positivo é a conclusão auto-evidente de que em muitos casos, o ensino quer obrigatório quer superior têm deficiências na preparação para a integração no mercado laboral. O resto vacila pelo Hubris típico dos self made men que acham que o que resulta para um, pode resultar para 100 (esquecendo-se claramente dos 100 a quem esse discurso não se aplica até porque nenhuma sociedade acomoda 100 Mark Zuckerbergs), numa espécie de pensamento formatado que é tão mais pernicioso por se mascarar de inovador. E salta, na sua análise acessória, por cima das questões essenciais do desemprego, do que são condições dignas para trabalhar ou até mesmo o facto de que estamos no topo (acho que em 4º) da lista no que a trabalhadores por conta própria diz respeito. Esse dado é uma de duas: Ou temos uma brutal taxa de empreendedorismo, ou temos uma brutal taxa de trabalhadores a recibos verdes mantidos nesse estatuto indefinidamente e sem qualquer tipo de apoios ou salvaguardas sociais. É que isto do desemprego elevado é excelente para as empresas que podem assim reduzir drasticamente os custos do factor trabalho. E aquilo que fica aqui em causa nem é tanto o não se querer trabalhar, mas porque é que se quer trabalhar em condição de recibos verdes, deixando 50% do que se ganha em impostos, sem que a empresa desconte TSU pelos nossos serviços, e sem se ter direito a baixa por doença, férias, descontos para a reforma ou sequer à garantia que o empregador nos não despeça sem justa causa. mas claro, pensar nisso é de novo aquela mania absurda dos direitos.

Como também tem o seu quê de irónico e de ignorante as comparações à Dinamarca ( que tem políticas de flexibilização laboral, sem dúvida, mas que são acompanhadas de um forte apoio e rede de segurança para que dessa flexibilização não resultem trabalhadores desprotegidos ) ou aos EUA ( que curiosamente foram vendo a sua hegemonia produtiva esboroar-se à medida que foram largando as medidas de apoio à sua classe média e foram adoptando esta filosofia do cada um por si).

Mas enfim, realmente revelador é o momento em que o entrevistador pergunta com alguma pertinência se o modelo do Impulso jovem não pode ser uma perversão do mercado de trabalho, alimentando a preço de saldo as empresas com mão de obra qualificada e facilmente substituivel e a resposta se resume essencialmente a um isso não interessa nada. É que até interessa, resta é ver a quem.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda abr 22, 2013 3:08 pm

Lapeno Enriquez Escreveu:O batepunho é um teórico ao nível dos académicos deste governo: muito papel e pouco bater punho, ironicamente. Para quem diz que não percebe de política o gajo é um grande político, daqueles que diz que é preciso A e B, ser e acontecer mas depois «tá quéto» que isso é para os outros.




... e se tivesses escrito isto antes de eu ter começado a minha resposta, era meia hora de vida que eu poupava, que bastava citar verbatim.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Lapeno Enriquez » segunda abr 22, 2013 4:55 pm

Lamento. Na minha profissão ensinam-nos a ser sintéticos :)
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor aftermath » segunda abr 22, 2013 5:42 pm

António Costa chiba-se à grande na "Quadratura do Ciclo":

"(...) A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.

E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.

Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer? podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!

A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.

Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.

Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.

Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Lapeno Enriquez » segunda abr 22, 2013 7:42 pm

António "La Pallice" Costa cimenta candidatura a primeiro-ministro :naughty:
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Enigma » segunda abr 22, 2013 7:43 pm

Essas declarações são do Quadratura do Círculo desta semana?
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor aftermath » segunda abr 22, 2013 8:21 pm

Penso que sim, no máximo no programa da semana passada. Sendo constatação do óbvio, a importância não está tanto no conteúdo mas em quem as proferiu.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Enigma » segunda abr 22, 2013 8:23 pm

Deve ser desta semana, já que na semana passada eu vi e ele não fez essas declarações.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor HFVM » segunda abr 22, 2013 10:25 pm

Essas declarações têm mais de um mês. Foram ainda antes da cena Costa/Seguro.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Francis » terça abr 23, 2013 12:43 am

Imagino que já esteja em pré-campanha, mas até foi bem dito e não concordo que seja uma verdade de la palice.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Brilhando » terça abr 23, 2013 2:20 pm

Ora bem, uma pesquisa rápida revelou que a parte inicial da transcrição acima foi retirada efectivamente da Quadratura do Círculo (de 29-11-2012). No entanto, a parte que foi dita pelo António Costa termina em “E é isso que estamos a pagar!”. Podem ver os minutos finais da Quadratura do Círculo onde o António Costa profere essas palavras aqui. A parte a seguir que começa com “A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise” é uma cópia integral de um artigo de opinião do Paulo Morais no Correio da Manhã em 16 de Outubro de 2012 intitulado “A culpa é do polvo” e nada tem a ver com o António Costa.

A Internet é pródiga na propagação deste género de coisas, e as pessoas serão sempre muito crédulas quando ouvem o que alguém diz o que elas querem ouvir (Artur Baptista Silva… hello?).

Não obstante, vou tecer alguns comentários sobre as declarações efectivamente da autoria do António Costa:

A decisão de Portugal se juntar a CEE (na altura) foi uma decisão dos governantes políticos portugueses da altura. Coube aos governantes portugueses negociar a adesão, avaliar os prós e os contras e decidir aderir ou não. Portanto, realmente não foi ao acaso. Foi uma decisão dos decisores políticos da altura.

Não tenho dados para comentar o “desmantelamento” da industria textil em Portugal, embora tanto quanto saiba ainda parece ser um sector com expressão. De qualquer maneira, a abertura dos mercados parece-me positiva. Afinal de contas, abre também o caminho às exportações portuguesas e beneficia os consumidores portugueses.

A orientação dos investimentos públicos e privados foi ultimamente uma decisão da responsabilidade política (no caso dos investimentos públicos) e uma decisão de negócio (no caso dos investimentos privados). É a mesma coisa que dizer que a empresa que fez uma promoção de um determinado produto é responsável por eu me ter endividado para comprar esse mesmo produto.

“Agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses” - hmmm… quando se refere aos portugueses estará a referir-se ao cidadão comum ou aos governantes portugueses?

“União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar” – está-se a referir à Alemanha? Sem mais comentários…

Finalmente, onde é que o António Costa andou estes anos todos?…


via O Insurgente
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » terça abr 23, 2013 3:47 pm

É raro rir-me com alguma coisa que saia d' O Insurgente, mas enfim... :lol:

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor aftermath » quarta abr 24, 2013 12:50 pm

Brilhando Escreveu:
Finalmente, onde é que o António Costa andou estes anos todos?…


Esta também é constatação do óbvio!
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor napenum6ra » quarta abr 24, 2013 3:06 pm


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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Enigma » quarta abr 24, 2013 4:12 pm

Operação Apagão Nacional:

Operação Apagão Nacional já pode ter começado com ataque ao site do PSD Aveiro
Os protestos online estavam marcados para amanhã, 25 de abril, mas a onda de contestação pelas medidas de austeridade e pelo estado do país pode já ter feito uma vítima.
A página online da divisão distrital de Aveiro do PSD pode ter sido alvo de um ataque informático naquela que é a primeira iniciativa relativa ao Apagão Nacional convocado para o dia 25 de abril. O grupo de hackers Sud0H4k3rs reclama a autoria do ataque que consistiu numa deformação visual do site.


http://tek.sapo.pt/noticias/internet/op ... 13117.html
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