Brincadeiras de Praxe

Razor
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Mensagempor Razor » quarta out 20, 2004 9:35 pm

James, infelizmente a reportagem nao abrangeu 2 ou 3 repolhos mas um grupo de umas 20 pessoas, dessas uma meia duzia nao sabia quem era o PM e as restantes mostraram completa ignorancia em questoes de cultura geral (ex: apenas 1 ou 2 sabiam o que foi o Dia D). Se vos pareceu que eu generalizei nao era essa a minha intençao mas acho triste que pessoas adultas que frequentam a faculdade nao saibam quem é o PM. Na faculdade encontra-se de tudo, de ignorantes a gente culta mas nao acredito que no tempo do Antero existisse 1 só estudante universitário que nao soubesse quem eram os seus governantes! Por isso mantenho que o 3º argumento do Vento_Nocturno está muito ultrapassado.

Bronze [RIP]

Mensagempor Bronze [RIP] » quarta out 20, 2004 9:41 pm

Sabes quantas faculdades e cursos havia no tempo do Antero?
Sabes quantos cursos há agora?

Faz a analogia para o metal onde também tens tanta porcaria.

Ermo [RIP]

Mensagempor Ermo [RIP] » quarta out 20, 2004 9:48 pm

Mas ainda nao percebi o que é a "Estupidificação" dos estudantes tem a ver com a Praxe.

Razor
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Mensagempor Razor » quarta out 20, 2004 10:10 pm

James, se leres o post do Vento_Nocturno e os seguintes entendes o desenvolvimento do assunto. Bronze, compreendo que actualmente existe muito mais gente a entrar para a faculdade mas nao existe desculpa para a ignorancia; talvez tivesse sido mais correcto se eu dissesse que nao acredito que no tempo do Antero existisse um só portugues adulto que nao soubesse quem eram os seus governantes.

Ego Liberare [RIP]

Mensagempor Ego Liberare [RIP] » quarta out 20, 2004 10:45 pm

Eu diria que a própria praxe é um bom exemplo dessa estupidificação. Uma boa ilustração é o tipo de humor que se vê nas praxes. Apuradíssimo e muito inteligente, de facto. Haja um mínimo de bom gosto e não se promovam tais rituais de boçalidade. Venham as tertúlias, sempre são mais construtivas.

Diria também que um dos problemas de base é o próprio perfil dos estudantes universitários. Parece-me que muitos dos que lá andam seriam mais felizes a fazer outra coisa qualquer. Por favor, se a presença de alguém numa univ não contribui em nada quer para o seu crescimento pessoal, obtenção de qualificações e restantes objectivos a que se deveria propôr no momento em que lá entra, mais vale tentar outra coisa.
E é óbvio que generalizo. Generalizamos todos quando falamos de um assunto qualquer, não me venham com essa.

O que eu quero dizer resume-se ao seguinte (para não correr o risco de ver as minhas palavras deturpadas outra vez):

Não há união estudantil quando ela é realmente precisa, quando é preciso fazer algo em defesa dos direitos da classe dos estudantes universitários.
Acho intolerável que sendo assim venham a promover práticas de ética por vezes muito questionável em prol dessa mesma união. É coisa de meninos inconsequentes e pouco sérios.

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Vento_Nocturno
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Mensagempor Vento_Nocturno » quinta out 21, 2004 12:00 am

Definitivamente devia ter estado quieto...

Ego eu sou licenciado há 10 anos pelo ISCTE, fui da AAEE (talvs das melhores que houve - Politica mas nao partidaria, sem presidente e com 5 coodenadores e tinha gente simpatizante desde o entao PSR ao PSD) , fui da Tuna, da Assembleia de Escola e da RGA, conheci gente de todos os quadrantes politicos e de faculdades do País. Sou do tempo em que surgiu a questao das propinas, distribui panfletos de manha nas escadas do metro do colegio militar, andei nas manifs e nas organizações das mesmas. Também andei à chuva pela paz em Timor aquando do massacre do cemitério de santa cruz.

Vivi com relativa intensidade a minha vida academica, fui praxado e praxei e consegui acabar o meu curso em 5 anos (na altura era de cinco).

Conheci gente brilhante por esse pais de muitas orientações politicas.

Posso falar por isso com algum conhecimento de causa e com alguma amplitude a nivel nacional.

A união dos estudantes nao depende das tradições em Lisboa é um facto o problema principal deriva regra geral das influencias politico partidarias exogenas. Os interesses presentes são muitos e regra geral quem partia as uniões relativamente precarias nas contestações eram exactamente os "que mais contestavam e atacavam" o objecto da luta...

Por outro lado já a tradição em coimbra permitia à AA a mobilização necessaria para a luta em deslocações a Lisboa e que tanto contribuiram para a luta na altura.

A praxe e a tradição académica ou o envolvimento na vida académica em nada determinam a apetencia dos estudantes para o seu enriquecimento e aprendizagem. Concordo contigo que o que o determina é o perfil do estudante mas isso infelizmente reflecte a nossa sociedade... basta observares os politicos ou o comportamentos das massas nas clubites de futebol.

Relativamente à união (e muito provavelmente no que diz repeito ao ISCTE) a mesma é dificil ou impossivel qdo as pessoas se antagonizam e ostracisam se calhar mutuamente no dia a dia. No meu tempo independentemente das ideias repeitavam-se as pessoas e as suas opinioes favoraveis ou não.

Por acaso há um par de semanas fui lá à noite (já lá não ia há uns anos) ter com gente da tuna do antigamente e o que me disseram (nao sei se verdade ou não) é que as "relações institucionais" entre grupos/organismos de estudantes não eram lá muito saudaveis nem de cooperação e a tolerância andaria no limite... outros tempos e outras vontades...

A proposito na altura a posição do corpo discente (aprovada em RGA) era nao contra o aumento mas sim contra a existencia de propinas era uma questão de principio. Obviamente que nem todos concordavam e havia os que estavam de acordo com o aumento das propinas. Não foi por isso que nao houve mobilização institucional nem foi por isso que alunos isolados (que sei partidarizados) que supostamente estariam do nosso lado nao vinham sabotar e separar o esforço colectivo.

A verdade pura ninguem conhece e aquela em que acreditamos deriva da nossa prespectiva, matriz de valores e experiencias (etc...)

Nem todos os adeptos das praxes são vazios e sacanas burros nem todos os que as combatem sao tipos porreiros e consciencializados da sociedade. Aconselho-te vivamente a combateres os estereotipos. E não, não estou a dizer que deves ser a favor das praxes.

Merda da piorzinha há em todo o lado e disso nao tenhas a minima dúvida. Mas também acredita que tens gente como deve ser em qualquer grupo.


Para mim o meu tempo de estudante universitário foi a altura mais enriquecedora da minha vida especialmente porque tive contacto com gente muito diferenciada, com gente inteligente e com gente burra. Foi também certamente a altura em que a minha mente mais se abriu a ideias e concepções diferentes das que eu tinha e algumas das minhas crenças mudaram pelas experiências que vivi. Mas provavelmente isso (no meu caso) aconteceu pela forma "alegre e jovial" com que abracei esse periodo da minha vida; sem preconceitos nem posturas fechadas perante o que me rodeava. Assumi-a como uma altura de formação, apreensão da mundo e evolução ( o sentido poderá ser discutivel obviamente, mas foi!).

Muita gente nao me gramava mas muita gente tb me gramava e alguns dos meus amigos de vida encontrei-os lá. Tenho demasiadas recordações boas e más desse periodo e por isso tentei abster-me de participar até porque a adesão ou não ao conceito das praxes é algo que para mim pode ser perfeitamente defensável ideologicamente, por qualquer dos lados sem se entrar em caracterizações estereotipadas sobre os individuos que as defendem.

Recordo-me perfeitamente de uma pessoa de outra faculdade que na AAL muitas vezes tinha ideias opositorias às minhas mas que sempre as defendia de forma correcta e inteligente e cujas palavras deixo aqui.

"Eu discuto ideias não discuto pessoas"


\00/

AKM T. [RIP]

Mensagempor AKM T. [RIP] » quinta out 21, 2004 4:11 am

Coimbra tem uma tradição muito forte no que toca a praxe, acho que cada um a encara como quiser conforme a sua experiência e não naquilo que ouve dizer ou assiste em shows mediáticos. Eu aceitei-a na altura, e quando achei que não se adequava simplesmente recusei, hoje possivelmente negava-me. Não praxei ninguém nem tal vou fazer, não partilho de grande "feeling" académico por opção própria e acho um desperdício de tempo e energia, não me abre nem mais nem menos portas para a minha construção pessoal fora do estudo. Vida social já a tinha, já "vivia" a minha vida por assim dizer antes de entrar no ensino superior, respeito a experiência e motivações de cada um. Se estudasse na Universidade eventualmente podia ter outra atitude, e opinião.

O Vento Nocturno disse imenso, claramente, e de uma óptica também pessoal acerca não só do que se passa com a praxe mas com todo o meio que ela integra e como se estrutura, ou estruturava. Há que o compreender e penso que dúvidas se dissipam.

Svandis [RIP]

Mensagempor Svandis [RIP] » quinta out 21, 2004 8:17 am

Passei 5 anos na faculdade e sinceramente n tenho recordações. Nem boas nem más, n tenho recordações. ás x parece q esse tempo nem seker aconteceu...
E fiz parte da comissão instaladora da AE, e cenas assim. Praxei os caloiros e fui das veteranas mais nojentas e cabras q nesses dois anos andaram a fazer praxes. Por as ter feito e saber o q fiz, n sou mto favoravel á ideia subsequente de ter um grupo de pessoas a mandar noutro grupo de pessoas... O Vento teve uma excelente experiencia universitaria, outros n terão tido...
Lá, está, isto é como dizia o Herman, as opiniões são como as v... e kem ker dar dá!!!

Bronze [RIP]

Mensagempor Bronze [RIP] » quinta out 21, 2004 8:45 am

Acho que disseste tudo Svandis.
Praxaste mas não sabias o que andavas a fazer... como tu muita gente.

Conhecias o código da praxe? Obviamente não. :cry:

Deathmachine [RIP]

Mensagempor Deathmachine [RIP] » sexta out 22, 2004 5:34 pm

[quote="James"]Mas ainda nao percebi o que é a "Estupidificação" dos estudantes tem a ver com a Praxe.[/quote]

Embora, em linhas gerais, concorde com a visão do Vento_Nocturno, não posso coibir-me a deixar aqui as minhas impressões pessoais acerca do assunto que, por serem de índole mais pessoal, talvez não encontrem reflexo senão nos comentários mordazes (confesso que não evitei traçar paralelos sempre que os lia) da/o Ego Liberare mas, e em resposta ao comentário do James, importa realçar um ou dois pontos retirados da minha própria experiência.
Estou no 2.º ano do curso de Economia da Universidade de Évora (parece-me que não havia ainda nenhum 'comentador' desta insigne e muito maltratada instituição) e recusei-me peremptoriamente a qualquer praxe. Segundo a tradição da Universidade (que não pode, obviamente, abarcar outras Universidades, cursos ou tradições), um anti-praxe é um insulto ao orgulho da "comunidade académica". Durante cerca de 4 horas, fui incessantemente massacrado com os argumentos mais idióticos que já ouvi, sem que daí se produzisse algum efeito na minha opinião. Essa atitude granjeou-me algumas inimizades mas também me permitiu travar conhecimento com outras de uma forma paralela à usual relação entre o "veterano" e o caloiro. Pude, desde essa altura, constatar e verificar que a praxe, pelo menos no meu curso, é francamente nociva a um bom início do desenvolvimento académico. Os meus colegas foram praxados durante um mês sem que lhes fosse permitido frequentar qualquer aula ou conviver com outros colegas que não estivessem a ser praxados senão de forma condicionada. Sendo o único 'anti-praxe' da turma, frequentei as aulas durante o já referido mês com alunos de anos mais avançados (também vítimas do 'logro' das praxes) tendo, por isso, sido o único aluno da minha turma a fazer todas as cadeiras a que estava inscrito. Se isso não traça uma relação notória ou, pelo menos, muito forte entre a praxe e o insucesso escolar, então, não sei o que o fará.
De resto, posso afirmar que me integrei mais depressa na Universidade e na estrutura social/académica do curso que qualquer um dos meus colegas, já que me permiti ter uma relação de igual para igual com pessoas dos outros anos desde o início do ano, o que a eles lhe estava vedado.
Apesar de não estar "contra" a prática em si e crer que cada um é livre de fazer aquilo que bem entende, conquanto não viole a liberdade alheia, não estou de acordo quando se diz que é a forma mais eficiente de integração e estabelecimento de relações sociais até porque, como dizem os meus colegas, só começaram a conhecer verdadeiramente quem os praxou depois de queimadas as máscaras.

Ermo [RIP]

Mensagempor Ermo [RIP] » sexta out 22, 2004 8:42 pm

No fundo o que questiono é o seguinte : Acabar com a praxe (por parte delas nao representarem o mesmo de outrora) ou lutar para que estas se mantenham, e passo a citar : "ligadas aos espiritos de boemia e tertulia, de discussão de ideias e das artes." ?

Ego Liberare [RIP]

Mensagempor Ego Liberare [RIP] » sexta out 22, 2004 8:46 pm

Deathmachine: ainda bem que puseste o teu exemplo, foi deveras ilustrativo. Disseste-o melhor do que eu.

SoND
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Mensagempor SoND » sexta out 22, 2004 8:58 pm

Na minha faculdade, a praxe é espectacular, conheço pessoal que nao conheceria se nao houvesse praxe. Todos os dias nos é dito que ninguem é obrigado a tar na praxe e k kem kiser nao precisa de ali estar.


Será dificil compreender isto. QUEM GOSTA VAI, QUEM NAO GOSTA NAO VAI. Sejam fieis a voces mesmos e façam akilo k bem entendam.


EU GOSTO!

Bronze [RIP]

Mensagempor Bronze [RIP] » sexta out 22, 2004 9:22 pm

Se não fosse a praxe eu nunca teria bebido 15 meios bagaços... :?

Deathmachine [RIP]

Mensagempor Deathmachine [RIP] » sexta out 22, 2004 10:02 pm

Nunca me poderei identificar com qualquer tipo de praxe na qual se estabeleça uma relação na qual o aluno mais velho tenha direitos ou se coloque acima do aluno recém-chegado. Se o objectivo é integrar, não seria mais simples fazer o caloiro sentir-se "em casa"? Seja qual for o tipo de praxe, a partir do momento em que há essa diferença de "hierarquia", limita-se (inicialmente, pelo menos) a relação que se estabelece a uma de subserviência ou inferioridade. A meu ver, não creio que isso possa ser benéfico. Mais até, pode dificultar-se a integração de uma pessoa a um ambiente totalmente novo ao fornecer-lhe uma primeira imagem hostil e de incómodo. Assisti, inúmeras vezes, a tentativas violentas de coacção (tanto física como psicológica) que resultaram em quebras emocionais dos intervenientes lesados.
Quanto à tertúlia e à discussão de ideias, não vejo em que é que isso dependa da praxe. Sei, por experiência própria, que é possível (e até mais provável) manter uma convivência rica em discussões sobre os mais variados temas num ambiente boémio regado a bagaço ou vinho abafado (o inevitável "Manel dos Potes" é uma referência, neste âmbito), sem que essa discussão dependa minimamente dos procedimentos ou práticas ditas académicas. Aliás, o que é frequente assistir-se nesse tipo de situação é a demonstrações infantis de ignorância ou tacanhez de espírito que redundam, invariavelmente, em comportamentos que envergonham os estudantes em geral. Como querem que se leve a sério um grupo de estudantes que são forçados a berrar em plena praça do Giraldo canções como "Somos umas putas, umas prostitutas..." e outras semelhantes?
Como dizia o Sérgio Godinho acerca deste assunto "Não é rastejando/Que se chega ao tecto".


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