Posta aqui que assim ele sobe? wtf.

[aetheria]

É que se fosse um miúdo branco a vestir a camisola ninguém repararia

Ninguém repararia (ou se importaria) porque ninguém chama macaco a pessoas brancas. Não é preciso grande discernimento cultural para saber que chamar monkey a um puto preto pode ser considerado ofensivo.

Eu se. Aliás, disse que compreendia a razão da polémica. Mas o que está errado não é isso, é a questão de fundo que leva à existência da polémica.

[Indigente]

... Há uns anos os pretos (pode-se dizer pretos?) entrarem nas discos enquanto os brancos ficavam à porta, com a ameaça de chamarem racistas aos porteiros. Não sei se continua igual.
Dá para tudo...

acabei de descobrir que os brancos em portugal são discriminados nas discos.

É que se fosse um miúdo branco a vestir a camisola ninguém repararia

Ninguém repararia (ou se importaria) porque ninguém chama macaco a pessoas brancas. Não é preciso grande discernimento cultural para saber que chamar monkey a um puto preto pode ser considerado ofensivo.

Eu se. Aliás, disse que compreendia a razão da polémica. Mas o que está errado não é isso, é a questão de fundo que leva à existência da polémica.

Chamaram macaco a um miúdo preto. Qual é para ti, a questão de fundo?

[Vooder]

Esta cena do políticamente correcto está a tornar-se realmente perigosa e até esquizofénica.
Ontem pela primeira vez numa reunião de professores fui corrigido por usar um termo no feminino.

[Space Prophet Dogon]

Ninguém chamou macaco a ninguém. Como é óbvio, monkey neste contexto é de brincalhão/traquinas e por aí.

Só que claro, quem é que quer saber disso quando se vê "macaco" e um miúdo preto na mesma imagem. Shitfest garantido.

[p41nk1ll3r]

Ninguém repararia (ou se importaria) porque ninguém chama macaco a pessoas brancas. Não é preciso grande discernimento cultural para saber que chamar monkey a um puto preto pode ser considerado ofensivo.

Eu se. Aliás, disse que compreendia a razão da polémica. Mas o que está errado não é isso, é a questão de fundo que leva à existência da polémica.

Chamaram macaco a um miúdo preto. Qual é para ti, a questão de fundo?

O miudo preto está a usar uma camisola onde está escrito macaco. Somos nós que fazemos a associação, logo o que há a corrigir são os factores que levam a que essas associações sejam feitas e não limitar os meios de comunicação de modo a que não exista possibilidade de alguém fazer essas associações.

[Brunhu]

Já agora, e dentro do mesmo assunto, o que tem a malta a dizer sobre os Bet Awards!!

[aetheria]

Chamaram macaco a um miúdo preto. Qual é para ti, a questão de fundo?

~

Mas, sou muito honesta contigo: eu não iria reparar nisso. Garanto-te. Veria miúdos com camisolas e dizeres relativos a animais. Há outras camisolas
A questão de fundo é, AINDA, existir essa associação. É ter de se ter atenção redobrada quando se veste um miúdo negro com uma camisola que seria inofensiva num miúdo branco. Se isto não é o fundo da questão, está explicado porque, neste século, isto ainda é uma questão.

[Vooder]

Vale o que vale.

[Brunhu]

Vale o que vale.

E estes conceitos nascem com eles ou são-lhes passados pelos pais?

[Vooder]

Não sei.
Há aí putos muito novos. A não ser que a lavagem tenha sido intensiva.

[Indigente]

O miudo preto está a usar uma camisola onde está escrito macaco. Somos nós que fazemos a associação, logo o que há a corrigir são os factores que levam a que essas associações sejam feitas

A associação é feita porque é um insulto comum dirigido aos negros, ainda hoje. Basta veres um jogo da Lazio.
Se vir uma suástica, também vou associar a nazis, apesar desta ter um significado que antecede a apropriação nazi.

não limitar os meios de comunicação de modo a que não exista possibilidade de alguém fazer essas associações.

A marca apercebeu-se da gaffe e preferiu fazer algo em relação ao assunto. Achas que era preferível dizer às pessoas ofendidas que estas deviam deixar de fazer associações despropositadas quando elas muitas vezes foram (são) tratadas por macacos?

Eu não me quero alongar sobre o assunto, acho que isto não merece uma discussão alargada. Só achei surpreendente haver aqui malta a achar que o racismo é um assunto latente ao ponto de não haver necessidade de pessoas ficarem incomodadas com este tipo de situações. Pimenta no cú dos outros...

[aetheria]

Só achei surpreendente haver aqui malta a achar que o racismo é um assunto latente ao ponto de não haver necessidade de pessoas ficarem incomodadas com este tipo de situações. Pimenta no cú dos outros...

Suponho que não me incluo nessa observação (também não seria ofensivo caso acontecesse, na boa ), pois eu não achei surpreendente. Até referi que compreendia a razão da polémica (está lá no primeiro comentário que citaste). Lamentei, sim, que ainda existam razões para essas susceptibilidades em sociedades que deveriam estar bem mais à frente que as de há uns séculos atrás.

Por outro - e continuo, não para fazer valer o meu ponto de vista, apenas para partilhar a reflexão a que isto me levou - se bem que reconheça que quem está à frente do marketing de uma grande marca "should know better", a ideia pode ter partido de quem não tenha plena consciência dessa referência, que é eminentemente cultural e mais marcada em certas sociedades (custa-me a crer que houvesse intencionalidade racial, confesso).
O princípio não era ser ofensivo ao referir o pobre do macaco, nesse caso ninguém compraria a camisola para o próprio filho, seja ele branco, negro ou amarelo.
Não estou a desculpabilizar a marca, estou sim a culpabilizar uma sociedade que deveria ter evoluído já. E, como já alguém referiu, a questão do racismo é só uma das faces desta não-evolução.

[Enigma]

Discriminação positiva não deixa de ser discriminação

Concordo a 100% com tudo o que disseste, e esta é a frase mais importante. Porque se aplica tanto ao racismo, como a milhentas outras realidades onde hoje se impõe o politicamente correcto. Um exemplo disso são as leis das cotas.

Num mundo ideal concordaria contigo, mas eu vivo no mundo real. E no mundo real as cotas são uma necessidade (aliás, não é preciso um grande exercício intelectual para perceber a disparidade entre o número de mulheres que saem das universidades e a sua presença em cargos de relevância. Embora a situação esteja a melhorar, está a ser feita a uma velocidade digamos que...lenta. Isto para não falar das diferenças salariais, na (quase) absoluta ausência de negros em qualquer cargo relevante (e depois gostamos de dizer que somos os campeões da integração...).

O mesmo serve para o comentário do Indigente, que subscrevo. Num mundo ideal a Fátima teria razão no que disse (e percebo o que queres dizer, embora tenha ficado a sensação que estavas implicitamente a afirmar que quem se revoltou com a publicidade era racista, caso contrário nem notaria. Eu notei e não sou racista), mas esse mundo ideal não existe...

Just my 2 cents.

[aetheria]

(e percebo o que queres dizer, embora tenha ficado a sensação que estavas implicitamente a afirmar que quem se revoltou com a publicidade era racista, caso contrário nem notaria. Eu notei e não sou racista)

O que eu referi é que nem se deveria colocar essa questão: é tão legítimo um miúdo branco vestir aquela camisola quanto um negro. O que lamentei é que isto ainda seja uma "questão" nos nossos dias.
Se isso é um "mundo ideal"? Não sou ingénua, sei bem como a sociedade se comporta, mas a minha reflexão foi no sentido do "fundo da questão". Pelo menos na sociedade ocidental, isso já não deveria ser "ideal", culturalmente, algo assim, já deveria ter sido ultrapassado (tal como a questão da mulher no mercado de trabalho, naturalmente). É isso que ainda me espanta. E foi isso que apontei.

[Enigma]

(e percebo o que queres dizer, embora tenha ficado a sensação que estavas implicitamente a afirmar que quem se revoltou com a publicidade era racista, caso contrário nem notaria. Eu notei e não sou racista)

O que eu referi é que nem se deveria colocar essa questão: é tão legítimo um miúdo branco vestir aquela camisola quanto um negro. O que lamentei é que isto ainda seja uma "questão" nos nossos dias.
Se isso é um "mundo ideal"? Não sou ingénua, sei bem como a sociedade se comporta, mas a minha reflexão foi no sentido do "fundo da questão". Pelo menos na sociedade ocidental, isso já não deveria ser "ideal", culturalmente, algo assim, já deveria ter sido ultrapassado (tal como a questão da mulher no mercado de trabalho, naturalmente). É isso que ainda me espanta. E foi isso que apontei.

Esclarecidíssimo, sô dona Fátima.