Em primeiro lugar, irei mandar umas "larachas":
Como se sabe, estas crises são parte estrutural do sistema económico/político actual,ou seja, o capitalismo. Desde a sua origem, a estrutura capitalista traz com ela, a par de períodos de prosperidade, épocas de crise sistemáticas. No séc.XIX, com o advento do capitalismo industrial, essas crises deviam-se à superprodução e à impossibilidade de escoar a mercadoria. Estas crises de superprodução eram resolvidas com a destruição de mercadoria, um processo que tem tanto de ilógico como de necessário para a manutenção dos privilégios de uns quantos. Além do problema da superprodução, os capitalistas tinham o problema da queda da taxa de lucro, problema que, à primeira vista, seria facilmente resolvido com a queda dos salários dos trabalhadores e o aumento da jornada de trabalho. Com o advento do capitalismo financeiro, os capitalistas pensaram que tinham descoberto o Helldorado pois, pasmem-se, surge uma nova maneira de minorar o efeito da queda da taxa de lucro: simplesmente investe-se dinheiro na bolsa, onde se joga um jogo com valores virtuais, em nada relacionados com o valor da produção real. Num jogo destes, quando alguém ganha,inevitavelmente outro alguém tem de perder. Assim, rapidamente se verificou que as crises na componente industrial e comercial do sistema chegam ao mercado financeiro de uma forma célere. Ou seja, a taxas de lucro descem, mesmo com os investimentos na bolsa, deixa de haver investimentos, os titulos perdem valor, cria-se um sentimento de desconfiança e o resto já sabemos. Neste caso em particular, a taxa de lucro chegou a um ponto demasiado baixo, na perspectiva da classe dominante, no inicio deste milénio, e é precisamente a partir dessa data que a actual crise se desenvolveu. Nem as guerras do Afeganistão e Iraque conseguiram arrancar os E.U.A. da recessão. A resposta do sector imobliário foi conceder os famosos empréstimos "subprime", a taxas de juro baixos. Quando, mesmo com estas condições, os clientes não apareceram, os milhares de imóveis construídos não podiam ser escoados no mercado, a empresas não podiam continuar a investir a o mercado imobliário entra em recessão. Esta recessão alastra-se à totalidade do mercado financeiro nos E.U.A. e ao resto do mundo. A resposta que o governo dos E.U.A encontrou foi adquirir as acções "tóxicas", noutros países, como na Grã-Bretanha, preferiu-se capitalizar as instituições para incutir confiança no mercado. Ou seja, a tão odiada intervenção estatal na economia torna-se a salvação dos privilégios de meia-dúzia de capitalistas. Estas medidas podem conter relativamente a crise, mas não a podem estancar. Estes dinheiros públicos investidos na salvação da bolsa de valores são dinheiros provenientes do bolso dos contribuintes, ou seja, somos nós, os de baixo, que andamos a salvar o rabinho desses especuladores.
Esta situação cala a boca de muitos dos economistas neo-liberais, advogados da causa do mercado livre e da auto-regulação do mercado. Esta simplemente nunca existiu e nunca há-de existir, venha quem vier. Muita gente já chegou a esta conclusão, no entanto, muita gente ainda não se apercebeu de outra verdade: aquela que afirma que, enquanto houver capitalismo, irá sempre haver crises económicas e financeiras, crises essas que afectam as classes baixas e intermédias da sociedade. Isto é tão linear que eu até já consigo prever o futuro: agora aparecem os profetas do "capitalismo regulado" vender a sua ideologia, depois da miséria de muita gente surgirá uma época de crescimento que possibilitará dar umas benesses a quem trabalha e uma nova crise aparecerá, com mais miséria para os não-privilegiados. Onde é que eu já vi isto? A única resposta a isto, a meu ver, é mandar os defensores do chamado "capitalismo regulado" ou o "bom capitalismo" dar uma volta ao bilhar grande e promover uma ruptura completa com este sistema, onde os valores incutidos na economia serão muito diferentes da obtenção de lucro. O primeiro passo é, inevitavelmente, exigir que o escalpe destes senhores não seja salvo pelo prejuízo dos de baixo, e sim exigir que estas instituições sejam nacionalizadas e passem a servir interesses completamente diferentes. Mas isto é a minha humilde opinião...
desculpem pela extensão do texto
