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Elaryad
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Mensagempor Elaryad » sexta jun 29, 2007 11:04 pm

Tenho andado a ouvir o primeiro album de Angel Witch e gostei bastante. Mas não conheço mais nenhum. Quais são os albuns q gostam mais e q recomendam?
Podiam seleccionar-me algumas bandas heavy metal old school (ou não, conforme quiserem) sff?
thanks :metal:

Mordred
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Mensagempor Mordred » sexta jun 29, 2007 11:17 pm

Elaryad, se deres uma lida neste tópico encontras muito material para explorar!
Deixa-me dar-te umas dicas: POWERVICE, IGNITOR, SLOUGH FEG, CRESCENT SHIELD, KILLINGS WORTH...
Todas elas contemporâneas, todas elas excelentes, todas elas com páginas no myspace.

Elaryad
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Mensagempor Elaryad » sexta jun 29, 2007 11:20 pm

Muito obrigado Mordred

r1ck [RIP]

Mensagempor r1ck [RIP] » sábado jun 30, 2007 2:12 am

Mordred Escreveu:Não tenho muito mais a acrescentar ao que já escrevi e ao que o Rick tb escreveu. Uma coisa me deixa satisfeito... Afinal não há tão poucas pessoas aqui que ainda poderiam formar uma "cena" mais tradicional. E é refrescante ver uma mulher jovem (a "Rita") a falar em nomes como HEIR APPARENT e tal...

Há pouco tempo estive na Grécia, em Atenas. Convivi durante uma semana no "habitat natural" de uma das cenas mais old school da Europa hoje em dia. Muito mais consistente do que a Alemã (há muitos "tradicionais" na Alemanha... Mas estão bastante espalhados e a Alemanha é um país grande)! E gostei particularmente de saber como é que um punhado (sim, literalmente um punhado) de pessoas conseguiram erigir um "edifício" que hoje em dia tem uma dinâmica invejável. Pois... A Grécia em meados dos 90's era mais ou menos como Portugal é hoje: muito Metal Extremo, alguns fãs das bandas maiores (MANOWAR, IRON MAIDEN, ICED EARTH), mas nada a unir o underground tradicional. E entao um dia o Greg Varsamis (da Eat Metal Records), o irmão Nick (hoje nos LITANY e WRATHBLADE), o Manolis Karazeris (dos BATTLEROAR) e mais dois ou três começaram a fazer esforços para unir os "tresmalhados" e ao mesmo tempo procurar pessoal mais novo que se identificasse com sons mais tradicionais. Começaram a frequentar foruns... A passar CDR's, a escrever fanzines e outras coisas do género para mostrar bandas desconhecidas mas cheias de valor... Passados uns tempos, começou a crescer. E em 2001 resolveram fazer uma maluqueira! Juntaram-se todos, meteram dinheiro e resolveram pagar a viagem aos BROCAS HELM para irem lá tocar. E assim foi... O concerto teve praí 100 pessoas... Mas acima de tudo, começou a juntar o pessoal. E alguns "descrentes" viram que havia ali um grupo com espírito. E o pessoal novo começou a aderir.

Há dois meses resolvi ir lá ao festival Up The Hammers, primeiro porque o cartaz era apelativo e depois porque ao longo das minhas idas ao Keep It True fiquei bastante amigo de alguns Gregos, curiosamente os iniciadores da "nova ordem". A recepção não podia ter sido melhor! Fizeram de TUDO para me fazerem sentir bem-vindo... No mesmo bairro da cidade haviam 7 ou 8 lojas de Metal: desde lojas com material mais mainstream ás lojas mais underground. Curioso o facto de às tantas estarmos a confraternizar na loja da Eat Metal e entrar um gajo americano... Quem era ele? O Kenny Powell dos OMEN (que nem estavam no cartaz), que tinha ido passar umas férias a Atenas e aproveitado para estar com os amigos. À noite (isto nos dias antes do festival) os caminhos iam dar sempre ao Texas Bar, um bar dedicado ao Metal. E ali era a loucura! Lembram-se das tardes metálicas no RRV? É mais ou menos a mesma coisa! Mas com música ainda mais "surpreendente"! Francamente, estar a beber copos com pessoal bacano, a ouvir aos altos berros SAVAGE GRACE, MEDIEVAL STEEL, MANILLA ROAD, OMEN (altura para levantar o Kenny Powell em braços), etc, e praí 50 ou 60 metálicos a cantar as letras todas em uníssono é algo que nunca esperei ver! Ah! E a propósito.. Também passou o Star Riders de ALKATEYA... Aclamado com muito furor!

Moral da história: será possível fazer o mesmo por cá?


Isso era um dos meus sonhos, fazer um bar como esse som para o pessoal conviver .

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Rick
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Mensagempor Rick » sábado jun 30, 2007 8:11 am

Para mim a cena em Atenas é surreal, e não tenho ilusões quanto a alguma vez chegarmos sequer perto do que se passa lá. Eles ainda têm imenso pessoal a ouvir Metal, e um tipo anda pelas ruas e vê montes de lojas de instrumentos musicais, lojas de CDs de Metal (fui lá a uma loja de CDs com 3 andares em que havia um andar inteiro só para o Metal), e há vários bares de Metal - e com isto quero dizer mesmo bares de Metal, não bares góticos/etc. que passam Metal na quinta à noite. Há lá um bar que abre às dez da manhã, e o pessoal pode ir beber copos e ouvir Metal desde as dez da manhã até à noite. Há boas salas para tocar mesmo no meio de Atenas. E para mim uma das coisas sintomáticas que me deixou mesmo boquiaberto: enquanto cá nas bancas dos jornais temos as colecções das bonecas, dos carrinhos e dos relógios, vi lá a colecção do True Metal, com CDs à venda salvo erro a 10 euros, que saíam um por semana, com bandas tipo Cirith Ungol, AC/DC, Saxon. Até me passei quando vi aquilo. É um sítio muitíssimo à frente, mas realmente estamos a falar de um local que creio não ter paralelo na Europa nesse aspecto. Nem mesmo em comparação com a cena Alemã, como disse o Mordred, que é fantástica mas espalhada por um país enorme, em vez de concentrada ali numa capital.

Bem curtia que houvesse cá um bar como o Texas. Mas acho que seria impossível recriar aquele ambiente, até porque cá os bares de Metal chamam muita clientela indesejável (não-metálica).

No outro dia até brinquei com amigos a dizer que se me saísse o euromilhões (o que é difícil até porque não jogo) abria um bar de Metal só para mim. E quando não fosse lá telefonava ao staff a dizer: "Escusam de abrir hoje o bar porque me está a apetecer ficar em casa."

Isto é só uma brincadeira, claro. Mas se tivesse papel até era bem capaz de tentar abrir aí um verdadeiro bar de Metal algures em Lisboa. Por outro lado, as perspectivas de eu alguma vez vir a ter dinheiro nesta vida são praticamente nulas. Enfim.
Do not walk behind me, for I shall not lead. Do not walk ahead of me, for I shall not follow. Do not walk beside me either. Just leave me alone, dude.

Mordred
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Mensagempor Mordred » sábado jun 30, 2007 9:20 am

Rick Escreveu:vi lá a colecção do True Metal, com CDs à venda salvo erro a 10 euros, que saíam um por semana, com bandas tipo Cirith Ungol, AC/DC, Saxon. Até me passei quando vi aquilo.


Sim, mas tens que ter presente que isso já foi numa data posterior à "ressurreição"! E essa colecção foi feita pelo Panos, um dos maiores piratas oportunistas que tem ripado tudo a torto e a direito! Aliás, esse gajo é completamente "procurado" por tudo o que é Grego, Alemão, etc.. não fossem algumas "ligações perigosas" e já lhe teriam destruído o material todo que ele usa para fazer a pirataria. O gajo aproveitou esta mesma "onda" e desatou a fazer dinheiro com isso! No entanto, até acabou por ter uma influência positiva: espalhou bandas culto underground às massas que compravam revistas em quiosques!!! Portanto, tudo está interligado!
Se vamos ter uma cena como a deles? Se calhar não, porque aquilo é de facto surreal... Mas algo em mais pequena escala, que até dê para começar a ter 150 pessoas em concertos? Acho possível...

Curiosidade: Quando houve o Lusitanian Metal Battle o Manolis dos BATTLEROAR ficou todo lixado comigo por eu não ter anunciado o concerto com antecedência. O gajo e mais uns Gregos queriam ter vindo cá ver IRONSWORD e, acima de tudo, ALKATEYA!

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Rick
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Mensagempor Rick » sábado jun 30, 2007 10:16 am

150 pessoas em concertos é de facto possível, e pode ser que a cena comece a crescer. Não me lembro quantas pessoas estiveram na Lusitanian Metal Battle, mas deve ter sido à volta de cem. Claro que isso faz com que seja muito difícil trazer bandas de fora, mesmo que seja só uma, e inviabiliza pensar-se em festivais mesmo de dimensão relativamente modesta como o que se está a preparar para Madrid. A ideia que tinhas tido, de trazer uma banda com aquelas passagens baratas e fazer aí um concerto, é viável mas arriscada. A cena portuguesa é demasiado pequena, sobretudo a do Heavy tradicional.

Pode ser que as coisas mudem e a coisa se consolide. Já é muito bom haver algum pessoal com iniciativa como o Dawnrider.
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Lusitano
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Mensagempor Lusitano » sábado jun 30, 2007 10:52 am

Elaryad Escreveu:Tenho andado a ouvir o primeiro album de Angel Witch e gostei bastante. Mas não conheço mais nenhum. Quais são os albuns q gostam mais e q recomendam?
Podiam seleccionar-me algumas bandas heavy metal old school (ou não, conforme quiserem) sff?
thanks :metal:



Referente a Angel Witch podes tentar ouvir o álbum Sinister History, composto de demos e temas ao vivo gravados entre 1978/81, no qual podes encontrar a versão completa da música Devil’s Tower. O álbum Live de 1989 também é bastante interessante. :beer:
So everytime I scream I'm killing pain...

rika [RIP]

Mensagempor rika [RIP] » sábado jun 30, 2007 2:19 pm

Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:

É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.

Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.

Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.

Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.

Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.

É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.

Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.

Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.

Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.

Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.

Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.

Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.


concordo contigo, mas tenho 16 anos e prefiro ouvir coisas mais antigas do que agora estes CoF ou Dummy Burger... Por isso, a tua tese nao se aplica a todos os putos :P

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Dawnrider
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Mensagempor Dawnrider » sábado jun 30, 2007 2:27 pm

As vezes da mesmo vontade de ser malcriado com certas pessoas... :x
http://www.bloodandironrecords.com

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Mensagempor Joe » sábado jun 30, 2007 2:28 pm

rika Escreveu:
Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:

É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.

Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.

Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.

Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.

Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.

É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.

Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.

Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.

Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.

Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.

Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.

Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.


concordo contigo, mas tenho 16 anos e prefiro ouvir coisas mais antigas do que agora estes CoF ou Dummy Burger... Por isso, a tua tese nao se aplica a todos os putos :P


Eu concordo com toda a gente. Só naquela...
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Rita [RIP]

Mensagempor Rita [RIP] » sábado jun 30, 2007 2:44 pm

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Mensagempor Ripping Corpse » sábado jun 30, 2007 6:04 pm

rika Escreveu:
Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:

É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.

Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.

Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.

Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.

Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.

É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.

Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.

Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.

Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.

Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.

Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.

Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.


concordo contigo, mas tenho 16 anos e prefiro ouvir coisas mais antigas do que agora estes CoF ou Dummy Burger... Por isso, a tua tese nao se aplica a todos os putos :P


....grd rica, tu, como frisei atras, es um exemplo de poucos, pois como ja debati contigo no msn, varias vezes este assunto, pois a maioria do pessoal da tua idade, tem a cultura do burger ou cof, embora claro haja algumas exepçoes, stay true :wink: :cheers:
..."HEAVY METAL"...

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Ripping Corpse
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Mensagempor Ripping Corpse » sábado jun 30, 2007 6:06 pm

Dawnrider Escreveu:As vezes da mesmo vontade de ser malcriado com certas pessoas... :x



...x2 :lol: :lol: :lol: .... :metal:
..."HEAVY METAL"...

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Brujo [RIP 2009/08/10]

Mensagempor Brujo [RIP 2009/08/10] » sábado jun 30, 2007 6:15 pm

Ripping Corpse Escreveu:...a maioria do pessoal da tua idade, tem a cultura do burger ou cof, embora claro haja algumas exepçoes, stay true :wink: :cheers:


O que é perfeitamente normal. Outros tempos. . .


On: Não sei se os Slough Feg se inserem aqui mas gosto do som deles


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