Podiam seleccionar-me algumas bandas heavy metal old school (ou não, conforme quiserem) sff?
thanks

Mordred Escreveu:Não tenho muito mais a acrescentar ao que já escrevi e ao que o Rick tb escreveu. Uma coisa me deixa satisfeito... Afinal não há tão poucas pessoas aqui que ainda poderiam formar uma "cena" mais tradicional. E é refrescante ver uma mulher jovem (a "Rita") a falar em nomes como HEIR APPARENT e tal...
Há pouco tempo estive na Grécia, em Atenas. Convivi durante uma semana no "habitat natural" de uma das cenas mais old school da Europa hoje em dia. Muito mais consistente do que a Alemã (há muitos "tradicionais" na Alemanha... Mas estão bastante espalhados e a Alemanha é um país grande)! E gostei particularmente de saber como é que um punhado (sim, literalmente um punhado) de pessoas conseguiram erigir um "edifício" que hoje em dia tem uma dinâmica invejável. Pois... A Grécia em meados dos 90's era mais ou menos como Portugal é hoje: muito Metal Extremo, alguns fãs das bandas maiores (MANOWAR, IRON MAIDEN, ICED EARTH), mas nada a unir o underground tradicional. E entao um dia o Greg Varsamis (da Eat Metal Records), o irmão Nick (hoje nos LITANY e WRATHBLADE), o Manolis Karazeris (dos BATTLEROAR) e mais dois ou três começaram a fazer esforços para unir os "tresmalhados" e ao mesmo tempo procurar pessoal mais novo que se identificasse com sons mais tradicionais. Começaram a frequentar foruns... A passar CDR's, a escrever fanzines e outras coisas do género para mostrar bandas desconhecidas mas cheias de valor... Passados uns tempos, começou a crescer. E em 2001 resolveram fazer uma maluqueira! Juntaram-se todos, meteram dinheiro e resolveram pagar a viagem aos BROCAS HELM para irem lá tocar. E assim foi... O concerto teve praí 100 pessoas... Mas acima de tudo, começou a juntar o pessoal. E alguns "descrentes" viram que havia ali um grupo com espírito. E o pessoal novo começou a aderir.
Há dois meses resolvi ir lá ao festival Up The Hammers, primeiro porque o cartaz era apelativo e depois porque ao longo das minhas idas ao Keep It True fiquei bastante amigo de alguns Gregos, curiosamente os iniciadores da "nova ordem". A recepção não podia ter sido melhor! Fizeram de TUDO para me fazerem sentir bem-vindo... No mesmo bairro da cidade haviam 7 ou 8 lojas de Metal: desde lojas com material mais mainstream ás lojas mais underground. Curioso o facto de às tantas estarmos a confraternizar na loja da Eat Metal e entrar um gajo americano... Quem era ele? O Kenny Powell dos OMEN (que nem estavam no cartaz), que tinha ido passar umas férias a Atenas e aproveitado para estar com os amigos. À noite (isto nos dias antes do festival) os caminhos iam dar sempre ao Texas Bar, um bar dedicado ao Metal. E ali era a loucura! Lembram-se das tardes metálicas no RRV? É mais ou menos a mesma coisa! Mas com música ainda mais "surpreendente"! Francamente, estar a beber copos com pessoal bacano, a ouvir aos altos berros SAVAGE GRACE, MEDIEVAL STEEL, MANILLA ROAD, OMEN (altura para levantar o Kenny Powell em braços), etc, e praí 50 ou 60 metálicos a cantar as letras todas em uníssono é algo que nunca esperei ver! Ah! E a propósito.. Também passou o Star Riders de ALKATEYA... Aclamado com muito furor!
Moral da história: será possível fazer o mesmo por cá?
Rick Escreveu:vi lá a colecção do True Metal, com CDs à venda salvo erro a 10 euros, que saíam um por semana, com bandas tipo Cirith Ungol, AC/DC, Saxon. Até me passei quando vi aquilo.
Elaryad Escreveu:Tenho andado a ouvir o primeiro album de Angel Witch e gostei bastante. Mas não conheço mais nenhum. Quais são os albuns q gostam mais e q recomendam?
Podiam seleccionar-me algumas bandas heavy metal old school (ou não, conforme quiserem) sff?
thanks
Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:
É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.
Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.
Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.
Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.
Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.
É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.
Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.
Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.
Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.
Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.
Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.
Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.
rika Escreveu:Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:
É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.
Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.
Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.
Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.
Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.
É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.
Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.
Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.
Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.
Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.
Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.
Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.
concordo contigo, mas tenho 16 anos e prefiro ouvir coisas mais antigas do que agora estes CoF ou Dummy Burger... Por isso, a tua tese nao se aplica a todos os putos
rika Escreveu:Rick Escreveu:Opiniões são opiniões. A minha é esta:
É claro que um puto que hoje entra na cena a ouvir as bandas que há actualmente, se ainda se orgulhar disso mais tarde, terá por elas a mesma nostalgia que pessoas como eu têm pelo Metal dos anos 80. E tudo bem. No entanto, isso será uma outra cena. Não me chateia que assim seja, como não me chateia que haja pessoal que goste de Britney Spears ou de Julio Iglesias. No entanto, eu venho de um tempo em que os metálicos eram de facto uma tribo à parte, e bem o sentiam. De acordo com os padrões científicos actuais, pode com propriedade dizer-se que eram uma etnia, que como todas as etnias se definia culturalmente e em oposição a uma realidade que entendiam como diferente. Como tal, era um estilo que, apesar de extremamente e surpreendentemente versátil, tinha fronteiras e definições. Tinha marcadores culturais que o definiam.
Como entidade cultural não era uma coisa estática (o que acontece com todas as etnias) e estava sujeito a evoluções e alterações. Mas havia uma clara e forte consciência de grupo.
Depois, o sistema social activou uma das suas mais recorrentes formas de lidar com fenómenos marginais: absorvê-los e, ao fazê-lo, torná-los desprovidos de sentido. Tal como aconteceu com o movimento Hippie, tal como aconteceu com o Punk, etc., a grande exposição que a mensagem original acabou por ter foi desvirtuada e o fenómeno tornou-se uma moda. Todo o valor contestatário ficava assim subvertido e a voz original deixava de se ouvir, sufocada pelo ataque dos clones apoiados pela indústria de massas.
Mas o Metal tinha uma mensagem social menos vincada que outros fenómenos, centrando-se sobretudo na música e não em manifestos bem definidos ou em posicionamentos políticos. Porém, havia um estilo de vida subjacente que era facilmente discernível e que se podia caracterizar de uma forma geral a partir dos seus marcadores étnicos.
Hoje esses tempos estão já distantes e, como sempre sucede com as etnias, com maior ou menor rapidez, as coisas estão muito diferentes. E a dinâmica própria do grupo original levou a uma subdivisão acentuada que deu origem a novos grupos. No entanto, isto causa actualmente um certo choque de conceitos, uma vez que por um lado estas novas etnias provêm de um mesmo grupo inicial e relativamente próximo no passado, mas por outro as diferenças entre elas geram novas concepções de identidade. Para além, claro está, dos “visitantes” que não se definem etnicamente uma vez que tanto ouvem Metal como outra coisa qualquer, ou que estão agora na onda mas para a semana que vem já estão noutra, e que não se identificam com definições culturais rígidas, não pertencendo a “tribos urbanas” ou fazendo-o de forma volúvel. Estes, aliás, sempre existiram e sempre existirão.
É claro que é possível tomar o Metal com ligeireza, e não falta aliás quem o faça. As fronteiras do estilo esbatem-se cada vez mais, e há cada vez mais derivações para outros campos. No entanto, o Metal como estilo sempre teve fronteiras, mal ou bem, apesar de dentro do seu âmbito haver lugar a uma variação imensa. Lembro-me bem de um tempo em que essas fronteiras se estavam a definir, através do arrojo e da individualidade, através da exploração dos limites. Havia lançamentos que surgiam e revolucionavam toda uma cena, como foi o caso do “Epicus Doomicus Metallicus” e, mais tarde, do “Forest of Equilibrium”, e também de muitos outros como o “Symphonies of Sickness”, o “Slowly We Rot”, o “Hammerheart”, o “Left Hand Path”, etc. Foram tempos bastante entusiasmantes porque nunca se sabia o que poderia surgir a seguir, para onde ainda se poderia ir. Mas tudo isto era Metal, indubitavelmente e sem reservas.
Hoje, é natural que eu desperte alguma hostilidade quando digo que o Nu-Metal não é Metal, que o Metalcore não é Metal, etc. Isso faz parte do processo que descrevi. Acho que não faz muito sentido entrar pela via da legitimidade. A minha posição conservadora neste caso será tão válida para mim quanto outras posições, que poderão ser vistas como progressistas, para outros.
Poderia ser estranho para mim assumir-me como “conservador” seja no que for, mas tendo em vista aquilo que expus, o processo de transfiguração da mensagem de contestação social do Metal para uma moda de massas inane, inofensiva, e socialmente aceitável, faz parte de um processo social reaccionário que não aceito. Logo, a carga do próprio termo subverte-se.
Isto para mim é fundamental no Metal, e define o estilo tal como eu o entendo. Não sou o único, e como tal pertenço a um conjunto de indivíduos que é cada vez mais restrito não por elitismo mas meramente por força das contingências. Um conjunto de indivíduos que mantém uma consciência de grupo e que se está perfeitamente nas tintas para fenómenos de pseudo-Metal que nunca terão qualquer validade dentro do âmbito cultural interno desse grupo.
Não gostei da colagem do Gótico ao Metal, e odiei o fenómeno Nu-Metal, sobretudo por ter “Metal” no nome. Se lhe tivessem chamado “Heavy Pop” já me teria sido indiferente. Hoje em dia esta questão já interessa menos porque os termos estão de tal forma adulterados que já nem vale a pena ir por aí.
Aceito e compreendo a inevitabilidade das mutações. Aceito e regozijo-me com o facto de haver opiniões diferentes (e até opostas) da minha. Tudo isso é natural e expectável. Admito pontos de vista sobre o Metal diferentes do meu. Que sirvam a quem servirem.
Todavia, alguns de nós ainda andam aqui. O conceito de True Metal pode não significar nada para mais ninguém senão para nós. Mas isso é um dos marcadores culturais que nos definem. Porventura o mais importante.
concordo contigo, mas tenho 16 anos e prefiro ouvir coisas mais antigas do que agora estes CoF ou Dummy Burger... Por isso, a tua tese nao se aplica a todos os putos
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