Gostava de salientar que eu achei o FAS uma experiência com muito poucos resultados. Era uma montagem de estúdio que não passava de um mar de dissonâncias sem grande direcção ou espinha (tirando a lírica que pelos vistos é o grande forte da banda). Eu sou um gajo que liga às letras e claramente que são uma excelente adição, mas acima de tudo gosto muito de musica e o FAS de musical tinha pouco. Nem era por não ser melódico, dado eu gostar de noise e alguns ambientes extremos e para muitos os "mal" produzidos. Para mim musica é nada mais que uma canalização de emoções e para mim o FAS é uma experiência pretensiosa e falsa (na sua execução) - Claro que não posso provar, mas duvido muito... que aqueles temas tenham sido tocados do principio ao fim numa sala de ensaio(no metal isso chateia-me e simplesmente não funciona). No reino do Death Metal Experimental/Avant-Garde existiu Gorguts com o seu extremo "Obscura", mas nem vamos sequer comparar.
Depois de ter perdido toda a esperança em DsO, no FAS,acabei por reganhar ao ouvir o split com SVEST. Fiquei algo satisfeito dado que o tema tinha contraste e em termos de caos era muito mais natural e fluente (muito ao nível de BaN - no reino do executável e de não perder horas em estúdio a fingir que aquilo é musica).
Ao ouvir este Paracletus só tenho a dizer que a nível musical eles mantiveram a linha apresentada no split com SVEST. Isto nas primeiras 3 músicas foi realmente algo do meu agrado e gostei (embora não achasse as musicas coesas ou marcantes, apenas riffs "engraçados" sem o balanço correcto). Depois começou a enjoar..... dado que os riffs eram semelhantes (demais) e sempre com as mesmas dissonâncias de meio e 1 tom (sempre nas notas mais agudas....)
Aliás existiram momentos em que eu achava que as malhas estavam repetidas e o rip não estava completo. A meio do álbum já estava completamente massacrado com tamanha parede de dissonância sem qualquer tipo de feeling. Lá aguentei até ao final e ainda apanhei uns momentos à lá Gantz e Mono lá para o fim (Scremo e Post-Rock) que podem entreter para quem não conhece estas bandas, mas eu gosto mais de ouvir os riffs originais.
O álbum não pode ser considerado mau e até é algo variado, comparando com o FAS e eles realmente tentam mas a meu ver já estão numa de colar riffs até aquilo funcionar minimamente.
Não posso dizer que estou desiludido pq não tinha expectativas nenhumas e acabei por ouvir apenas por curiosidade face a alguns comentários (De gente com gostos algo semelhantes aos meus).
Claro que para muitos isto é o álbum do ano e fico satisfeito por vocês. Isto para mim já é hype a mais (e sente-se isso um bocado na banda, eles parecem estar a ligar muito ao hype em volta deles. Eles deviam mas é relaxar e fazer o que lhes sai mais naturalmente e não forçadamente serem dissonantes durante 40m - com as mesmas leads de faz 3 anos e afins).
Um bom exemplo foi o que fui ouvir depois - Bethlehem: Stönkfitzchen. Pronto uma banda que está a voltar às suas raízes mas de uma forma muito natural e ainda algo refrescante. Estou a ser um bocado injusto é verdade. Deathspell Omega começou como banda rip-off de Darkthrone e afins (INfernal Battles) e depois começou a fazer coisas mais engraçadas (no talvez o seu melhor álbum) no "Inquisitors of Satan" e sim lá lançaram algo novo no género com o SMRC e tenho que admitir que é um excelente álbum. Depois do Kénôse foi sempre a descer musicalmente e a subir no nível lírico.
Bethlehem pode dar-se ao luxo de voltar às raízes dado que eles sempre tiveram um cunho muito pessoal no seu som. Perderam-se um bocado no meio industrial e estranho que eles lá criaram e foderam o SUIZID todo (na regravação). Este EP deles foi realmente uma bênção, dados os tempos que correm (para bandas do estilo) e nem o NK conseguiu estragar aquilo (a fazer aquilo que faz melhor tb).
Claro que qualquer segundo do Paracletus é superior a tudo o que Portal fez (tb não é preciso muito), mas pronto é como se fala por ai "Diz o roto ao nu!"
Se DsO é o futuro da musica extrema eu começo realmente a ficar preocupado. Eu adoro experimentação e sou a favor de se misturar todos os estilos e fazerem o que bem entenderem, mas ao o fazerem respeitem o momento e o que estão a fazer, no mínimo sejam honestos para com vocês mesmos (quem mais interessa tb).
O problema de DsO não está na dissonância (extrema) nem em se repetirem (dado que eu gosto muito do T. Hunger e não existe nada mais repetitivo que isso), está sim em não terem feeling nenhum nas passagens e na escolha de riffs para fazerem uma música. Tudo funciona se tiver o balanço correcto.
Claro que se o que querem é apenas abanar a carola e qualquer dissonância (quase ao calhas) de meio tom vos faz o dia isto é mais que apropriado e até é "giro" para se ouvir numa viagem e até recolher algumas ideias (dado que estes senhores são bons músicos a todos os níveis menos no mais importante - aquele que não existe nos livros nem se paga para alcançar).
Tudo na vida tem o seu propósito. Se depois de Deathspell Omega e 1 década de xerox bands (elas 'andem' ai) aparece algo realmente forte e interessante...tudo bem! Lá estarei.
Para resumir e não deixar muita complicação no ar. Eu acho que estes gajos têm as ideias no sitio e claramente eles estão a tentar algo e eu só espero que em 2013 saia algo interessante, mas algo se passa de muito errado ali também. Não sei se é por não ser uma one-man-band que musicalmente as coisas ficam assim tão dispares e chatas, mas eles que ouçam mais BaN e Drastus que até devem estar perto da casa de muitos deles.
Contudo acredito que vá ser o álbum do ano, pelo hype e por hj em dia as pessoas se contentarem com pouco. Quem acha isto extremamente original que oiça Gorguts (a partir do Obscura) com calma e Drastus (duvido que muitos conheçam em Portugal e deviam!).
Aliás não é as pessoas se contentarem com pouco, cada um tem o direito de gostar do que quiser e para muitos isto deve ter feeling e vai-vos dar "tesão" e pronto o incapaz sou eu aqui. Eu sou dos paranóicos, eu acho que o hype não é criado por aqueles que sentem algo a ouvir estas bandas e acredito que muitos por aqui(p.e) gostem a sério disto e só tenho que respeitar, mas a nível global eu cá acho que as pessoas nem gostam de arte a sério, elas gostam é das aparências e de se divertir, ligam muito a estórias que se repetem com mascaras diferentes e eles pronto vivem para isso.
Pensar e sentir para que ? o que importa é que todos gostam do que eu gosto

Melhor álbum do ano ? Clair Cassis, Burzum e outras que prefiro guardar para mim.