
TEMAS ...
1. The Fall
2. Lamentations and Ashes
3. Angels of Veiled Bone
4. The Third Hour
5. The One and the Many
6. Charnel Spirit
7. All Souls
8. The Number of the Word
9. Stained Glass Reflections
10. Stained Glass Revelations
Nameless Void - Guitarra, Vocais
Bestial Devotion - Bateria
D.G. - Baixo
Este será, no mínimo, um dos mais surpreendentes trabalhos no panorama Black Metal deste 2011. Para os que desconhecem estes americanos de nome Negative Plane, deveriam antes de mais regressar a 2006 e escutar "Et In Saecula Saeculorum", para mim um dos melhores trabalhos desse ano, e que me levou a escuta-lo com muita assiduidade antes e ainda nos dias actuais. Poderiam desde logo, ter uma real noção da capacidade obliterante deste projecto.
Assim, passaram alguns anos, mas Nameless Void e companhia não estiveram parados. Preparavam o regresso macabro. E desde logo, algo que mantivesse o patamar e a incrível qualidade do passado.
Será complicado para os de rápido consumo, absorver a densa arquitectura engendrada por estes músicos. Aqui se propaga uma estranha mescla de sons, nada semelhantes ás habituais atmosferas Black Metal. Intensamente "arcaicos" e ao mesmo tempo progressistas, desde cedo somos confrontados com sons de guitarra muito longe dos "riffs" típicos.
A noção de melodia é tão profusamente distorcida e bizarra que se torna genuinamente opressivo e sufocante. Creio que dizer tal é um "cliche", mas neste "Stained Glass Revelations" é uma pura evidência. Nua e crua!
Na audição deste trabalho, que deve ser feita muitas vezes, há uma sintomática organização de temas para que se possa sentir uma odiosa hostilidade. Desde as "intros", sinistras passagens para um mundo de escuridão, aos próprios temas em si, longos e a pulsar de imensas variações de estilo, tudo se conjuga para um surrealismo totalmente nihilista! Intenso em decadência. Brutal na falta de esperança.
Há algo de intemporal, algo de desconfortavelmente "morto" nas vocais de Nameless Void. Rugem muitas vezes confinadas. Outras vezes são uivos sujos e profanos.
É gloriosa a forma como a teia de musicas nos impregna. Os sinos do tema "The Fall", os pianos de "The Third Hour" , a guitarra acústica de "Charnel Spirit" , serão apenas canais para a total materialização de terrorismo sonoro, criativo e surpreendente de malditos como "The One and the Many" e "All Souls". Mas o fim não é feliz: reservado está o tema título, extremo de discordâncias paranóicas, são 11.30 minutos de gloria negra ofuscante! Impressionante no terror de sombrio.
"Stained Glass Revelations" cria uma colossal estrutura, potente e imensa! Absorve influências e pode ser o frio e a crueza tradicional deste tipo de extremismo e ao mesmo tempo carrega a veia progressiva inovadora.
Ácido e pestilento, pejado de grandes malhas, será um grande e surpreendente pontapé nos tomates da monotonia!
Desde já, um dos grandes do ano.