
01. Eve Part I
02. Eve Part II
03. Eve Part III
04. Eve Part IV
05. Eve Part V
Poia - Guitarra, Teclas
Urlo - Baixo, Vocais, Teclas
Vita - Bateria
Antes de mais, devo dizer que sou um fanático incondicional da banda Sleep. Que considero o álbum "Dopesmoker" como uma das maiores referencias no estilo Stoner/Doom. Para mim, tudo o que se assemelhe a esta banda ou trabalho, em particular, deixa-me, desde logo, atento e desejoso de escutar. Também é verdade que na maior parte das vezes acabo desiludido, pois escuto cópias reles e imitações aborrecidas, de bandas que julgam que apenas por tocarem temas longos, já podem ombrear com esta referência que são os Sleep.
Mas esta minha adoração e devoção, levou-me sempre a escutar bandas nesta linha, procurando aqueles que tentam sempre dar mais um passo e inovar, num estilo saturado. Por isso (isto torna-se repetitivo, mas é verdadeiro) anseio cada trabalho de uma das minhas preferências neste patamar de música. O trio italiano Ufomammut é absolutamente indispensável para a minha linha de audição. Reflectem uma postura com clara vontade de ser diferente e exprimental. Basta escutarmos trabalhos anteriores como "Snailking" ou o monstro "Idolum" para comprovar este facto.
"Eve", a meu ver, é desde já, o que de melhor os Ufomammut já criaram. Existem óbvias referências a bandas como Sleep, OM ou até os ilustres Shrinebuilder, mas extremamente marcante e de forma pulsante é a presença incontornável da sonoridade espacial dos Pink Floyd. Recordam-me o album "Meddle"...
Mas não se ficam por aqui. Pegam em todos os pormenores Doom que eu admiro e rejeitam os "excessos", criando um colosso bizarro que se traduz num único tema dividido em 5 partes e que tem como objecto a primeira mulher, Eva.
Muito longe de ser uma mera cópia conseguiram surpreender-me de uma forma que não julguei ser possível.
Part I é um inicio hipnótico e transcendente. Lento e espacial, de vocais arrastadas e ambiente psicadélico como só esta banda consegue criar. Conseguem atingir um nível de sofisticação que vai marcar todo o pulsar deste gigante. Um tema que parece ser um rezar lúgubre e de transe.
Part II aparece na forma de uma melodia de guitarra sinistra e onde mais me faz recordar os referidos Pink Floyd. Vocais sussurradas e sonoridades misturadas. Maníaco e onírico. Fruto de um estranho sonho. Termina com uma batida tribal , um baixo basculante e prenúncio de devastação.
Part III é uma demonstração mortífera e implacável de Sludge esmagador, com um baixo colossal e ditador! Absolutamente insustentável de peso e balanço. Os gritos e a guitarra na mais completa fúria caótica!
Part IV, mantém o peso , mas parece-me, de certa forma, mais calmo. Pelo menos, no inicio. Com aquele baixo gigantesco e as vozes hipnóticas. Caí depois, para uma guitarra de acordes minimalistas e que serão a passagem para o momento seguinte.
Part V parece retomar o ambiente do primeiro tema. Mas avança com passos de elefante para um ritmo e som tão denso e espesso que se torna doentio. "Drone" em pequenos retoques e por fim terminar em pura e infecciosa adrenalina rítmica! Por fim, o grande final em Sludge "sujo" e infernal.
Vocalmente, está muito bem conseguido. Apesar de escassas, as palavras e os gritos distorcidos, são o ingrediente final para uma história de Eva.Embora, a nível de texto, seja muito difícil perceber as ideias, pois surge-nos envolto em estranha "névoa" e mesmo o que é falado se perde no meio da espessura deste mutante sonoro, penso que até foi inteligente, visto que ajuda a criar a estranha e desconcertante aura de mistério que emana deste trabalho.
Espero que os Ufomammut recebam, finalmente o crédito que merecem, pois criaram uma obra-prima que é, a meu ver, um dos melhores trabalhos de 2010. Sem qualquer sombra de dúvida!!
Uma referência para os próximos anos!
