
Quando pensamos que estes senhores esgotam os truques, lá puxam eles de mais qualquer coisinha...
É certo que, quando ouvi pela primeira vez o álbum pensei que era espantoso como um álbum podia ser tão melodico, "orelhudo" e ao mesmo tempo tão inacessivel. É certo também que o álbum sofre do mesmo sindrome que Rotting Christ vêm a sofrer desde o Khronos, que é uma tendência para a repetição. Mas há imensos "ganchos" na textura destes senhores que se revelam e audições subsequentes. A repetição acaba por se instalar confortavelmente com um certo grau "ritualista", por onde brilham pequenos "highlights" ou pormenores que nos arrancam do torpor
Acima de tudo, estamos na presença de um álbum de Heavy Metal, tão enamorado das melodias Murray/Smith (ou não fossem Rotting Christ bons gregos) como o é das atmosferas do Mediterrâneo. Aliás, esta inclusão é um dos pontos fortes do álbum, que depende menos de teclados e mais de coros para criar as suas atmosferas. Coros esses que são, como boa musica grega, ligeiramente dissonantes e que criam um bom contraste com os constantes leads de guitarra. Ao contrário do que seria de esperar o lado Metal é menos extremo que o lado Folk, neste álbum e é essa uma das suas forças. E em boa consciência, não posso dizer mal de um álbum que reune as vozes de Nemtheanga e Diamanda Galás (a "adaptação" da faixa "Orders of the dead" é indubitavelmente o ponto alto do álbum).
Obviamente, quem não gosta de Rotting Christ, não vai gostar deste álbum, mas mesmo assim e apesar de se manterem com uma formula definida sabem brincar com ela q.b. para manter a sua carreira interessante.