
Celeuma. Muito celeuma. «Satyricon» estará para muito boa gente no mesmo patamar dos «St. Anger», «Cold Lake» e «Illud Divinum Insanus» desta vida. Uma atitude típica daquele conservadorismo metaloleiro de que se uma banda faz qualquer coisa diferente... vendeu-se ou não presta. A julgar pelo feedback nos youtubes e facebooks, Satyr e Frost vão levar com muito criticismo.
Não me parece que o duo esteja verdadeiramente preocupado com esse feedback, ou não teria espetado com «Phoenix» no disco, uma música que fez lembrar uns Tiamat fase «Judas Christ». Os Satyricon de 2013 são uma banda literalmente a cagar-se para o que podem ou não esperar deles. Limitam-se a compôr as músicas que lhes vão na alma e quem gostar... gosta. É tão simples quanto isso.
Mas ao contrário dos álbuns acima referidos, ninguém pode acusar os Satyricon de comporem aqui música medíocre. Ultrapassado o semi-choque de «Phoenix», uma malha ultra-viciante, oiçam as bujardas «Nekrohaven» (na linha de KING e Fuel for Hatred) e «Walker upon the Wind», ou a nostalgia sem ser retrógada de «Ageless Northern Spirit» e «The Infinity of Time and Space».
Diria que este disco reflecte a capa: do lado esquerdo as primeiras músicas, luminosas, simplistas e orientadas para riffs memoráveis; e a segunda parte do álbum do lado direito, (depois de «Phoenix») mais negra, como se os Satyricon que reconheciamos de álbuns antigos emergissem das cinzas da tal fénix.
É um álbum perfeito? Não, longe disso. Ouvir num mesmo álbum faixas tão díspares torna a experiência algo esquizo, mas convenhamos que temos aqui muitos e excelentes temas (como o grower «Our World, It Rumbles Tonight») que compensam a falta de homogeneidade.
Claro que este disco vai provocar celeuma. E ainda bem. Quem não gostar, volte lá para as bandas retro e essencialistas de que tanto gosta.