Partilha ilegal de conteúdos -> COMEÇOU O ATAQUE

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Grimner
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Mensagempor Grimner » domingo ago 19, 2007 12:59 pm

Toretto Escreveu:O que não faz sentido nenhum é os artistas acharem que se forem feitos 50 mil downloads de um álbum, são 50 mil álbuns que vendem a menos...Mas isso cabe na cabeça de alguém?



é precisamente aí que reside a falácia do argumento. A maioria das pessoas que não compra o album, não o compraria de qualquer das maneiras.
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Pedro Lopes
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Mensagempor Pedro Lopes » domingo ago 19, 2007 1:20 pm

Grimner Escreveu:
Pedro Lopes Escreveu:
=Colocarem gratuitamente todos os seus trabalhos na internet para que chegue a toda a gente. Isto vai aumentar as vendas e aumentar as audiencias nos concertos ?


Abraços,



Levou-nos até à América, onde 500 americanos viram, e alguns compraram o album. Não sei ao certo quantos terão ido aos torrents sacar, mas tendo em conta que nem sequer temos distribuição que chegue com eficácia aos EUA, espero que tenham sido alguns. Pessoalmente, foi MUITO positivo ver um nº razoavel de pessoas cantarolar as letras enquanto estavamos em palco num país estranho, onde eu sabia com toda a convicção não termos vendido mais que uma cópia.

Um saldo razoável, bem vistas as coisas.



Meu caro Grimner!

Aproveito para dizer que não conhecia a tua banda e que perante o teu comentário andei a investigar qual seria.

Já descobri e, como sabes, tenho por principio ajudar as bandas nacionais (nem preciso de ouvir os samples). Diz-me então o que preferes:

1. Envio-te os 10 euros para adquirir o CD e fico a aguardar que venhas actuar pelos meus lados para vos ir ver ao vivo e comprar uma T-Shirt.

2. Dizes-me onde posso arranjar o teu CD de borla e fico a aguardar que venhas actuar pelos meus lados para vos ir ver ao vivo e comprar uma T-Shirt.

Nota: Espero que tenham T-Shirts para o meu tamanho (XXL).

Abraços,

Pedro Lopes
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Mensagempor Pedro Lopes » domingo ago 19, 2007 1:24 pm

Toretto Escreveu:O que não faz sentido nenhum é os artistas acharem que se forem feitos 50 mil downloads de um álbum, são 50 mil álbuns que vendem a menos...Mas isso cabe na cabeça de alguém?



Achas que serão menos quantos? Menos 5 mil álbuns? Menos 10 mil álbuns? Quantos menos albuns vendidos achas que são motivo de preocupação? E achas que quem não compra o disco vai ver os concertos e comprar as T-Shirts? Achas que as grandes bandas são mais afectadas que as pequenas? E quem investe nas pequenas?

Não estou a dizer que não tens razão! Estou só a recolher ideias!

Abraços,

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OrDoS
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Mensagempor OrDoS » domingo ago 19, 2007 1:40 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Toretto Escreveu:O que não faz sentido nenhum é os artistas acharem que se forem feitos 50 mil downloads de um álbum, são 50 mil álbuns que vendem a menos...Mas isso cabe na cabeça de alguém?



Achas que serão menos quantos? Menos 5 mil álbuns? Menos 10 mil álbuns? Quantos menos albuns vendidos achas que são motivo de preocupação? E achas que quem não compra o disco vai ver os concertos e comprar as T-Shirts? Achas que as grandes bandas são mais afectadas que as pequenas? E quem investe nas pequenas?

Não estou a dizer que não tens razão! Estou só a recolher ideias!

Abraços,


Então pela ordem de recolha de ideias, podes pensar que sem a "publicidade" ou "exposição" da banda nos locais habituais (e não só) de download ilegal, em vez dos 50000 que fizeram download do album e conheceram a banda, apenas 5000 tiveram conhecimento da banda e de algumas músicas (ou excertos) disponibilizadas no site oficial da editora ou da banda. Agora, se pensares que apenas, e estou a ser generoso, 10% das pessoas que conhecem a banda compram merchandise (seja a t-shirt ou o CD), então no 1º caso seriam 5000 pessoas a contribuir para a banda, enquanto que no 2º caso, sem a pirataria ou o conhecimento total do album, seram apenas 500 as vendas. Agora põe isso em percentagens e no 1º caso a banda teve um encaixe de 10 vezes mais do que no 2º e se calhar nem precisava de perder parte dos lucros para a editora no 2º caso, ou então teriam encontrado uma editora "justa" que conseguisse fazer chegar a sua música a muitas mais pessoas do que às 50000 do 1º caso :P
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Toretto
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Mensagempor Toretto » domingo ago 19, 2007 1:57 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Toretto Escreveu:O que não faz sentido nenhum é os artistas acharem que se forem feitos 50 mil downloads de um álbum, são 50 mil álbuns que vendem a menos...Mas isso cabe na cabeça de alguém?



Achas que serão menos quantos? Menos 5 mil álbuns? Menos 10 mil álbuns? Quantos menos albuns vendidos achas que são motivo de preocupação? E achas que quem não compra o disco vai ver os concertos e comprar as T-Shirts? Achas que as grandes bandas são mais afectadas que as pequenas? E quem investe nas pequenas?

Não estou a dizer que não tens razão! Estou só a recolher ideias!

Abraços,

E desses 50 mil downloads, quantos contribuiram para que a banda se tornasse mais conhecida e reconhecida? 40 mil? 45 mil?
E desses 45 mil, quantos se sentiram motivados para ir ver um concerto da banda? Mesmo que fossem só 100, não é lucro para a banda?! Sem o download, provavelmente nenhum desses 45 mil tinha ido ver a banda, porque não a conhecia...

Andamos aqui apenas a especular, mas um dia até gostava de ver o efeito que uma proibição de downloads eficaz teria na indústria da música. Gostaria de assistir a isso, principalmente, no que diz respeito às bandas menos conhecidas. Desconfio que muitas delas iriam desaparecer sem deixar rasto, enquanto nós (ouvintes e fãs de metal) continuaríamos subjugados às "grandes" bandas, sem alternativas viáveis.

Hasta :wink:

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raxx7
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Mensagempor raxx7 » domingo ago 19, 2007 2:16 pm

Pedro Lopes Escreveu:Achas que serão menos quantos? Menos 5 mil álbuns? Menos 10 mil álbuns? Quantos menos albuns vendidos achas que são motivo de preocupação? E achas que quem não compra o disco vai ver os concertos e comprar as T-Shirts? Achas que as grandes bandas são mais afectadas que as pequenas? E quem investe nas pequenas?


Há vários estudos que tentam analisar o impacto efectivo da pirataria nas vendas de música.
Em última análise os resultados são discutíveis mas parecem indicar que as vendas de artistas mais conhecidos são prejudicadas enquanto que as vendas de artistas menos conhecidos são beneficiadas.
Esta hipótese encaixa com a questão da promoção: há um fosso de promoção muito grande entre as bandas que têm direito a slots promocionais na TV e as que não têm.
As primeiras estão sobre-expostas (toda a gente já ouviu falar delas mesmo que não queira), as segundas estão sub-expostas.

Efectivamente, há quem faça download da música, não compre o CD e vá aos concertos.
Há quem não compre CDs porque pode fazer download enquanto o concerto é uma experiência única.
Há quem não compre CDs e vá aos concertos porque acha que é a melhor forma de apoiar monetariamente as bandas.
Há quem compre CDs de umas bandas que gostou mesmo e vá a concertos de outras que gostou menos pela simples razão que são esses os concertos a que podem ir.

Creio que lhe falta um pouco de perspectiva sobre a questão dos downloads ilegais.
Você gasta ~100€ por mês em música, o que é mais que a maioria das pessoas. Ora isso dá para 7 ou 8 álbuns.
7 ou 8 álbuns por mês é bastante para um gajo se entreter a ouvir durante um mês mas ao mesmo tempo não é nada num mundo onde são editados milhares de álbuns por semana. É verdade que a maioria desses álbuns não presta mas mesmo assim você está a passar ao lado de imensa música.
Através da Internet e dos downloads ilegais, as pessoas têm acesso a uma diversidade musical (e de outros conteúdos) que custaria uma fortuna e nunca poderiam comprar de qualquer forma.

De novo, isto vai depender das pessoas. Há quem saque pouca música e compre ainda menos.
Há quem saque IMENSA música. 10, 20 ou 30 vezes mais que a você compra. E depois compram alguma.

Quem é que investe nas bandas pequenas? Geralmente as editoras pequenas, sem capacidade para ter slots promocionais na TV e que agradecem todo o tipo de exposição.
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Mensagempor Melo » domingo ago 19, 2007 2:29 pm

Meia dúzia de pontos:

-Nunca ouvi tanta música e nunca conheci tantas bandas como agora. A verdade é que o download ilegal é a única forma de promoção para dezenas de milhares de bandas.

-Recentemente fui ao myspace de uma banda norte-americana, ouvi dois temas e comprei o álbum no instante. A razão (para além de que gostei das músicas) era que ele custava 12 dólares e para além disso ainda incluía uma t-shirt. Tendo em conta que encontrei o The Wall dos Pynk Floyd a 30€ recentemente... um álbum com 30 anos e que já fez de todos os artistas que participaram nele milionários...

-Se os direitos dos autores são assim tão importantes então porque é que tenho que pagar para poder registar uma música como minha?

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Grimner
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Mensagempor Grimner » domingo ago 19, 2007 3:03 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Grimner Escreveu:
Pedro Lopes Escreveu:
=Colocarem gratuitamente todos os seus trabalhos na internet para que chegue a toda a gente. Isto vai aumentar as vendas e aumentar as audiencias nos concertos ?


Abraços,



Levou-nos até à América, onde 500 americanos viram, e alguns compraram o album. Não sei ao certo quantos terão ido aos torrents sacar, mas tendo em conta que nem sequer temos distribuição que chegue com eficácia aos EUA, espero que tenham sido alguns. Pessoalmente, foi MUITO positivo ver um nº razoavel de pessoas cantarolar as letras enquanto estavamos em palco num país estranho, onde eu sabia com toda a convicção não termos vendido mais que uma cópia.

Um saldo razoável, bem vistas as coisas.



Meu caro Grimner!

Aproveito para dizer que não conhecia a tua banda e que perante o teu comentário andei a investigar qual seria.

Já descobri e, como sabes, tenho por principio ajudar as bandas nacionais (nem preciso de ouvir os samples). Diz-me então o que preferes:

1. Envio-te os 10 euros para adquirir o CD e fico a aguardar que venhas actuar pelos meus lados para vos ir ver ao vivo e comprar uma T-Shirt.

2. Dizes-me onde posso arranjar o teu CD de borla e fico a aguardar que venhas actuar pelos meus lados para vos ir ver ao vivo e comprar uma T-Shirt.

Nota: Espero que tenham T-Shirts para o meu tamanho (XXL).

Abraços,


Essa pergunta é um pouco um pau de dois bicos. ninguem vai dizer que prefere que não comprem o album.

Mas a questão não é essa. É evidente que o ideal seria toda a gente comprar o album e montes de merchandising, e houvesse 10.000 pessoas por concerto. Mas isso é um ideal, nada mais.

A verdade é que sei perfeitamente de antemao que nem toda a gente vai comprar o album. Uns porque não vão gostar da musica, outros porque simplesmente nem desgostam, mas não lhes interessa o suficiente, outros que até gostaram bastante, e por eles compravam, mas têm outras prioridades na lista, sejam elas outras bandas que gostam mais, ou mesmo uma saída para os copos, ou preferem ir a um concerto pelo mesmo dinheiro que custaria o nosso cd original. Todas estas pessoas, não importa as circunstâncias, nunca irão adquirir o nosso album, seja como for.

Seja como for, de uma forma ou de outra, sabem da nossa existência, independentemente das razões que tenham para não comprar o album. Pode ser que o ter sacado o nosso album lhes tenha colocado o nosso nome na cabeça, e que pensem "hmmm, este album é decente, estou curioso para ver o que fazem a seguir", são capazes de ir a um concerto se passarmos pelas imediações, são capazes de comprar o album se não tiverem outra compra mais prioritária, são capazes de seguir o nosso progresso com uma outra atenção, e estar mais atentos a um lançamento futuro, são capazes de comentar com um amigo "ouve lá estes gajos, não fazem o meu género, mas tu és capaz de gostar", enfim, toda uma série de situações que acabam por resultar em nosso favor.

Se seria bom que toda essa gente comprasse o album? Sem duvida, mas falamos de utopias. Enquanto artista e musico, a minha intenção principal é, para alem de me fazer aquilo que gosto, é dar a conhecer o que faço aos outros. Se comprarem, ainda bem, fico feliz. Se não comprarem, mas forem a um concerto e apreciarem a musica, tambem. Se não comprarem, lá terão as suas razões, e não vou perder sono por causa disso. Até porque se não houvesse file sharing, essas pessoas não comprariam na mesma.


O unico problema na industria musical relacionado com o filesharing está, a meu ver, na excessiva oferta, e consequentemente, na possibilidade real de se trivializar a musica no meio de 1500 projectos a que depois não se presta a devida atenção. Mas sobrexposição é um efeito secundário e incontornável nesta era de autoestradas de informação. Aí, nesse caso, cabe às bandas procurar identidades próprias, em vez de tentar soar como x ou y.
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Matusalem
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Mensagempor Matusalem » domingo ago 19, 2007 3:14 pm

E só mais um aparte pertinente (ou não), pegando numa linha de pensamento do Raxx.
Graças aos downloads ilegais, muita gente começa a abrir os olhos para outros estilos e formas de fazer musica, começam a conhecer mais bandas e a conhecer mais variedade de estilos musicais e até a conhecer um pouco mais o que é a BOA musica (embora esta seja subjectiva derivado ao gosto pessoal de cada um, mas dentro desse gosto particular começa a haver uma destrinça).
Daí que as pessoas se tornem mais exigentes pela qualidade musical, daí que os nomes mais sonantes e mais mediáticos decresçam nas vendas, uma vez que actualmente verifica-se um decréscimo de inspiração e qualidades musicais nos ditos grandes nomes e uma falta de renovação em alguns casos, vivendo estes ditos senhores/as grandes da musica da glória do passado e do nome que granjearam ao longo do tempo (esse mérito ninguem lhes tira, não é isso que está em causa).
Daí que ao decrescerem as vendas desses novos albuns desses grandes, as editores se agarrem a qualquer coisa para desculparem os falhanços e estampanços dos grandes artistas que teem em carteira. E uma vez que as editoras teem demasiadas bocas para alimentar (algumas ate desnecessarias mas isso sao outras questões que não a do download ilegal), é natural que arranjem bodes espiatorios. Se as majors não se acomodassem aos grandes nomes e à moda e pegassem nos pequenos e naqueles que teem criatividade e lhes dessem as condiçoes e pagassem o tempo de antena como às outras ditas grandes, talvez isto tivesse diferente.
Por exemplo, a guerra dos Metallica contra o Napster não começou quando os fãs da primeira hora não gostaram da nova direcção musical que os Metallica decidiram tomar e deixaram de comprar os albuns deles? (mas posso estar enganado que a minha memoria para datas anda um horror). Quem gosta de um produto compra, quem não gosta arruma para o lado.
Mas que cada vez mais a oferta no mundo musical é maior, é, em todos os quadrantes/estilos muicais. E as pessoas dispersam-se consuante os gostos e preferencias de cada um. Logo, é perfeitamente natural que aqueles que antes estavam sozinhos e mais expostos à publicidade sofram um revés na quantidade de vendas, perante o aumento de bandas e projectos musicais que vão saindo do limbo, algumas que até já existiam à muito tempo e não tiveram a sorte de serem publicitadas e que agora o são, graças à internet.
Mas lá está, isto é só uma linha de pensamento minha, posso estar enganado, e esta opinião é tão válida como qualquer outra.

edit: assim está melhor
Última edição por Matusalem em domingo ago 19, 2007 3:48 pm, editado 1 vez no total.

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Mensagempor Grimner » domingo ago 19, 2007 3:33 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Toretto Escreveu:O que não faz sentido nenhum é os artistas acharem que se forem feitos 50 mil downloads de um álbum, são 50 mil álbuns que vendem a menos...Mas isso cabe na cabeça de alguém?



Achas que serão menos quantos? Menos 5 mil álbuns? Menos 10 mil álbuns? Quantos menos albuns vendidos achas que são motivo de preocupação? E achas que quem não compra o disco vai ver os concertos e comprar as T-Shirts? Achas que as grandes bandas são mais afectadas que as pequenas? E quem investe nas pequenas?

Não estou a dizer que não tens razão! Estou só a recolher ideias!

Abraços,



As grandes bandas são sem duvida mais afectadas. E quando digo grandes são bandas que fazem vendas milionárias.

Uma banda de um calibre de uns Obituary, por exemplo, não se pode queixar. Pode perfeitamente viver de uma tourné de festivais de verão no centro da Europa. é de resto um argumento conhecido o de que para as bandas de Metal, o dinheiro que há a ser feito, está nos concertos. Se mesmo um festival de pequeno porte paga 5.000 € de cachet a uma banda com um "estatuto" extremamente inferior a Obituary para ir tocar aos estados unidos, pensa o quanto Obituary não recebe para ir tocar num Wacken, depois num Fury, e depois num grasspop.


A nivel de vendas de albuns, neste momento, só imagino verdadeiramente duas bandas no Metal que tirem realmente dividendos significativos das vendas de discos: iron Maiden e Metallica. Em ambos esses casos as vendas de discos são suficientes para que mesmo uns menos 30.000 albuns não sejam propriamente um rombo no orçamento. E de resto, e ainda assim, esgotam arenas onde quer que passem, mesmo quando, no caso de Metallica, não tenham uma reacção realmente positiva da critica no que diz respeito aos trabalhos de estudio há já mais de 15 anos.

Quanto ao que os musicos dizem, em grande parte, há que levar com um grão de sal. Eles são subordinados às suas editoras. Na maior parte dos casos, é evidente que lhes convém fazer o seu trabalho para a editora, promover o album, e não "trair" a companhia discográfica. Se o John Tardy viesse dizer "não tenho grandes problemas em que saquem o nosso album", seria um pouco como um funcionário da Microsoft dizer que o linux até é um bom sistema operativo. Um comentário do blacki lawless sobre como o filehsaring tinha como consequencia o passar-se musica de merda na rádio, então, é ridiculo. QUanto muito o filesharing está mas é a destruir o punho de ferro que as grandes empresas tinham sobre os media, ao colocar, em teoria, uma banda como Darkthrone tão acessivel como o Elton John. Musica de merda na radio passou-se enquanto as editoras discográficas tinham o poder de decidir o que os fãs iam ou não ouvir, e tal não é o que se passa agora, que a informação está ao alcance de todos.


E finalmente, há que considerar o caso de que as editoras discográficas muitas vezes se prejudicam a elas próprias. Exemplo disso, é a roadrunner, e o seu hábito de lançar edições especiais (o que em si é uma boa ideia, note-se. Uma edição especial é algo que um fã deseja ter realmente), um ano depois do lançamento das edições originais.


O bottomline disto é que a industria musical está realmente a sofrer uma mudança. Já mudou quando se passou para o formato album e se criou a industria, e se criaram as companhias discográficas com o seu poder quase ilimitado sobre o mercado. Hoje é cada vez mais obvio que esse poder é tenue, e pode ter os dias contados se as editoras não se souberem adaptar. E estranhamente, quem vemos na vanguarda são as pequenas e médias editoras, as que contam com as bases leais de fãs. São nos lançamentos de musica mais alternativa que vemos as ideias pioneiras de incluir ficheiros de conteudo extra, ou layouts alternativos, ou items de colecção.
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Pedro Lopes
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Mensagempor Pedro Lopes » domingo ago 19, 2007 5:03 pm

Bem, a argumentação passou a evidenciar reflexão sobre o tema o que me apraz imenso!

Entretanto peço perdão ao Grimner, OrDoS, Toretto, Raxx7, Zyklon e ao Matusalem mas não vou responder um a um senão não fazia mais nada.

Assim, deixo-vos outras questões no ar para saber a vossa opinião:

=Noutro post apercebi-me que os Before The Rain disponibilizaram o MCD gratuitamente quer no site deles quer no PortugalUnderground. Fiz o download, ouvi os temas que estavam no MySpace, consultei o site da Banda e o da Major Label Industries e sem hesitações encomendei o CD ao Pedro Cardoso tendo ontem feito a respectiva aquisição.

Ou seja, de uma forma legal, tomei conhecimento da banda, da história, do merchandise, dos futuros concertos e do mais importante: a musica.

Não será então suficiente esta forma legal de divulgar uma banda, de uma forma que seja devidamente autorizada pelos musicos? É mesmo necessário sacar o disco todo sem a respectiva autorização?

É que eu há 25 anos atrás não tinha nada disto e também não ficava na loja a ouvir o disco todo.

Mesmo outros estilos de musica que ouço, nomeadamente na musica alternativa ou na musica do mundo, é através destas paginas que eu conheço centenas e centenas de bandas, para além, claro, da dezena de revistas que compro mensalmente.

E já agora outra questão, em S.Petersburgo entrei numa loja de discos e fiquei excitadissimo com um CD que estava em exposição : Testament - The Gathering, acabadinho de ser editado nos EUA, estava ali à minha mão a 5 euros (convertendo os rublos claro)! A capa não me parecia muito nitida mas nem estranhei tal era a alegria de ter o ultimo trabalho de uma das minhas bandas preferidas na mão.

Chegando cá fora, os meus colegas russos elucidaram-me, tinha acabado de adquirir um disco pirata, e, pior ainda, a pirataria é um dos principais meios de receita da mafia russa. Naturalmente, a minha irritação foi tanta que nem a caixa aproveitei - foi tudo para o lixo.

Não vos preocupa para onde poderá ir o dinheiro que é ganho com a pirataria?

Fico à espera.

Abraços,

Nota 1: Raxx7, peço-te para não me tratares por "você". Fazes-me ainda mais velho!

Nota 2: Grimner, não te queria deixar com um pau de dois bicos na mão. Amanhã já envio os 10 euros para me remeteres o disco. Não faças como a Bimotor há uns anos atrás que me enviou o Fatal Portrait do mestre King pelo correio e o disco chegou partido. :wink: Se calhar é melhor enviares-me por MSN ou MNS ou lá o que é isso.

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Mensagempor Toretto » domingo ago 19, 2007 5:45 pm

Pedro Lopes Escreveu:E já agora outra questão, em S.Petersburgo entrei numa loja de discos e fiquei excitadissimo com um CD que estava em exposição : Testament - The Gathering, acabadinho de ser editado nos EUA, estava ali à minha mão a 5 euros (convertendo os rublos claro)! A capa não me parecia muito nitida mas nem estranhei tal era a alegria de ter o ultimo trabalho de uma das minhas bandas preferidas na mão.

Chegando cá fora, os meus colegas russos elucidaram-me, tinha acabado de adquirir um disco pirata, e, pior ainda, a pirataria é um dos principais meios de receita da mafia russa. Naturalmente, a minha irritação foi tanta que nem a caixa aproveitei - foi tudo para o lixo.

Não vos preocupa para onde poderá ir o dinheiro que é ganho com a pirataria?

Aí já entramos noutro campo. Fazer dinheiro com o trabalho dos outros ainda para mais com envolvências mafiosas, não é propriamente discutir o que o utilizador saca para consumo próprio.
Eu saco, é verdade, mas nunca ganhei um tusto com isso. Aliás, nem empresto o que saco porque não conheço muita gente que ouça metal.
Se me perguntares se sou contra a pirataria nesses moldes, aí digo-te que sim, que não concordo com a venda, nem exploração de material com direitos de autor, com a finalidade de ganhar dinheiro.

Hasta :wink:

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Mensagempor OrDoS » domingo ago 19, 2007 5:51 pm

Toretto Escreveu:
Pedro Lopes Escreveu:E já agora outra questão, em S.Petersburgo entrei numa loja de discos e fiquei excitadissimo com um CD que estava em exposição : Testament - The Gathering, acabadinho de ser editado nos EUA, estava ali à minha mão a 5 euros (convertendo os rublos claro)! A capa não me parecia muito nitida mas nem estranhei tal era a alegria de ter o ultimo trabalho de uma das minhas bandas preferidas na mão.

Chegando cá fora, os meus colegas russos elucidaram-me, tinha acabado de adquirir um disco pirata, e, pior ainda, a pirataria é um dos principais meios de receita da mafia russa. Naturalmente, a minha irritação foi tanta que nem a caixa aproveitei - foi tudo para o lixo.

Não vos preocupa para onde poderá ir o dinheiro que é ganho com a pirataria?

Aí já entramos noutro campo. Fazer dinheiro com o trabalho dos outros ainda para mais com envolvências mafiosas, não é propriamente discutir o que o utilizador saca para consumo próprio.
Eu saco, é verdade, mas nunca ganhei um tusto com isso. Aliás, nem empresto o que saco porque não conheço muita gente que ouça metal.
Se me perguntares se sou contra a pirataria nesses moldes, aí digo-te que sim, que não concordo com a venda, nem exploração de material com direitos de autor, com a finalidade de ganhar dinheiro.

Hasta :wink:


Discordo contigo. Se uma editora pode fazer dinheiro e dar dinheiro à banda, a banda não precisa de mexer uma palha para ver o seu trabalho divulgado e nas prateleiras das lojas. As bandas não podem ter este rabalho todo, senão preocupavam-se mais em divulgar o seu trabalho do que propriamente fazer boa música e tocá-la ao vivo, daí terem nascido as editoras e promotoras também. Não é propriamente uma noção de parasitismo só para 1 lado, o "parasitismo" deveria funcionar para os 2 lados, coisa que não ocorre muitas vezes, na minha opinião. Daí as pequenas editoras começarem a ganhar algum terrno às grandes.
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Mensagempor Grimner » domingo ago 19, 2007 6:21 pm

A questão do pau de dois bicos, se houver realmente interesse, resolve-se por PM. ;)


Quanto à pirataria, entramos aqui num campo diferente. Lembro-me de ter afirmado há umas páginas atrás que, neste caso especifico, a PJ faz bem em perseguir quem gere sites de filesharing a troco de dinheiro. A partir desse momento, estamos numa situação em que tanto fãs como musicos estão a ser defraudados por alguem que faz dinheiro à custa do trabalho alheio. O caso que mencionaste é ainda mais grave por te ter sido vendido "gato por lebre". Mas a meu ver, há uma diferença entre aproveitar-se financeiramente, e o filesharing como temos estado a discutir.


Quanto à exposição na net, realmente muitas das editoras mais inteligentes estão a fazer precisamente isso. O que bandas como Before the Rain (ou process of Guilt) estão a fazer é de realmente muito bom tom, mas tambem de senso comum, liberando a discografia não oficial e promocional, depois de se terem movido para outras paragens. No caso de P.O.G. não serve para promover o novo, no caso de BTR, como todas as musicas da promo aparecerm regravadas, dá uma excelente preview do album.

Cabe às editoras ser inteligentes. No caso da Major Label industries, houve a inteligente ideia de lançar packs promocionais limitados a quem fizesse as pre orders dos albuns destas respectivas bandas, e a prova de que há interesse, é que em ambos os casos as edições esgotaram. Esta é a meu ver uma ideia excelente para lançar as bandas, e promovê-las, e a prova de que se a oferta for aliciante, a compra vai sempre existir.

Outro exemplo inteligente que me cruzei recentemente é o dos americanos Slough Feg que têm o album inteiro em streaming online para quem o quiser ouvir no site da editora. Eles disponibilizaram (e ao mesmo tempo tornaram redundante os leaks das promos para a imprensa), o album INTEIRO (com alguns voice overs), do inicio até ao fim, da primeira até à ultima faixa, na internet. Basta abrir a página, e deixar o album correr; iniciativas que a meu ver, apenas me fazem aumentar o respeito pelas editoras, pelas bandas e adquirir os ditos albuns.

Mas este exemplo é uma forma clássica de pegar em algo que seria "ilegal", e torná-lo legal. Tu NÃO TENS que comprar o album de Slough Feg para o ouvir se não quiseres, mas ele está no site, ao alcance de um botão, para o ouvires as vezes que quiseres. Esbatem-se as linhas do legal e do ilegal, e compreende-se que não é um fenómeno que se vá conseguir travar, e antecipa-se, tomando as editoras e as bandas o controle da situação.

Nas palavras da editora: "TRY BEFORE BUY : A virtual juke box playing FULL & FREE MP3s !
We are music lovers as you are. We want you to know better our bands. WE WANT YOU TO BE 100% SATISFIED ONCE YOU BUY A CRUZ DEL SUR MUSIC release.
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O que faz sentido. Eu não compro albuns há 25 anos, mas compro há 16, que tambem é um tempinho considerável, e que tambem me permitiu arrecadar uma colecção mais ou menos extensa de musica. E portanto tambem me lembro do tempo em que as compras de cd eram um ritual, no meu caso, recebia a minha mesada, e ia a esta ou aquela loja de musica escolher 4 ou 5 cds pela capa, ou pelo nome ou porque tinha ouvido na radio e insistia em ouvi-los todos, por vezes para grande desespero dos funcionários... Mas raras eram as vezes que não fazia uma compra. Hoje faço menos, não só porque tenho outras responsabilidades e prioridades para o meu dinheiro, mas tambem porque há menos coisas que me captam o ouvido, musicalmente. Mas, tambem sendo a modos que veterano dos mesmos rituais posso dizer que houve bem mais que uma duzia de compras que com o tempo (ou às vezes bastou uma audição inteira), me fizeram arrepender seriamente do que quer que me tenha feito comprar aquele album.

Ou ainda outro caso recente, ouvi numa fnac o novo de mayhem, e sai completamente repugnado, até ter sido convencido por um amigo a dar-lhe outra oportunidade, e foi preciso sacar o album, ouvi-lo durante uma semana até lhe perceber o charme, e depois fiquei viciado. às vezes, não basta realmente, uma audição, e outras vezes uma audição só é enganadora. ;)

Em suma, os tempos estão a mudar. A net É o novo tape trading. e neste momento ameaça não as editoras de pequeno porte nem a nossa "pequena" cena, mas as editoras de grande porte que já não conseguem controlar as escolhas do consumidor. Ainda há poucos dias, recebi um mail num inglês absolutamente assustador de uma rapariga sul Coreana a dar-nos os parabens pela musica. Quer nos tenha sacado no Emule, ou no soulseek, ou ouvido no myspace, mesmo ue possua o nosso album através de um sacanço ilegal, para mim conta mais o ter sido parabenizado por alguem do outro lado do mundo. Quem tem que se acautelar é a industria musical, se não se souber adaptar a uma nova realidade que é apenas ilegal por imposição dos "grandes". As bandas, e a musica em si, não têm a meu ver nada que recear, especialmente a musica feita à "nossa" escala.
Eu já vi o raxx num papo seco

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Pedro Lopes
Ultra-Metálico(a)
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Registado: quinta mar 22, 2007 1:44 pm

Mensagempor Pedro Lopes » domingo ago 19, 2007 8:29 pm

[quote="Grimner"]A questão do pau de dois bicos, se houver realmente interesse, resolve-se por PM. ;)


Não me conheces mas eu prezo muito alguns valores e o respeito e a verdade são alguns.

Por isso não duvides do meu interesse. Agora tens é que me explicar o que é isso do PM. :oops:


"Mas a meu ver, há uma diferença entre aproveitar-se financeiramente, e o filesharing como temos estado a discutir."


Apreciei imenso o que escreveste e tenho as minhas conclusões praticamente tiradas. Agora diz-me o seguinte:

Como sabes não sou minimamente interessado ou entendido em informática por isso posso estar a dizer uma grande asneira, mas, supõe que o Frozen Shadow tinha conseguido colocar no Btuga o novo álbum dos Obituary. Será que, se eu fosse a S.Petersburgo esta semana, eu não iria encontrar esse album exposto na mesma discoteca porque algum russo o foi buscar ao Btuga e conseguiu produzir várias centenas de discos piratas?

Ou quem diz o Btuga diz qualquer um dos sites onde se encontram os discos para download?

Abraços,


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