Os Mono são um caso raro na música instrumental e naquilo a que vulgarmente se chama de post-rock. Raro e precioso – primeiro porque já há muito que atravessaram as fronteiras daquilo que é o rock; segundo porque são um caso de sucesso na música instrumental, meritório, acrescente-se, ostentando um belo currículo de colaborações e internacionalizações, dos quais se destacam actuações especiais com a Wordless Music Orchestra. A magia dos Mono reside neste mesmo pormenor: nas orquestrações, na força de cada melodia e na relação perfeita entre harmonia e melodia. Mesmo tendo recorrido a orquestras para gravar os dois mais recentes discos, essa não é uma condição sine qua non para que os nipónicos soem a uma multidão. A forma como cada guitarra consegue soar a mil, emular violinos e violoncelos e relacionar-se com o baixo e a bateria fazem de Taka e companhia uma das bandas mais dedicadas a replicar o melhor da condição humana em forma de som. Foi como fruto dessa mesma dedicação que surgiu o mais recente disco, For My Parents, editado durante este ano com o selo da Temporary Residence. O título, revelador da vontade da banda, descreve o novo registo como algo para oferecer aos pais, sendo que se trata de uma forma de amor constante e inquestionável. Os japoneses regressam então ao Porto via Amplificasom e trazem essa solenidade e a sua aura especial ao Hard Club no próximo dia 23 de Fevereiro. Na primeira parte, o belga Dirk Serries conhecido pelo seu trabalho como Vidna Obmana e Fear Falls Burning, estreia-se no nosso país como Microphonics.