
NEKRONEMESIS
Não há como fugir à larga sombra que os SATYRICON lançam não só sobre o black metal que lhes serviu de ponto de origem, mas também sobre toda a música extrema em geral. A banda norueguesa, que tem em Satyr Wongraven e Frost os seus pontos pivotais, atinge novo ponto de ebulição a cada disco que lança, sempre com amargurados detractores e fervorosos defensores a esgrimirem argumentos sob a validade da habitualmente nova direcção tomada a cada passo pelo duo. O recém-editado «Satyricon», primeiro disco auto-intitulado da banda ao fim de mais de duas décadas de carreira, não foge à regra, e tem vindo a provocar a celeuma entre todos os que já o ouviram. Uma coisa é certa: os Satyricon são leaders, not followers, e não deixam ninguém indiferente - nem a LOUD!, que os chamou à capa, e a um extenso artigo de seis páginas da autoria do Ricardo S. Amorimdurante o qual todas as motivações e reflexões de Satyr ficarão bem aparentes, podendo ainda os leitores conferir a opinião de Fernando Ribeiro (Moonspell) sobre o novo e polémico disco e sobre o significado dos Satyricon. Como bónus para os fãs, há ainda uma oferta muito especial para quem quiser ir ver o concerto dos Satyricon do dia 19 de Novembro ao Paradise Garage totalmente à borla.
A LOUD! de Novembro é particularmente eclética, e move-se por todos os géneros que fazem da música extrema um mundo tão vasto e cheio de caminhos por desbravar. Se dentro do black metal temos também os INQUISITION em reveladora conversa, eles que cresceram imenso de "estatuto" com a sua nova presença na gigante Season Of Mist, também o death metal nas duas diversas vertentes é amplamente focado nesta edição: seja o belicismo dos HAIL OF BULLETS, dignos herdeiros dos Bolt Thrower nesta área particular do género, ou o misticismo dos KATAKLYSM, de regresso aos discos ao fim de três anos, há de tudo para todos... incluindo uma viagem ao passado com os HOLOCAUSTO CANIBAL, que recordam uma obra prima do death/grind, o seu sublime, errr, «Sublime Massacre Corpóreo» de 2002, no habitual QUADRO DE HONRA. E falando de nomes miticos também com algumas ligações ao death metal, poucas bandas serão tão marcantes como os SEPULTURA, que continuam o seu percurso aparentemente imune a críticas ou saudosismo, assinalando «The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart» o sétimo disco sem Max Cavalera - contra seis editados com o antigo frontman. Conversa imperdível com Andreas Kisser.
Do thrash dos WARBRINGER ao hardcore dos MODERN LIFE IS WAR, passando pelo experimentalismo instrumental dos RUSSIAN CIRCLES (que nos deram valente sova no recente Amplifest) e pelo doom elegante da nova banda de Leif Edling (Candlemass), os AVATARIUM, a LOUD! 152 é quase um catálogo das várias razões pelas quais a música extrema é o mundo musical mais fascinante que existe. E assim vai continuar a ser, porque a julgar pelos valores recentes que focamos na secção das Curtas, os NOCTUM, os SATAN'S WRATH, os VULTURE INDUSTRIES e os OBLITERATION, o futuro está assegurado.
Nas nossas rubricas habituais, o LOUD! INK orgulha-se de receber uma figura maior do metal, o baterista MIKE PORTNOY (ex-Dream Theater, The Winery Dogs), que nos revela o background da sua arte corporal, o Ricardo S. Amorim recorda o porquê do «Hymns» dos GODFLESH ser o mais injustamente esquecido disco da banda no TESOURINHO PERTINENTE, e o LOUD! DJ aproveitou o regresso dos THERIOMORPHIC aos palcos para mandar uns discos ao Jó, que se saiu lindamente com o desafio. Há ainda o regresso das RUÍNAS DO APOCALIPSE da nossa estrela internacional Kim Kelly, de volta depois de um mês de férias a descobrir o que de melhor fervilha no underground mais recondito.
Tudo isto e muito mais quase a chegar-vos à caixa do correio caso sejam assinantes (não são ainda? Porquê?), ou nas bancas no próximo Sábado, dia 2 de Novembro. Não percam.
Porque gostamos sempre de estar próximos dos nossos leitores, teremos mais uma sessão de apresentação na FNAC do Vasco da Gama, no próximo dia 5 de Novembro pelas 18.30. Num espaço quase intimista, tiramos uma horinha todos os meses para conhecer os nossos leitores cara a cara, debater com eles tudo aquilo que nos passar pela cabeça e mostrar aquilo de que vai ser feita a nova revista. Há também aparições regulares de músicos bem conhecidos da cena nacional, por isso vale sempre a pena ir lá mandar um "bitaite" e sair de lá com a revista debaixo do braço. Apareçam!