Ordem Satânica - após a atuação desta banda veio-me à memória uma frase, muito apropriada, do Satyr, quando instado a diferenciar, em primeira instância, a música pop do rock/metal. Disse ele que a primeira é “keyboard driven” enquanto a segunda é “guitar driven”. Pois bem, neste caso o “problema” não foram os teclados, mas sim a bateria/percussão que abafou tudo o resto (guitarras mal se ouviram, excetuando quando nas breves pausas da bateria). Portanto, para quem como eu não estava familiarizado com os temas, não foi com esta atuação que ficou mais. Não sei, pode ter sido apenas má predisposição minha, mas o concerto nem sequer trouxe aquela aura negra que um (bom) concerto de black metal deve ter. A rever, posso estar a ser injusto, mas foi é esta a minha opinião. Ah, e o melhor tema (e aquele que verdadeiramente gostei foi o que contou com o vocals de Scum Liquor (e que diferença para melhor se notou o seu contributo).
Mons Veneris - foi a banda surpresa da noite. Desta vez, apresentaram-se com uma atuação ambient. Aqui já se pode dizer que criaram uma atmosfera bem negra e opressiva e, se é verdade que (pelo menos para mim), mais de 30 minutos ao vivo se torna penoso (especialmente quando o vocals repetiu ad nauseum o mesmo verso sobre as crianças…teria dado para mais dois temas de Irae…). Mas o que é certo é que, finda a atuação, parecia que tinham sugado a energia do público. Pelo menos em mim teve esse efeito, portanto se era esse o objetivo, foi plenamente atingido.
Irae - os headliners do primeiro dia e a banda que me fez comparecer neste dia de fest. Estão em grande forma (cada vez mais, na verdade) e trazendo na bagagem o último (e, para mim, melhor álbum da carreira) na bagagem, deram um valente concerto (que teve o condão de afastar a letargia que se abateu sobre o público após Mons Veneris). Foi pena o set (que prometia ser mais longo que o habitual) ter sido encurtado devido ao grande atraso nas bandas anteriores (nota ao promotor: quando se verificam grandes atrasados que podem colocar em causa o cumprimento do set do headliner, comecem a cortar nas bandas anteriores). Apesar do sabor final algo agridoce, devido ao final antecipado, foi mais um grande concerto de um dos grandes do black metal nacional!
Dia 2:
Scum Liquor - excelente escolha para começar o segundo dia (depois de se saber que os Surge Assault não poderiam atuar, devido ao seu baterista ter partido um braço). Grande, mas mesmo grande rock, visceral, corrosivo e podre como se quer. “I kill everything i fuck” continua a ser aquele malhão!
Wastëland Riders - black/thrash como mandam as regras, esta banda madrilena deu bem conta do recado. É verdade que não foi nada por aí além (preferi Scum Liquor, por exemplo), mas teve energia, intensidade e muito empenho da banda. É o que se quer, afinal de contas. Deram boa conta do recado.
Spectrum Mortis - a par de Chotzä, foi a melhor banda internacional presente no fest e deram um dos melhores concertos do dia. Death metal oculto, bem poderoso que criou uma grande atmosfera, opressiva e bem negra. Não tive oportunidade de os ouvir antes do festival, portanto impressionaram-me mesmo (o que não é fácil de acontecer quando não conheço a banda de antemão).
Ruach Raah - foi a única atuação de todo o festival que me passou ao lado quase por completo. Definitivamente, esta abordagem ao black metal não é para mim (vá, talvez esteja a exagerar, mas…black metal que mais parece grind…?). E que me perdoem os fãs da banda, mas o conteúdo musical também é bastante pobre (muitas vezes confunde-se isso, com raw. Nada a ver, na minha modesta opinião). (Sem querer levantar polémicas, mas já que não gostei da atuação…também não gostei da tshirt do vocals.)
Lux Ferre - se Irae me fez marcar presença no primeiro dia, Lux Ferre foi o motivo para não poder faltar ao segundo dia do festival. Desta vez com um set baseado no Antchristian War Propaganda, deram um concerto fantástico que só pecou por escasso (pelo menos tocaram o tempo que era suposto tocarem, presumo). O Devasth provou, mais uma vez, ser um frontman de eleição e que a presença, intensidade e honestidade em palco valem mais que mil velinhas e caveiras.
Chotzä - embora continue a achar que, à edição deste ano, faltou um nome internacional de maior peso (como aconteceu o ano passado com Deathhammer ou, mais ainda, quando trouxeram Aura Noir), estes suíços deram um excelente concerto. Intenso, pujante, podre e com muito rock n´roll à mistura, que bela maneira de encerrar a edição deste ano!

Sempre bom rever muitas caras conhecidas e alguns MUsers neste fest.
