Moonspell - já não os via desde o concerto de apresentação do 1755, no Lisboa ao Vivo, o que será, provavelmente, o maior hiato de concertos de Moonspell de há muitos anos a esta parte. Infelizmente (para mim), continuam a apostar bastante nos temas do último álbum o que, sendo perfeitamente compreensível, não me agrada por aí além, pois este será, a par do Butterfly Effect, o menos bom da banda e/ou o que menos rodou por estes lados. Dos temas novos, o que mais me agrada (tanto ao vívo como em estúdio) é a Todos os Santos, que tocaram já na parte final do set, de sensivelmente uma hora. Também acho que poderiam facilmente ter tocado mais um ou dois temas, não fossem as longas intervenções do Fernando Ribeiro, mas pronto, já se sabe como é com ele.

Gojira - um dos grandes motivos para ter comparecido neste evento (a seguir aos headliners). Fazem parte daquele grupo relativamente restrito de bandas que, independentemente dos seus últimos lançamentos poderem agradar mais ou menos, dão sempre excelentes concertos, de uma intensidade e energia ao alcance de poucas. E assim foi, mais uma vez. Comandados pelos irmãos Duplantier, e com um line-up que nunca sofreu alterações desde a formação da banda (caso muito, muito raro - curiosamente penso que Lamb of God seja outro exemplo), demonstram toda essa coesão e consistência ao vivo. E, claro, depois os temas (e a sua execução ao vivo, que os eleva sempre para patamares muito superiores) fazem o resto. O público ficou completamente rendido desde os primeiros acordes e, nem a pausa provocada por problemas técnicos, o esmoreceu minimanente. Desta vez nem sequer faltaram tesourinhos bem antigos, como Love e Terra Incognita. Orouboros, Backbone (estas duas a darem o mote logo a iniciar o concerto), a fan favourite Flying Whales, Silvera, L'Enfant Sauvage foram outros dos destaques, numa atuação sem momentos mornos (só mesmo a pausa forçada), e que fechou com a Vacuity e a excelente, e uma das minas favoritas, The Gift of Guilt. Concertão.

Lamb of God - banda que nunca segui com a mínima atenção e que até já tinha visto há 10 anos atrás, no Optimus Alive (no dia de Metallica). Se, já na altura, não me tinham despertado o menor interesse, 10 anos depois nada se alterou. O seu som com todo aquele groove não é mesmo para mim, tendo sido penoso aguardar pelo final do concerto para poder, finalmente, ver Slayer. Excetuando um ou outro tema que a banda decide carregar um pouco mais no acelerador, tudo o resto me soa sempre ao mesmo e me causa um aborrecimento enorme. Dito isto, a minha opinião foi claramente minoritária no Altice Arena, pois a banda teve uma enorme reação por parte do público, que não parou um único segundo durante os 90 minutos do concerto. Reconheço à banda toda a energia e entrega colocadas em palco e o Randy é um excelente frontman (e, já agora, um fantástico fotógrafo) que fez as despesas da interação com o público, tendo mesmo originado a maior wall of death da noite.
Slayer - ver Slayer ao vivo é sempre uma ocasião especial per si. Se, a isso, lhe juntarmos o anúncio do último concerto em Portugal (hoje em dia, isso a vale o que vale, mas enfim), era uma data que não poderia perder. Slayer para mim, são só, uma das bandas mais importantes na minha descoberta musical pelos sons mais pesados. Começaram logo com um dos melhores temas dos últimos tempos - Repentless - que imediatamente desencadeou uma reação tremenda do público. Seguiu-se a clássica Evil Has No Boundaries e, só nestes dois temas, o público já estava mais que rendido. Na fase inicial do concerto, a banda foi alternando entre temas mais recentes (World Painted Blood, Hate Worldwide) e outros temas clássicos, como Postmortem (uma das melhores da noite), War Ensemble (um tema inesquecível), e outros dois temas da fase intermédia da banda -Gemini e Disciple. A partir daqui, e começando logo pela Mandatory Suicide, foi um desfilar de temas intemporais, como Chemical Warfare (que tema!), Born of Fire, Season in the Abyss, Hell Awaits, South of Heaven (três temas-títulos obrigatórios!) e, para finalizar, um verdadeiro rolo compressor com Raining Blood, Black Magic, Dead Skin Mask e, claro, a Angel of Death. Se esta é, mesmo, a despedida da banda, então despedem-se na altura certa e saem pela porta grande, como um dos maiores nomes de sempre do heavy metal. A despedida emocionada da banda, mormente do Tom Araya, prenuncia a despedida definitiva. Quer se confirme ou não, uma coisa é certa: continuam a ser uma banda ímpar e provaram-no mais uma vez, com um concerto fabuloso.

Quanto à mudança de local, não me vou alongar muito (já tudo ou quase tudo foi dito), apenas dizer que me satisfez bastante a mudança, quer seja pelas melhores condições logísticas como também de acessibilidades do Altice em comparação com o Restelo. Aliás, só quem não esteve em Metallica no Restelo se poderá queixar da troca.