Literatura

[meninobesta]

acho que o Estalinismo até é das coisas menos criticadas no livro (se formos ao triunfo dos porcos já concordo mais).
Penso que no 1984 a manipulação das massas e o total abandono de uma causa politica foi a coisa que mais me marcou e assustou.

[Nevoeiro]

oh Nevoeiro: que raio de desculpa o Svenn arranjou para se ir meter no meio do monte cassino?

Não arranjou, o livro começa com o regimento dele à espera do desembarque dos fuzileiros americanos pela costa que vai de Palinuro a Torre del Greco, sem explicar como foram lá parar. Pelo menos do que me recordo. A partir daí é sempre a recuar até Monte Cassino. Estava na ideia que os americanos tinham invadido a costa italiana sem grande oposição e que os alemães só depois teriam irrompido pelo país dentro. Vá, alguma coisa está a falhar nisto, deduzo que seja eu. Ele refere frequentemente a presença de tropas alemãs transferidas da frente leste para a Italia. Parece que dá a entender que teria acontecido o mesmo com ele.

Imagino que já tenhas passado por eles, mas os livros do Anthony Beevor estão muito bons.. Pelo menos os que li...o da batalha por Berlim e o de Estalinegrado.
O Europe at War do Norman Davies também está jeitoso.

Olha, por acaso não conhecia. Muito obrigado pela dica. Quando acabar de ler este autor viro-me para esse.

[Ima]

Ainda não o li todo, mas foi a primeira coisa que identifiquei dado que o Estado é totalitário, há controlo de tudo e a abordagem comunista dada ao Partido.

[Old_Skull]

Em relação ao Orwell tem existido, desde há algum tempo, alguma controvérsia em torno da sua verdadeira posição e motivação política/ideológica. Há quem inclusivamente o refira como um agente a soldo do Ocidente infiltrado nas fileiras da esquerda europeia.
Um olhar mais atento à sua história de vida, bem como a sua obra, creio que imediatamente destrói qualquer suspeição.

Orwell, como outros seus contemporâneos, assiste à ascenção do fascismo na Europa, vive e combate pelo ideal Republicano Espanhol e sobretudo assiste impotente ao triunfo dos totalitarismos e à derrocada da do ideal revulocionário.

Inicialmente membro do ILP (Independent Labour Party), um partido comunista dissidente inglês, voluntaria-se para combater a sublevação fascista em Espanha e acaba, por acaso, a combater com as milicias da CNT e do POUM (Anarquistas e Comunistas/Libertários). A experiência durante a guerra civil espanhola acabaria por afastá-lo de qualquer estrutura partidária.

1984 é escrito em 1948, pós II Guerra, numa altura em que os Blocos Ocidental e Soviético se afirmavam.

Em meu entender é essencialmente um ensaio, brilhantemente enredado, que expressa o desencanto de quem levou a vida a combater todas as formas de opressão e totalitarismo e assiste ao nascimento de uma nova era, na qual os poderes instituidos (independentemente do fundamento político/ideológico), a qualquer custo, se recorrem de todo o conhecimento disponível para manter sob controlo as populações e garantir a reprodução das estruturas de poder.

Nesse sentido, resumir o 1984 a uma crítica ao Estalinismo não presta a devida homenagem ao Autor e ao Homem que foi George Orwell.

[meninobesta]

estranha a ligação da história.

Mas os aliados tiveram dificuldades a entrar no sul de itália, mais a norte depois formou-se a linha gótica que foi a linha de defesa feita pelos alemães que ainda deu bastante trabalho de passar.

quanto ao monte cassino aquilo foi defendido por para-quedistas (que fizeram um trabalho sobre humano tendo em conta as condições e o apoio de artilharia adversário), daí a minha estranheza em relação aos heróis do sven hassel que estavam ligados a uma unidade de tanques!

[Nevoeiro]

Sim, de facto ele refere a presença de paraquedistas e granadeiros na defesa do monte, bem como a sua unidade. A unidade dele entra em monte cassino em missão especial, para salvar objectos do mosteiro, com vista a não serem destruidos na batalha. Missão secreta, pois é feita ao gosto dos oficiais católicos com o desconhecimento do estado maior alemão. Já não me lembro como eles acabam na defesa do monte, mas nessa altura eles já não têm tanques de combate, esse facto é motivo de chacota pelos paraquedistas. Em todo o caso já não me lembro de muita coisa, pois já estou a ler outro livro dele, "Esquecidos de deus" e os episódios começam a misturar-se.

[LuiSlayer [RIP 2009/03/27]]

já agora (porque a leitura on-line também conta) fica aqui para o LuisSlayer e outros interessados no HP Lovecraft este webcomic:
http://lovecraftismissing.com/?p=98

mandaram-me agora o link ... vou começar a ler

Só vi hoje isto. Pensei que andasse a seguir este tópico, mas parece que ele desenvolveu uma vida própria...

EDIT: De alguns livros que se falaram aqui nas últimas páginas, aproveito para referir os dois do Beevor que falaram sobre as desgraças nazis antes do fim. Grandes edições e grandes livros!

E, claro, o 1984. Esse livro é impressionante. O que mais me fascinou lá, é a facilidade com que nós trocamos aquilo que mais gostamos quando sujeitos a dores e/ou medos tremendos. Claro que a crítica a uma sociedade ultra-totalitária também está muito bem feita... A forma como eles eram capazes de adulterar a História de um dia para o outro está fenomenal!

[Grimner]

fiquei curioso.o livro fala sobre o que,mais precisamente?

Sobre o poder, a contestação do poder... e o sistema de perpetuação/reprodução das assimetrias de poder.

Como quase tudo o que escreveu Orwell... um ensaio sobre a condição humana!

O totalitarismo que envergonha todos os outros totalitarismos.


Vale não tanto pela qualidade literária (que se limita a ser "eficiente"), mas pela intensidade do mundo que cria. Um mundo que ensina as doutrinas do "doublethink" (a capacidade de pensar numa coisa e no seu oposto), e do Newspeak (a limitação do vocabulário da lingua inglesa. Quanto menor o vocabulário, menor a liberdade de pensamento). "War is Peace; Freedom is Slavery; Ignorance is Strength."



"... if you want a picture of the future, imagine a boot, stepping on a human face, forever."

[LuiSlayer [RIP 2009/03/27]]

"... if you want a picture of the future, imagine a boot, stepping on a human face, forever."

Essa frase é brutal. Ainda mais no contexto em que o Smith ouve isso...

[Grimner]

Em relação ao Orwell tem existido, desde há algum tempo, alguma controvérsia em torno da sua verdadeira posição e motivação política/ideológica. Há quem inclusivamente o refira como um agente a soldo do Ocidente infiltrado nas fileiras da esquerda europeia.
Um olhar mais atento à sua história de vida, bem como a sua obra, creio que imediatamente destrói qualquer suspeição.

Orwell, como outros seus contemporâneos, assiste à ascenção do fascismo na Europa, vive e combate pelo ideal Republicano Espanhol e sobretudo assiste impotente ao triunfo dos totalitarismos e à derrocada da do ideal revulocionário.

Inicialmente membro do ILP (Independent Labour Party), um partido comunista dissidente inglês, voluntaria-se para combater a sublevação fascista em Espanha e acaba, por acaso, a combater com as milicias da CNT e do POUM (Anarquistas e Comunistas/Libertários). A experiência durante a guerra civil espanhola acabaria por afastá-lo de qualquer estrutura partidária.

1984 é escrito em 1948, pós II Guerra, numa altura em que os Blocos Ocidental e Soviético se afirmavam.

Em meu entender é essencialmente um ensaio, brilhantemente enredado, que expressa o desencanto de quem levou a vida a combater todas as formas de opressão e totalitarismo e assiste ao nascimento de uma nova era, na qual os poderes instituidos (independentemente do fundamento político/ideológico), a qualquer custo, se recorrem de todo o conhecimento disponível para manter sob controlo as populações e garantir a reprodução das estruturas de poder.

Nesse sentido, resumir o 1984 a uma crítica ao Estalinismo não presta a devida homenagem ao Autor e ao Homem que foi George Orwell.

Está quase tudo dito, mas basta apenas acrescentar a altura em que o livro foi escrito. Uma forma de totalitarismo tinha acabado de devastar a Europa, e outra forma de Totalitarismo acabava de devorar todo o Leste Europeu. Aliás,o próprio livro menciona essas duas idelogias como "fracassos" e como a nova ideologia do Ingsoc vai muito mais longe.

Aliás, a critica a tanto Nazismo como Comunismo está bem patente nesta frase:


"We know that no one ever seizes power with the intention of relinquishing it. Power is not a means; it is an end. One does not establish a dictatorship in order to safeguard a revolution; one makes the revolution in order to establish the dictatorship. The object of persecution is persecution. The object of torture is torture. The object of power is power."

[Unexpect3D]

Basta olhar para as cadeias televisivas & newspapers de países como E.U.A., Reino Unido e até mesmo de Portugal, e verificar-se-à o quão dificil é manter-se bem informado, se já o era no passado, com toda uma campanha propangandistica, e continua, então hoje a única solução é recorrer à internet e a jornais e canais estrangeiros.

Depois surgem noticias como esta:
http://www.guardian.co.uk/world/2003/ma ... ht.germany

Parece mesmo que caminhamos constantemente em direcção ao mundo descrito em 1984.

[emperium]

Comecei hoje a ler um livro que já anda lá em casa à 4 anos
é o Clube de Dante de Matthew Pearl. Pelo que me disseram é excelente, vamos ver, daqui a uns 380 páginas já digo

[meninobesta]

é giro mas estava à espera de mais! depois diz o que achaste!

[vanser]

Neste momento estou a ler o Frei Luís de Sousa..para a escola... como laser .. Equador ...ambos estao a ser bem interessantes

[WormGirl]

Equador li um bocadão, mas infelizmente esqueço-me dos pormenores facilmente.. pra ler agora tinha de voltar ao principio x_X

entao os Maias.. ja tive de despachar aquilo.
24h agarrada aquilo quase